quarta-feira, 14 de julho de 2010

Jesus Mandou Alguém



O culto do Evangelho no lar havia terminado às sete da noite, e João Pires, com a esposa, filhos e netos, em torno da mesa, esperava o café que a família saboreava depois das orações.



Ana Maria, pequena de sete anos, reclamou:



- Vovô, não sei porque Jesus não vem. Sempre vovô chama por ele nas preces: “Vem Jesus! Vem Jesus!” e Jesus nunca veio...



O avô riu-se, bondoso, e explicou:



- Filhinha, nós, os espíritas, não podemos pensar assim... O Mestre vive presente conosco em suas lições. E cada pessoa do caminho, principalmente os mais necessitados, são representantes dEle, junto de nós... Um doente é uma pessoa que o Senhor nos manda socorrer, um faminto é alguém que Ele nos recomenda servir...



D. Maria, a dona da casa, nesse momento repartia o café, e, antes que o vovô terminasse, batem à porta.



Ana Maria e Jorge Lucas, irmão mais crescido, correm para atender.



Daí a instantes, voltam, enquanto o menino grita:



- Ninguém não! É só um mendigo pedindo esmola.



- Que é isso? – exclama a senhora Pires, instintivamente – a estas horas?



Ana Maria, porém, de olhos arregalados, aproxima-se do avô e informa, encantada:



- Vovô, é um homem! Ele está pedindo em nome de Jesus. É preciso abrir a porta. Acho que Jesus ouviu a nossa conversa e mandou alguém por Ele...



A família comoveu-se.



O chefe da casa acompanhou a netinha e, depois de alguns instantes, voltaram, trazendo o desconhecido.



Era um velho, aparentando mais de oitenta anos de idade, de roupa em frangalhos e grande barba ao desalinho, apoiando-se em pobre cajado.



Ante a surpresa de todos, com ar de triunfo, a menina segurou-lhe a mão direita e perguntou:



- O senhor conhece Jesus?



Trêmulo e acanhado, o ancião respondeu:



- Como não, minha filha? Ele morreu na cruz por nós todos!



E Ana Maria para o avô:



- Eu não falei, vovô?



O grupo entendeu o ensinamento e o recém-chegado foi conduzido à poltrona. Alimentou-se. Recebeu tudo o que precisava e João Pires anotou-lhe o nome e endereço para visitá-lo no dia seguinte.



Antes da despedida, a pequena dormiu feliz, e, após abraçar o inesperado visitante, no “até amanhã”, o chefe de família, enxugando os olhos, falou, sensibilizado:



- Graças a Deus, tivemos hoje um culto mais completo.



Hilario Silva.

Psicografia de Francisco Candido Xavier.

Livro: A Vida Escreve.

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