domingo, 31 de julho de 2011

Sabe Onde Estamos nos Perdendo?

É comum surgirem crises nas instituições humanas. Somos seres falíveis, com inúmeras limitações e dificuldades, e nossas falhas pessoais refletem-se diretamente nas atividades a que nos dedicamos ou nas instituições a que nos vinculamos, seja na condição de funcionário, voluntário, diretor ou mero colaborador.

Estas crises podem receber vários títulos: desorganização, desencontro, melindres, desentendimentos, agressões, separações, divisões, disputas, intrigas, “fofocas de bastidores”, abandonos, brigas, inimizades, calúnias, desastres financeiros e administrativos, entre tantos outros adjetivos que poderíamos colocar.

E as instituições espíritas, compostas por seres humanos igualmente falíveis que todos somos, não estão livres desses pesadelos que colocam a perder grandes investimentos de pioneiros, no passado, como de dedicados trabalhadores do presente. Isso nos dois planos da vida e não exclusivamente do ponto de vista material, mas especialmente na valorização da condição humana nas diversas áreas que se queira relacionar.

Muitas dessas crises são oportunidades de crescimento; outras poderiam ser evitadas e muitas – a maioria delas – simplesmente surgem porque ainda nos deixamos perder por bagatelas do relacionamento. Porém, sabe-se de onde se originam?

É simples. Muitas crises são construídas paulatinamente pela nossa invigilância, quando:

a) Consideramo-nos indispensáveis;

b) Tornamo-nos centralizadores e deixamos de preparar sucessores ou continuadores;

c) Desejamos impor pontos de vistas, considerando que somente nós sabemos;

d) Tornamo-nos indiferentes aos sentimentos das pessoas;

e) Desejamos fazer como achamos que deve ser feito, desconsiderando posições alheias;

f) Desejamos abraçar todas as tarefas, concentrando-as em nossa incomparável capacidade e experiência;

g) Tomamos para nós o título de enviado, missionário, porta-voz da espiritualidade ou aquele trabalhador sempre consciente e infalível;

h) Tornamo-nos fiscalizadores da conduta alheia;

i) Deixamo-nos levar pela crítica contumaz aos esforços alheios...

j) Quando levamos para o lado pessoal...

k) Quando consideramos as outras pessoas incapazes de levar adiante qualquer tarefa e as marginalizamos pelo ponto de vista de nossa opinião pessoal.

Será preciso continuar com tão nefasta relação? Não, são as circunstâncias humanas, não é mesmo? Infelizmente. Mas é daí que surgem as crises, que nem sempre são construtivas. Nossos pensamentos infelizes, nossa língua inoportuna, nossos gestos e posturas destroem iniciativas e “matam” ambientes, relacionamentos e instituições.

Pessimismo? Exagero? Penso que não.

Estamos nos deixando perder por bagatelas... Voltemo-nos para a finalidade principal de nossa amada e grandiosa Doutrina Espírita: o aprimoramento moral de nós mesmos.

Artigo gentilmente cedido por Orson Peter Carrara
Assessor de Imprensa da Casa Editora O Clarim em Matão SP

terça-feira, 26 de julho de 2011

Como Melhorar?

Há um meio prático de se melhorar nesta vida, moralmente falando, resistindo às más tendências e procurando adquirir mais virtudes? Uma recomendação do filósofo Sócrates indica o melhor caminho: Conhece-te a ti mesmo!

Isso significa uma viagem interior de questionamentos, uma entrevista onde somos o entrevistado e o entrevistador. Sim, questionarmos a nós mesmos, avaliando diariamente o próprio comportamento para averiguar se alguém tem algo a reclamar de nós ou se cumprimos com o próprio dever no dia que passou. Esta auto-avaliação pode ser resumida em cinco itens:

a) Interrogarmo-nos sobre o que temos feito;
b) Com que objetivo fizemos ou agimos dessa ou daquela forma;
c) Se fizemos algo que censuraríamos se praticado por outra pessoa;
d) Se algo fizemos que não ousaríamos confessar;
e) Se ocorresse a morte, teríamos temor do olhar de alguém?.

E poderíamos ainda examinar se agimos contra Deus, contra nosso próximo e contra nós mesmos. As respostas obtidas nos darão o descanso para a consciência ou a indicação de um mal que precisa ser curado. Havendo dúvida sobre determinado comportamento, há ainda um passo decisivo: “(...) Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na podereis ter por legítima quando fordes o seu autor (...) “. Esta dica, inclusive é precisa para possíveis questionamentos sobre ilusões do julgar-se a si mesmo, atenuando as faltas ou tornando-as desculpáveis. Se censuramos no comportamento de outra pessoa, é sinal que não aceitamos. E, portanto, trata-se de comportamento que não devemos adotar.

A formulação nítida e precisa de questões dirigidas a nós mesmos sobre o móvel de nossas ações ou o questionamento de nossas motivações é o caminho de nos conhecermos. E, convenhamos, conhecendo a nós mesmos, alcançaremos a reforma moral. Imagine-se agora se cada ser humano travar essa intensa luta consigo mesmo para melhorar-se a si mesmo, teremos um mundo melhor. É o que todos desejamos, não é?

Anotações preciosas essas, de Santo Agostinho, na resposta à questão 919 de O Livro dos Espíritos.


Artigo gentilmente cedido por Orson Peter Carrara

Alcoolismo

A questão da ingestão de alcoólicos é uma preocupação antiga . No Evangelho de Lucas lemos que “Ele [João Batista] será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte.”

O alcoolismo é um dos mais sérios problemas médico-sociais do mundo contemporâneo. Os especialistas se esforçam em buscar as matrizes cáusicas da questão , e dentre muitos outros fatores, destacam a gigantesca influência da propaganda bem produzida, veiculadas pela mídia, especialmente na televisão. As mensagens são fortíssimos apelos para a ingestão da bebida, que ficam impregnadas no subconsciente de telespectador desatento aos preceitos do equilíbrio.

Lembra Victor Hugo “no estado de alcoolismo faz-se muito difícil a recomposição do paciente, dele exigindo um esforço muito grande para a recuperação da sanidade. A obsessão, através do alcoolismo, é mais generalizada do que parece. Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de "status", atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.”

Conforme registra “Mundo Espírita” a propósito da alcoolomania no meio espírita há certos “líderes” espíritas que costumam justificar suas tragadinhas na vil taça com “infundados argumentos, como: todo mundo bebe; uns pouco goles não fazem mal; só bebo em ocasiões sociais; (...) beber moderadamente é até bom para a saúde...”

Apesar dos danos que o Álcool provoca da estrutura fisiopsicossomática, existem aqueles especialistas" que alegam que o corpo físico necessita de pequenas quantidades dele. Ledo engano! isso é veementemente contestado pelos Drs. Edgar Berger e Oldmar Beskow, no livro intitulado: ESCRAVOS DO SÉCULO XX.

O alcoolista não é somente um destruidor de si mesmo, é também um veículo das trevas, ponte viva para as pontes arrasadoras do mal. Joanna de Ângelis nos ensina que a “pretexto de comemorações, festas e decisões, não nos comprometamos com o hábito da bebida. O oceano é constituído de gotículas, e as praias, de inumeráveis grãos. Libertemo-nos do chavão "HOJE SÓ", e quando impelidos a comprometimentos nocivos, não encampemos o célebre desculpismo "SÓ UM POUQUINHO", porquanto uma picada que injeta veneno letal, não obstante em pequena dose, produz morte imediata.” (grifos nossos).

A retórica permissiva do "inofensivo" drinque deve ser enterrada e jamais, sob nenhuma alegação, deveria ser exumada. Posto que tudo começa com o primeiro gole, depois vem a necessidade do segundo, do terceiro e assim por diante. Ainda sobre o editorial de “Mundo Espírita” se o espírita “conhece e faz-se de desentendido, é irresponsável que sofrerá as conseqüências da omissão em sua consciência profunda.”

Para o psicanalista Luis Alberto Pinheiro de Freitas, autor de "Adolescência, família e drogas" (Editora Mauad), a liberalidade de muitas famílias com o álcool é um dos maiores problemas para a prevenção:— Há o mito de que a maconha leva os jovens a outras drogas. Mas é o álcool que faz esse papel. E a própria família incentiva o consumo. Tenho pacientes que começaram a beber quando o pai, orgulhoso do filho que virava homem, os chamava para drinques.

Os índices cresceram de 25% a 30% nos últimos cinco anos, segundo o psiquiatra Frederico Vasconcelos “pesquisa sobre consumo de álcool entre jovens, pelo Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas (Cebride), da Unifesp. Para ele os jovens de hoje têm muitas dificuldades com limites e a faixa etária do abuso de álcool diminuiu. Há dez anos, o alcoólatra de 40 anos começava a beber aos 17 ou 18 anos. Hoje, aos 12 ou 13. Isso significa que, daqui a dez anos, teremos alcoólatras graves de apenas 35 anos, no auge da vida produtiva.

Vasconcelos atesta que o “álcool gera uma doença de longa evolução (dez anos em média) e o abuso entre jovens os leva a drogas maiores: — Uma delas é o ecstasy, encontrado em dois tipos de pastilha: a MAP( meta-anfetamina) e a MDMA (metil-dietil- MA), esta com propriedades alucinógenas e ambas vendidas a R$ 50 cada, nas boates da Zona Sul e da Barra da Tijuca. O adolescente se expõe hoje muito mais ao álcool. Está se formando uma geração de dependência de álcool. Além dos riscos à saúde, há os perigos de dirigir embriagado, da violência e de traumatismos decorrentes do abuso de álcool.”

Lamentavelmente, em nosso País se consome cerca de dois bilhões de litros de pinga e mais de cinco bilhões de litros de cerveja por ano. Segundo o Dr. Josimar França, membro da Faculdade da Ciência e Saúde da UnB (Universidade de Brasília), no Distrito Federal existem mais de cem mil alcoolistas e boa porcentagem desse universo é constituído de jovens com menos de 17 anos de idade. Josimar atesta que o alcoolismo é o mais importante problema de saúde pública no Brasil.

Retornando ao “Mundo Espírita” é muito bem ressaltado que “o espírita equivocado [esquece] de que nem tudo o que é comum na sociedade é normal, aconselhável. Para esse, há uma Doutrina dos Espíritos para o discurso de conveniência e outra doutrina para sua prática pessoal [espiritismo particular]. É adepto da aberração: Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.”

Ante o desculpismo que procura arrazoar o hábito de beber ouçamos uma lenda que um dia vi num calendário com frases e pensamentos orientais:, Um homem chega ao líder de sua religião, que proíbe a bebida e indaga: - Grande mestre, as uvas são proibidas? - Não. - E o suco de uva é contra a nossa religião? - Absolutamente. - E se as uvas fermentarem na água seremos culpados? - De jeito nenhum. - Pois ao fermentar, elas produzem o vinho. Por que é pecado então bebê-lo? - Bem, respondeu o Grande mestre, - se eu lhe atirar um punhado de terra à cabeça, não lhe farei mal algum!. - Claro! - Se lhe jogar água misturada com terra, também não o ferirei!.. - Certo! - Mas se eu pegar nesse punhado de terra misturado com água e o meter no forno para cozimento, transformando-o num tijolo e o atirar na sua cabeça que será que pode acontecer ?....

Todos os círculos da existência, para se adaptarem aos processos da educação, necessitam do esforço continuado (disciplina), porque todas as conquistas do espírito se efetuam na base de lições recapituladas. Hahnemann ensina que “o homem não se conserva vicioso senão porque quer permanecer vicioso; aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso.”

Caminhando Para o Suicídio Inconsciente

A invigilância moral que nasce e se estrutura na ignorância humana com relação ao conhecimento da vida espiritual, tem dizimado milhões de criaturas através dos tempos, e o pior é que continuará sua marcha lúgubre.

O Espiritismo vem tirar da pasmaceira moral os espíritos aqui reencarnados a fim de que melhorem, um pouco que seja, a qualidade de suas vidas, fazendo-os ver e sentir as conseqüências de seus vícios, paixões e desatinos cultivados através do corpo carnal.

Nessas horas de devaneio a criatura se deixa envolver por espíritos de baixo astral, ou de baixo padrão vibratório, quando o ser perde o domínio integral de si mesmo. Criam-se algemas cruéis, difíceis de serem abertas. É a malha do vício que aprisiona, cerceia a liberdade, impõe condições, passa a dominar.

Queremos nos referir ao tabagismo, esquecendo por enquanto os demais, como por exemplo o alcoolismo, o uso de drogas, a maledicência, o hábito de caluniar, a glutonaria, o sexo em desregramento, a violência, etc., etc., tudo isso causando sérios curtos-circuitos no perispírito do viciado, energeticamente desestruturando-o, lamentavelmente, tendo em vista que ele será o molde do novo corpo físico da próxima reencarnação do viciado.

Segundo dados colhidos num trabalho sobre saúde, da jornalista Magaly Sonia Gonzales, publicado na revista "Isto É", de julho de 2000, "o vício do fumo foi adquirido pelos espanhóis, junto aos índios da América Central, que o encontraram nas adjacências de Tobaco, província de Yucatán. Um dos primeiros a cultivar o tabaco na Europa foi o Monsenhor Nicot, embaixador da França, em Portugal, de onde se derivou o nome nicotina, dado à principal toxina nele contida".

Através das constatações médicas científicas, verifica-se que o fumo é um veneno para o corpo. Como aliado deste princípio, encontramos os preceitos médicos/morais do Espiritismo, que mostra o fumo como um destruidor da mente, que provoca tonteiras, que enseja vômitos no estômago, dispara perturbações brônquicas nos pulmões e no sangue; é um agente envenenador, com ameaças de leucemia.

O tabagismo se apodera do viciado em processo lento mas contínuo, fazendo-o mais uma "vítima", inicialmente de si mesmo, depois dele, o fumo. Em verdade, o viciado se torna escravo de sua vontade pusilânime. O tabagismo é uma doença que, tratada a tempo, tem cura, requerendo do viciado, no entanto, muita obstinação para dele se desvencilhar, determinação esta que ainda não é apanágio dos espíritos aqui residentes.

Para deixar o cigarro é preciso readquirir o poder da vontade que se estiolou diante da prepotência, do autoritarismo da nicotina e seus sequazes.

O viciado é aquele que perde o comando da mente.

A luta do viciado pela recuperação do controle da vontade torna-se mais acerba pelo fato do vício haver encontrado quem lhe insufla maior potência: os espíritos desencarnados tabagistas. As mentes de além-túmulo não se desvinculam com facilidade, sem mais nem menos, deste foco que alimenta seus desregramentos: o fumante terreno.

Os efeitos do tabagismo são devastadores, a saber: afeta o sistema respiratório, provocando bronquite, enfisema, câncer pulmonar, angina do peito, laringite, tuberculose, tosse e rouquidão; ataca o sistema digestivo, dificultando o apetite e a digestão, além de provocar úlcera gastroduodenal, hepatite; aumenta a concentração do ácido úrico, instalando a chamada gota; o sistema circulatório sofre com o aparecimento de varizes, flebite, isquemia, úlceras varicosas, palpitação, trombose, aceleração de doenças coronarianas e cardiovasculares; o sistema nervoso, sempre muito sensível, leva à uremia, mal de Parkinson, vertigem, náuseas, dores de cabeça, nervosismo e opressão. A falta do fumo no organismo do viciado gera ansiedade, angústia, desencadeando crises, convulsões e espasmos. Instala-se, como se depreende, toda uma dependência mental, psíquica e física.

Para os indígenas, a fumaça afastava os "maus espíritos", daí o surgimento dos defumadores. Os pajés jogavam folhas secas no braseiro, ao mesmo tempo em que invocavam os seus deuses. Com o passar do tempo, habituaram-se a fazer um rolo de folhas secas de tabaco, fumegantes, aspirando e tragando a fumaça, o que neles provocava sensações de prazer. Nascia aí, para a desgraça de tantas pessoas e o enriquecimento despudorado de muitas outras, o vício de fumar.

Rogamos a Deus que surjam, cada vez mais, medidas restritivas aos fumantes e aos que propagam o cigarro, como também exemplos de abominação ao tabagismo nas famílias, nas escolas e na sociedade em geral. Com tal procedimento se dará uma demonstração de que o tabagismo é um suicídio em processo inconsciente lento, porém pertinaz.

A tendência do tabagismo é desaparecer antes do alcoolismo. Os dois têm seus dias contados na face da Terra.

Os males de um vício altamente destruidor da vida física, como o tabagismo, destrói também a vida espiritual pelo fato de lesar o perispírito. Acompanhando o espírito na erraticidade, não só de imediato aparecem as seqüelas, mas também no seu retorno à vida carnal, num novo corpo altamente comprometido, estruturado que se acha em matriz defeituosa - o perispírito.

Largar o tabagismo, dizem os entendidos, tem de ser feito de uma só vez. Não concordamos tacitamente com isso, tendo em vista que cada criatura tem suas próprias reações orgânicas. O resultado que se obtém em relação a um caso pode ser diverso daquele que se constata em um outro. Deve-se, entendemos, colocar em ação todos os recursos existentes e, estando a pessoa determinada a parar com o uso do cigarro, surgirá o meio mais eficaz, o que seja mais aconselhável para o seu organismo reagir ao assédio do vício. Referimo-nos ao fato de que, na hora em que o viciado se predispõe a deixar o vício, logo a Espiritualidade Superior passa a cuidar do caso, a ele se dedicando com determinação e amor. O resultado só poderá ser o melhor - libertação do vício.

O Espiritismo analisa o tabagismo como um "inimigo" do ser humano que precisa ser "eliminado". Sendo um gerador de doenças e de dependências, merece do Espiritismo uma batalha sem trégua. Contudo, ele atuará sem violentação de consciências, somente ajudando, com a sua terapia, a quem quer ser ajudado.

O viciado recebe do Espiritismo, além de informações fornecidas pela medicina tradicional quanto aos males provocados pelo fumo, o alerta contra as obsessões e as desastrosas conseqüências no campo energético do espírito, fator este a exigir atenções especiais e procedimentos profundos na mentalização do fumante.

Mostra a Doutrina Espírita a necessidade não só de se cuidar do corpo, mas, sobretudo, do espírito e de seu campo vibratorial, o perispírito.

A visão reencarnatória é o principal fator que induz reformulação dos valores éticos/morais de quem se aproxima do Espiritismo, pois ela representa, acima de tudo, o uso da lógica e da razão na busca de uma melhor compreensão da vida, abrangendo o aspecto dual da existência: o material e o espiritual.

Compete-nos, portanto, ajudar os nossos irmãos a irmãs que se encontram sob o jugo do vício a fugirem desta forma sub-reptícia de mergulhar num suicídio inconsciente.


ADÉSIO ALVES MACHADO
Escritor, Orador e Radialista.

domingo, 24 de julho de 2011

Antes Que Venha o Arrastão

Mateus, 13:47-50

Richard Simonetti


Ao tempo de Jesus era usado no Mar da Galiléia o arrastão, uma forma de pescaria.

Os pescadores preparavam redes quadradas, bem grandes, que permaneciam numa posição vertical dentro d’água, mediante a utilização de pesos e flutuadores. Eram levadas pelos barcos e deixadas em determinada localização. A partir dali eram puxadas para a praia, por cordas, colhendo todos os tipos de peixes, suficientemente grandes para ficarem presos em suas malhas.

Havia proibições de consumo, pela lei judaica, como está na orientação mosaica, em Levítico (11:12):

Tudo o que não tem barbatanas nem escamas, nas águas, será para vós abominável.

Juntamente com os peixes não comestíveis e de mau sabor, eram jogados de volta ao oceano ou iam para o lixo.


***

Jesus usa a imagem do arrastão para transmitir um de seus ensinamentos sobre o Reino dos Céus.

… é semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha toda espécie de peixes.

Quando está cheia, os pescadores a retiram e, sentados na praia, escolhem os bons para os cestos, e o que não presta deitam fora.

Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes.

No aspecto individual o Reino é uma condição íntima. Instala-se num momento de iluminação em que nos integramos plenamente na Vida, cidadãos do Universo.

No aspecto coletivo exprime-se numa sociedade formada por Espíritos iluminados.

Com o crescimento espiritual da Humanidade amplia-se o contingente dos que realizaram o Reino em seus corações.

Hoje, uma minoria.

Amanhã – dentro de decênios, séculos ou milênios, depende de nós –, a maioria.

Acontecerá, então, o arrastão.

Colhidos pelas malhas da Justiça, aqueles que não se enquadrarem na nova ordem serão jogados na fornalha ardente…

Naturalmente, trata-se de um simbolismo, uma imagem forte, que a teologia medieval levou ao pé da letra, concebendo a idéia do inferno de fogo, onde as almas comprometidas queimam sem se consumir, em perenes sofrimentos.

O Espiritismo oferece idéia diferente.

Não estarão irremissivelmente condenados.

Serão simplesmente degredados em planetas inferiores, onde enfrentarão dificuldades e dissabores sob orientação da mestra Dor, lá bem mais severa.

Isso, somado às saudades da Terra e dos afeiçoados que aqui ficarão, quebrará a rebeldia, favorecendo sua renovação.

Redimidos, ainda que isso exija o concurso dos milênios, retornarão ao nosso Mundo, porquanto compõem a grande família humana, sob os cuidados de Jesus.


***

Segundo Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, há dez mil anos havia no sistema de Capela, estrela da constelação de Cocheiro, um planeta habilitado à promoção.

Deixaria de ser um mundo de expiação e provas, como é a Terra, cujos habitantes são orientados pelo egoísmo, e passaria a mundo de regeneração, com uma população disposta a assumir a cidadania do Reino de Deus.

Ocorre que uma parcela da população não estava sintonizada com os novos rumos. Então, houve o arrastão, envolvendo milhões de recalcitrantes. A direção espiritual do planeta os transferiu para um mundo em evolução primária.

Você pode imaginar qual foi, amigo leitor?

Se pensou na Terra, acertou.

Os capelinos encarnaram no seio das raças humanas, promovendo desde logo grandes transformações, já que mentalmente eram muito mais evoluídos, embora moralmente em estágio semelhante aos terrestres.

Os antropólogos espantam-se com a civilização neolítica. Em algumas centenas de anos grandes conquistas foram obtidas – a domesticação dos animais, a descoberta da agricultura, a formação da escrita, a utilização de metais, a vida urbana…

O Homem, que estava praticamente na idade da pedra, repentinamente viu-se em meio a significativas conquistas.

Foram iniciativas dos capelinos, que deram origem às grandes civilizações, como a egípcia, a chinesa, a hindu e a indo-européia.

Detalhe importante. Não estão bem definidos para os antropólogos os fatores que determinaram sua extinção.

À luz do Espiritismo, é simples explicar.

À medida que os degredados, renovados e redimidos, retornaram ao planeta de origem, as civilizações que edificaram entraram em decadência.

Imaginemos uma família rica e abastada, que construa moderno palacete numa favela. Depois de alguns anos o proprietário muda-se e deixa o imóvel para os favelados. Estes, sem condições para cuidar adequadamente dele, deixam que se deteriore, até transformar-se em ruínas.

Foi o que aconteceu com aquelas civilizações.

Morreram porque o homem terrestre não tinha competência para preservá-las.

***

Algo semelhante ocorrerá conosco, no grande arrastão.

Seitas pentecostais o anunciam para breve, ainda neste século.

Proclamam seus arautos:

– Arrependam-se! Está chegando a hora!

O Espiritismo confirma que isso acontecerá, não como uma condenação eterna, mas como um degredo transitório para aqueles que não aderirem, de coração, ao Reino.

Parece-me, amigo leitor, que não acontecerá em tempo breve. Fácil entender a razão.

No Sermão da Montanha Jesus nos dá uma pista de quem ficará, ao proclamar:

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra.

Significa que ficarão aqueles que houverem conquistado a mansuetude. Se acontecesse agora, certamente, nosso planeta seria transformado num deserto, porquanto raras pessoas efetuaram essa conquista.

Estamos tão longe da mansidão, em face do caráter agressivo que caracteriza o homem, orientado pelo egoísmo, que o termo manso guarda uma conotação pejorativa.

Chamar alguém de manso é xingá-lo, equivalente a dizer que corre sangue de barata em suas veias.

No entanto, é apenas alguém que venceu a agressividade; que não reage ao mal com o mal; que guarda as raízes de sua estabilidade no próprio íntimo.

Se bem observarmos, verificaremos que muitos males que conturbam as relações humanas, em todos os níveis, inspiram-se na agressividade, sempre com o propósito de favorecer o interesse pessoal.

***

Podemos fazer um teste ligeiro, a verificar se estamos conquistando a mansidão, habilitando-nos ao Reino, ou se corremos perigo no arrastão.

• Submetidos a uma cirurgia, permanecemos acamados por alguns dias.

a) Cultivamos a oração e a serenidade, procurando não incomodar os familiares, nem aumentar sua preocupação.
b) Perturbamos a todos com gemidos e reclamações, como se estivéssemos em leito de faquir, colchão de pregos pontiagudos.

• Um conhecido passa por nós sem nos cumprimentar.

a) Consideramos que não nos viu ou estava distraído.
b) Ficamos possessos: – Pretensioso! Julga que tem um rei na barriga!

• O cônjuge está quieto, fechado, poucas palavras…

a) Imaginamos que esteja cansado, querendo um pouco de sossego.
b) Estressamos e logo clamamos que intenciona nos levar à loucura com seu mutismo.

• No trânsito, um motorista buzina atrás, assim que abre o sinal.

a) Admitimos que deve estar com pressa. Engatamos a primeira e seguimos em frente.
b) Castigamos o atrevido, demorando para avançar. Se torna a buzinar, fazemos um sinal malcriado, convidando-o a passar por cima.

• Cruzamos rua preferencial, inadvertidamente. Um motorista, cujo carro quase foi atingido, faz gesto pejorativo, sugerindo barbeiragem.

a) Admitimos que precisamos estar mais atentos.
b) Gritamos a plenos pulmões, recomendando-lhe que vá procurar aquela senhora de profissão nada recomendável, que o pôs no Mundo.

• O chefe nos adverte quanto a uma falha.

a) Desculpamo-nos, com a disposição de melhorar nosso desempenho.
b) Mal contemos o desejo de pular em seu pescoço, e, intimamente, formulamos ardentes votos de que ele vá para o diabo que o carregue.

• O subordinado comete uma falha.

a) Tratamos de orientá-lo para uma melhor condução do serviço.
b) Lembramos-lhe de que, se não der um jeito na sua atuação profissional, há dezenas de desempregados que podem ocupar seu lugar, fazendo o dobro do que faz, ganhando metade de seu salário.

• Os vizinhos envolvem-se numa discussão, pondo-se a gritar uns com os outros.

a) Consideramos que estão com algum problema e passamos a orar por eles.
b) Chamamos a polícia para dar um jeito naqueles malucos.

• O filho vai mal na escola.

a) Dispomo-nos a acompanhá-lo nas tarefas, ajudando-o.
b) Damos-lhe uma surra, prometendo fazer pior se voltar a ter notas baixas.

• Num grupo de trabalho, em atividade religiosa, não aceitam nossa sugestão.

a) Ficamos tranqüilos, considerando que muitas cabeças pensam melhor que uma só.
b) Reclamamos que é uma cambada de pretensiosos que não deixa espaço para ninguém, e nos afastamos.

Se nossas respostas envolvem em maioria a opção “a”, podemos ficar tranqüilos. Estamos bem em nosso aprendizado espiritual.

Se as respostas mais freqüentes envolvem a opção “b”, há deficiências comprometedoras.

É preciso cuidado, torcendo para que não venha o arrastão antes de vencermos os arrastamentos da agressividade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Entrevista Concedida ao Jornal Terra Azul-SP

Ricardo Di Bernardi

Médico homeopata e pediatra geral, Presidente do Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis SC Articulista espírita, palestrante internacional e autor de diversos livros, inclusive traduzidos para outros idiomas, o Dr. Ricardo Di Bernardi é um entusiasmado trabalhador da seara espírita com contribuições no estudo da reencarnação e da ciência espírita.


1. Como o senhor descobriu a Doutrina Espírita?

R - Quando comecei a raciocinar.

2. O que o fez querer ser espírita?

R - Compreender a vida, compreender de onde viemos para onde vamos e quem somos....

3. Atualmente já temos algumas faculdades espíritas, Por que não existem colégios espíritas para formação dos jovens e crianças?

R - Fundamos um ,em Florianópolis, mas infelizmente o terreno que estávamos não era nosso e... o proprietário solicitou a devolução. Foi uma grande tristeza. Estamos esperando algo acontecer...

4. Com tantos casos de experiências de quase morte documentados e estudamos, curas que contradizem os prognósticos médicos entre outras ocorrências, por que a medicina, em geral, não se preocupa com o aspecto espiritual dos pacientes?

R - Por que estas experiências tem outras versões e outras visões para os que não admitem a existência da dimensão espiritual.O espiritismo ainda é um grande desconhecido no meio científico.

5. O senhor enfrentou obstáculos na sua carreira profissional por ser espírita?

R - Muito pouco. Mais alegrias do que tristezas.

6. Qual tem sido a ação da AME dentro do campo médico?

R - Atualmente não estou mais na presidência da AME, mas do ICEF- Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis, mas tanto na AME como no ICEF visamos estudar , aprofundar conhecimentos, divulgar a doutrina dos Espíritos.

7. Por que o senhor optou pela homeopatia, um campo que sofre tanta resistência no meio médico?

R - Porque a Homeopatia vê o homem como um ser trino , composto de espírito (mente), corpo vital e corpo físico. Também, porque trabalha com energias, os medicamentos atuam na energia vital (corpo etérico) e o terceiro motivo porque a homeopatia nos ensina a ver o doente não como um órgão enfermo mas um ser humano que pensa e sente.

8. Alguns defensores da homeopatia dizem que sua ação não se dá no corpo físico. Como é realmente a ação dos remédios homeopáticos?

R - O medicamento homeopático não atua diretamente no corpo físico nem diretamente no perispírito nem,ainda , diretamente no espírito. O remédio HOMEOPÁTICO é energia que atua na energia vital do paciente, o que significa fluido vital. Esta energia está no corpo etérico ou duplo etérico, que é o campo de energia que une o perispírito ao corpo físico. Do duplo etérico esta energia passa a influenciar o perispírito- espírito e depois o corpo.

9. Para o senhor que já teve oportunidade de proferir palestras em outros países, como está a aceitação da Doutrina Espírita fora do Brasil?

R - O país que, em termos de número de espíritas, está tendo desenvolvimento significativo é Portugal.

10. O fato do Espiritismo estimular tanto na leitura não dificulta sua disseminação num pais como Brasil?

R - Cada povo tem o governo que merece, e vive mergulhado nas suas limitações, é melhor não termos muitos espíritas do que possuirmos muitos grupos espiritólicos manuseando a mediunidade de forma inadequada e com resultados catastrófricos.

11. Atualmente temos uma grande polêmica por conta do uso de células-tronco embrionárias. Qual sua posição sobre este assunto?

R - Há células tronco no cordão umbilical, este órgão normalmente será jogado no lixo hospitalar. Poderiam estas células tronco ser aproveitadas para tratamento médico em doenças graves, somos neste caso francamente favoráveis. Também somos favoráveis ao uso de células tronco da medula óssea que todos dispomos , mesmo na fase adulta... Quanto as células tronco embrionárias , retiradas de embriões ocasionando abortos somos contrários em tese, isto é, de modo geral. Haverá , no entanto, casos particulares que deverão ser analisados. Exemplo: Um embrião congelado há 3 anos, que está sendo descartado para o lixo hospitalar, melhor que sejam usadas as células tronco deste embrião quando o mesmo estiver sendo eliminado ou seja descartado pelos médicos. O assunto é ainda novo, e de delicada posição em termos definitivos. A questão 356 do Livro dos Espíritos afirma ser possível o desenvolvimento embrionário sem a presença do espírito (isto quer dizer que , também , em embriões congelados pode acontecer não existirem espíritos ligados), porém conclui: o ser não nasce. Logo, podem haver também, inúmeros embriões congelados onde apenas o estímulo vital das células germinativas o faz desenvolver. Cumpre-nos também acrescentar que diversos autores espirituais afirmam existir em alguns casos (penso que seriam em menor número), espíritos ligados a certos embriões . Trata-se do caso específico de entidades que ainda necessitam equilibrar centros perispirituais em profunda desarmonia. Os embriões congelados estariam servindo de local para drenagem e higienização destes campos vibratórios. Cito , entre outros, o espírito Viana de Carvalho , pelo médium Divaldo Franco, que alude a este particular. Portanto há embriões congelados que não tem espíritos ligados (creio eu ser a maioria), mas há também outros que apresentam esta fixação da entidade.

12. Quais podem ser as conseqüências para o espírito que é vítima do aborto ou da eutanásia?

R - Não é possível responder se não admitirmos que cada caso é um caso diferente, mas, em resumo, esta entidade perde uma oportunidade de completar mais um ciclo de desenvolvimento e de progresso espiritual.

13. Como os sentimentos e pensamentos podem contribuir com a saúde do indivíduo?

R - Ambos são energias que harmonizam ou desarmonizam o fluido vital, portanto, geram fragilidade ou resistência na saúde física e psíquica do indivíduo.

14. Num dos seus livros o senhor aborda a gestação. Quais alguns dos aspectos espirituais que as mães devem observar neste período?

R - Ter consciência de que há um intercâmbio fluidico-magnético entre ela e o filho. Saber , também, que este filho é um vínculo do seu passado que necessita ser burilado. Filhos são espíritos com os quais temos compromissos históricos.

15. Como as mulheres que sofrem abortos espontâneos sucessivos devem encarar este fato?

R - Como um processo de amadurecimento e reequilíbrio do seu chakra genésico. Torna-se necessário para ela e para o espírito que tenta reencarnar, este amadurecimento, pois ambos possuem, neste centro de força, regiões desajustadas.

16. O senhor possui um estudo muito interessante sobre ovóides. Como se formam os ovóides? Qual a melhor forma de recupera-los?

R - São corpos espirituais deformados ,que alguns espíritos apresentam, cuja forma lembra a de um ovo. Formam-se pela manutenção de uma idéia fixa ou seja monoideísmo , quando esta idéia ou pensamento fixo é de baixo teor vibratório. A vibração em uma única frequência mantém um mesmo raio de energia ou seja gira sempre no mesmo eixo.

17. O que Espiritismo trouxe para sua vida?

R - Esclarecimento ou seja , compreensão de onde EU vim, quem sou e dependendo do que pense, faça e sinta, para onde EU irei ...

18. Quais são seus projetos atuais?

R - Estudar sempre mais, trabalhar muito, ler, escrever outros livros , fazer palestras, conhecer outros países e ter momentos de relaxamento como : criar passarinhos....

19. O que o senhor pensa do crescimento dos movimentos que defendem o aborto e a eutanásia?

R - LAMENTÁVEL. Trata-se de uma reação negativa de mentes encarnadas e desencarnadas que ainda não conseguiram absorver o verdadeiro sentido da vida.

20. Algumas pessoas têm receio de doar os órgãos de parentes falecidos por temer causar prejuízos ao espírito do desencarnado. Isto possui algum fundamento?

R - Tal fato pode suceder quando aquele que se tornou doador, por decisão da família, é contrário a doação. Contrário, por não estar preparado emocional e espiritualmente para um ato de amor e desprendimento como é o ato da doação. Deve ser respeitada a vontade do não-doador. Nas demais situações não há problemas, pois se o doador optou por isto, a doação só poderá lhe fazer bem.

21. Pediríamos que o senhor deixasse uma mensagem aos nossos leitores.

R - Meus amigos, é preciso que todos nós possamos entender a doutrina Espírita não como uma Religião , mas como um novo modo de entender a Vida, em todos os seus aspectos. Entender que todos nós só temos um único destino, destino este, que fatalmente chegaremos: A sabedoria e a felicidade plena. E as asas para para alçar este vôo são : o conhecimento e o amor. Um grande abraço a todos!

Entrevista Concdida à ADE-Associação de Divulgadores do Espiritismo-PR

Ricardo Di Bernardi.



API – Ao tempo da Codificação, os Espíritos Superiores resumiram o homem a três elementos: corpo, perispírito e espírito. André Luiz fala-nos em corpo mental e duplo-etérico, o mesmo ocorrendo com certas religiões orientais. Afinal, à luz dos conhecimentos atuais, como, nós encarnados, somos constituídos?

RDB (DR. RICARDO DI BERNARDI) – Na infância aprendemos que o corpo humano é dividido em cabeça, tronco e membros. Está certo. Mas, é apenas um resumo. Somos constituídos de corpo físico, corpo etérico, corpo astral (perispírito), corpo mental e espírito. No entanto, cada corpo destes possui bilhões de subdivisões e compartimentos como o nosso corpo físico é constituído de trilhões de células que se constituem de tetralhões de moléculas.

API – Diante de um quadro de coma irreversível, quais os critérios para se desligar os aparelhos que mantêm artificialmente a vida do paciente?

RDB – Eu sempre erraria ao dar critérios que se aplicassem a todos os casos. Cada caso deve ser estudado, analisado e sentido com seriedade, profundidade e amor. Em resumo, nunca desligar se houver qualquer possibilidade de manutenção da vida por algum tempo.

API – Mas num país com uma assustadora precariedade do serviço público de saúde, seria justo dispêndios tão elevados com uma só pessoa?

RDB – Enquanto houver tempo de reencarnação a cumprir não devemos abreviar.

API – Como e onde fica o espírito durante os comas profundos, às vezes, de muitos anos?

RDB: Nos casos citados a situação vai depender acima de tudo do nível evolutivo de cada espírito. Assim, por exemplo: alguns ficam presos ao corpo, inconscientes, pois são espíritos comprometidos carmicamente e despreparados para se desprenderem naquele momento. Recebem assistência espiritual, porém ainda não são passíveis de serem libertados do arcabouço biológico. Outros desdobram-se durante o processo e têm consciência. Trata-se, neste caso, dos espíritos de nível ético-moral mais elevado e, por isto, automaticamente se libertam com mais facilidade. Outros ainda ficam presos ao corpo, semi-conscientes, e sofrem as dores. Há, portanto, diversas situações decorrentes da freqüência vibratória que a entidade se encontra. Não se pode generalizar o que ocorre pois cada situação é específica.

API – Espiritualmente falando, a permanência prolongada em estado de coma representa uma punição ao espírito? Estava programado?

RDB – Na nossa visão não existe punição nem neste caso nem em nenhum caso. Há sempre aprendizado. A experiência é útil para drenar as energias ou fluidos em desarmonia no corpo astral (perispírito) para a superfície física. Quanto maior necessidade desta drenagem, maior o tempo necessário para que o indivíduo permaneça em coma. O processo não é punitivo, mas de oportunidade para aprimoramento do espírito visando reduzir sofrimentos e não causá-los. Cremos não haver uma programação imposta pela espiritualidade, porém uma auto-programação gerada pelos núcleos energéticos do próprio espírito que, tal qual um computador, registra todas as atitudes pretéritas e auto-programa a correção. É um processo contínuo que o livre arbítrio refaz a cada minuto da existência. A espiritualidade orienta e ampara mas nós mesmos é que construímos o nosso destino.

API – Qual a utilidade de se congelar corpos humanos?

RDB – Se forem utilizados em benefício da humanidade, no sentido de aliviar dores, reduzir sofrimentos do próximo poderiam até ser úteis. Depende da utilização e da intenção que se pretenda efetuar.

API – Um corpo preservado indefinidamente após a morte clínica, mesmo sem a possibilidade de retorno do espírito, não pode causar uma perturbação ainda maior no espírito, como nos casos em que há o acompanhamento do processo de decomposição? Haveria algum benefício para o espírito?

RDB – Em casos raros poderia. Depende do desequilíbrio do espírito ou da patologia psíquica que vive. A espiritualidade superior não quer ninguém sofrendo. É herança judaico-cristã medieval e atual concepção “espiritólica” que temos que sofrer para evoluir. Precisamos abrir a porta do amor e do labor ao invés da porta da dor. No entanto, quando se fica cego psiquicamente não se consegue ver as mãos amorosas que ao seu lado o querem e desejam muito auxiliar. Fica-se então preso ao corpo. É uma anormalidade.

API – Embriões humanos congelados possuem algum espírito ligado a ele?

RDB - Há casos que pode haver e há casos que não há. Veja no Livro dos Espíritos a questão 356. Pode haver o desenvolvimento de gestação sem espírito. SEM ESPÍRITO. André Luiz explica o mecanismo deste processo na 2ª parte do livro Evolução em Dois Mundos. O molde perispiritual é o materno dado pelo comando espiritual da mãe que deseja muito Ter o filho.

API – Numa época de tantos descalabros na esferas da sexualidade, o que o Sr. Poderia nos dizer sobre os processos envolvidos?

RDB – Vivemos hoje um processo reacional aos séculos anteriores. Antes a sexualidade era proibida, tabu, pecado e conceitos do gênero. Hoje há sucedendo aos conceitos infantis um conceito adolescente ou de transição, um conceito de reação ao modelo anterior. O sexo é exibido, liberado sem responsabilidade. A humanidade galgou um degrau da evolução como o bebê que passa a adolescente. O bebê parece angelical, mas ao chegar a adolescência fica agressivo, inconveniente... trata-se de um processo rumo ao equilíbrio futuro. Vamos chegar lá até o ano 3000, creio.

API – Fala-se em possível tramitação no Congresso Nacional de uma lei que permitiria a união entre homossexuais. Qual a sua opinião a respeito?

RDB – Nada entendo de leis humanas. No entanto, a natureza nos propiciou dois sexos. Sexos complementares e que possibilitam a reencarnação de quem necessita retornar ao plano físico. Naturalmente falamos do sexo embasado no amor entre os espíritos. A homossexualidade é uma dificuldade adaptativa do indivíduo ao sexo físico que a programação espiritual assim determinou. Esta programação envolve dificuldades para alguns como em outros campos. Devemos respeitar o homossexual como um ser que deve ser amado como um irmão, mas não estimular a fuga de sua programação reencarnatória.

API – E quanto à possibilidade ou direito de, nestas condições, adotar-se crianças?

RDB – Sempre estudei, como médico e como terapeuta, que uma criança necessita dos modelos masculino e feminino para Ter as duas polaridades energéticas com estímulo ao desenvolvimento do seu psiquismo. Qualquer outra posição é uma dificuldade a ser transposta. Não somos radicalmente contra, mas somos a favor de que os casos (criança e pretendentes) devam ser individualmente analisados.

API – Qual a relação existente entre acupuntura e perispírito?

RDB – Os pontos de acupuntura são núcleos energéticos situados no corpo etérico (entre o perispírito e o corpo físico). Estes pontos tem representações correspondentes no físico e no perispírito.

API – Os espíritas deveriam estudá-la?

RDB – Cabe aos médicos estes procedimentos e não aos leigos. Os espíritas podem e devem estudar todas as formas de conhecimento humano, mas não exercê-las pois é ilegal e podem pôr em risco a vida do paciente.

API – E quanto à homeopatia, essa medicamentação afeta o corpo espiritual ou só o físico?

RDB – A medicina homeopática não atua quimicamente sobre o corpo. A ação do medicamento é energética. Isto quer dizer que atua sobre o nosso corpo energético e não diretamente nas células físicas. Naturalmente, a ação sobre o campo energético será captada pelas células físicas que passarão a modificar-se na sua bioquímica. A vantagem inicial da homeopatia é a ausência de toxidade química sobre o organismo. Os efeitos colaterais e contra-indicações são, em comparação com a terapêutica convencional, inexpressivos. A Segunda vantagem do tratamento homeopático é a sua ação não ser, apenas, sobre um determinado órgão, mas no conjunto ou totalidade do organismo. Esta harmonia holística que se procura determinar ao conjunto reflete sobre o órgão que padece de uma alteração qualquer. O terceiro ponto seria a abordagem que o médico homeopata efetua sobre a psicologia do paciente. Nós, médicos homeopatas e espíritas, procuramos esclarecer que a origem dos processos costumam Ter uma causa ou fator de origem espiritual. Ou seja, quem adoece inicialmente é a alma do indivíduo, seus sentimentos e pensamentos o fragilizam permitindo-o adoecer. A homeopatia visa curar o doente e não a doença, pois o médico homeopata trabalha na essência energética ou fluido vital como se diz entre espíritas e vai interferir na causa mais profunda da doença antes mesmo que ela se manifeste.

API – Como conciliar o desenvolvimento da engenharia genética com as leis divinas de justiça na área psicossomática, ou seja, ação e reação?

RDB – Excelente pergunta! A lei de Ação e Reação sempre se faz. É do automatismo da natureza. E a natureza é o livro divino onde Deus escreve a história de sua sabedoria. Quando interferimos no processo, a espiritualidade superior dá novos rumos à programação. Se assassinamos alguém ou nos suicidamos, a espiritualidade reprograma uma ou várias assistências espirituais. Também, se interferimos na genética ou programamos um embrião, será atraído para este o espírito que tiver afinidade energética, merecimento ao carma compatível com o mesmo. Os amparadores extrafísicos reestudam e reprogramam. O que não isenta de responsabilidade os agentes desta interferência .

API - Há opiniões espíritas de que nas experiências visando a clonagem humana, para fins terapêuticos ou de reprodução, e mesmo nos de reprodução assistida, a ligação de algum espírito ao corpo em formação só se faria se e quando implantado no útero materno. O que pensa disso?

RDB – Absurdo! A ligação do espírito se faz na fecundação ou concepção. Esta idéia é altamente nociva pois acaba permitindo o uso da pílula do dia seguinte, quando já se iniciou a reencarnação. Portanto, na visão espírita, esta pílula é abortiva.

API – Quem está mais perto de descobrir o espírito, a Medicina ou a Física?

RDB – Creio em um empate.

API – Costumamos, para encerrar, submeter nosso entrevistado a um JOGO RÁPIDO, proposições de temas doutrinários e pessoais aos quais, responde-se em, no máximo, dez palavras. Vamos lá, então?

Loucura: espiritopatia com repercussões cerebrais. Ou cerebropatia por desajuste energético do corpo espiritual.
Ciência espírita: estudo do mundo extrafísico e suas relações com o mundo físico.
Intuição: percepção psíquica de campos energéticos e ondas mentais externas.
Instinto: reflexos automáticos e atuais adquiridos em função de experiências de nosso passado longínquo.
Carma: tendência relativa e provisória a determinadas dificuldades adquiridas pelo mal uso do livre-arbítrio.
Um objetivo ainda não realizado: atingir a plenitude do amor e da sabedoria.
Medicina do futuro: integrará os conhecimentos das estruturas extra-físicas e orgânicas ao amor integral.
Um vulto espírita encarnado e outro desencarnado: Divaldo Franco e Allan Kardec
Lazer preferido: conhecer países e culturas.
Amor: o objetivo de toda criatura do universo


Dr. Ricardo Gandra Di Bernardi é médico homeopata geral e pediatra. Natural de Florianópolis – SC, nascido a 11/11/1947, casado com a Sra. Helena S. Thiago Di Bernardi, tem 4 filhos e 2 netas. Ingressou jovem no movimento espírita tendo sido presidente da Juventude Espírita de Florianópolis e também do MEUC ( Movimento Espírita Universitário). Exerceu posteriormente diversas funções em âmbito federativo estadual, fundou o ICEF (Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis) e a AME-SC (Assoc. Médico-Espírita de Santa Catarina). Tem elaborado inúmeros workshops e participado como palestrante em encontros, jornadas e congressos espíritas. Seus seminários mais solicitados são: “Gestação, Reencarnação e Aborto” “Estudo dos corpos espirituais na visão espírita”, “Fisiologia da Reencarnação”, “Drogas, ação nos Corpos Espirituais”, “Sexualidade na Visão Espírita”. Desenvolveu interessante pesquisa sobre fotos Kirlian com estudo da movimentação da aura pelo passe magnético.

Doenças Mentais à Luz da Doutrina Espírita

Dr. Ricardo Di Bernardi

Entrevista feita pela Internet, questionamentos efetuados pelo Centro Espírita MANOEL FRANCISCO DA LUZ de Florianópolis SC.


P - O que são e quais são as deficiências mentais?

RDB - São significativas dificuldades de desenvolver raciocínios, organizar idéias, manifestar sentimentos ou a aparente impossibilidade de expressar sentimentos e raciocínios. São inúmeras! Poderemos detalhar mais adiante...

P - O que são e quais são os transtornos mentais?

RDB - Considero que são dificuldades súbitas ou secundárias a outros fatores, de expressar pensamentos e sentimentos. São inúmeros, dependendo da personalidade de cada pessoa, portanto, das peculiaridades de cada indivíduo.

P - Qual a origem destes transtornos sob a ótica da medicina tradicional e sob a ótica espírita ?

RDB - Não consigo raciocinar nem entender as deficiências mentais ou transtornos sem incluir o raciocínio espírita, mas poderia dizer que surgem quando um indivíduo sente-se agredido por um fator externo que bloqueia seu raciocínio ou sua sensibilidade psíquica. É muito comum que um fato tenha ocorrido muitos anos atrás, na infância por exemplo, e um fato novo, muitas vezes simples e sem gravidade, seja associado, até inconscientemente, com fatos anteriores trazendo à tona questões antigas.

P - Do ponto de vista espiritual, onde e quando se originam?

RDB - A origem é sempre espiritual, pois o cérebro não pensa, quem pensa é o espírito. O cérebro retransmite o que pensamos. O cérebro, também , não produz sentimentos, apenas reproduz sentimentos da alma. Nossos arquivos perispirituais contêm registros de inúmeras encarnações que muitas vezes jazem adormecidos a espera do estímulo para serem corrigidos, burilados e reorganizados de forma equilibrada. Todo raciocínio acima, da medicina tradicional, é aceito pela visão espírita, apenas é ampliado pelo conhecimento do espírito. E, isto vale para todas as questões nesta área.

P - Sob o ponto de vista médico e espírita, quais as causas ou origens das deficiências mentais?

RDB - Do ponto de vista médico, existem as:

1- que se manifestam pelo encontro de genes do pai e da mãe, genes que trazem determinação para defeitos ou doenças ;

2- que se manifestam por erros na separação ou distribuição de cromossomos no óvulo e/ou no espermatozóide;

3- congênitas ou seja as que, aparentemente, surgem por problemas durante a gestação como provocadas pela rubéola e outras doenças;

4- que se manifestam por traumas de parto, como falta de oxigenação cerebral determinando paralisia cerebral etc.

5- adquiridas após o nascimento, ocasionadas por :

a) acidentes graves;

b) infecções que afetam o sistema nervoso central tipo encefalites e outras;

c) desequilíbrios hormonais como doenças da tireóide e outras;

d) intoxicações graves por venenos;

e) senilidade ou seja envelhecimento do sistema nervoso central;

f) doenças degenerativas do cérebro, como Alzheimer.

g) acidentes vasculares cerebrais - AVC ( derrames, tromboses cerebrais );

h) muitas outras ...

Na visão espírita, o corpo espiritual (corpo astral, psicossoma, perispírito...) traz, de outras encarnações, alterações energéticas ou desequilíbrios que vibram em uma determinada freqüência e, por isto, sintonizam, favorecem, ou atraem estas situações de distúrbios mentais. Há também situações decorrentes da atual existência, assim: o espírito quando produz constantemente pensamentos ou expressa sentimentos de baixo nível, ou seja, doentios, estes são veiculados pelo perispírito e se manifestam no corpo, gerando graves problemas e alterações no corpo físico e modificando a expressão de idéias, pensamentos e sentimentos...

P - Quais as finalidades ou objetivos espirituais das deficiências físicas e mentais? Débitos?

RDB- As finalidades são, sempre, gerar benefícios, ou oportunidades de crescimento para o espírito. São conseqüências do automatismo da Lei Perfeita do Universo. Nunca são punições ou castigos. a Lei Universal é automática. Deus é onipresente e, portanto, está dentro de nós. Quando o Mestre Jesus disse: "Vós sois deuses, Deus está em vós", quis nos dizer: Deus não é um ser emocional e externo a nós, que tem uma personalidade mutável... a Lei está escrita na nossa consciência, no nosso espírito. A Lei Universal não pune, não premia, não castiga e não perdoa: simplesmente, é a Lei De Amor e Justiça... Como estamos mergulhados na Energia Divina, tudo que pensamos, sentimos ou fazemos retorna para nós, é a Lei de Ação e Reação. Automaticamente, há o retorno como há a liberdade em semear mas a obrigatoriedade ( automatismo) da colheita. No entanto, cabe-nos continuar a semear o melhor para colhermos ainda nesta vida melhoras importantes. Isto é o mais importante !

P - Existe alguma deficiência mental e/ou física que não tenha causas espirituais?

RDB- Somos espíritos encarnados. Tudo que ocorre no corpo biológico decorre de fragilidades e tendências (que podem ser amenizadas, tratadas ou evitadas) do nosso corpo espiritual, as quais, por sua vez, refletem as tendências e fragilidades da essência espiritual. Até mesmo acidentes ocorrem devido a predisposições espirituais do indivíduo. Predisposições não são fatos ou situações que são determinadas, repito, são tendências a serem evitadas ou tratadas. Lembro que podem ser, também, predisposições ou atitudes do espírito tomadas na vida atual.

P - Os transtornos mentais podem surgir subitamente em pessoas maduras?

RDB- Aparentemente sim, mas sabemos que os computadores do perispírito trazem não uma determinação mas uma tendência neste sentido. A manifestação pode ser evitada, ou não, conforme as atitudes da pessoa, conforme seu modo de agir nesta encarnação.

P - As deficiências e ou transtornos mentais manifestam-se em estágios? É possível alguém ser portador de uma deficiência mental de manifestação tão sutil que permite o ser desfrutar de uma vida normal ? Elas podem ser hereditárias?Podem aparecer em fases da vida, de um momento para o outro? Quais os motivos?

RDB- Há uma autoprogramação nos nossos "computadores" perispirituais no sentido de que o indivíduo expresse uma tendência ou dificuldade na época mais adequada para a eliminação, do corpo espiritual, dessa deficiência. Tudo que fizemos em vidas anteriores está nos nossos arquivos. Somos constituídos de trilhões de núcleos de energia.Tudo que somos, inclusive as questões que ainda não superamos, constituem-se em registros ou núcleos de energia. Tais núcleos pulsam, irradiam vibrações que partem da profundidade do nosso espírito e atingem nosso corpo. Como continuamos pensando e emitindo sentimentos, estamos refazendo nosso destino e portanto, com pensamentos de amor e harmonia, neutralizando alguns núcleos, higienizando outros ou mantendo-os, e até estimulando novos registros. Problemas eclodem em certas épocas da vida dependendo das tendências anteriores, e das atitudes atuais. Há também registros que se exteriorizam na faixa etária correspondente à mesma idade que ocorreram no passado. É a nova oportunidade de refazermos o que fizemos de forma equivocada.

P - No âmbito do perispírito, como podemos entender as deficiências físicas e mentais? São sempre provas?

RDB - Não! são muitas vezes oportunidades que pedimos para desenvolver novas habilidades, novas percepções, novas sensibilidades. Um grande missionário entre cegos solicitou que antes deste trabalho pudesse reencarnar como cego para associar todo seu amor e sabedoria à experiência de, também, ter sido cego. Associar teoria, amor, sabedoria e vivência prática.

P - Os processos obsessivos prolongados podem resultar em danos mentais permanentes?

Sim, podem. Lembremos, no entanto, que esta história tem antecedentes. Ninguém está sendo obsediado sem uma longa história anterior que precisa ser detalhada, conhecida, analisada com amor e sabedoria.

P - Explique a síndrome de Down.

RDB - Dá um livro bem grande... São espíritos que estão, por amor, tendo uma oportunidade de drenarem algumas deficiências perispirituais para o novo corpo físico. Estão se libertando de deficiências no corpo espiritual através desta drenagem. Cada caso é um caso específico. Seus pais ou afins que convivem têm um histórico que os une e uma oportunidade de crescimento. Nunca devemos pensar em castigo nem punição, esta é uma idéia distorcida e de influência judaico-cristã medieval. Exemplificando na síndrome de Down (= Mongolismo) como o fenômeno ocorre: Um espírito que possui lesões no corpo astral, ao sintonizar as suas vibrações com a psicosfera materna e com o chakra genésico materno, o seu magnetismo perispiritual determina automaticamente que a ovulação se faça de forma patológica. O óvulo ao ser formado ao invés de conter 1 cromossomo de cada par (número haplóide), levará um dos pares colados,( o par número 21 irá em número diplóide) não se separam na meiose ou seja no processo em que o óvulo divide cada par em sua metade (daí meio = meiose ) seus cromossomos. Antes de ser fecundado, este óvulo é envolvido pelas vibrações do espírito reencarnante refletindo o distúrbio perispiritual. As vibrações do óvulo, que correspondem as vibrações do espírito, atrairá o espermatozóide cujos genes estão na freqüência vibratória do merecimento ou necessidades evolutivas do espírito. Assim se oportuniza a drenagem dos desequilíbrios energéticos para o corpo físico, visando libertar o corpo astral de campos energéticos ainda não harmonizados.

P - Há sofrimento para o portador de deficiência física ou mental acentuada, que não pode usar o livre arbítrio e é dependente integral de terceiros ?

RDB - Depende de cada espírito, não se pode generalizar um conceito para todos os casos. Na realidade, o que importa é que está sendo muito beneficiado. Alguns (não todos!) podem estar nesta condição para serem protegidos de grandes equipes de perseguidores espirituais que o deixariam desesperado, outros estão, por amor, se exercitando para outras vidas, outros ainda drenam defeitos do perispírito, e outros se propuseram a prestar auxílio aos pais na superação de dificuldades etc...

P - Os filhos de mães dependentes químicos podem ser afetados em sua gênese fisio-psíquica e apresentarem deficiência mental ao nascer?

RDB - Sim.

Ambos estariam entrelaçados por provas e expiações comuns?

RDB - Sim.

P - Qual a situação do deficiente mental durante o sono físico? Seu espírito emancipa-se do corpo físico? Ele tem percepção de sua situação atual? Ele goza de lucidez? Mantém a deficiência mental ou liberta-se dela?

RDB- É variável. Às vezes é importante que ele fique preso ao corpo biológico para sua proteção dos obsessores, ás vezes se emancipa e retorna a consciência de seus conhecimentos, pois sua passagem aqui é para fins de experiência por ele mesmo solicitada. Às vezes é um espírito violento e, igualmente aos não-deficientes que são violentos, ao se libertar do corpo buscam companhias trevosas. Vejam, depende de cada caso. Não é possível generalizar.

P - Os deficientes mentais comunicam-se com o mundo espiritual?

RDB - Sim.

P - De que forma?

RDB - Pela emancipação da alma no sono, pela sintonia e influência dos protetores, pela sintonia e influência dos obsessores,

P - Como ocorrem suas vivências espirituais e emocionais? Como é a percepção deles destes fenômenos?

RDB - Depende de cada caso. Alguns buscam ou são levados durante o sono às colônias de tratamento na espiritualidade, outros guardam percepções de encontros em outras regiões, outros ainda registram, no seu espírito-perispírito e cérebro, novas intuições ou estímulos para despertar pensamentos e sentimentos.

P - Ao desencarnar, o deficiente físico ou mental leva consigo, em seu perispírito, a deficiência experimentada na última existência?

RDB- A curto prazo, alguns sim, outros não. A médio e longo prazo depende da mudança do padrão vibratório mental, ou seja, da natureza do seu pensamento e sentimento. No futuro imediato ou longínquo, todos serão não-deficientes.

P - Uma encarnação é suficiente para curar uma deficiência mental grave?

RDB- Depende da mudança íntima do espírito.

P - Como entender a evolução do espírito perante a deficiência física e mental?

RDB- Cada indivíduo tem um histórico:

a) Em alguns, o desequilíbrio, conseqüência do passado, está sendo reequilibrado através da drenagem no corpo físico. É uma oportunidade, dada pela Lei de Amor, para que o espírito não permaneça no estágio de desequilíbrio;

b) Para outros é como um momento de repouso mental visando aliviar suas angústias ou seu desespero.

P - Nas famílias onde há portadores de deficiências físicas e mentais, é sempre prova para os pais de filhos portadores ou apenas para o reencarnante?

RDB- Geralmente todos estão envolvidos por um passado comum. Lembro que este envolvimento pode ser também por amor, ou por se oferecerem pra auxiliar, mas não há o "acaso" simplesmente.

P - Como podemos entender o caso de uma pessoa normal que manifesta uma deficiência mental após ser vítima de um acidente, e fica tolhida do uso de seu livre arbítrio já na idade adulta? Isto também é prova?

RDB- Já havia, nos arquivos do seu corpo espiritual, regiões em desarmonia que não foram trabalhadas e, permanecendo em baixa vibração, atraíram ou sintonizaram fatores ambientais que levaram ao acidente. Trata-se de uma conseqüência. Sempre será um aprendizado.

P - O espírito que reencarnará com deficiência mental recebe antecipadamente auxílio daqueles que serão seus pais?

RDB- Alguns sim, se os pais têm condições. Outros tem pais que não possuem equilíbrio ou condições para tal, os protetores espirituais fazem este trabalho

P - Quais os aspectos do tratamento e da conduta do indivíduo que merecem maior ênfase, no caso dos transtornos mentais?

RDB- Disposição, na sua essência, para Reforma Íntima.

P - Existe algum processo fisiopsíquico que permita a restauração do psicossoma de um deficiente mental? Como funcionaria?

RDB- Sim. Há casos de desencarnados que tratamos nas nossas sessões espíritas. Iniciamos esta restauração (tive a ousadia de criar o verbete perispiritoplastia para este processo). A maioria deles continua o processo nos hospitais da espiritualidade. Funciona pela impregnação perispiritual no enfermo de energias dos presentes, ectoplasma, energias da natureza e auxílio dos mentores espirituais. Não é infalível, não depende só de nós, sobretudo depende da fruta estar madura para ser colhida. Mas é preciso existir quem possa colhê-la .

P - Quais as terapêuticas médica e espiritual indicada para o caso das deficiências mentais? E para os transtornos mentais?

RDB- Depende do cada tipo. Melhor é associar várias frentes ou tratamento multidisciplinar com o espiritual.

o Psicológico ( espírita melhor ainda )

o Médico Homeopático

o Médico Clínico

o Médico Psiquiátrico

o Sessões de Desobsessão

o Tratamento e apoio aos familiares

o Serviço Social de Caso e de Grupo com Assistente social .

o Educação

o Educação Espírita

o Reunião Semanal de Harmonização no Lar

P - A terapêutica do passe pode auxiliar no tratamento de cura das deficiências mentais? E no caso dos transtornos mentais?

RDB- Sim, a transfusão de energias pode auxiliar em qualquer situação. Como sempre, depende de sintonia, ambiente adequado, conhecimento melhor do problema e da dedicação.

P - Quais as recomendações práticas, ao paciente e aos familiares, para lidar com as deficiências físicas e mentais e com os transtornos mentais?

RDB- Daria um livro bem grande... Resumindo: AMOR

P - Qual a importância da convivência social para os portadores de deficiências e transtornos mentais? (educação escolar, trabalho, esporte, etc.)

RDB- Aprendizado constante, exercício constante, renovação constante, oportunidade constante.

P - A Casa Espírita, através da Doutrina Espírita, poderia evangelizar os portadores de deficiência e/ou transtorno mentais?

RDB- Sim, porém, com trabalhos adequados e especializados.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Lição Importante

O pequeno Alexandre é o quinto filho do jovem casal. Sem dúvida, uma criança adorável. No entanto, logo que começou a dominar os movimentos das mãos, o garoto mostrou certa tendência à agressividade.

Quando um rosto estivesse ao alcance do seu minúsculo braço, ele não perdia tempo, estralava logo a mãozinha com toda sua força.

Quando o rosto era de uma de suas irmãs ou do irmão, eles, por serem ainda crianças, achavam graça. Isso o fazia se sentir interessante e repetir a dose.

Mas os pais, conscientes da sua responsabilidade de educadores, a cada tapa respondiam ao filho com uma demonstração de carinho.

Passavam a mão com ternura no rostinho dele e lhe diziam:

“Assim, filho, devagar. O neném é querido.”

Aquele pingo de gente olhava, sério, para o pai ou a mãe e desferia outro tapa.

Mas, como a missão da paternidade é um grande desafio de persistência e paciência, os pais continuaram, ao longo dos meses, oferecendo uma antítese em oposição à tese trazida por aquele espírito reencarnado num corpo infantil.

Vendo o exemplo dos pais, os irmãos de Alexandre também passaram a responder com carinho a cada tapa recebido.

Com o passar do tempo, o pequeno Ale, como é carinhosamente chamado pelos irmãos, foi aprendendo a lição.

Agora, no auge do seu primeiro ano de vida, o garotinho já demonstra uma sensível mudança.

Olha seriamente no rosto que está ao alcance do seu bracinho, diz uma porção de palavras que só ele entende, talvez justificando para si mesmo que fazer carinho é melhor que bater, e passa a mãozinha devagar.

Outras vezes, ao invés de bater, ele encosta o cabeça no peito de quem o tem no colo, como querendo dizer:

“Senti vontade de lhe dar um bufete, mas vou me conter.”

Não resta dúvida de que o trabalho de educação não está acabado. Os pais ainda terão que continuar reforçando a lição até que não reste mais nem vontade de agredir.

Muitos pais, ao perceberem atitudes como a do menino Alexandre, agem de maneira equivocada. Ou reforçam a sua tese batendo também, ou acham graça.

Considerando que a criança é um espírito milenar, que volta num corpo infantil para aprender, e se libertar de tendências e vícios equivocados, os educadores precisam ter lucidez para bem orientar.

Se o espírito demonstra, desde o berço, propensão ao desequilíbrio ou manias infelizes, é preciso responder com lições nobres, para que ele aprenda a maneira correta de agir.

A isso se chama amor exigente. É um amor que deseja ver o ser amado feliz e livre.

E isso é trabalho que exige fôlego e muito bem-querer. E, às vezes, dura uma existência inteira.

Mas, não resta dúvida de que é altamente compensador. Colaborar para que alguém cresça e encontre sua felicidade, é muito gratificante.

Até porque esses espíritos que nos chegam como filhos, são os mesmos que, em tese, ajudamos a enveredar por caminhos de desequilíbrios e desatinos em existências passadas.

Assim sendo, você que assumiu a missão de educador precisa conhecer seus educandos e fazer por eles o melhor ao seu alcance, com amor e dedicação.


Você sabia?

Que existem espíritos tão rebeldes que só conseguem ouvir a voz da ternura e do afeto?

Para dissuadi-los da rebeldia não basta uma bela teoria nem a imposição da força. É preciso a lição do amor, exemplificado nas ações.

Se você recebeu uma dessas almas em seu lar, é porque Deus confia na sua capacidade de lapidar esse diamante para devolvê-lo, um dia, mais belo e mais brilhante, ao seu verdadeiro Pai.

Avalie a Si Mesmo

Elio Mollo

UMA OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

O que é reformar? (literal)

É restituir ou restabelecer à organização primitiva.

O que é transformação? (literal)

É o ato ou efeito de transformar ou de ser transformado. É uma alteração, modificação ou uma mudança de uma forma em outra. Pode ser uma evolução ou mutação mais ou menos lenta de qualquer coisa.

O que é modificação? (literal)

É o ato ou efeito de transformar. É mudança no modo de ser de qualquer coisa. É transformação de uma coisa sem prejuízo da essência.

O que é alteração? (literal)

É o ato ou efeito de modificar o estado normal de alguma coisa. Pode ser, também, o ato de decompor, ou degenerar alguma coisa.

Assim, adotamos a palavra transformação por achá-la mais adequada ao que se refere às mudanças comportamentais.


TRANSFORMAÇÃO ÍNTIMA

O QUE É TRANSFORMAÇÃO ÍNTIMA?

É um processo contínuo de auto-análise, de conhecimento de nossa intimidade espiritual, libertando-nos de nossas imperfeições e permitindo-nos atingir o domínio de nós mesmos.

O QUE PODEMOS FAZER PARA NOS TRANSFORMARMOS INTIMAMENTE?

Podem-se e devem-se substituir nossos defeitos como por exemplo, o Egoísmo ou Personalismo, o Orgulho, a Inveja, o Ciúme, a Agressividade, a Maledicência e a Intolerância por virtudes, tais como Humildade, Caridade, Resignação, Sensatez, Generosidade, Afabilidade, Tolerância, Perdão, etc.

QUANTO TEMPO PODERÁ LEVAR PARA QUE TAIS MUDANÇAS OCORRAM?

O tempo não importa, o que importa é o esforço contínuo que se faz para atingir a Transformação Íntima. (“Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações”. Allan Kardec in O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, Sede Perfeitos). Não se trata de esforço físico, mas de firme contenção de espírito, de um empenho que não sofra excessiva solução de continuidade. "Excessiva", porque, na verdade, também não podemos estar "continuamente" empenhados na transformação de nós mesmos. Deve haver, isto sim, uma persistência de propósito, e a esta persistência chamamos esforço. Em outras palavras, não é bom sintoma abandonar uma atividade ou desviar a energia para um curso mais fácil de ação, ao primeiro sinal de dificuldade. A referência do esforço é nesse sentido: continuidade, persistência em face das dificuldades. Mesmo que no dia a dia dê a impressão de que não houve nenhuma mudança, não se deve desanimar nem abandonar o propósito da transformação. Por isso devemos dizer que este esforço é para a vida toda. Estudar o Evangelho de Jesus, ouvir sugestões de pessoas experientes, assistir conferências, ler artigos e livros referentes a este assunto nos levará a conhecer ainda mais, e assim nos auxiliar na identificação dos defeitos que nos afetam em cada situação da vida e aprender aos poucos a prática das virtudes que irão substituí-los.

COMO FAZER?

O Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para a nossa Transformação Íntima, e Santo Agostinho em resposta à q. 919ª de O Livro dos Espíritos nos oferece uma excelente receita para isto:

“Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não a podereis ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto estes nenhum interesse têm em mascarar a verdade, e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência, aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.

Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a idéia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma.”

Temos a tendência natural de sempre justificar nossos defeitos com racionalismos. São artimanhas e tramas inconscientes. Portanto, procuremos conhecer a fundo esses defeitos em todas as suas particularidades, e em como eles nos afetam, localizando as ocasiões em que estamos mais vulneráveis à sua manifestação. Procuremos então nos afastar desses procedimentos e buscar ferramentas adequadas para substituí-los em nosso comportamento.

Veja estas sugestões de Benjamin Franklin em sua Autobiografia, tais como escreveu e na ordem que lhes deu:

Temperança – Não coma até o embotamento; não beba até a exaltação.

Silêncio – Não fale sem proveito para os outros ou para si mesmo; evite a conversação fútil.

Ordem – Tenha um lugar para cada coisa; que cada parte do trabalho tenha seu tempo certo.

Resolução – Resolva executar aquilo que deve; execute sem falta o que resolve.

Frugalidade – Não faça despesa sem proveito para os outros ou para si mesmo; ou seja, nada desperdice.

Diligência – Não perca tempo; esteja sempre ocupado em algo útil; dispense toda atividade desnecessária.

Sinceridade – Não use de artifícios enganosos; pense de maneira reta e justa, e, quando falar, fale de acordo.

Justiça – A ninguém prejudique por mau juízo, ou pela omissão de benefícios que são dever.

Moderação – Evite extremos; não nutra ressentimentos por injúrias recebidas tanto quanto julga que o merecem os injuriantes.

Asseio – Não tolere falta de asseio no corpo, no vestuário, ou na habitação.

Tranqüilidade – Não se perturbe por coisas triviais, acidentes comuns ou inevitáveis.

Castidade – Evite a prática sexual sem ser para a saúde ou procriação; nunca chegue ao abuso que o enfraqueça, nem prejudique a sua própria saúde, ou a paz de espírito ou reputação de outrem.

Humildade – Imite Jesus e Sócrates.


A IMPORTÂNCIA DAS QUEDAS

Um ponto importante é que precisamos contar com as quedas, até que cresçamos espiritualmente, afinal somos como crianças aprendendo a andar, e são as quedas que fortalecem nossa vontade, e nos ensinam a ter persistência.

Somos aquilo que conseguimos realizar e não aquilo que prometemos. Através das quedas aprendemos mais sobre nós mesmos e podemos aperfeiçoar o modo de evitá-las. Mas se cairmos porque nos falta vontade de acertar estaremos no caminho descendente e, de queda em queda, nos enfraqueceremos.

A criança aprende a andar porque está determinada a fazê-lo. Então, não desanimemos nunca, levantemo-nos logo e sigamos em frente com tranqüilidade, sem nos martirizarmos, com conhecimento de causa, na firme determinação de não mais errarmos.


CONCLUSÃO

A cada minuto de nossa vida, antes de iniciar qualquer ação, façamos este exercício de nos perguntarmos sempre:

Isto que estou fazendo agora seria bem aceito por Deus ou pela minha consciência?

Se for, o procedimento é correto; se não for devemos descontinuar imediatamente o que iriamos fazer e não pensar mais nisso.

“Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós, mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?

Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.” - (SANTO AGOSTINHO in O Livro dos Espíritos, q 919a)

A auto-análise permite que alinhemos as nossas ações e pensamentos na direção das correções que necessitamos realizar, para que ajustemos os nossos atos de acordo com os ensinamentos do Mestre, tanto com relação a Deus como em relação ao nosso próximo.

Através do esforço próprio e de exercícios repetidos em direção às boas causas, sedimentaremos em nós o próprio Bem.

Este processo é árduo, assim necessitaremos de muita coragem, perseverança e determinação para o realizarmos. Deus assiste e auxilia sempre, mas precisamos fazer a nossa parte se desejamos verdadeiramente melhorar.

Invistamos em nosso interior e procuremos melhorar nosso espírito eterno, transformando o que esta sociedade transitória estabeleceu como "normal" para nós. Lutemos o bom combate e não a luta mesquinha dos materialistas. A humanidade continuará ainda por muito séculos como é agora, mas nós, que já estamos disposto às mudanças de atitude, que já sentimos o amor ensinado pela Doutrina Espírita, que já estamos conscientes da realização de nossa evolução espiritual, que já começamos a compreender as palavras de nosso grande Mestre (Jesus), podemos fazer a nossa pequena parte vivendo a solidariedade no mais alto grau que é a caridade e realizar a transformação no íntimo de cada um, fazendo a Alquimia moderna de transformar chumbo em ouro.


Referências:

A Era da Inteligência Emocional

Dalmo Duque dos Santos

A melhor expressão da espécie humana é sua inteligência, diferenciada das demais espécies pela sua capacidade de fazer escolhas. E a maior expressão dessa inteligência são os sentimento e emoções, paixões e compaixões que o ser humano demonstra em relação às coisas e aos seus semelhantes. Este é o motivo pelo qual todas as culturas ensinam, de acordo com as suas tradições, que o Homem foi criado à imagem e semelhança da Divindade. Ao contrário do caráter quase estático da inteligência instintiva dos animais, a inteligência humana é dinâmica e constantemente desafiada pelas circunstâncias das existências. O fator mudança-adaptação do plano biológico animal é lento e quase imperceptível; porém, no plano psicológico hominal, é extremamente veloz, devido à percepção racional e dada à riqueza e diversidade das situações existenciais da experiência social humana. Diante dessa diversidade e impulsionado pelas paixões naturais, o ser racional não tem alternativa senão fazer escolhas, mesmo que seja em forma de fugas. É através dessa crescente riqueza circunstancial, estimulada pelas constantes descobertas e inquietações sociais, que se revelam as múltiplas faces da inteligência e também os segredos do funcionamento da mente e da aprendizagem. Foi por esse motivo que somente agora, em plena era tecnológica, antigas verdades, guardadas à sete chaves nos círculos ocultos, vieram à tona nos tempos atuais. Foi dessa forma que desabou o mito científico da inteligência única e da pedagogia unilateral. Quando um Huberto Rohden afirma que “ninguém educa ninguém” - porque a educação é intransitiva – ou um Carl Rogers demonstra que o professor é apenas um facilitador, estão revelando essa face enigmática e atraente da mente humana, qu e só aprende algo e se deixa educar quando toma a decisão de se transformar. Quem decide o momento da educação é o próprio educando, pela auto-aprendizagem, que é a busca da sua realização. A educação não é somente intransitiva, mas é também imprevisível, como o próprio ser humano.

Os conceitos existentes sobre a inteligência - hoje bastante transformados - , já vinham passando por uma profunda revisão nas últimas cinco décadas do século XX. Diversos filósofos, psicólogos e educadores desenvolveram nesse período pesquisas e teorias revolucionárias, mostrando que a mente humana não era somente uma fatalidade biológica ou um mero produto do meio social; e sim uma complexa combinação de experiências cujas conexões permaneceram desconhecidas e ainda permanecerão por muito tempo no terreno do mistério. Tudo indica que nas próximas décadas deste novo século esse tema tão atraente tomará rumos totalmente novos em relação àqueles que vinham sendo propostos anteriormente. É assim que temos visto a recente substituição do tradicional conceito de Q.I. (Quociente de Inteligência) pelo Q.E. (Quociente Emocional) ou T.I.M.- Teoria das Inteligências Múltiplas. O primeiro julgava a inteligência do ponto de vista quantitativo, geral, único, fixo e imutável; o segundo já mostra a inteligência de um ponto de vista qualitativo, negando que exista somente uma inteligência geral e sim inteligências específicas e autônomas. Segundo essas novas teorias todos nós somos dotados de uma variedade de diferentes competências e habilidades cognitivas. O primeiro conceito restringia a inteligência ao pensamento lógico-matemático, mensurando-a com fórmulas da mesma natureza: o Q.I. seria então a proporção entre a inteligência de um indivíduo determinada de acordo com alguma medida mental, e a inteligência normal ou média para a sua idade[5]. O segundo conceito diverge da idéia de que a inteligência se mede pela capacidade de responder testes lógico-matemáticos e afirma que a mesma é caracterizada por um conjunto de habilidades emocionais na solução de problemas. Prova disso é o fato de que muitos indivíduos rotulados como “inteligentes” pelos testes de QI se mostraram inábeis na solução de determinados problemas que não os de ordem lógico-matemática. E muitos indivíduos, também rotulados como “pouco inteligentes” na realização dos teste s de QI se mostraram muito habilidosos na solução de problemas nos quais os indivíduos de QI elevado sempre fracassavam. Enfim, a Ciência começa a perceber uma verdade filosófica tão antiga quanto a espécie humana: o livre-arbítrio como ferramenta de crescimento e autonomia pessoal; e a capacidade individual de fazer escolhas certas como o verdadeiro atributo da inteligência integral.

A partir dessas contradições teóricas e evidências de comportamento constatou-se que a inteligência não é absoluta, mas sempre relativa e proporcional ao grau de consciência da pessoa. Ela parte sempre do aspecto parcial e simples para o integral e complexo, que é a verdade como um todo. Quando afirmamos que alguém é inteligente ou pouco inteligente devemos sempre acrescentar as seguintes perguntas: Inteligente em que? Para que? Em que circunstância?

Inteligência sempre foi sinônimo de poder e superioridade e durante muito tempo ela vem sendo objeto sistemático de culto um social, sobretudo no mundo competitivo pós-industrial. Segundo esse conceito cultural, as pessoas tidas como inteligentes geralmente são vistas como seres superiores aos demais. Mas são superiores em que sentido? Em que circunstância? Alexandre Magno, Júlio César e Napoleão Bonaparte eram seres muito inteligentes, mas não eram seres superiores aos demais seres humanos em diversos sentidos. Hitler, apesar de ser vegetariano e abstêmio de carne, fumo e álcool, nunca foi exemplo de superioridade, sobretudo no aspecto moral. Todos eles eram seres humanos e, portanto, tinham limi tes não ultrapassados pelo tipo de inteligência que possuíam. Hitler tinha preconceitos contra judeus, negros, mulheres, etc.; isso é um limite na capacidade de solucionar problemas de convivência com aqueles que consideramos diferentes. Aliás, considerar pessoas ou conceitos diferentes como “inferiores ou “piores” denota claramente falta de habilidade mental para romper limites. Todos esses falsos “gênios” da história cometeram erros ao fazer escolhas e avaliações emocionais, provando que a inteligência que possuíam era limitada e parcial.

Foi isso que diferenciou esses famosos e “inteligentes” estadistas de alguns seres também inteligentes como Santo Agostinho, Gandhi, Confúcio ou Martin Luther King. Esses últimos eram pessoas que exibiam um tipo de inteligência não muito adequada para os padrões competitivos da arte militar e da conquista de territórios, mas extremamente habilidosos na competição contra inimigos interiores e na conquista do árido território íntimo. Eram, além de inteligentes, muito equilibrados emocionalmente. Suas conquistas interiores, aparentemente frágeis e impotentes, promoveram assustadoras mudanças exteriores, de grande impacto social. Logo, o equilíbrio emocional é um grande diferencial de inteligência. Isto porque, além da cognição e do pensamento lógico, esses indivíduos ampliaram suas inteligências através de outras experiências mentais, manifestadas pelos sentimentos e ações ainda incomuns na maioria dos seres humanos.

É por isso que o conceito de inteligências múltiplas abriu uma nova perspectiva na área do conhecimento, pois rompeu com os limites da “inteligência única”, que é por si só limitada e restrita, deslocando o ser humano para a “vivência”, que é uma forma de inteligência mais ampla, infinitamente irrestrita e ilimitada. Vivência pode ser chamada de inteligência total ou integral, enquanto a inteligência, única e isolada, é fragmentada e parcial.

A inteligência é um meio para se chegar ao conhecimento; a vivência é um fim, é o próprio conhecimento. E este “fim” não é o limite, mas o eterno “início” de novas e eternas experiências. Logo, conhecimento é uma experiência que na verdade não tem fim. Quanto mais conhecemos mais tomamos consciência de que não sabemos muito. Essa foi a vivência de Sócrates e foi por esse motivo que o oráculo o apontou como o homem mais sábio da Grécia, exatamente porque o conhecido filósofo vivia afirmando que nada sabia e que a experiência mais importante na vida era o “Conhece-te a ti mesmo”.

Todo ser humano que desperta para as realidades que o rodeiam o faz buscando entender a lógica da sua existência. Suas dúvidas o levam a aprender coisas novas e solucionar problemas delas decorrentes. E naturalmente faz perguntas, busca respostas, trás consigo o germe da filosofia no sangue e na alma. Considerando a linha filosófica socrática, as dúvidas mais comuns são essas:

QUEM SOMOS?

Resposta: Consciências, individualidades.

DE ONDE VIEMOS?

Resposta: de uma fonte inteligente superior e criadora das coisas.

PARA ONDE VAMOS?

Resposta: através de inúmeras experiências nos transformamos mental e constantemente do simples para o complexo, do homogêneo para o heterogêneo.

Mesmo discordando ou aceitando a lógica dessas respostas sentimos a necessidade de ir adiante, desvendar os mistérios que elas deixam na superfície da nossa capacidade de compreensão. Queremos então aprofundá-las cada vez mais.

Sabemos o que é a inteligência, qual a sua função e isso nos leva a perceber primeiramente que ela se localiza em um determinado ponto do nosso organismo: a cabeça, especificamente no cérebro. Mas os cérebros, organicamente falando, são todos iguais. Cérebros de criminosos famosos e de personalidades do mundo acadêmico, de pois de suas mortes físicas, foram dissecados por estudiosos e nada foi encontrado em suas medidas e características morfológicas que pudessem ser associadas à inteligência. Tanto o cérebro de Einstein quanto o do cangaceiro Lampião eram absolutamente idênticos. Então, por que as pessoas são diferentes e reagem de maneiras diferentes? Onde está essa diferença?

Quando uma pessoa vê um objeto vermelho todas as outras pessoas também vêem o tal objeto vermelho porque os cérebros realizam uma operação física semelhante para interpretar essa informação visual. Mas essas pessoas podem ter uma reação diferenciada quando são questionadas sobre o que “sentem” a respeito da cor vermelha. Uns podem “gostar” do vermelho e outros simplesmente “detestar” a mesma cor.

Por que isso acontece se os cérebros são iguais?

Resposta: quem manifestou o sentimento sobre a cor vermelha não foi o cérebro, mas algo que dá qualidade ao cérebro: a mente. O cérebro é uma massa orgânica e a mente[6] é o conjunto das experiências que o cérebro manifestou; o cérebro é apenas um captador externo de informações, pelos sentidos exteriores; a mente é a matriz das informações interiores, o arquivo dessas informações. Se aplicarmos uma relação de causa e efeito nessa análise é fácil perceber que o cérebro é o efeito da mente, emb ora seja um instrumento orgânico essencial para a manifestação da mente. Um cérebro defeituoso ou lesado não veicula corretamente os pensamentos, as atitudes, sentimento e emoções emitidas pela mente.

Comparando algumas características podemos perceber algumas diferenças fundamentais entre cérebro e mente e estabelecer realmente onde está centro das inteligências:

O CÉREBRO: fisiológico, material , temporal, concreto, objetivo, são todos iguais na forma.

A MENTE: psicológica, espiritual, atemporal, abstrata, subjetiva, são todas diferentes no conteúdo.

Para o filósofo Henri Bérgson, que dedicou sua vida ao estudo dessas diferenças conceituais, a percepção que temos do tempo e a existência da memória são provas irrefutáveis do universo mental:

"Todos os fatos e todas as analogias estão a favor de uma teoria que veria no cérebro apenas um intermediário entre as sensações e os movimentos, que faria desse conjunto de sensações e movimentos a ponta extrema da vida mental, ponta incessantemente inserida no tecido dos acontecimentos, e que, atribuindo assim ao corpo a única função de orientar a memória para o real e ligá-la ao presente, consideraria essa própria memória como absolutamente independente da matéria. Neste sentido, o cérebro contribui para chamar de volta a lembrança útil, porém mais ainda para afastar provisoriamente todas as outras. Não vemos de que modo a memória se alojaria na matéria; mas compreendemos bem - conforme a observação profunda de um filósofo contemporâneo [Ravaisson] - que "a materialidade ponha em nós o esquecimento"."

Segundo Bérgson o cérebro jamais poderia produzir as impressões e as referências que a mente consciencial dá ao tempo:

"A duração vivida por nossa consciência é uma duração de ritmo determinado, bem diferente desse tempo de que fala o físico e que é capaz de armazenar, num intervalo dado, uma quantidade de fenômenos tão grande quanto se queira. No espaço de um segundo, a luz vermelha - aquela que tem o maior comprimento de onda e cujas vibrações são portanto as menos freqüentes - realiza 400 trilhões de vibrações sucessivas. Deseja-se fazer uma idéia desse número? Será preciso afastar as vibrações umas das outras o suficiente para que nossa consciência possa contá-las ou pelo menos registrar explicitamente sua sucessão, e se verá quantos dias, meses ou anos ocuparia tal sucessão. Ora, o menor intervalo de tempo vazio de que temos consciência é igual, segundo Exner, a dois milésimos de segundo; ainda assim é duvidoso que possamos perceber um após outro vários intervalos tão curtos. Admitamos no entanto que sejamo s capazes disso indefinidamente. Imaginemos, em uma palavra, uma consciência que assistisse ao desfile de 400 trilhões de vibrações, todas instantâneas, e apenas separadas umas das outras pelos dois milésimos de segundo necessários para distingui-las. Um cálculo muito simples mostra que serão necessários 25 mil anos para concluir a operação. Assim, essa sensação de luz vermelha experimentada por nós durante um segundo corresponde, em si, a uma sucessão de fenômenos que, desenrolados em nossa duração com a maior economia de tempo possível, ocupariam mais de 250 séculos de nossa história”.

Refletindo ainda sobre a diferença que existe entre as pessoas, podemos afirmar com toda a certeza que ela não está no cérebro, mas na mente. É na mente que está localizada verdadeiramente a inteligência. É na mente que se encontra desde as experiências mais grosseiras e primitivas até as mais sofisticadas operações cognitivas. Quanto mais complexas são as experiências, mais complexas são as mentes.

Enquanto cérebro é composto de massa e dinamizado pelos neurônios, a mente é formada e desenvolvida pelo conjunto de habilidades ou inteligências cuja função é solucionar problemas de diferentes ordens. O conjunto dessas habilidades e competências opera e estimula os neurônios através das três vivências fundamentais: o Sentimento, o Pensamento e a Ação .

Durante todo o tempo de nossas vidas estamos pensando, agindo e sentindo. Ser inteligente não significa apenas raciocinar; significa também agir e reagir através de atitudes e emoções. É isso que tornam pessoas diferentes entre si, mais ou menos experientes uma em relação às outras, com maior ou menor grau de maturidade. Mas é bom lembrar que inteligência nem sempre é sinônimo de maturidade. Existem pessoas - crianças ou adultos - muito inteligentes porém imaturas emocionalmente. Essa é basicamente a diferença entre inteligência e vivência.

É através dessas três vivências que mente realiza suas funções psíquicas: obter conhecimento e auto-conhecimento e desenvolver o auto-domínio.

Na manifestação das três vivências, isto é, o contato com o ambiente, a mente tem como trabalho básico a solução de problemas e, num plano mais amplo, a ruptura de limites circunstanciais. Sempre que um problema é solucionado ocorre uma acomodação da nossa consciência; se o problema não teve solução é sinal que há um limite que deve ser rompido para ser superado. Enquanto isso não for possível ocorre então a adaptação, processo no qual a nossa consciência “dribla” a realidade através da resignação, das fugas e também dos ataques às situações incômodas.

Vejamos também como ocorre esse “jogo” entre a mente o ambiente[7]

A vida cotidiana é cômoda quando estamos em contato com as coisas comuns e banais. Mas quando surge uma mudança qualquer, rompendo-se a monotonia através de situações novas, ela passa a ser incômoda. Essas situações podem ser de fácil assimilação e geralmente resultam numa nova acomodação. Porém, nem sempre as situações se acomodam. Na maioria das vezes as situações são incômodas – e nós sabemos a causa espiritual das mesmas – e geram uma sensação desagradável de ameaça ao nosso conforto íntimo. Diante dessas situações incômodas temos como opção a acomodação, o fracasso e adapta ção: nesta última temos a s tentativas de diminuição do sofrimento: a fuga , a resignação ou agressão. Para nos adaptarmos ao fracasso podemos fugir da realidade incômoda e isso é feito de inúmeras formas: desde a mudança brusca de assunto até a situação extrema de entrarmos em coma. Fingir indiferença, usar drogas e remédios, tomar bebidas alcoólicas, fumar, praticar algum esporte, fazer uma viagem, ler um livro, dobrar a carga de trabalho, demonstrar agressividade física e verbal, desmaiar e até mesmo entrar em coma são diferentes formas de adaptação ante as situações incômodas. As formas de variam de acordo com as pessoas e das circunstâncias em que ocorrem. É nesses momentos que a mente exige operações cognitivas na qual temos que usar algum tipo de inteligência para aprender a resolver desde os pequenos até os mais complexos problemas: da porta que emperrou ou do aparelho eletrônico que não funciona até as mais graves provações de ordem moral.

A Revolução das Inteligências Múltiplas

Com já dissemos, o conceito de uma inteligência genérica foi sendo gradualmente superado pelo conceito de inteligências múltiplas. Segundo essas novas tendências da educação e da ciência do comportamento o ser humano possui potencialmente sete tipos de inteligências ou competências e habilidades cognitivas[8]. São habilidades e competências que foram sendo adquiridas desde os primórdios da raça humana constituindo três tendências cognitivas: as inteligências naturalísticas (instintivas e intui tivas), as inteligências técnicas (intelectuais e racionais) e as inteligências sociais (emocionais e expressivas).

Inteligência LINGUÍSTICA: habilidade e sensibilidade no uso e significado das palavras: retórica, persuasão, poesia, explicação, descrição e narração, etc.

Inteligência MUSICAL: habilidade e sensibilidade aos sons e ritmos.

Inteligência LÓGICO-MATEMÁTICA: habilidade na abstração, na criação de padrões, longas cadeias de raciocínio.

Inteligência ESPACIAL: habilidade de precisão e sensibilidade na percepção do espaço e do tempo, nas formas e objetos.

Inteligência CINESTÉSICO-CORPORAL: habilidade no uso do corpo com fins expressivos e no alcance de objetivos que exijam movimentos motores.

Inteligência PESSOAL: é uma inteligência única no gênero e dupla na função: Intrapessoal é a capacidade de acesso à nossa vida emocional ou sentimental, pelo auto conhecimento; e Interpessoal é capacidade é a capacidade de observar e fazer distinções entre as pessoas do seu convívio.

Essas inteligências não apareceram no ser humano num passe de mágica, como se fosse um decreto arbitrário do Criador para suas criaturas, privilégio e sucesso de uns e fonte de tormentos e fracasso para outros. Elas são o produto de uma evolução natural, regida por leis naturais, de um desenvolvimento histórico da esfera biológica para a psicológica, realizada em milhões de anos de experiências, de erros e acertos. Marcaram dessa forma a transformação de habilidades parciais no plano existencial em competências integrais, no plano vivencial. Cada uma dessas habilidades e competências surgiu por efeito de uma necessidade imperativa imposta pela Natureza ou pelas circunstâncias. A descoberta do fogo é a mais conhecida dessas experiências. As vicissitudes do frio e da fome deram impulso para o desenvolvimento de habilidades que foram responsáveis pela sobrevivência da espécie humana na Era Glacial. A educação humana primitiva era feita pela natureza, pois o próprio Homem a ela estava mais estreitamente ligado. As leis naturais funcionavam processo de ensino-aprendizagem. Com o desenvolvimento da razão e do livre-arbítrio, o ser humano passou a gerir sua própria educação e, não satisfeito com a sua autonomia, passou a desafiar a maestria da natureza na tentativa de submetê-la e transforma-la segundo assua necessidades. Essa ruptura coincide com o desenvolvimento das inteligências múltiplas e a verticalização gradual da consciência. Em cada época da Humanidade essas inteligências se manifestaram em protótipos históricos[9], dando um perfil antropológico para os grupos humanos e civilizações nas quais viveram. Esses protótipos foram na verdade grandes educadores, modelos de pedagogias avançadas no tempo. Em todos eles encontramos grandes projetos pedagógicos cuja essência era transpor as coletividades da barbárie para a civilização. Essa transposição teve como suporte o aparato da inteligência emocional desenvolvido no advento institucional da família, em cujas relações sociais sanguíneas e de efetividade foram se processando as primeiras noções de ordem, de valores, de moral e de ética. Foi a partir da família e de suas seqüências coletivas (clãs, tribos, frátrias) que os grandes educadores primitivos elaboraram seus projetos educativos facilitando ou reforçando as bases da civilização. Foi no trajeto histórico do costume para a lei, da família para o Estado, da moral para a ética, que esses educadores fixaram as bases do comportamento diferenciado que traziam g ravados em suas almas. Eram seres de superioridade inconfundível e desde cedo funcionaram como vetores de uma moralidade avançada e na maioria das vezes ainda incompatível com o moral predominante em suas épocas. Mas era exatamente essa característica que os tornavam aptos a exercer a função de agentes transformadores do comportamento comum. Na Antiguidade o veículo mais adequado para se processar tais mudanças eram os núcleos religiosos, que eram locais onde a curiosidade e a busca da verdade era mais comum. A iniciação religiosa e nos mistérios da natureza aconteciam nos templos ou em escolas iniciáticas alternativas que fugiam da viciação social e política do clero. É só lembrarmos do percurso histórico feito pelos judeus entre o Egito e a Palestina, no qual Moisés funciona como educador social ao implantar, em pleno deserto, o projeto da civilização judaica, base da futura civilização cristã. Antes da implantação Moisés fez sua iniciação nos templos egípcios, conheceu os segredos do corpo e do Espírito, o domínio das forças elementares e da comunicação transcendental entre os mundos físico e metafísico. A essência do seu projeto era a idéia da Lei Universal, que deveria ser personalizada na figura de um Ser Único, superior e regulador de todas as coisas, em todos os lugares. O povo judeu seria a classe de aprendizagem mais adequada para esse empreendimento, base social potencialmente mais eficiente, pois reunia as condições culturais e circunstanciais para a efetivação dessas idéias avançada para a época: vinham de uma antiga luta de afirmação de identidade social (desde Abraão), estavam na condição de escravos, oprimidos pelo poder egípcio; passariam nesse trajeto por provas espetaculares nas quais poderiam avançar ou recuar, vencer ou fracassar. Todas essas provas eram ponto de escolha entre a barbárie e a civilização, entre a verdade espiritual e a ilusão material. Povo inquieto, inteligente, orgulhoso, pragm ático, criativo, de fácil inter-relacionamento com outras culturas, sobretudo no terreno dos negócios, os judeus não guardariam somente para si essa experiência da busca de Canaã. A longa formação e a dispersão das tribos na Diáspora seriam a garantia de que as lições de justiça divina ensinadas por Moisés seriam propagadas nos quatros cantos da civilização oriental, então predominante no planeta. O “curso” de quarenta anos no deserto forneceu preciosas experiências que permitiram a realização de escolhas decisivas, ricamente registradas no grande livro didático bíblico. Moisés foi, em sua época, um protótipo do Homem Teológico, legislador universal. É claro que a tradição sacerdotal ofuscou muito do brilho da sua sabedoria, inventou e incorporando em sua obra elementos dogmáticos estranhos e pervertidos, como o exclusivismo racial e a violência do talião. Mas tantos os profetas, também excelentes educadores sociais, como o próprio Jesus , sublime pedagogo cósmico, se encarregariam de fazer justiço ao trabalho educativo de Moisés, revelando mais tarde a sua verdadeira face espiritual e libertadora. Hoje é fácil entender que os relatos bíblicos sobre a Moisés e o povo do deserto escondem sedutoras metáforas vivenciais: a abertura e passagem do Mar Vermelho, por exemplo, revela não somente espetáculo do fenômeno sobrenatural, que é puramente simbólico, mas a idéia do impasse educativo entre recuar para a barbárie e avançar para a civilização. Voltar para o Egito naquele momento significava morrer espiritualmente, retroceder e negar as lições de futuro e permanecer no passado, na escravidão do orgulho, da persistência no mal, no sofrimento inútil e desnecessário. Canaã nunca foi um lugar geográfico, mas o mundo ideal, modelo de perfeição traçada na utopia de Moisés. A Palestina materializou-se como Canaã por causa da teimosia e ambição da tradição e do imediatismo materialista daqueles que não souberam aproveitar as lições do deserto. Tanto é que, até hoje, esse falso território da liberdade continua sendo o centro das contendas políticas mundiais e de dolorosos resgates cármicos. O mesmo equívoco deu-se no cultivo utópico da Jerusalém espiritual e do Reino de Deus ensinados mais tarde pelos profetas e por Jesus, e deturpados pela tradição clerical das igrejas.

Os protótipos antropológicos avançados deixaram marcam inegáveis da sua educação superior. Moisés ensinou a Lei, Khrisna iluminou as dúvidas sobre o livre-arbítrio e destino; Buda exemplificou o domínio do desejo; Lao-tsé e Confúcio demonstraram os segredos da paciência e da honestidade; Zoroastro tranqüilizou os espírito humano dividido entre o bem e o mal; e Jesus vivenciou na própria carne a lição do amor e do perdão.

Assim, na Pré-história apareceu o Homem Biológico; nas primeiras civilizações da Antigüidade surgiu o Homem Teológico; nas peripécias da civilização greco-romana desenvolveu-se o Homem Racional; na transição do feudalismo para o capitalismo, com o advento da Renascença, delineia-se o Homem Metafísico; na Era industrial, em meio às descobertas científicas dos séculos XVIII e XIX, aparece o Homem Positivo; e na Era Atômica e da Informática, na transição do 2º para o 3º milênio, já encontramos sinais do Homem Psicológico.

Esses seis protótipos seriam ainda a base para o desenvolvimento, num futuro ainda distante, de um Sétimo Ser, o Homem Cósmico, que será a síntese de todas as inteligências, de todas as experiências acumuladas nos milênios anteriores. Segundo revelações de diversas tradições espiritualistas esotéricas, este Sétimo Ser, que supera todos os obstáculos das seis inteligências exteriores, é o protótipo que vai se manifestar na sétima raça e dominará a sétima inteligência, que é a plenitude, a felicidade, o nirvana, o reino de Deus, enfim o domínio das coisas exteriores e do universo interior, que é a Consciência Integral e Universal.

Então, em diversas épocas, encontramos essas manifestações da conquista evolutiva das múltiplas inteligências: os primeiros seres “adâmicos” que dominaram o fogo e criaram a agricultura; os estadistas e líderes como Moisés , o faraó Amenófis IV; filósofos como Zoroastro, Pitágoras, Sócrates, Buda, Confúcio, Lao-tse, Apolônio de Tiana; personalidades marcantes como Paulo de Tarso, Hermes Trimegisto, Rama, Antúlio de Maha-Ethel , Gandhi, Santo Agostinho, Francisco de Assis; figuras intrigantes como Albert Einstein, Anie Besant, Allan Kardec, Dom Bosco, Helena Blawastky, Sigmund Freud poderiam certamente ser apont ados como protótipos desses seres históricos que desenvolveram habilidades fora do padrões da época em que viveram e servindo de modelos para as sociedades que observavam seus exemplos.

Algumas dessas pessoas poderiam ser classificadas como um Sétimo Ser? Ao nosso ver todas elas atingiram a plenitude psicológica, mas somente Jesus tornou-se um verdadeiro protótipo do Sétimo Ser, a síntese das experiências que transformam o Homem Psicológico no Ser Espiritual, superconsciente, completo e integral. Não se trata apenas de uma crença dogmática na sua pessoa ou simples admiração ideológica. Os próprios mestres de reconhecida sabedoria reconhecem sua inferioridade diante da magnitude de Jesus[10]. Nele nós podemos perceber a realização de experiências comuns a outros seres já altamente evoluídos, porém encontramos também vivências inéditas, não registradas anteriormente, e que revolucionaram o comportamento humano, que romperam historicamente paradigmas psicológicos e sociais que não haviam sido ultrapassados. É indiscutível modelo de perfeição relativa, dos seres criados, pois a perfeição absoluta é somente Deus, o Criador. A figura histórica de Jesus, bem como de outras personalidades evoluídas, veio sendo ofuscada por leituras místicas e mitológicas que não souberam compreender à luz da razão os seus conceitos filosóficos e suas atitudes sociais; sua experiência refletiu a manifestação de uma inteligência superior vivendo num ambiente inferior. Sua “luz” interior, normalmente não revelada por seres evoluídos, por cautela e também pela inutilidade circunstancial, com ele teve que ser reve lada por necessidade histórica; daí o seu aspecto sacrificial. Era necessário compartilhar essa experiência não só com a iniciação a curto prazo dos discípulos, mas estender e investir a longo prazo numa iniciação coletiva das massas, num grande projeto pedagógico universal. As expressões “salvador” e “redentor” aplicadas a ele não possuem apenas significados místicos e de adoração exterior. Trata-se de uma definição da sua alta capacidade pedagógica de redirecionar o comportamento de coletividades humanas moralmente falidas. Esse tipo de experiência não ocorreu apenas em nosso planeta e deve ser comum em outros orbes cujas humanidades atingem ciclos evolutivos críticos e precisam ser reorientadas nas suas jornadas espirituais. Ela sabia dos riscos de se “jogar pérolas ao porcos”, mas na sua “parábola do semeador”, percebe-se que há nele uma confiança no livre-arbítrio e na pontencialidade angélica e espiritual do ser humano ainda animaliz ado. Muitos “iniciados” modernos não compreendem por que Jesus resolver revelar sua luz para as massas. Fazem uma avaliação parcial da sua obra pedagógica, olhando apenas os resultados políticos e o triste episódio da sua condenação à pena de morte. Esquecem que a proposta era exatamente essa: o sacrifício pessoal e o perdão como lições derradeiras de alto impacto psicológico e social. Essa repercussão histórico-vivencial de Jesus não foi uma coincidência social e que virou tradição à toa, ao acaso. Ela teve a sua razão de ser, essencialmente exemplificadora, e passou a ser imitada e propagada pelos primeiros mártires cristãos, seres já um tanto evoluídos, que perceberam que podiam experimentar essas ações e contribuir para a revolução ao mesmo tempo silenciosa e estrondosa de Jesus. Cada cena registrad a, cada conceito explicado, cada exemplo vivenciado, cada símbolo, cada metáfora, cada revelação, cada atitude, cada cura, tinha sempre seu significado filosófico e sua significância social. Foram três anos de tarefa pública e notória. Seu nascimento não foi escolhido como marco divisor da nossa história somente pela imposição política dos estadistas cristãos ou das igrejas que durante muito tempo foram depositárias, nem sempre fiéis, das suas idéias. É que muitos cristãos sinceros e dedicados logo compreenderam, intuitivamente, a sua superioridade espiritual sobre o homem comum, chegando mesmo a confundi-lo com o próprio Criador. Este Ser Integral superou a perfeição relativa que caracteriza todos os seres que o antecederam e sucederam no tempo para ingressar na experiência interminável e sempre evolutiva da busca e conquista da perfeição absoluta, que é Deus.