quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O Sábio

Certo dia, a Solidão bateu à porta de um grande sábio e ele convidou-a para entrar. Pouco depois saiu decepcionada, pois descobriu que não podia capturar nada daquele ser bondoso, porque ele nunca estava sozinho; estava sempre acompanhado pelo amor de Deus.

Outro dia, a Ilusão também bateu à porta daquele sábio. Ele, amorosamente, convidou-a para entrar em sua humilde casa; mas logo depois ela saiu correndo gritando que estava cega, pois o coração dele era tão luminoso de amor que havia ofuscado a própria Ilusão.

Mais adiante , apareceu a Tristeza. Antes mesmo que ela batesse à porta, o sábio saiu na janela e dirigiu-lhe um sorriso enternecido. A Tristeza recuou e disse que era engano e foi bater em alguma outra porta que não fosse tão luminosa.

E assim a fama do sábio foi crescendo; a cada dia, novos visitantes chegavam tentando conquistá-lo. Num dia era o Desespero, no outro a Impaciência; depois vieram a Mentira, o Ódio, a Culpa e o Engano. Pura perda de tempo; o sábio convidava todos a entrarem e eles saiam decepcionados com o equilíbrio daquela alma bondosa.

Porém, um dia, a Morte bateu à sua porta e ele também convidou-a para entrar ... Seus discípulos esperavam que ela saísse correndo a qualquer momento, ofuscada pelo amor do mestre. Entretanto, tal não aconteceu. O tempo foi passando e nem ela nem o sábio apareciam. Cheios de receio, entraram e encontraram o cadáver do mestre estirado no chão. Ficaram muito tristes e começaram a chorar ao ver que o querido mestre havia partido com a Morte.

Na mesma hora, começaram a entrar na casa, todos os outros servos da Ignorância que nunca tinham conseguido permanecer naquele recinto; a Tristeza havia aberto a porta e os mantinha lá dentro.

" Entram na nossa morada aqueles que convidamos, mas só permanecem conosco, aqueles que encontram ambiente propício para se estabelecerem."

Autor:
Desconhecido

Uma Lição

Havia em um Centro Espírita um dirigente,que todos os dias estava lá a fazer palestras..

Pessoa culta, inteligente, era admirado por todos pelas suas palavras e pelo entendimento da doutrina.

O interessante é que quando ele fazia suas palestras, ele notava um velhinho lá no fundo, nas ultimas cadeiras.

O velhinho estava sempre lá, todas as vezes que ele fazia sua palestra estava ele lá, olhos miúdos, atento a tudo.

Pois bem, esse velhinho veio a desencarnar e por coincidência ou não o dirigente também.

Qual a surpresa, é que o dirigente do centro ao chegar do outro lado, se viu em um ambiente nebuloso, sombrio e nefasto..

Ficou por ali algum tempo, a orar e pedir a Deus que o ajudasse.. estava aflito, desorientado, não entendia porque aquilo estava acontecendo.

Quando que para seu espanto, ele percebe uma luz, uma luz forte se aproximar dele.. tão forte que lhe ofuscava as vistas.

Ele ao perceber a aproximação daquela luz, ficou radiante, alegre, feliz pois sabia que suas preces foram ouvidas.

Mais espantado ainda ficou ao perceber que aquela luz era irradiada por aquele velhinho que ele via sempre nas suas palestras.

Intrigado com aquilo, ele exclamou:

- É você?

- Você não era aquele velhinho que ficava lá no fundo do centro quieto, não falava nada, só escutava eu falar..

- Como pode?

- Você esta aí com toda essa exuberância divina, e eu nesse estado. Por que?

O velhinho olhou para ele, e com um sorriso que irradiava benções, falou:

- Eu apenas fiz o que você dizia nas suas palestras, apenas fiz.

- E você fazia o que dizia?

Autor:
Desconhecido

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Parábola da Rosa

Um certo homem plantou uma rosa e passou e regá-la constantemente e antes que ela desabrochasse, ele a examinou.

Ele viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou: "Como pode uma bela flor vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados?" Entristecido por esse pensamento, ele se recusou a regar a rosa e, antes que estivesse pronta para desabrochar, ela morreu.

É assim com muitas pessoas. Dentro de cada alma há uma rosa: as qualidades dadas por Deus e plantadas em nós crescendo em meio aos espinhos de nossas faltas.

Muitos de nós olhamos para nós mesmos e vemos apenas os espinhos, os defeitos. Nos desesperamos, achando que nada de bom pode vir de nós, e, conseqüentemente, isso morre. Nós nunca percebemos nosso potencial.

Algumas pessoas não vêem a rosa dentro delas mesmas; Alguém mais deve
mostrá-la a elas. Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar a rosa dentro de outras pessoas.

Esta é a característica do amor, olhar uma pessoa e conhecer suas verdadeiras faltas. Aceitar aquela pessoa em sua vida, enquanto reconhece a beleza em sua alma e ajudá-la a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições.

Se nós mostramos a essas pessoas a rosa, elas superarão seus espinhos. Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes.


Autor:
Desconhecido

A Bomba D'água

Contam que um certo homem estava perdido no deserto, prestes a morrer
de sede.

Foi quando ele chegou a uma casinha velha, uma cabana desmoronando - sem janelas, sem teto, batida pelo tempo. O homem perambulou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico.

Olhando ao redor, viu uma bomba a alguns metros de distância, bem velha e enferrujada. Ele se arrastou até ali, agarrou a manivela, e começou a bombear sem parar. Nada aconteceu. Desapontado, caiu prostrado para trás e notou que ao lado da bomba havia uma garrafa. Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu o seguinte recado:
"Você precisa primeiro preparar a bomba com toda a água desta garrafa, meu amigo.
PS.: Faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir."

O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu em um dilema:
Se bebesse aquela água poderia sobreviver, mas se despejasse toda a água na velha bomba enferrujada, talvez obtivesse água fresca, bem fria, lá no fundo do poço, toda a água que quisesse e poderia deixar a garrafa cheia pra próxima pessoa... mas talvez isso não desse certo.

Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar a água fresca e fria ou beber a água velha e salvar sua vida? Deveria perder toda a água que tinha na esperança daquelas instruções pouco confiáveis,escritas não se sabia quando?

Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear... e a bomba começou a chiar. E nada aconteceu!

E a bomba foi rangendo e chiando. Então surgiu um fiozinho de água; depois um pequeno fluxo, e finalmente a água jorrou com abundância! A bomba velha e enferrujada fez jorrar muita, mas muita água fresca e cristalina.

Ele encheu a garrafa e bebeu dela até se fartar. Encheu-a outra vez para o próximo que por ali poderia passar, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota ao bilhete preso nela:
"Creia-me, funciona! Você precisa dar toda a água antes de poder obtê-la
de volta!"

Podemos aprender coisas importantes a partir dessa breve história:
1. Nenhum esforço que você faça será válido, se ele for feito da forma errada. Você pode passar sua vida toda tentando bombear algo quando alguém já tem reservado a solução para você. Preste atenção a sua volta! Deus esta sempre pronto a suprir sua necessidade!

2. Ouça atentamente o que Deus tem a te dizer, através de alguém, de um livro, de uma mensagem de rádio ou TV, de um jornal ou revista, através da INTERNET ou de um e-mail, etc. e confie. Como esse homem, nós temos as instruções por escrito à nossa disposição. Basta usar.

3. Saiba olhar adiante e compartilhar! Aquele homem poderia ter se fartado e ter se esquecido de que outras pessoas que precisassem da água pudessem passar por ali. Ele não se esqueceu de encher a garrafa e ainda por cima soube dar uma palavra de incentivo. Se preocupe com quem está próximo de você, lembre-se: você só poderá obter água se a der antes.
Cultive seus relacionamentos, dê o melhor de si!


Autor:
Desconhecido

A Salvação Inesperada

Num país europeu, certa tarde, muito chuvosa, um maquinista, cheio de fé em Deus, começando a acionar a locomotiva com o trem repleto de passageiros para longa viagem, fixou o céu escuro e repetiu, com sentimento a oração dominical.

O comboio percorreu léguas e léguas, dentro das trevas densas, quando, alta noite, ele viu, a luz do farol aceso, alguns sinais que lhe pareceram feitos pela sombra de dois braços angustiados a lhe pedirem socorro.

Emocionado, fez o trem parar, de repente, e, seguido de muitos viajantes, correu pelos trilhos de ferro, procurando verificar se estavam
ameaçados de algum perigo.

Depois de alguns passos, foram surpreendidos por gigantesca inundação que, invadindo a terra com violência, destruíra a ponte que o comboio deveria atravessar.

O trem fora salvo, milagrosamente.

Tomados de infinita alegria, o maquinista e os viajores procuraram a pessoa que lhes fornecera o aviso salvador, mas ninguém aparecia. Intrigados, continuaram na busca, quando encontraram no chão um grande morcego agonizante. O enorme voador batera as asas, á frente do farol, em forma de dois braços agitados, e caíra sob as engrenagens. O maquinista retirou-o com cuidado e carinho, mostrou-o aos passageiros assombrados e contou como orara, ardentemente, invocando a proteção de Deus, antes de partir. E, ali mesmo, ajoelhou-se, ante o morcego que acabava antes de morrer, exclamando em alta voz:

Pai Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu: o pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores, não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal, porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Assim seja.

Quando acabou de orar, grande quietude reinava na paisagem.Todos os passageiros, crentes e descrentes, estavam ajoelhados, repetindo a prece com amoroso respeito. Alguns choravam de emoção e reconhecimento, agradecendo ao Pai Celestial, que lhes salvara a vida, por intermédio de um animal que infunde tanto pavor às criaturas humanas. E até a chuva parara de cair, como se o céu silencioso estivesse igualmente acompanhado acompanhando a sublime oração.

Meimei

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Força do Exemplo

Daltro Rigueira Viana

Manhã luminosa. Sol esplendente, fazendo jorrar seus raios multicores sobre a minha face. Inicio a minha trajetória em mais um dia abençoado por Deus. Alhures, diviso um casal de rolinhas, arrulhando e se acariciando _ exemplo de amor! Subindo a ladeira, caminhando com passos incertos, olhos perdidos no tempo, surge uma criatura esquálida e maltrapilha _ exemplo de abandono! Alguém se desvia dela, como se de um malfeitor. Lembro-me de uma frase que aprendi: "Por que fugirmos dos andrajos humanos se em nossos corações repousam ulcerações lamentáveis?"

Mais adiante, uma velhinha de pequena estatura tem dificuldades em alcançar a campanhia de uma residência _ alguém presto resolve o seu problema _ exemplo de solidariedade!

A caminhada prossegue. Vejo uma igreja. Pela porta semi-aberta, diviso criaturas orando _ exemplo de fé! Vem-me à mente, outro ensinamento: "O templo que o homem ergue, seja, antes de tudo, o teto de agasalho onde o cansado repouse, o aflito dormite e o infeliz encontre a paz. Seja simples e modesto, para que sua ostentação não fira a humildade de quantos o busquem".

Sentados num banco junto à pracinha, três amigos recordam animados os "bons tempos" e sorriem felizes: exemplo de amizade! Ouço um deles, dizendo: "Na amizade e no amor se repartem os bens imortais da alma". Não longe, forte rapaz puxa uma carroça abarrotada de mercadorias _ exemplo de trabalho!

O tempo transcorre. Continuo com minhas observações. Caminhando cambaleante, segue um infeliz dominado pela bebida _ exemplo de vício! Pitágoras exarou: "Não é livre aquele que não obteve domínio sobre si próprio".

Respiro a longos haustos. Ali perto, uma livraria. Dirijo-me até lá. Um vendedor solícito me atende com carinho e atenção _ exemplo de gentileza! Na vitrine deparo com um extraordinário dizer do Pe. Antonio Vieira: "O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive".

Retiro-me feliz. Uma senhora conversa com um maltrapilho e lhe oferece, além do caldo reconfortante, alguns minutos de conversação fraterna _ exemplo de caridade! Emmanuel, escritor espiritual, baila em meu campo mental, relembrando-me um ensinamento: "Sublime é a caridade que se transforma em reconforto. Divina é a caridade que se converte em amor irradiante".

Uma estátua na praça. Uma menina loura a observá-la. Na ampulheta do tempo, revejo-me lendo uma historieta: "O fato ocorreu na Itália. Havia uma estátua que representava uma menina grega, escrava. Era formosa, limpa e bem vestida. Uma menina maltrapilha, desasseada, despenteada, deteve-se a contemplar a estátua, enamorando-se dela. Ficou admirada, encantada. Chegou em casa, lavou-se e penteou-se. Pôs em ordem seus vestidos e passou a cuidar-se melhor. A força do exemplo, mesmo um exemplo mudo, estereotipado no mármore".

Num parque, sento-me e respiro profundamente. Volvo o olhar para o alto e agradeço as dádivas Divinas. Um toque suave de mão em meus ombros... A entrega de um folheto, enquanto a criatura abençoada se vai. Os pássaros gorjeiam. Os ventos convidam-me à reflexão. Tudo é festa! Curioso, abro o folheto e leio magistrais elucidações para meu espírito, ávido de aprendizado:

"É longa a estrada dos preceitos: a dos exemplos é breve e mais segura". _ Sêneca.

"Em todas as idades, o exemplo pode muitíssimo convosco: na infância, então, é onipotente". _ Fénelon.

"As palavras comovem, os exemplos arrastam". _ Provérbio árabe.

"Não há modo de mandar ou ensinar mais forte e suave do que o exemplo; persuade sem retórica, seduz sem porfiar, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e corta caladamente todas as desculpas". _ Pe. Manuel Bernardes.

"... vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais também vós". _ JESUS.

Retorno ao meu lar, meditando numa extraordinária frase da autora espiritual Joanna de Ângelis: "Vive de tal forma, que deixes pegadas luminosas no caminho percorrido, como estrelas apontando o rumo da felicidade".

(Jornal Mundo Espírita

Vida e valores ( O Céu e o Inferno)

Raul Texeira

Desde épocas imemoriais, existe entre as criaturas humanas, essa concepção de céu e de inferno.

Tudo isso nasce quando a intimidade do ser, a consciência profunda da criatura se apercebe de que deve haver uma condição diferente para as pessoas que seguem o caminho A, diferentemente das pessoas que seguem o caminho B.

Esse entendimento fez com que se imaginasse que as pessoas que seguem o caminho A, por exemplo, tenham direito a uma felicidade num lugar especial e as que seguem o caminho B não têm o mesmo direito.

Isso nasce com a mentalidade teológica que cada indivíduo tem, essa ideia do automerecimento. Nós sempre achamos que merecemos algo melhor que o nosso vizinho.

Quase sempre supomos que nós deveríamos ser melhor aquinhoados do que as pessoas que lidam conosco. Ao vermos alguém fazer uma obra dizemos:

Ah, mas se fosse eu...

Nessas reticências está dito que nós faríamos melhor.

Essa ideia geral de todas as épocas, de todos os povos, certamente quando entram na ideia clerical, teologal, a respeito do destino das criaturas depois da morte, faz com que essas mesmas criaturas estabeleçam que vão para o céu, e as outras para o inferno.

Mas essa questão de céu e inferno: o que é que caracterizava uma e outra ideia?

Em todas as épocas o céu era entendido como um locus, um lugar de delícias, de harmonia, de paz, de belezas, enquanto em contraposição, o inferno seria um lugar de terrores, de tormentos, de sombras, de trevas, de dores, de choros e rangeres de dentes, como aprendemos no Evangelho.

É por essa razão que nessas diversas épocas da Humanidade, em função dos pensamentos teológicos vigentes, se admite a existência de céus e de infernos exteriores à criatura humana, ou seja, lugares para onde se vai depois do decesso carnal, depois da morte.

Aprendemos com os povos antigos, por exemplo, que havia um Samsara, como chamavam os indianos. Samsara tem a representação do inferno cristão, porque é um locus, é um lugar de tormento, de agitação, de barulho, de tumulto e os indianos assimilam barulho, tumulto, agitação com o inferno, um lugar de tormentas.

Conhecemos entre os povos antigos, entre os hebreus, entre os gregos o Hades, que também era lugar das almas atormentadas. Era o inferno, como mais tarde chamaria o movimento cristão organizado.

Em todos os povos então, essa ideia de um lugar para onde se vai depois da morte se perpetuou, ganhou corpo. Hoje, as religiões ainda nos apresentam céu e inferno, como lugares.

Muito recentemente o Papa João Paulo II estabeleceu para os irmãos católicos, que céu e inferno são realidades da alma. Mas, Jesus Cristo já tinha falado isto há muito tempo de outra maneira.

Aprendemos nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo, por exemplo, aprendemos nas lições do livro O céu e o inferno, de Allan Kardec, exatamente isto: céu e inferno não são realidades de fora da gente, não são propriamente lugares para onde se vai, são realidades intrínsecas do ser.

Por causa disto, vale a pena pensarmos em céu e inferno, fugindo um pouco dessa dinâmica teológica que estabeleceu que são lugares de tormentos perpétuos, de tormentos eternos, onde a alma imaterial sofre horrores materiais, onde a alma que é plenamente espiritual estará submetida a castigos a sofrimentos de ordem eminentemente material.

Céu e inferno merecem de nós essa atenção, para que nós mesmos possamos avaliar por que caminhos estamos trilhando, o que é que estamos fazendo da nossa vida, da nossa existência, se gostamos dessa busca pelo céu, ou se estamos gostando de nos enveredar pelas trilhas infernais.

* * *

Quando pensamos nisso, nessas trilhas que escolhemos para seguir, nesses caminhos que desejamos trilhar, vale a pena lembrarmos de Jesus.

Jesus Cristo disse um dia: O Reino dos Céus não tem aparências exteriores, o Reino dos Céus está dentro de vós.

Essa foi uma revelação bombástica para nossa crença porque, até então, nós aprendêramos que morreríamos para ir ao céu, para ir ao inferno. Mas Cristo estabelece que esse Reino dos Céus tão esperado não é exterior, não tem aparências exteriores, está dentro da criatura humana.

Se o Reino dos Céus está dentro da criatura humana, como um estado d’alma, um estado de espírito, uma maneira de ser, é natural pensar que o inferno também está dentro da criatura, uma vez que o inferno corresponde à oposição ao céu, oposição às Leis de Deus.

Todas as vezes que estivermos vivenciando de conformidade com as Leis de Deus, estaremos trabalhando nosso céu, estaremos construindo o nosso céu interior, estaremos realizando o trabalho da paz íntima.

Mas, quando fugirmos dessas Leis, quando desrespeitarmos essas Leis, quando nos antagonizarmos com elas, indubitavelmente a nossa atitude é uma atitude infernal.

E, por que isto?

Porque sentimos remorsos. Todas as vezes que agimos fora da Lei Divina, todas as vezes que desrespeitamos a nossa consciência, que forçamos a situação para fazer aquilo que o homem velho, que os instintos nos impõem fazer, sentimos dor de remorso.

Um mal-estar terrível toma conta da nossa alma e passamos a não ter sossego, não dormimos direito, não comemos direito, choramos, nos amarguramos. De acordo com o temperamento dos indivíduos existirão reações muito próprias, muito pertinentes.

Importante será que busquemos esses roteiros de vida, esses modos de viver que correspondam ao céu.

Ora, quando trato bem as pessoas, quando construo amizades e preservo meus amigos é o céu que eu estou construindo para mim, o céu da felicidade ter amigos.

Quando escorraço as pessoas, alimento preconceitos de quaisquer níveis, quando dirijo aos indivíduos a minha malquerença, meu azedume, é o inferno que estou cavando para mim, porque não existe coisa mais terrível do que eu passar e ser malquisto, ser mal visto pelas pessoas.

Logo, é importantíssimo verificar que céu e inferno são realidades íntimas.

Ninguém precisa ter medo do inferno. Precisa ter cuidado com a vida. Se tivermos cuidado com a vida, estaremos construindo nossa felicidade, nosso Reino do Céu interior.

Se não tivermos cuidado com a vida, não importa quem sejamos, filhos de quem sejamos, não importa que religião tenhamos, não importa qual seja o nosso nível socioeconômico. O que importa é que estamos cavando nossa tormenta.

O Reino dos Céus não tendo aparências exteriores, mas sendo uma realidade vivencial, só pode estar dentro da criatura humana.

Vejamos como vivem as pessoas em paz consigo mesmas: felizes, alegres, joviais, o que não quer dizer irresponsáveis, o que não quer dizer estultas.

Como é que vivem as criaturas cheias de remorsos?

Deprimidas, amarguradas, azedas, dizemos: com seu fígado estragado, porque esse tormento interno faz com que o indivíduo exteriorize esse mesmo tormento, ponha para fora seu inferno.

Um dia, o Apóstolo Paulo nos ensinou: Andai como filhos da luz, quando ele escreveu aos Efésios.

Ora, todo e qualquer filho da luz, qualquer de nós que seja lucigênito e todos nós o somos, porque somos filhos de Deus, deverá caminhar espalhando claridade.

Quem é filho da luz, luz igualmente é.

Geneticamente, carregamos de Deus em nós, levamos de Deus em nós essa potência, essa capacidade de nos iluminar com a Luz Divina e espargir essa claridade ao nosso redor, iluminando a tantos quantos junto a nós estejam.

O inferno, o céu não tem aparências externas, são realidades dentro de nós existentes.

sábado, 18 de setembro de 2010

Resposta de Richard Simonetti à Superinteressante

Que a matéria sobre Chico Xavier na Superinteressante ficou um lixo, isso não há o que negar. Tendenciosa, cheia de falácias e falsos argumentos, baseada em uma abordagem leviana típica dos pseudo-céticos que adubam a internet.
Aqui está a carta aberta que Richard Simonetti escreveu ao editor da revista Superinteressante Sérgio Gwercman.

Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a encarei como publicação séria, fonte de informações a oferecer subsídios para meu trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros publicados.
Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de abril, infeliz reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e tendenciosa, objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do grande médium.
Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua assinatura, em que V.S. pretende distinguir respeito de reverência, como se reverência não fosse o respeito profundo por alguém, em face de seus méritos.
Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por adesão de uma fé cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica, de que estamos diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade do que mil edições de Superinteressante, uma revista situada como defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de pior existe na mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a respeito de alguém ou de uma notícia, com todo respeito, como pretende seu editorial, como se fosse possível conciliar o certo com o errado, o boato com a realidade, o achincalhe com o respeito.
Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores dessa revista que em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo se deram ao trabalho de ler os principais livros psicografados pelo médium, sempre com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno Chico Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e – quem sabe? – um cuidado maior em futuras reportagens.
De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa história começou com as cartas dos mortos?”
Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.
A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas parecia ser o escolhido por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”
Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de copiar estilo literário. O repórter não se deu ao trabalho de observar que no próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo Nora, Alma Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz Pistarini, Valado Rosa… Poetas do Brasil e de Portugal que se identificam pelo seu estilo, em poesias personalíssimas enriquecidas por valores de espiritualidade.
Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”. São totalmente fiéis.
Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a imitação de estilo literário, é extremamente difícil, quase impossível. Pastichadores conseguem imitar uma página, uma poesia de alguém, jamais toda uma obra ou as obras de centenas de autores.
Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida, sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza, já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas, psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade profissional. Não conheço um único documentário, uma única foto mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico certamente escondia isso.
Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca e que “a lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos”.
E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer publicaram livros?
Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber na justiça os direitos autorais pelas obras psicografadas por Chico, o que seria ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da manifestação dos Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco, o mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu uma mensagem do escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo era autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a possibilidade de manifestação dos espíritos.
Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo mecânico, recebia duas mensagens simultaneamente, com ambas as mãos sendo usadas por dois espíritos. Desafio Superinteressante a encontrar um prestidigitador capaz de fazer algo semelhante.
Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram. Leia, também, sobre quem eram esses cientistas, para constatar que não agiam levianamente como está na revista.
A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais Chico participava como shows que o tornaram famoso e destila seu veneno. Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que era tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium pagaram-lhe pela acusação.
Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação, aliás, uma tônica na reportagem.
Por que não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias?
Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre.
E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os recados aos presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis recados. A pessoa aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de sua vida, transmitia recados de familiares desencarnados, na condição de um ser interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a espiritual, em contato permanente com os Espíritos.
Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um filho. Ia toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo “ficar com ele”. Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares. Em Uberaba recebeu mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele não estava lá.
Durante muitos anos Chico psicografou receituário mediúnico de homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava horas psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal dos pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião de receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois medicamentos. Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal. Curaram-me.
Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há mais coisas entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã sabedoria, e não se atreveria a escrever sobre assuntos que desconhece, com o atrevimento da ignorância.
Outras “pérolas” da reportagem:
Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico Xavier.
Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.
Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar alheamento, sensação de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a opinião de um médico. Descreve algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a ver com desajuste mental, ou imagina-se que o contato com o Espírito comunicante não imponha uma alteração nos circuitos cerebrais, até para que ocorra a manifestação? E porventura o médico consultado sabe de algum paciente que produza textos mediúnicos durante a crise epilética?
Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no subconsciente do médium, ao ouvir informações sobre o morto. Inconscientemente ele “arranjaria” essas informações para forjar a “manifestação”.
Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça dos consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto. Como dizia Carlos Imbassahy, grande escritor espírita, inconsciente velhaco, porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não ele próprio.
Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba, um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio de amigos”.
Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então sim, com sua presença transformou- se em “polo do Espiritismo”.
Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na TV Tupi, um marco na história das entrevistas televisivas, com uma quase totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi “bombardeado por perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador? Se a repórter se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe faria muito bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de elevada espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores “bombardearam” Chico. E em nenhum momento ele deixou de responder as perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.
Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre “Dieta do Chico Xavier”, que jamais fora veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para deter a queda de cabelos, seria razoável que alguma revista concorrente citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem verificação prévia?
Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”. Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos bem-humorados do médium.
Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão contra a figura respeitável e venerável de Chico Xavier, eu diria que essa reportagem, ela sim, senhor redator, foi uma piada de péssimo gosto!
Doravante porei “de molho” as informações dessa revista, sem o crédito que lhe concedia.
A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e Uberaba com o propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica. É uma pena! Não teve a sensibilidade nem o discernimento para descobrir o médium Chico Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e bem estar dos homens foi tão marcante que, a exemplo do que disse Einstein sobre Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão dificuldade para conceber que um homem assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”
E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um mártir, conforme sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como espírita. E se algo se aproxima de um martírio em seu apostolado, certamente foi o de suportar tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada reportagem.
Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores da Super:
O dedo aponta a lua.
O sábio olha a lua.
O tolo olha o dedo.
Richard Simonetti
Bauru, 3 de abril de 2010.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Anjo e o Malfeitor

O Mensageiro do Céu volveu do Alto a sombrio vale do mundo, em apoio de
centenas de criaturas mergulhadas na enfermidade e no crime, na, miséria e na ignorância, e, necessitando de concurso alheio para estender socorro urgente, começou por recorrer a publicação de apelos do Próprio Evangelho, induzindo corações, em nome do Cristo, à compaixão e a caridade.

Entretanto, porque tardasse qualquer resultado concreto, de vez que todos os habitantes do vale se comoviam com as legendas, mas não se encorajavam à menor manifestação de amparo ao próximo, o Enviado Celestial, convicto de que fora recomendado pelo Senhor a servir e não a questionar, julgou mais acertado assumir a forma de um homem e solicitar sem delongas o apoio de alguém que lhe pudesse prestar auxílio.

Materializado a preceito, procurou pela colaboração dos homens considerados mais responsáveis. Humilde e resoluto, repetia sempre o mesmo convite à prática evangélica, registrando respostas que o surpreendiam pela diferença.

O VIRTUOSO - Não posso manchar meu nome em contacto com os viciosos e transviados.

O SÁBIO - Cada qual está na colheita daquilo que semeou. Falta-me tempo para ajudar vagabundos, voluntariamente distanciados da própria restauração.

O PRUDENTE - Não posso arriscar minha posição dificilmente conquistada, na intimidade de pessoas que me prejudicariam a estima publica.

O FILANTROPO - Dou o dinheiro que seja necessário, mas de modo algum me animaria a lavar feridas de quem quer que seja.

O PREGADOR - Que diriam de mim se me vissem na companhia de criminosos?

O FILÓSOFO - Nunca desceria a semelhante infantilidade... Aspiro a alcançar as mais altas revelações do Universo. Devo estudar infinitamente... Além disso, estou cansado de saber que, se não houvesse sofrimento, ninguém se livraria do mal...

O PESQUISADOR DA VERDADE - Não sou a pessoa indicada. Caridade é capa de muitas dobras, que tanto acolhe o altruísmo quanto a fraude. Não me incomode... Procuro tão somente as realidades essenciais.

Desencantado, o Mensageiro bateu à porta de conhecido malfeitor, aliás, a
pessoa menos categorizada para a tarefa, e reformulou a solicitação. O convidado, embora os desajustes íntimos, considerou, de imediato, a honra
que o Senhor lhe fazia, propiciando-lhe o ensejo de operar no levantamento do bem geral, e meditou, agradecido, na Infinita Bondade que o arrancava da condenação para o favor do serviço. Não vacilou. Seguiu aquele desconhecido de maneiras fraternais que lhe pedia cooperação e entregou-se decididamente ao trabalho. Em pouco tempo, conheceu a fundo o martírio das mães desamparadas, entre a doença e a penúria, carregando órfãos de pais vivos; o pranto das viúvas relegadas à solidão; as aflições dos enfermos que esperavam a morte nas arcas de ninguém; a tragédia das crianças abandonadas; o suplício dos caluniados sem defesa; os problemas terríveis dos obsidiados sem assistência; a mágoa das vítimas dos preconceitos levados ao exagero pelo orgulho social; a angústia dos sofredores caídos em desespero pela ausência de fé...

Modificado nos mais profundos sentimentos, o ex-malfeitor consagrou-se ao alívio e à felicidade dos outros, e, percebendo necessidades e provações que não conhecia, procurou instruir-se e aperfeiçoar-se. Com quarenta anos de abnegação, adquiriu as qualidades básicas do Virtuoso, os recursos primordiais do Sábio, o equilíbrio do Prudente, as facilidades econômicas do Filantropo, a competência do Pregador, a acuidade mental do Filósofo e os altos pensamentos do Pesquisador da Verdade...

Quando largou o corpo físico, pela desencarnação - Espírito lucificado no cadinho da própria regeneração, ao calor do devotamento ao próximo -, entrou vitoriosamente no Céu, para a ascensão a outros Céus...

Um dia, chegaram ao limiar da Esfera Superior o Virtuoso, o Sábio, o
Prudente, o Filantropo, o Pregador, o Filósofo e o Pesquisador da Verdade...

Examinados na Justiça Divina, foram considerados dignos perante as Leis do Senhor; entretanto, para o mérito de seguirem adiante, luzes acima, faltava-lhes trabalhar na seara do amor aos semelhantes... Enquanto na Terra não haviam desentranhado os tesouros que Deus lhes havia conferido em benefício dos outros Cabia-lhes, assim, o dever de regressar às lides da reencarnação, mas, porque haviam abraçado conduta respeitável no mundo, o Virtuoso receberia, na existência vindoura, mais veneração, o Sábio mais apreço, o Prudente mais serenidade, o Filantropo mais dinheiro, o Pregador mais inspiração, o Filósofo mais discernimento e o Pesquisador da Verdade mais luz...

Observando, porém, que o malfeitor, sobejamente conhecido deles todos, vestia alva túnica resplendente, funcionando entre os agentes da Divina Justiça, começaram a discutir entre si, incapazes de reconhecer que na obra do amor qualquer filho de Deus encontra os instrumentos e caminhos da própria renovação. Desalentados, passaram a reclamar... Em nome dos companheiros, o Virtuoso aproximou-se do orientador maior que lhes revisava os interesses no Plano Espiritual e indagou:

-Venerável Juiz, por que motivo um malfeitor atravessou antes de nós, as fronteiras do Céu?!...

O magistrado, porém, abençoou-lhe a inquietação com um sorriso e informou, simplesmente.

- Serviu.
Chico Xavier ( médium )
Irmão X ( espírito )

A Força do Amor

Preparavam-se os noivos para os esponsais, quando os pais da jovem descobriram que o pretendente à mão da filha era frequentador assíduo de uma casa de jogos. Decidiram então se opor tenazmente à realização do matrimônio, a pretexto de que o homem que se dá ao vício do jogo jamais pode ser bom marido. Mas, a jovem, obstinada em desconhecer as razões invocadas pelos pais, acabou por vencer-lhes a resistência e casou-se.

Nos primeiros dias de vida conjugal, o homem portou-se como um marido ideal. A pouco e pouco, porém, renascia-lhe, cada vez mais irrefreável, o desejo de voltar à mesa de jogo. Certa noite, incapaz de resistir a pressão do vício, retornou ao convívio de seus antigos companheiros.

No lar, a esposa, sentada em uma cadeira de balanço, aguardava o regresso do marido, que tardava. Embora ocupada com alguns trabalhos de bordado, tinha a mente presa aos ponteiros do relógio, cujas horas pareciam suceder-se cada vez mais lentas. Já era quase uma hora da madrugada, quando o marido abriu a porta da sala. Visivelmente irritado com o surpreender a companheira ainda em vigília, pois via nisso ostensiva censura à sua conduta, interrogou-a asperamente:

- Que fazes aí, a estas horas?
- Entretenho-me com este bordado, respondeu ela, imprimindo à voz um acento de ternura e bondade.
- Não vês que é tarde?
- Sinceramente, distraída como me achava, não havia atentado para o
adiantado da hora...
E, sem dar maior importância à ocorrência, foi ela deitar-se.


No dia seguinte, à noite, repetiu-se a cena. O marido ausentou-se e a esposa, já ciente do que se passava, pôs-se de novo a esperá-lo. Quando ele chegou, já pelas duas da madrugada, encontrou a companheira de pé.Então, num assomo de cólera, bradou:
- Que é isto? Outra vez acordada?!
- Sim, não quis que fosse deitar-te, sem que antes fizesses um ligeiro repasto. Preparei-te um chá com torradas e aqui o tens quentinho! Espero que o aprecies.

E, sem indagar do marido onde estivera e o que fizera até aquelas horas, a
boa esposa beijou-lhe carinhosamente a fronte e recolheu-se ao leito.

Na terceira noite, nova ausência do marido e nova espera da esposa. Lá por volta de uma e meia da madrugada, entrou ele e, antes que se insurgisse contra a atitude da companheira, esta se lhe prendeu ao colo, num afetuoso abraço, e exclamou:
- Querido, D. Antonieta, nossa vizinha, ensinou-me a receita de um bolo delicioso e eu não queria que te deitasses, sem que antes provasses dele.

A ocorrência repetiu-se por várias vezes, com visíveis e crescentes preocupações para o marido. Na mesa de jogo, tinha o pensamento menos preso às cartas do que à esposa que o esperava pacientemente, como um anjo da paz.

Começou, então, a experimentar uma sensação de vergonha, ao mesmo tempo que de indiferença e quase de repulsa por tudo quanto o rodeava, porque já era mais forte do que o vício o amor por aquela criatura que nele operava tão radical transformação. De olhar vago e distante, como se tivesse diante de si outro cenário, levantou-se abruptamente, cedendo a um impulso quase automático, e retirou-se, para nunca mais voltar...


Rubens Romanelli

Enviados do Cristo

Esse triste companheiro
Cujo passo te procura
Ralado de desventura
Que não sabes de onde vem...

Esse pedinte arrasado
Por dores desconhecidas,
Emaranhado em feridas,
Sem proteção de ninguém...

Esse amigo que lastima
A própria ação rude e cega
No cárcere que o segrega
Para reforma e pesar...

Esse irmão largado à noite,
De olhar magoado e profundo
Que roga debalde ao mundo
O doce calor de um lar...

Essa mendiga que estende
Pobre mão encarquilhada
Cuja penúria na estrada
Ninguém na Terra traduz...

Esse doente cansado
Que se lamenta sozinho
Abandonado ao caminho
À mingua de paz e luz...

Essa mãe de filho ao peito
Que em lágrimas se consome
Às vezes com febre e fome
Rogando socorro em vão...

Essa criança assustada
Que chora sem rumo certo,
Flor atirada ao deserto
Anjo na cruz da aflição...

À frente desses amigos
Que o sofrimento encarcera
Corações em longa espera
Recordai o “não julgueis”...

Eles não pedem censura
Mostrando a necessidade
Ensinam que a caridade
É a lei de todas as leis!...

Esses irmãos quase mortos!...
Eis que o Céu no-los envia
Na estrada do dia-a-dia
Para as lições do Senhor!...

Saibamos ressuscitá-los
Da morte em sombra na prova
Doando-lhes vida nova
Na escola viva do amor!...


Francisco Cândido Xavier ( médiuns )
Irene Souza Pinto ( espírito )

Canção do Perdão

Escuta, meu irmão esta mensagem
que o mestre envia com amor!
É luz iluminando tua romagem
pelos caminhos da dor.

Perdoa
a quem te ofende e calunia
esquece todo o mal
e encontrarás alegria...

Perdoa sem impor humilhação
é ter Jesus no coração!
Perdoa com sinceridade
e encontrarás felicidade.

Transforma o ódio em amor,
o espinho em perfumada flor...
Segue na vida sempre amando
e ao inimigo perdoando.

Hinário do Grupo Espírita João Cabete

Poema da Gratidão

Senhor Jesus, muito obrigada!
Pelo ar que nos dás,
Pelo pão que nos deste,
Pela roupa que nos veste,
Pela alegria que possuímos,
Por tudo de que nos nutrimos.

Muito obrigada, pela beleza da paisagem,
Pelas aves que voam no céu de anil,
Pelas Tuas dádivas mil!

Muito obrigada, Senhor!
Pelos olhos que temos...
Olhos que vêm o céu, que vêm a terra e o mar,
Que contemplam toda beleza!
Olhos que se iluminam de amor
Ante o majestoso festival de cor
Da generosa Natureza!

E os que perderam a visão?
Deixa-me rogar por eles
Ao Teu nobre Coração!
Eu sei que depois desta vida,
Além da morte,
Voltarão a ver com alegria incontida...

Muito obrigada pelos ouvidos meus,
Pelos ouvidos que me foram dados por Deus.
Obrigada, Senhor, porque posso escutar
O Teu nome sublime, e, assim, posso amar.
Obrigada pelos ouvidos que registam:
A sinfonia da vida,
No trabalho, na dor, na lida...
O gemido e o canto do vento nos galhos do olmeiro,
As lágrimas doridas do mundo inteiro
E a voz longínqua do cancioneiro...

E os que perderam a faculdade de escutar?
Deixa-me por eles rogar...
Eu sei que no Teu Reino voltarão a sonhar.

Obrigada, Senhor, pela minha voz.
Mas também pela voz que ama,
Pela voz que canta,
Pela voz que ajuda,
Pela voz que socorre,
Pela voz que ensina,
Pela voz que ilumina...
E pela voz que fala de amor,
Obrigada, Senhor!

Recordo-me, sofrendo, daqueles
Que perderam o dom de falar
E o teu nome sequer podem pronunciar!...
Os que vivem atormentados na afasia
E não podem cantar nem à noite, nem ao dia...
Eu suplico por eles
Sabendo que mais tarde,
No Teu Reino, voltarão a falar.

Obrigada, Senhor, por estas mãos, que são minhas
Alavancas da ação, do progresso, da redenção.
Agradeço pelas mãos que acenam adeuses,
Pelas mãos que fazem ternura,
E que socorrem na amargura;
Pelas mãos que acarinham,
Pelas mãos que elaboram as leis
E pelas que as feridas cicatrizam
Retificando as carnes partidas,
A fim de diminuírem as dores de muitas vidas!
Pelas mãos que trabalham o solo,
Que amparam o sofrimento estancam lágrimas,
Pelas mãos que ajudam os que sofrem,
Os que padecem...
Pelas mãos que brilham nestes traços,
Como estrelas sublimes fulgindo nos meus braços!

...E pelos pés que me levam a marchar,
Erecto, firme a caminhar,
Pés da renúncia que seguem
Humildes e nobres sem reclamar.

E os que estão amputados, os aleijados,
Os feridos e os deformados,
Os que estão retidos na expiação
Por crimes praticados noutra encarnação,
Eu rogo por eles e posso afirmar
Que no Teu Reino, após a lida
Desta dolorosa vida,
Poderão bailar
E em transportes sublimes com os seus braços também afagar.
Sei que lá tudo é possível
Quando Tu queres ofertar,
Mesmo o que na Terra parece incrível!

Obrigada, Senhor, pelo meu lar,
O recanto de paz ou escola de amor,
A mansão de glória
Ou pequeno quartinho,
O palácio ou tapera, o tugúrio ou a casa de miséria!
Obrigada, Senhor, pelo amor que eu tenho e
Pelo lar que é meu...
Mas, se eu sequer
Nem um lar tiver
Ou teto amigo para me abrigar
Nem outra coisa para me confortar,
Se eu não possuir nada,
Senão as estradas e as estrelas do céu,
Como sendo o leito de repouso e o suave lençol,
E ao meu lado ninguém existir, vivendo e chorando sozinho ao léu...
Sem um alguém para me consolar
Direi, cantarei, ainda:
Obrigada, Senhor, porque te amo e sei que me amas,
Porque me deste a vida
Jovial, alegre, por Teu amor favorecida...
Obrigada, Senhor, porque nasci,
Obrigada, porque creio em Ti.
...E porque me socorres com amor,
Hoje e sempre,
Obrigada, Senhor!


Divaldo Pereira Franco (médium)
Amélia Rodrigues (espírito)

O Viajor e a Fé

- “Donde vens, viajor triste e cansado?”
- “Venho da terra estéril da ilusão.”
- “Que trazes?”
- “A miséria do pecado,

De alma ferida e morto o coração.
Ah! Quem me dera a benção da esperança,
Quem me dera o consolo à desventura! ”

Mas a fé generosa, humilde e mansa,
Deu-lhe o braço e falou-lhe com doçura:
- “Vem ao Mestre que ampara os pobrezinhos,

Que esclarece e conforta os sofredores!...
Pois com o mundo uma flor tem mil espinhos,
Mas com Jesus um espinho tem mil flores!”

Chico Xavier (médium)
Carmen Cinira (espírito)

Entrevista com Renato Prietro- Nosso Lar

Entrevista com Renato Prieto
Escrito por Administração

Como foi a preparação para interpretar o André Luiz?

“Eu fui submetido a todo o tipo de experimentação para apresentar um resultado plausível do que eles queriam dizer através do personagem André Luiz. Eu cheguei a emagrecer quase 17 quilos e ao mesmo tempo eu fazia um trabalho de 6 a 8 horas por dia de experimentação de textos, comportamento. O Wagner sempre assistia, dava opiniões, não foi fácil, eu tive que passar por uma série de perdas, sofrimentos, modificações. Eu tive que mudar a minha visão interna para ver o mundo através dos olhos dele. Então eu fiquei mais quieto e observador. Foi um período que eu não quis ter muito contato com o externo, com pessoas que me trariam todos os comportamentos do cotidiano, mas sempre muito feliz. Eu estava onde a vida tinha me levado, ao lado de pessoas que estavam me ajudando a chegar no meu objetivo, com todos incentivando e colaborando, mas eu sabia que a maior parte desse sacrifício dependia de mim.”


Você já tinha pensado em interpretar o André Luiz?

“Eu já tenho um projeto de vida, de gostar do assunto. Eu acredito em tudo o que é abordado dentro da temática. Das coisas que eu fiz em teatro, esse foi o único personagem que eu nunca quis fazer. E podia fazer. Em muitos casos eu tive o direito da escolha e com a exceção de uma cena que é psicografada pelo Chico Xavier, nunca foi um personagem que eu quisesse fazer e hoje eu acho que eu entendo melhor isso. Se eu tivesse feito o personagem André Luiz em algum outro trabalho, em teatro, vídeo, talvez eu tivesse me impregnado de informações que eu teria que me descasar delas. Eu achei ótimo que tenha sido eu o escolhido, mas eu tive que ralar para isso, ralei muito.”


Como foi a construção do personagem junto à equipe?

“Eu acho que essa construção partiu de todas as conversas que eu tinha com o Wagner de Assis e o que ele queria dizer e conversar com os treinadores.

Eu acho que a construção do personagem partiu do meu corpo que foi modelado a imagem e semelhança de um personagem que não tem nada a ver comigo e que cada um, desde o próprio André Luiz que contou essa história através da mediunidade de Chico Xavier até o Wagner junto com a Vivian Perl que foram modificando o texto e fazendo novos tratamentos, mas principalmente ao Wagner, com quem eu mantinha contato o tempo todo.

Eu deixei que meu corpo pudesse ser modelado para chegar àquela imagem, que depois, junto com o Vavá Torres que fez todo o trabalho de transformação, chegasse àquele resultado físico e artístico que eles queriam. Se a gente conseguiu isso, então conseguimos chegar em algum lugar.“


Quem é o André Luiz e como ele foi para o Nosso Lar?

“O André Luiz é pseudônimo de um médico que, nos anos 20 e 30, foi famoso no Rio de Janeiro. Respeitado, ele tinha todos os conhecimentos de medicina, se preparou. De repente, ele, médico, casado, feliz, descobre que está com uma doença incurável e morre. Quando ele morre, exatamente por esse descompromisso de não observar o que acontecia à volta dele acaba perdido numa zona que, na espiritualidade, a gente chama de Umbral - uma região onde os espíritos de uma certa ignorância moral ficam para resgatar esses erros. Até um momento em que ele não suporta mais o que está passando e pede ajuda. Quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece: ele pediu ajuda e a ajuda veio.

O livre arbítrio é respeitado em qualquer circunstância; desta forma, o dele foi respeitado. Enquanto ele preferiu ficar na escuridão, ficou. Então ele é resgatado e levado para uma colônia espiritual chamada Nosso Lar, onde fica um período no hospital em tratamento, se recuperando. Mesmo voltando à sua imagem e semelhança, ele não deixa de ser um pouco arrogante, questiona, não quer falar com enfermeiros, quer falar com superiores. Até que ele percebe que, ou bota a mão na massa e vai aprender ou vai ficar estagnado, este é o livre arbítrio dele. Ele decide por a mão na massa.”


Como foi a jornada de aprendizado do personagem?

“Uma vez recuperado no Nosso Lar, ele começa a buscar caminhos de aprendizado. Como medicina é o que ele conhece, vai buscar trabalhos com a enfermeira Narcisa, interpretada pela Inez Viana, que mostra que a medicina ali é diferente.

Ele começa a observar e a colocar em prática uma mistura dos conhecimentos que tinha na Terra com os espirituais. A partir daí, começa a crescer, até poder estar com a família. Ele reencontra a família e vê que a mulher está com outro, e isso o deixa muito revoltado. Ele quase tem uma retomada ao umbral, tal estado de energia que ele se coloca. Mas, ele exerce o perdão e começa a crescer espiritualmente, pois coloca os conhecimentos dele a serviço dos outros, passa a olhar para todos os lados, e isso faz com que o André Luiz esteja hoje em uma condição espiritual muito grande.

A trajetória dele é mais ou menos essa: a morte, a incapacidade de se curar, a vida na espiritualidade, o resgate de si próprio, o crescimento espiritual e até fazer sua caminhada em busca da luz e colocar seu conhecimento a serviço de todos.”


Qual é a sua relação com a história de Nosso Lar?

“Este filme é a resposta de tudo que eu acredito. Eu nasci acreditando em tudo aquilo que está ali. Eu cresci sem que tivesse nenhuma informação a respeito disso, no entanto, aquilo ali para mim sempre foi muito real, sem que alguém me dissesse ou eu lesse.

Nosso Lar, a colônia, ou as histórias parecidas à do Nosso Lar, são o resultado de tudo o que eu sempre acreditei, hoje acredito muito mais e assim vou continuar por toda a eternidade.”


E como você acha que o público vai entender esse filme?

“Cada um de nós fez o trabalho para que o público possa ter essa certeza de que é possível fazer de sua vida melhor, que a dor só chega se o amor não chega antes. São muitos os ensinamentos que vão ajudar a cada um de nós a dar um salto adiante.

Espero que, quando alguém quiser colaborar de alguma forma para o crescimento de um próximo, dê de presente o filme Nosso Lar, com a intenção que este outro faça de sua vida melhor.”

Divórcio e Espiritualidade

Escrito por Magaly Sonia Gonsalez

O divórcio é uma prática muito antiga. No tempo de Moisés, era permitido ao marido repudiar qualquer uma de suas mulheres (a mulher era propriedade do marido) e lhe passar uma “carta de divórcio” por qualquer motivo.

Antes, o adultério da mulher era punido com a lapidação (apedrejamento) e Jesus queria evitar essa calamidade. Tal como Jesus, também achamos que o divórcio pode ser um recurso a ser acionado para se evitar um mal maior. Pode ser uma medida contra o suicídio, homicídio, agressões e outras desgraças. Apesar de não dever ser estimulado ou facilitado, às vezes deve ser usado como recurso, não como solução.

Houve uma época, aqui no Brasil, em que o divórcio foi tema de acirrada polêmica. Uma verdadeira disputa político-religiosa. De um lado os antidivorcistas e, de outro, os pró-divorcistas. O projeto tramitou no Congresso Nacional, cheio de “lobbies”, com ampla discussão, enorme repercussão e finalmente foi aprovado. Depois, regulamentado por lei, foi colocado em prática. Passou a ser fato consumado, sem despertar mais interesse para discussões. No entanto, o seu mérito e as repercussões familiares precisam continuar a ser enfocados.


Compromisso com a evolução

O casamento será sempre um instituto benemérito, acolhendo, no limiar, em flores de alegria e esperança, aqueles que a vida aguarda para o trabalho do seu próprio aperfeiçoamento e perpetuação. Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a lei do renascimento atinge os fins para os quais se encaminha. Ocorre, entretanto, que a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência e o espírito, conquanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper, recusar, modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos que abraça.

Em muitos lances da experiência, é a própria individualidade, na vida espiritual, antes da reencarnação, que assinala a si mesma o casamento difícil que enfrentará na vida física, chamando a si o parceiro ou a parceira de existência pretérita para os ajustes que lhe pacificarão a consciência, à vista de erros perpetrados em outras épocas. Reconduzida, porém, à ribalta terrestre e assumida a união esponsalícia que atraiu a si mesma, ei-la desencorajada à face das dificuldades que se lhe desdobram à frente. Por vezes, o companheiro ou a companheira voltam ao exercício da crueldade de outro tempo, seja através de menosprezo, desrespeito, violência ou deslealdade, e o cônjuge prejudicado nem sempre encontra recursos em si para se sobrepor aos processos de dilapidação moral de que é vítima.

Compelidos, muitas vezes, às últimas fronteiras da resistência, é natural que o esposo ou a esposa, relegado a sofrimento indébito, valha-se do divórcio por medida extrema contra o suicídio, o homicídio ou calamidades outras que complicariam ainda mais o seu destino. Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira de bênção necessária e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria consciência o apoio moral da autoaprovação, para renovar o caminho que lhe diga respeito, acolhendo ou não nova companhia para a jornada humada.

É óbvio que não é lícito, de maneira nenhuma, estimular o divórcio em tempo algum, competindo a nós, encarnados, tão somente nesse sentido, reconfortar e reanimar os irmãos em luta nos casamentos de provação, a fim de que se sobreponham às próprias suscetibilidades e aflições, vencendo as duras etapas de regeneração ou expiação que pediram antes do renascimento no plano físico, em auxílio a si mesmos. Ainda assim, é justo reconhecer que a escravidão não vem de Deus e ninguém possui o direito de torturar ninguém, à face das leis eternas.

O divórcio, pois, baseado em razões justas, é providência humana e claramente compreensível nos processos de evolução pacífica.

Efetivamente, Jesus ensinou que “não separeis o que Deus juntou” e não nos cabe interferir na vida de cônjuge algum, no intuito de afastá-lo da obrigação a que se comprometeu. Ocorre porém que, se não nos cabe separar aqueles que as Leis de Deus reuniu para determinados fins, são eles mesmos, os amigos que se enlaçaram pelos vínculos do casamento, que desejam a separação entre si, tocando-nos unicamente a obrigação de respeitar-lhes a livre escolha, sem ferir-lhes a decisão.

Assim, devemos, antes de qualquer decisão precipitada, entender que no lar se cumpre a lei da reencarnação, como se fosse um filtro sagrado a depurar-nos das paixões em que nos enredamos em passado próximo ou remoto.

A Lei do Amor nos estimula. Se o casamento, contudo, revelar-se difícil, problemático, convém saber que tal situação decorre de nossas próprias necessidades evolutivas e é produto de nossa própria escolha.

Por vezes, contudo, o casal perde a coragem e o gosto pela vida a dois e, não raro, um ou ambos voltam a se ferir, seja na crueldade, na violência, no desespero ou na deslealdade. Quando tal situação se apresenta, é natural que um dos cônjuges recorra ao divórcio, para evitar outras consequências ainda mais comprometedoras e dolorosas.

Os filhos do casal, se houver, poderão sofrer. Contudo, se a criatura prejudicada pela guerra instalada no lar tiver a aprovação da própria consciência, nada impedirá que ela renove o seu caminho após o divórcio, buscando nova companhia.

Reflita, contudo, com muita prudência diante do casamento assaltado por dificuldades, para saber se, com um pouco mais de tolerância, um tanto mais de paciência, o casamento não poderia ser sustentado. Evite, se houver a separação, de utilizar os filhos do consórcio como armas contra o outro cônjuge, a fim de pervertê-los em seus sentimentos mais profundos.

Reexamine-se antes de tomar a decisão definitiva da separação, ponderando se a angústia e o sofrimento dentro do lar não são reflexos de nós mesmos.

Lembre-se de que a vida é, em essência, processo de evolução e, por isso, o lar não deve ser desfeito debaixo de nossos impulsos primários, de nossas queixas e lamentações.

Cada cônjuge é herdeiro de si mesmo. O lar é sempre um educandário.

Antes da separação, contra a qual não se opõem as Leis Divinas, reflita se o companheiro ou a companheira do lar não é a alma de que você mais necessita para se superar.



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 10.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O que é o amor? Revista o Mensageiro-Autora: Eliane de Araujoh

Em uma sala de aula, haviam várias crianças; quando uma delas perguntou a professora:

- Professora, o que é o AMOR?

A professora sentiu que a criança merecia uma resposta a altura da pergunta inteligente que fizera.

Como já estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento de amor.

As crianças saíram apressadas e, ao voltarem, a professora disse:

- Quero que cada um mostre o que trouxe consigo.

A primeira criança disse:

- Eu trouxe esta FLOR, não é linda?

A segunda criança falou:

- Eu trouxe esta BORBOLETA - veja o colorido de suas asas, vou colocá-la em minha coleção.

A terceira criança completou:

- Eu trouxe este FILHOTE DE PASSARINHO - ele havia caído do ninho junto com outro irmão. Não é uma gracinha?

E assim as crianças foram se colocando.

Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempo todo.

Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido.

A professora se dirigiu a ela e perguntou:

- Meu bem, por que você nada trouxe?

E a criança timidamente respondeu:

- Desculpe, professora. Vi a FLOR, e senti o seu perfume, pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu PERFUME exalasse por mais tempo.Vi também a BORBOLETA, leve, colorida... Ela parecia tão feliz, que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o PASSARINHO, caído entre as folhas, mas, ao subir na árvore, notei o olhar triste de sua mãe, e preferi devolvê-lo ao ninho.

Portanto, professora, trago comigo: o perfume da flor; a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe?

A professora agradeceu a criança e lhe deu nota máxima, pois ela fora a única que percebera, que só podemos trazer o AMOR NO CORAÇÃO.

Perdoar - Revista o Mensageiro - Autor Desconhecido

Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola. Suas notas e o comportamento eram uma decepção para seus pais que, sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido. Um belo dia, o pai lhe propôs um acordo: se você, meu filho, mudar o comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir ser aprovado no vestibular para a Faculdade de Medicina, lhe darei então um carro de presente.

Por causa do carro, o rapaz mudou da água para o vinho. Passou a estudar como nunca e a ter um comportamento exemplar. O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação. Sabia que a mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera, mas apenas do interesse em obter o automóvel. Isso era mau. O rapaz seguia os estudos e aguardava o resultado de seus esforços. Assim, o grande dia chegou. Fora aprovado para o curso de Medicina!

Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o automóvel. Quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe passou às mãos uma caixa de presente. Certo de que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu emocionado o pacote. Para sua surpresa, o presente era uma Bíblia. O rapaz ficou visivelmente decepcionado e nada disse.

A partir daquele dia, o silêncio e a distância separavam pai e filho. O jovem se sentia traído, e agora, lutava por sua independência. Deixou a casa dos pais e foi morar no campus da universidade. Raramente mandava notícias à família. O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em um bom hospital e esquece-se completamente do pai. Todas as tentativas do pai para reatar os laços foram em vão. Até que um dia o pai, já velho, muito triste com a situação, adoeceu e não resistiu. Faleceu.

No enterro, a mãe entregou ao filho, indiferente, a Bíblia que tinha sido o último presente do pai e que havia sido deixada para trás.

De volta à sua casa, o rapaz, que nunca perdoara o pai, quando colocou o livro numa estante, notou que havia um envelope dentro dele. Ao abri-lo, encontrou uma carta e um cheque. A carta dizia: "Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui está o cheque para você, escolha aquele que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: A Bíblia Sagrada. Nela aprenderás o Amor de Deus e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência".

Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto.

Meu testamento-Revista O Mensageiro- Autor Antonio Neves

Um dia, após certificar-se de que as funções do meu cérebro cessaram, um médico atestará o meu óbito.

Quando isso ocorrer, não tente prolongar a minha vida, artificialmente.

Em lugar disso, dê minha a visão a quem nunca viu o nascer do sol, o rostinho de uma criança ou o amor dos olhos de uma mulher.

Dê o meu coração a quem sempre sofreu de distúrbios cardíacos.

Dê os meus rins para quem depende da máquina para existir a cada dia. Tire meu sangue, meus ossos, cada músculo e nervo de meu corpo, mas arranje um jeito de fazer uma criança aleijada andar sozinha.

Explore cada centímetro de meu cérebro. Tire minhas células, se necessário, e deixe-as crescer para que um dia um garotinho mudo possa gritar quando o seu time marcar um gol, ou uma menina surda possa ouvir o som da chuva batendo em sua janela.

Queime o mais que restar de mim, e atire as cinzas ao vento para que ajudem as flores a crescer.

Mas se você quiser enterrar alguma coisa de mim, que sejam minhas falhas, minhas fraquezas e todo o preconceito que eu possa ter tido para com o próximo ...

E se você quiser lembrar-se de mim, faça-o através de uma boa ação ou palavra amiga a qualquer pessoa necessitada.

Se você fizer tudo o que pedi, viverei para sempre

O Acusado- Revista o mensageiro-Autor desconhecido

Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher.

Na verdade, o autor do crime era pessoa influente do reino e por isso, desde o primeiro momento se procurou um bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino.

O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história.

O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência.

Disse o juiz: sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do senhor: vou escrever em um pedaço de papel a palavra INOCENTE e outro pedaço a palavra CULPADO. Você sortear um dos papéis e aquele que sair será o veredito.

O senhor decidirá seu destino, determinou o juiz.

Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca. Não havia saída.

Não havia alternativas para o pobre homem.

O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um.

O homem pensou alguns segundos e pressentindo uma vibração aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou na boca e o engoliu.

Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.

- Mas o que você fez?

E agora? Como vamos saber qual seu veredito?

- É muito fácil, respondeu o homem. - Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o seu contrário.

Imediatamente o homem foi libertado.

MORAL DA HISTÓRIA

Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar até o último momento. Saiba que para qualquer problema há sempre uma saída.

Não desista, não entregue os pontos, não se deixe derrotar.

Persista, vá em frente apesar de tudo e de todos. Creia que você pode conseguir.

Um Encontro Maravilhoso-Revista O Mensageiro-Autor Desconhecido

Um dia, levantei-me de manhã cedo para assistir o nascer do sol.
A beleza da criação divina estava além de qualquer descrição.
Enquanto eu assistia, louvei a Deus pelo Seu belo trabalho.
Sentado lá, senti a presença de Deus comigo.

Ele me perguntou:
"Você me ama?"

Eu respondi:
"É claro, Deus! Você é meu Senhor e Salvador!"

Então Ele perguntou:
"Se você tivesse alguma dificuldade física, ainda assim Me amaria?"

Eu fiquei perplexo.
Olhei para meus braços, pernas e para o resto do meu corpo e me perguntei: quantas coisas eu não seria capaz de fazer, as coisas que eu dava por certas.

E eu respondi:
"Seria difícil Senhor, mas eu ainda Te amaria."

Então o Senhor disse:
"Se você fosse cego , ainda amaria minha criação?"

Como eu poderia amar algo sem a possibilidade de vê-lo?
Então eu pensei em todas as pessoas cegas no mundo e quantos deles ainda amaram Deus e Sua criação.

Então respondi:
"É difícil pensar nisto, mas eu ainda Te amaria."

O Senhor então perguntou-me:
"Se você fosse surdo, ainda ouviria minha palavra?"

Como poderia ouvir algo sendo surdo?
Então eu entendi.
Ouvir a palavra de Deus não é simplesmente usando os ouvidos, mas nossos corações.

Eu respondi:
"Seria difícil, mas eu ainda ouviria a Tua palavra."

O Senhor então perguntou:
"Se você fosse mudo, ainda louvaria Meu nome?"

Como poderia louvar sem uma voz?
Então me ocorreu: Deus quer que cantemos de toda nossa alma e todo nosso coração.

Não importa como possa parecer.
E louvar a Deus não é sempre com uma canção, mas quando somos oprimidos, nós louvamos a Deus com nossas palavras de gratidão.

Então eu respondi:
"Embora eu não pudesse fisicamente cantar, eu ainda louvaria teu nome."

E O Senhor perguntou:
"Você realmente Me ama?"

Com coragem e forte convicção, eu respondi seguramente:
"Sim, Senhor! Eu te amo.
Tu És o Único e Verdadeiro Deus!"

Eu pensei ter respondido bem, mas então Deus perguntou:

"ENTÃO POR QUE PECAS?"

Eu respondi:
"Porque sou apenas um humano.
Não sou perfeito."

"ENTÃO PORQUE EM TEMPOS DE PAZ VOCÊ VAGUEIA AO LONGE?
PORQUE SOMENTE EM TEMPOS DE PROBLEMAS VOCÊ ORA COM FERVOR?"

Sem respostas...
Somente lágrimas...

O Senhor continuou:

"Por que cantas somente nas confraternizações e nos retiros?
Por que Me buscas somente nas horas de adoração?
Por que Me perguntas coisas tão egoístas?
Por que me fazes perguntas tão sem fé?"

As lágrimas continuavam a rolar em minha face....

"Por que você está com vergonha de mim?
Por que você não está espalhando as boas novas?
Por que em tempos de opressão, você chora a outros quando eu ofereço Meu ombro pra você chorar nele?
Por que cria desculpas quando lhe dou oportunidades de servir em Meu nome?"

Eu tentei responder...
mas não havia resposta a ser dada.

"Você é abençoado com vida.
Eu não lhe fiz para que jogasse este presente fora.
Eu lhe abençoei com talentos pra Me servir, mas você continua a se virar...
Eu revelei Minha palavra a você, mas você não progride em conhecimento.
Eu falei com você, mas seus ouvidos estavam fechados.
Eu mostrei minhas bênçãos, mas seus olhos se voltavam pra outra direção.
Eu lhe mandei servos, mas você se sentou ociosamente enquanto eles eram afastados.
Eu ouvi suas orações e respondi a todas elas."

"VOCÊ VERDADEIRAMENTE ME AMA?"

Eu não pude responder...
Como eu poderia?
Eu estava, inacreditavelmente, constrangido.
Eu não tinha desculpa.
O que eu poderia dizer?
Quando meu coração chorou e as lágrimas brotaram, eu disse:
"Por favor, perdoe-me Senhor.
Eu não sou digno de ser seu filho"

O senhor respondeu:
"Esta é Minha Graça, minha criança"

Eu perguntei:
"Então por que continuas a me perdoar?
Por que me amas tanto?"

O Senhor respondeu:
"Porque você é Minha criação.
Você é Minha criança.
Eu nunca te abandonarei.
Quando você chorar, Eu terei compaixão e chorarei com você.
Quando você estiver alegre, Eu vou rir com você.
Quando você estiver desanimado, Eu te encorajarei.
Quando você cair, Eu vou te levantar.
Quando você estiver cansado, Eu te carregarei.
Eu estarei com você até o final dos tempos, e te amarei pra sempre."

Eu jamais chorara daquela maneira antes.
Como pude ter sido tão frio?
Como pude ter magoado Deus como fiz?

Eu perguntei a Deus:
"Quanto me amas?"

Então, O Senhor esticou Seu braço e eu vi suas mãos com enormes buracos sangrentos.
Logo, curvei-me aos pés de Jesus Cristo, meu Salvador, e , pela primeira vez, eu orei, verdadeiramente...

Gratidão -Revista O Mensageiro-Autor Desconhecido

O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída, quando uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto.

Ela entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul.

- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? diz ela.

O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:

- Quanto de dinheiro você tem?

Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:

- Isso dá?

Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.

- Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.

O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.

- Tome!, disse para a garota. Leve com cuidado.

Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou à loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:

- Este colar foi comprado aqui?

- Sim senhora.

- E quanto custou?

- Ah!, falou o dono da loja. O preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.

A moça continuou:

- Mas minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.

- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. DEU TUDO O QUE TINHA.

O silêncio encheu a pequena loja e duas lágrimas rolaram pela face emocionada da jovem enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.

"Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições. Gratidão de quem ama, não coloca limites para os gestos de ternura. Seja sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém. Gratidão com amor não apenas aquece quem recebe, como reconforta quem oferece."

Correio Fraterno

O Otimista

Autor Desconhecido-Revista o Mensageiro

João era o tipo do cara que você gostaria de conhecer. Ele estava sempre de bom humor e sempre tinha algo de positivo para dizer.

Se alguém lhe perguntasse como ele estava, a resposta seria logo:
- Se melhorar estraga.

Ele era um gerente especial pois seus garçons o seguiam de restaurante em restaurante apenas pelas suas atitudes. Ele era um motivador nato. Se um colaborador estava tendo um dia ruim, João estava sempre dizendo como ver o lado positivo da situação.

Fiquei tão curioso com seu estilo de vida que um dia lhe perguntei:
- Você não pode ser uma pessoa tão positiva todo o tempo. Como você faz isso?

Ele me respondeu:
- A cada manhã ao acordar digo para mim mesmo, João, você tem duas escolhas hoje. Pode ficar de bom humor ou de mau humor. Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de ruim acontece, posso escolher bancar a vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido. Eu escolho aprender algo. Toda vez que alguém reclamar, posso escolher aceitar a reclamação ou mostrar o lado positivo da vida.

- Certo, mas não é fácil, argumentei.
- É fácil, disse-me João. A vida é feita de escolhas.

Quando você examina a fundo, toda a situação sempre há uma escolha. Você escolhe como reagir às situações. Você escolhe como as pessoas afetarão o seu humor. É sua a escolha de como viver a sua vida.

Eu pensei sobre o que João disse, e sempre lembrava dele quando fazia uma escolha. Anos mais tarde soube que João cometera um erro, deixando a porta de serviço aberta pela manhã, foi rendido por assaltantes. Dominado, enquanto tentava abrir o cofre, sua mão, tremendo pelo nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico e atiraram nele.

Por sorte ele foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado para um hospital. Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta ainda com fragmentos de balas alojadas em seu corpo.

Encontrei João mais ou menos por acaso. Quando lhe perguntei como estava, respondeu:
- Se melhorar estraga.

Contou-me o que havia acontecido perguntando:
- Quer ver minhas cicatrizes?

Recusei ver seus antigos ferimentos mas perguntei-lhe o que havia passado em sua mente na ocasião do assalto.

- A primeira coisa que pensei foi que deveria ter trancado a porta de trás, respondeu. Então, deitado no chão, ensangüentado, lembrei que tinha duas escolhas: poderia viver ou morrer. Escolhi viver.

- Você não estava com medo? perguntei.

- Os paramédicos foram ótimos. Eles me diziam que tudo ia dar certo e que eu ia ficar bom. Mas quando entrei na sala de emergência e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Em seus lábios eu lia: "esse ai já era". Decidi então que tinha que fazer algo.

- O que fez?, perguntei.

- Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas perguntas. Me perguntou se eu era alérgico a alguma coisa.
Eu respondi: "sim". Todos pararam para ouvir a minha resposta. Tomei fôlego e gritei: "Sou alérgico a balas!"

Entre as risadas lhes disse:
"Eu estou escolhendo viver, operem-me como um ser vivo, não como morto."

João sobreviveu graças à persistência dos médicos, mas também graças à sua atitude. Aprendi que todo dia temos a opção de viver plenamente. Afinal de contas, "ATITUDE É TUDO".

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Será que Fazemos a Verdadeira Vontade do Pai?

Será que realmente fazemos a vontade do Pai que está nos Ceus? Será que estamos trabalhando realmente na sua Seara?
Muitas vezes esquecemos que a caridade é praticada no dia a dia e não só de ajuda financeira.
Nos Centros Espíritas estamos em uma sintonia de paz, onde tudo é motivo de alegria com nossos irmãos alguns até muda seu ton de voz usal, para um ton de bondade momentânea.
Acontece que reconhecemos o verdadeiro espírita fora dos Centros espíritas, onde tem seu aprendizado e sai no dia a dia para praticá-lo.
Não adianta saber o evangelho de cor, é preciso praticar com amor perante os nossos semelhantes.
Alguns se acham com um Rei na Barriga e olham os semalhantes de cima para Baixo, onde na realidade, teriam que olhar de baixo para cima com a prática na humildade, onde muitas vezes nossos irmãos passam por situações precárias, para desenvolvermos a caridade e possamos evoluir espiritualmente.
Isso não vem a dizer que o espírita é um ser passivo, e sim um ser ativo que é testemunho da verdade, da Fé raciocinada e procura fazer dos seus irmãos pessoas queridas que precisam de amor.
Amor este sentimento nobre, muitas vezes esquecido pela nossa arrogância e impiedade, onde temos que colocar nas nossas cabeças, que nossos queridos irmãos que estão em sofrimento são nossos companheiros de jornada que precisam da nossa palavra de conforto, carinho e compreensão, pois vivemos ainda em um planeta de provas e expiações onde existe ainda uma heterogeneidade de evoluções.
Irmãos! Amai-vos uns aos outros, pois tenha a certeza que a cada um dos pequeneninhos que ajudar-mos é ao Pai que Fazemos e isso é dever do verdadeiro espírita, que ama a Deus sobre todas as coisas.
Antonio Carlos Laranjeira Miranda
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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Orgulho

Hoje quero falar sobre um mal que corroe nossas almas e nos cobre a visão das coisas maravilhosas da vida terrena e espiritual.
Este mal que falo é o véu do orgulho, este egoismo que parece que cada um tem o que os outros não tem. É o melhor atalho para entrar-mos em sintonia com espíritos que se comprazem no mal e nos fazem esquecer as Divinas palavras de Jesus: Amai uns aos ao outros, pois a cada um destes pequenininhos que ajudas é a mim que fazem.
Este orgulho que falo existe e muito na Doutrina espírita, onde as pessoas ficam equivocadas com o que aprenderam e entram em uma espécie de obsessão pensando que é só o dono da verdade e não aceitam que seus pensamentos sejam comungados por outras pessoas.
Não existe no mundo ninguém melhor do que ninguém, pois sendo Deus justiça e verdade, Ele dá a oportunidade a todos de um dia está no mundo dos bem aventurados. Irmãos queridos, estamos no terceiro milênio e é chegado o momentos de darmos as mãos e transformarmos a nossa sociedade em uma sociedade humanista, onde somos responsáveis pela transição que o planeta terra está passando.
Vamos extinguir este mal que assola a humanidade e atrasa o processo evolutivo dos nossos espíritos.

Antonio Carlos Laranjeira Miranda

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Fé Que Transporta Montanhas

Grupo Espírita Apóstolo Paulo

Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível. (Mateus, XVII: 14-19)

Fé humana e fé divina
- A fé é humana ou divina, segundo a aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 12)

Fé cega e fé racional
- A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 6)

Fé ativa e fé passiva
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2, 14 e 17)

Acima, colocamos um exemplo de como a palestra pode ser apresentada em uma lousa. A seguir, os comentários que podem ser feitos a cada item em destaque.
Fé que transporta montanhas

Este tema visa esclarecer ao público qual o verdadeiro sentido da fé e o que ela significa para as nossas vidas. Como a Doutrina Espírita compreende este sentimento e de que forma colocá-lo em prática frente às dificuldades da existência.

Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível. (Mateus, XVII: 14-19)

Explique esta passagem, onde Jesus diz que quem tiver fé do tamanho de um grão de mostarda, ou seja, muito pequeno, terá capacidade para remover montanhas. Com isso, o Mestre nos faz refletir sobre quanto somos descrentes nos momentos difíceis. Que temos muita teoria, mas na hora da prova, fraquejamos. E que uma pequena dose de fé já nos faria maravilhas.
É necessário deixar claro que as montanhas que serão transportadas são um simbolismo dos nossos problemas, dificuldades. São também as nossas limitações, os nossos defeitos e imperfeições.
Jesus nos deixa claro o poder deste sentimento tão falado e tão pouco compreendido e praticado, pois ele esclarece que nada nos será impossível se soubermos usar esta poderosa força espiritual.

Fé humana e fé divina
- A fé é humana ou divina, segundo a aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 12)

No Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 19, item 12, Kardec define a fé como sendo uma força de vontade direcionada para um certo objetivo, ou seja, a vontade de querer. E esta força pode ser aplicada em dois campos distintos: o material e o espiritual, conforme o objetivo proposto.
No campo material, Kardec define a fé como humana, quando ela é usada para conseguir objetivos materiais e intelectuais, como por exemplo: a construção de uma empresa, a melhoria profissional buscando novos horizontes de atuação. Todos nós temos que ter esta fé, que é a crença em nossa própria capacidade de realizar uma tarefa material. Mas ela deve ser aliada à humildade e à racionalidade, para não se transformar em orgulho, sentimento este que nos traz ilusões sobre a nossa personalidade.
Cite ao público vários exemplos de homens que realizaram grandes tarefas para o bem da sociedade, acreditando no seu próprio potencial, em vários campos de atuação, como por exemplo: a política, as ciências, os descobrimentos e também o campo empresarial.
No campo espiritual, Kardec define a fé como divina, pois ela orienta o homem na crença em uma força superior a ele e a tudo, que direciona a sua capacidade na busca de algo além do material, na descoberta do seu lado imortal. É a religiosidade, agregando a caridade, a fraternidade e a melhoria interior.
Esta fé, aliada à fé humana, espiritualiza os objetivos desta última e direciona esta força material para a satisfação da coletividade e não mais só da individualidade.

Fé cega e fé racional
- A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 6)

Aqui vamos definir a fé que a nossa Doutrina veio propagar, que é a Fé Racional. Aquela que conforme este trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, veio aliar a este sentimento de crença e vontade de querer, uma qualidade própria do nosso tempo, que é a razão. É ela quem dá uma base sólida a nossa crença, podendo encarar a ciência e o progresso a qualquer tempo. E que também nos ensina que não basta só crer ou ver, é também necessário compreender. Isto se aplica principalmente ao Espiritismo, onde o estudo e a prática da caridade são fundamentais para um bom desenvolvimento do trabalhador espírita. Não basta também sentir, ver, ouvir, incorporar ou falar com os espíritos, é importante compreender sua natureza, o seu ambiente, a sua ação no mundo material e no espiritual. Reafirme o que diz o E.S.E., que é necessários compreender antes de ver.
Deixe claro o perigo da fé cega, aquela que acredita sem compreender, sem questionar, pois ela é a gênese do fanatismo religioso que causou tanto mal para a humanidade, e que deve ser combatida com serenidade e racionalidade

Fé ativa e fé passiva
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2, 14 e 17)

Encerrando a palestra, saliente que a Fé sem obra não vale nada, mesmo a Fé Racional, pois só o conhecimento não salva ninguém. É vital aplicarmos o que estamos aprendendo e o que já sabemos, mudando o mundo em nossa volta, primeiramente o nosso interior e depois a parte externa.
Não adianta nada lermos toda a Bíblia, todas as obras da codificação, todas as obras complementares, se todo este cabedal de ensinamentos não mudar o nosso espírito para melhor, transformando em obras materiais e espirituais o que aprendermos. É o benefício que podemos fazer ao próximo, e que, com certeza, será também revertido para nós mesmos.

Há Muitas Moradas Na Casa de Meu Pai - ESE cap III

FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUÍS

1. Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na Casa de meu Pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos o lugar. E depois que eu me for, e vos aparelhar o lugar, virei outra vez e tomar-vos-ei para mim, para que lá onde estiver, estejais vós também. (João, XIV:1-3)

Diferentes estados da alma na erraticidade

2. A casa do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, e oferecem aos Espíritos desencarnados lugares apropriados à sua evolução.
Além da diversidade dos mundos, estas palavras podem também ser interpretadas quanto ao estado feliz ou infeliz do Espírito na erraticidade. De acordo com o estado de maior ou menor pureza e de desapego às atrações materiais, o meio onde se encontra, o aspecto das coisas, as sensações que experimenta, as percepções que possui, tudo isso varia ao infinito. Enquanto uns vivem presos à esfera na qual viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos. Enquanto certos Espíritos culpados vagam nas trevas, os felizes usufruem de uma claridade resplandecente e do sublime espetáculo do infinito. Enfim, enquanto os maus, atormentados de remorsos e desgostos, quase sempre sós, sem consolação, separados dos objetos de sua afeição gemem sob a opressão dos sofrimentos morais, o justo, reunido àqueles que ama, usufrui das doçuras de uma felicidade indescritível. Lá também há, portanto, várias moradas, embora não limitadas nem circunscritas.

Diversas categorias de mundos habitados

3. Dos ensinamentos dados pelos Espíritos, resulta que os diferentes mundos estão em condições muito diferentes uns dos outros, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade de seus habitantes. Dentre eles, há os que são ainda inferiores à Terra, física e moralmente. Outros estão no mesmo grau, e outros ainda, são mais ou menos superiores em todos os sentidos. Nos mundos inferiores, a existência é totalmente material, as paixões reinam soberanas, a vida moral é quase nula. À medida que esta se desenvolve, a influência da matéria diminui, de tal forma, que nos mundos mais elevados a vida é, por assim dizer, toda espiritual.
4. Nos mundos intermediários, há a mistura do bem e do mal, com predominância de um sobre o outro, segundo o grau de adiantamento em que se encontrem. Mesmo não podendo fazer desses diversos mundos uma classificação absoluta, pode-se, ao menos, em razão de seu estado e de seu destino - e com base em seus aspectos mais destacados - dividi-los de uma maneira geral, a saber: mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; mundos de provas e de expiações, onde o mal predomina; mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm algo a expiar adquirem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos felizes, onde o bem supera o mal; mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos puros, onde o bem reina absoluto. A Terra pertence à categoria dos mundos de provas e expiações, e é por isso que o homem nela é alvo de tantas misérias.
5. Os Espíritos encarnados num determinado mundo não estão ligados a ele indefinidamente, e não cumprem nele todas as fases do progresso que devem percorrer, para chegarem à perfeição. Quando eles atingem o grau de evolução necessário, passam para outro mundo mais avançado, e assim sucessivamente, até chegarem ao estado de Espíritos puros. Os mundos são as estações nas quais eles encontram elementos de progresso proporcionais à sua evolução. É para eles uma recompensa passarem a um mundo de grau mais elevado, assim como é um castigo prolongarem sua permanência num mundo infeliz, ou serem relegados a um mundo ainda mais infeliz que aquele que são forçados a deixar, quando se obstinam no mal.
O Céu e o Inferno - cap. III - O Céu (aqui reproduzimoa apenas um trecho o capítulo deve ser lido na íntegra)
Em geral a palavra céu designa o espaço indefinido que circunda a Terra, e mais particularmente a parte que está acima de nosso horizonte. Vem do latim "coelum", formada do grego "coilos", côncavo, porque o céu parece uma imensa concavidade. Os antigos acreditavam na existência de muitos céus superpostos, de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas e tendo a Terra por centro.
Toda as doutrinas criadas para explicar a existência do paraíso partiram da premissa de considerar a Terra como centro do Universo, ao mesmo tempo que fixavam limites para a região dos astros, colocando além desse limite imaginário a morada do Todo Poderoso.
Singular anomalia que coloca o autor em todas as coisas, aquele que as governa a todas, nos confins da criação, em vez de no centro, donde seu pensamento poderia, irradiante, abranger tudo.
Por toda a parte existe a felicidade, decorrente da categoria em que cada Espírito se coloca pelo seu adiantamento, trazendo cada um consigo mesmo os elementos de sua felicidade, relativamente a todos os progressos e a todos os deveres cumpridos.
O céu, portanto, está em toda a parte e nenhum contorno lhe traz limites, sendo os mundos adiantados as últimas estações do seu caminho, que as virtudes franqueiam e os vícios interditam.
É por isso que Jesus afirma que "o reino de Deus não está aqui, nem acolá, mas dentro de nós".
O Céu e o Inferno - cap. IV - O Inferno - O inferno Cristão imitado do Inferno Pagão
O inferno pagão, descrito e dramatizado pelos poetas, foi o modelo mais grandioso do gênero e se perpetuou no seio dos cristãos onde, por sua vez, houve poetas e cantores. Comparando-os, encontram-se neles - salvo os nomes e variantes de detalhes - numerosas analogias; ambos têm o fogo material por base de tormentos, como símbolo dos sofrimentos mais atrozes. Mas, coisa singular! Os cristãos exageraram em muitos pontos o inferno dos pagãos.
Se os pagãos tinham o tonel das Danaides, a roda de Ixião, o rochedo de Sísifo, têm para todos, sem distinção, as caldeiras ferventes cujos tampos os anjos levantam para ver as contorções dos condenados e Deus, sem piedade, lhes ouve os gemidos por toda a eternidade. Nunca os pagãos descreveram os habitantes dos Campos Elísios deleitando a vista nos suplícios do Tártaro. Os cristãos têm, como os pagãos, o seu rei dos infernos - Satã - com a diferença, porém, de que Plutão se limitava a governar o sombrio império, que lhe coubera em partilha, sem ser mau; retinha em seus domínios os que haviam os homens ao pecado para desfrutar, tripudiar dos seus sofrimentos. Satã, no entanto, recruta vítimas por toda parte e regozija-se ao atormentá-las com uma legião de demônios armados de forcados e revolvê-las no fogo.
Já se tem discutido seriamente acerca da natureza desse fogo que queima, mas não consome as vítimas. Tem-se mesmo perguntado se seria um fogo de betume.
O inferno cristão nada pois fica devendo ao inferno pagão.
As mesmas considerações, que entre os antigos tinham feito localizar o reino da felicidade, fizeram circunscrever igualmente o lugar dos suplícios. Tendo os homens colocado o primeiro nas regiões superiores era natural que reservassem ao segundo os lugares inferiores, isto é, o centro da Terra, para onde eles acreditavam servirem de entradas certas cavidades sombrias, de aspecto horrível. Os cristãos também colocaram ali, por muito tempo, a habitação dos condenados.
A respeito do assunto, frisemos ainda outra analogia: O inferno dos pagãos continha de um lado os Campos Elísios e do outro o Tártaro; o Olimpo, morada dos deuses e dos homens divinizados, ficava nas regiões superiores. Segundo a letra do Envangelho, Jesus desceu aos infernos, isto é aos lugares baixos para deles tirar as almas dos justos que lhe aguardavam a vinda.
Os infernos não eram portanto um lugar unicamente de suplício: estavam como para os pagãos, nos "lugares baixos".
A morada dos anjos, assim como o Olimpo, era nos "lugares elevados". Colocaram-na para além do céu estelar, que se acreditava limitado.
A mistura de idéias cristãs e pagãs nada tem de surpreendente. Jesus não podia de um só golpe destruir enraizadas crenças, faltando aos homens conhecimentos necessários para conceber a infinidade do Espaço e o número infinito dos mundos; a Terra para eles era o centro do Universo; não lhe conheciam a forma nem a estrutura interna; tudo se limitava ao seu ponto de vista: as noções do futuro não podiam ir além dos seus conhecimentos.
Jesus encontrava-se pois na impossibilidade de os iniciar no verdadeiro estado das coisas; mas não querendo, por outro lado, sancionar preconceitos aceitos, com a sua autoridade, absteve-se de os retificar, deixando ao Tempo essa missão. Limitou-se ele a falar vagamente da vida bem-aventurada, dos castigos reservados aos culpados, sem referir-se nunca nos seus ensinos a castigos e suplícios corporais, que constituíram para os cristãos um artigo de fé.
Eis aí como as idéias do inferno pagão se perpetuaram até aos nossos dias. Foi preciso a difusão das luzes dos tempos modernos, o desenvolvimento geral da inteligência humana para se lhe fazer justiça.
Porém como nada de positivo houvesse substituído as idéias recebidas, ao longo período de uma crença cega sucedeu, transitoriamente, o período de incredulidade a que vem por termo a Nova Revolução. Era preciso demolir para reconstruir, visto como é mais fácil insinuar idéias justas aos que em nada crêem, sentindo que algo lhes falta, do que faze-lo aos que possuem uma idéia robusta, ainda que absurda.
Localizados o céu e o inferno, as seitas cristãs foram levadas a não admitir para as almas senão duas situações extremas: a felicidade perfeita e o sofrimento absoluto. O purgatório é apenas uma posição intermediária e passageira, ao sair da qual as almas passam, sem transição, para a mansão dos bem-aventurados.
Outra não pode ser a hipótese, dada a crença na sorte definitiva da alma após a morte. Se não há mais do que duas habitações, a dos elementos e a dos condenados, não se podem admitir muitos graus em cada uma sem admitir a possibilidade de se franquearem eles conseqüentemente, o progresso; ora, se há progresso, não há sorte definitiva; se há sorte definitiva, não há progresso. Jesus resolveu a questão quando disse: Há muitas moradas na casa de meu Pai.