terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um Momento com Jesus...

Querido irmão, querida irmã,
Por alguns minutos respire pausadamente, excluindo da mente toda e qualquer preocupação, e mentalize Jesus...
Retire só um pouco a atenção das dúvidas, dos temores, das aflições, das dores, das dificuldades e dos impedimentos, da falta de saúde, da falta de recursos, das incompreensões, do desamor e das hostilidades e, adoçando o coração, sinta a sua amorosa presença ao seu lado ou ao lado de quem desejas ver beneficiado.
Sentindo-O, nada peça pois Jesus sabe do que precisas... Apenas entregue-se à sua Divina proteção e ore:

"Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome!
Venha a nós o vosso reino e seja feita a vossa vontade,
assim na Terra como no céu.
O pão nosso de cada dia dai-nos hoje e perdoai as nossas dívidas
assim como perdoamos os nossos devedores,
e não nos deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal,
porque teus são o Reino, o Poder
e a Glória para sempre!"

Assim seja!

___ * * * ___
Que estes breves momentos possam ter contribuido para o restabelecimento da sua paz e harmonia interior!
Que Jesus esteja contigo, daqui para a frente, com sua doce proteção, para que possas solucionar todas as dificuldades que te afligem ou afligem aqueles que amas...
Se desejas permanecer conosco mais um pouco, fique em paz, mas se desejas sair agora, que esta paz te acompanhe em todos os momentos!...

Um fraterno e carinhoso abraço,

INSTITUTO ANDRÉ LUIZ

Que Brilhe Vossa Luz!

"Corre, incessantemente, o caudaloso rio da vida...
Iniciam-se viagens longas, embarca-se e desembarca-se, entre esperanças renovadas e prantos de despedida.
Viajores partem, viajores tornam.
Como é difícil atingir o porto da renovação!
Quase sempre, a imprevidência e a inquietude precipitam-se nas profundezas sombrias!...
Para vencer a jornada laboriosa, é preciso aprender com Alguém que foi o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ele não era conquistador e fundou o maior de todos os domínios, não era geógrafo e descortinou os sublimes continentes da imortalidade, não era legislador e iluminou os códigos do mundo, não era filósofo e resolveu os enigmas da alma, não era juiz e ensinou a justiça com misericórdia, não era teólogo e revelou a fé viva, não era diplomata e trouxe a fórmula da paz, não era médico e limpou leprosos, restaurou a visão dos cegos e levantou paralíticos do corpo e do espírito, não era cirurgião e extirpou a chaga da animalidade primitiva, não era sociólogo e estabeleceu a solidariedade humana, não era cientista e foi o sábio dos sábios, não era escritor e deixou ao Planeta o maior dos livros, não era advogado e defendeu a causa da Humanidade inteira, não era engenheiro e traçou caminhos imperecíveis, não era economista e ensinou a distribuição dos bens da vida a cada um por suas obras, não era guerreiro e continua conquistando as almas há vinte séculos, não era químico e transformou a lama das paixões em ouro da espiritualidade superior, não era físico e edificou o equilíbrio na Terra, não era astrônomo e desvendou os mundos novos da imensidade, enriquecendo de luz o porvir humano, não era escultor e modelou corações, convertendo-os em poemas vivos de bondade e esperança...
Ele foi o Mestre, o Salvador, o Companheiro, o Amigo Certo, humilde na manjedoura, devotado no amor aos infelizes, sublime em todas as lições, forte, otimista e fiel ao Supremo Senhor até a cruz.
Bem aventurados os seus discípulos sinceros, que se transformam em servidores do mundo por amor ao seu amor!
Valiosa é a experiência do homem, bela é a ciência da Terra, nobre é a filosofia religiosa que ilumina os conhecimentos terrestres, admirável é a indústria das nações, vigorosa é a inteligência das criaturas, maravilhosos são os sistemas políticos dos povos mais cultos, entretanto, sem Cristo, a grandeza humana pode não passar de relâmpago, dentro da noite espessa.
"Brilhe a vossa luz", disse o Mestre Inesquecível.
Acenda cada aprendiz do Evangelho a lâmpada do coração.
Não importa seja essa lâmpada pequenina.
A humilde chama da vela distante é irmã da claridade radiosa da estrela.
É indispensável, porém, que toda a luz do Senhor permaneça brilhando em nossa jornada sobre abismos, até a vitória final no porto da grande libertação."

ANDRÉ LUIZ


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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Importância das Palestras Espíritas

Joaquim Ladislau Pires Júnior

Normalmente o primeiro contato com a Doutrina se dá através do livro, do passe ou das palestras. Todavia, é através da palestra que a casa espírita apresenta o Espiritismo de maneira mais clara e direta para o público.

Assim, deve ser priorizada tal atividade na seara espírita, formando palestrantes com bom conhecimento doutrinário, mas que também tratem de continuamente se aperfeiçoarem no uso da palavra na tribuna.

Os palestrantes também têm que buscar se afinizar com os modernos recursos audiovisuais, sabendo utilizá-los, fazendo com que a mensagem seja melhor oferecida, sendo mais atraente.

Toda exposição na tribuna espírita deve procurar sempre envolver o tríplice aspecto do Espiritismo. Deve ser evitada qualquer forma de pregação religiosa, como se fosse um sermão, mas recorrer à boa argumentação que traga a filosofia, a ciência e a proposta ético-moral da Doutrina Espírita, no consórcio permanente da razão com a fé esclarecida.

De preferência os temas devem ser previamente escolhidos e divulgados, para um melhor aprofundamento dos estudos, orientando os participantes sobre o que será abordado.

Deve sempre ser dada a oportunidade de reservar, pelo menos, 15 minutos para a realização de perguntas pela assistência, pois às vezes o palestrante deixou de abordar algum assunto dentro do tema ou quem ouviu quer um esclarecimento a mais.

Deve ser dada a chance também para que em um determinado dia a assistência escolha o tema que quer ouvir, proporcionando a interatividade, otimizando o fluxo de idéias com a democratização da divulgação doutrinária.

Resta dizer que os responsáveis pela escala das palestras, ou o encarregado do departamento doutrinário, devem conhecer o palestrante, sua formação espírita, possuindo referências do mesmo, evitando que a tribuna seja lugar de pessoas sem compromisso com o Espiritismo e até de aventureiros. E o palestrante tem que conhecer a casa, buscando informações sobre a mesma, entrando em contato com os seus dirigentes, a fim de que o seu mister seja bem desempenhado. Se não puder comparecer, que avise com antecedência, providenciando substituto, evitando embaraços de última hora.

Diálogos Espíritas

As sociedades científicas nem sempre têm ao seu dispor os instrumentos próprios para as observações e, no entanto, não deixam de encontrar assuntos de discussão. À falta de poetas e de oradores, as sociedades literárias lêem e comentam as obras dos autores antigos e modernos. As sociedades religiosas meditam as Escrituras. As sociedades espíritas devem fazer o mesmo e grande proveito tirarão daí para seu progresso, instituindo conferências em que seja lido e comentado tudo o que diga respeito ao Espiritismo, pró ou contra. Dessa discussão, a que cada um dará o tributo de suas reflexões, saem raios de luz que passam despercebidos numa leitura individual.
A par das obras especiais, os jornais formigam de fatos, de narrativas, de acontecimentos, de rasgos de virtudes ou de vícios, que levantam graves problemas morais, cuja solução só o Espiritismo pode apresentar, constituindo isso ainda um meio de se provar que ele se prende a todos os ramos da ordem social.
Garantimos que a uma sociedade espírita, cujos trabalhos se mostrassem organizador nesse sentido, munida ela dos materiais necessários a executá-los, não sobraria tempo bastante para consagrar às comunicações diretas dos Espíritos. Daí o chamarmos para esse ponto a atenção dos grupos realmente sérios, dos que mais cuidam de instruir-se, do que de achar um passatempo.
(Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, Cap. XXIX, item 347)
No início do século XXI – a Era do Espírito –, mais que nunca, frente aos apelos das fontes de informação e da ciência, vêm se emoldurando novas e arrojadas concepções sobre todos os assuntos, especialmente, o Espírito. O interesse nessa questão vem envolvendo estetas, cineastas, escritores e cientistas. Trazem à baila as temáticas espiritualistas e espíritas recheadas de misticismo e do sobrenatural, abolindo a lógica e convencendo pelo drama e pelas crendices, com fantasias que ainda agradam a infantilidade humana.
Torna-se, então, muito oportuno que incitemos um repensar na metodologia de ensino e aprendizagem nas instituições doutrinárias, a fim de que o conhecimento seja levado para o campo da sensatez e da contextualização, sem os aparatos dos quais precisamos ir dispensando.
Não basta saber muito, é preciso aferir se o que sabemos sobre o Espiritismo está tornando-nos melhores: menos místicos, mais sensatos; menos egoístas, mais bondosos; menos ritualistas, mais fervorosos; menos ortodoxos, mais progressistas; menos materialistas, mais amorosos...
O diálogo aberto que insere o questionamento fraterno é a tônica didática que carecemos no momento. A aceitação tácita e passiva é uma postura pedagógica incompatível com o dinamismo da proposta educacional do Espiritismo. A relação professor-aluno deverá, quanto possível, ser substituída pela forma dialogal, sinérgica, parceira. A pesquisa, o estudo, a utilização das modernas mídias, as dinâmicas de grupo tão atuais, o trabalho em equipe são campos didáticos que oportunizam o debate, a participação pró-ativa e o intercâmbio.
Diálogos Espíritas deve ser um evento permanente, coordenado por facilitadores do ato de pensar, jamais por “expositor de respostas prontas”. O diálogo é a pedagogia do Espírito, porque com ele ensejamos o construtivismo em que cada qual trabalha com seus conteúdos e sentidos, sob a orientação de um facilitador mais experimentado e de boa vontade. Uma didática construtivista, questionadora, em que o membro componente de um sistema não poderá ser apenas um elemento passivo, mas, sim, um agente transformador e integrante de um processo educacional dinâmico que excita o raciocínio, problematiza princípios e opera mudanças éticas. A concepção de um novo modelo pedagógico, para nossas células doutrinárias, é um motivo para urgentes reflexões em favor da causa que abraçamos. O melhor recurso de estudo é o trabalho em grupos, voltados à construção do conhecimento, o qual vem da experiência do fazer, que por sua vez é a vivência de cada qual cooperando com o entendimento de todos.
Temas dos quais guardamos muitas certezas são os mais recomendados para o diálogo, pois os temas polêmicos já são muito debatidos, embora nada nos impeça de revê-los. Nem sempre nossas certezas advêm da fé raciocinada, portanto, abalar nossas certezas é caminho para crescimento, para a aquisição de convicções sólidas, aprovadas pela razão e assimiladas pelo sentimento, a fim de não as abandonarmos nos momentos de prova e dor.
A convivência nos Diálogos Espíritas exigirá tolerância e respeito às diferenças para a aquisição da compreensão.
É fundamental abalar nossas certezas de concepções e abrirmo-nos a análises imparciais, acerca de outras vertentes de conhecimento e informação sobre a diversidade dos assuntos da humanidade, criar pontes de saber entre a cultura espírita e os valores do saber acadêmico, científico e filosófico. Entre nós, nas salas de estudos espíritas, cabe-nos favorecer a dúvida, a consulta, o salutar hábito de discordar sem tornar-se antipático. Aprender a discordar. Discordar com amor, eis o desafio. Discordar com embasamento, eis o dever.

Princípios

Não há uma entidade espiritual, uma organização humana, um médium ou uma fonte de instrução que não possa ser discutida, redargüida e melhorada. Suprimindo o clima de desrespeito, tudo pode e deve ser repensado com fins enobrecedores.
(Cícero Pereira, Unidos pelo amor, p. 176)

O princípio básico dos Diálogos Espíritas é o de que, nada sendo perfeito, tudo pode ser melhorado para ter mais utilidade, permitindo aos debatedores expressarem-se com idéias mais arejadas frente ao relativismo universal, e mais apropriadas à sua segurança e necessidade individual.
Diálogos Espíritas devem ser éticos, frutíferos e funcionais.

* Sua ética, a fraternidade.
* Seus frutos, sensatos.
* Sua função, o crescimento pessoal.

Educar-se para pensar sob uma perspectiva espiritualizante é um desafio de rara oportunidade. Mais significativo que colecionar respostas é aprender a investigar pedagogicamente, filosofar para crescer.

Objetivos

A beleza da reunião de pessoas está em não ter a obrigatoriedade de ser igual, todavia, apenas ser.
(Ivone do Amaral Pereira, Unidos pelo Amor, p. 198)
O objetivo maior de Diálogos Espíritas deve ser a aquisição da sabedoria, diferente de acumular conhecimentos e desenvolver a inteligência. Sábios são aqueles que colocam a inteligência e a informação a serviço de sua melhoria integral e de quantos os rodeiam. Pouco, aliás, nos valerá o debate cujo coração e emoções não sejam, igualmente, parte integrante do processo. Ainda que tais emoções não estejam ajustadas, não devemos temê-las, pois são integrantes do patrimônio moral do nosso grupo debatedor e, como tais, devem ser trabalhadas sem máscaras e com incondicional respeito e fraternidade.
Diálogos Espíritas pretende conduzir o aprofundamento e a liberdade das discussões, proporcionalmente, ao nível de relacionamento que já tenham galgado os membros do grupo. Quanto mais confiança e afinidade, mais possibilidade de êxito. Não havendo essa conquista, será imperioso, pouco a pouco, investir na saúde interpessoal dos conjuntos doutrinários, o que permitirá sempre maior maleabilidade sem quaisquer incidentes indesejáveis. É preciso cristalinidade de opiniões, porque se não opinarmos entre amigos que buscam o crescimento, expondo sinceramente nossos sentimentos, os sufocaremos nos escaninhos “secretos” da mente, podendo conflitos, dúvidas e problemas, com o tempo, converterem-se em virulenta crise da razão, despertando sentimentos enfermiços que inclinam para o desânimo, o isolacionismo e a deserção.
Diálogos Espíritas não tem metodologia centralizada e sim participativa, levando à interiorização. Nos Diálogos Espíritas não haverá perdas, todos devem ganhar. Ganha-se discernimento, experiência, visão, e enseja-se o urgentíssimo espírito de equipe, sem o qual o êxito das atividades de uma agremiação espírita está fadado a se guardar nos estreitos limites do imediatismo e das relações autoritárias.
Diálogos Espíritas tem por objetivo o diálogo, a troca, o “abalar das certezas”, a renovação e vitalização das concepções, a ampliação da visão sobre temas da vida.
Diálogos Espíritas não é apenas um círculo de reuniões onde se filosofa e estuda, mas um hábito mental de superar crendices sem fundamento, eximindo-nos do “fanatismo pacífico” de cada dia, libertando-nos das cadeias dos raciocínios comuns e aprendendo a construir uma seqüência de idéias afinadas com a lógica de Deus, uma visão que escapa até mesmo de alguns padrões dogmatizados dentro do próprio movimento espírita. Uma visão de eternidade.
Diálogos Espíritas não tem medo do novo; de duvidar, com o desejo de aprender. Pretende “treinar a compreensão”; permitir o valor de todos em favor da busca de cada individualidade.
Diálogos Espíritas pretende construir uma convivência fraterna entre os seus participantes, aquela que educa e liberta. Pretende contribuir para a formação da mentalidade alteritária e solidária, desafios de todos nós, trabalhadores da Seara Bendita.
Diálogos Espíritas pretende promover preciosas aquisições pessoais, tais como:


1. obter novos enfoques para temas supostamente esgotados;despertar o interesse ao estudo, à pesquisa e ao intercâmbio social;
2. ter motivação para desenvolver pesquisas;
3. aprender a aprender;
4. aprender a fazer;
5. aprender a ser;
6. aprender a viver juntos;
7. aprender a dialogar e discordar de idéias sem sermos contra quem as apresentam;
8. promover descobertas, reciclagem;
9. despertar interesse ao estudo, à pesquisa e ao intercâmbio, o desejo de aprender e não o de convencer ou converter;
10. aprender a tecer crítica, externar pontos de vista, arrolar fundamentação teórica, ouvir “religiosamente” a opinião alheia;
11. aprender a ouvir sem sentenciar juízos imediatos;
12. debater, discordar “sem gostar menos”.

Quatro pilares da educação para o século 21

Diálogos Espíritas, como estratégia pedagógica,deve ser desenvolvido sob a visão espírita associada aos Quatro pilares da educação para o século 21, que fluem do Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors .
Os Quatro pilares da educação para o século 21 são a seguir resumidos, adaptados para os propósitos de Diálogos Espíritas:

* Aprender a conhecer – combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. Aprender sempre, continuamente.
* Aprender a fazer – a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem às pessoas. Teoria e prática juntas. Aprender a assimilar o fruto dos estudos e pesquisas em benefício do desenvolvimento pessoal, da reforma íntima.
* Aprender a ser – para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades inatas de cada espírito, encarnado ou desencarnado: ética, memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se, generosidade, fraternidade.
* Aprender a viver juntos – desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz. Aprender a trabalhar em equipe. Aprender a ser alteritário(a) e altruísta.


Quando e onde

As instituições espíritas podem – e devem – realizar Diálogos Espíritas, em suas dependências, de acordo com as suas disponibilidades, usando espaços ociosos e pessoas de boa vontade que tenham formação espírita e mente aberta para o novo, o inovador, o contraditório, a criatividade.
Diálogos Espíritas podem, também, ser realizados por grupos de espíritas, fora do centro espírita, a fim de possibilitar a participação de pessoas não espíritas que se interessem pelos temas em debate.
A periodicidade pode ser semanal, quinzenal ou mensal, dependendo da disponibilidade das pessoas envolvidas no projeto. Recomenda-se que as reuniões tenham, no máximo, noventa minutos de duração, com hora certa para início e término.
Os livros Atitude de Amor, Seara Bendita, Unidos pelo Amor e outros psicografados por Wanderley Soares de Oliveira e por outros médiuns, sintonizados com a fase de amadurecimento do Espiritismo, devem servir de inspiração para os temas para os Diálogos Espíritas, tendo os livros da Codificação como base.

A História do Espiritismo - Sidney de Paula

Vamos inicialmente ver três definições clássicas:

1 - ESPÍRITO: Fonte - Dicionário Aurélio [Do latim spiritu.]
S. m.

1. A parte imaterial do ser humano; alma.
2. Segundo a fisiologia antiga, espíritos muito sutis que levavam a vida do coração e do cérebro ao resto do corpo; espíritos vitais.

2 - ALMA: Fonte - Dicionário Aurélio
[Do latim anima.]
S. f.

1. Princípio de vida.
2. Filos. Entidade a que se atribuem, por necessidade de um princípio de unificação, as características essenciais … vida (do nível orgânico …s manifestações mais diferenciadas da sensibilidade) e ao pensamento: as faculdades da alma.
3. Princípio espiritual do homem concebido como separável do corpo e imortal.
4. O conjunto das funções psíquicas e dos estados de consciência do ser humano que lhe determina o comportamento, embora não tenha realidade física ou material; espírito: Seu estado de alma sempre lhe transparece nos olhos.
5. Sede de afetos, dos sentimentos, das paixões.
6. Pop. Espírito desencarnado: Diz ele que anda vendo almas.
7. Índole ou caráter de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos: alma bem-formada; a alma brasileira.

3 - ESPIRITISMO: Fonte - Dicionário Aurélio

[Do francês espiritisme.]
S. m.

1. Doutrina baseada na crença da sobrevivência da alma e da existência de comunicações, por meio da mediunidade, entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados.

Introdução

Existe uma dificuldade para se determinar uma data para o aparecimento do Espiritismo. Sabemos que os fatos espíritas existiram desde todos os tempos, mas os espíritas ingleses e americanos costumam indicar como data inicial do movimento espírita moderno o dia 31/03/1848, que assinala o episódio mediúnico de Hydesville (irmãs Fox).

Existe uma época que podemos chamar de pré-história do Espiritismo, com os fatos da Antigüidade e da Idade Média, e uma época de preparação do advento do Espiritismo, que foi a de Emanuel Swedenborg (1688-1772).

A Igreja, cujos dirigentes ensinavam uma vida após a morte (ressurreição, etc), mas que nunca souberam, puderam ou quiseram provar, passou a atacar ferozmente os fatos e os únicos indivíduos através dos quais essa prova ‚ cientificamente possível, e que o faziam e o fazem sem qualquer intuito de combate ou de desdouro as organizações religiosas. Perdia a Igreja a grande oportunidade de demonstrar a existência da alma e o seu cortejo de conseqüências e, do mesmo passo, de levar os seus promitentes para uma nova etapa, Além de a eles anexar os que em nada acreditavam, passando-os da forma‚ imposta, do desinteresse e da negação, para uma forma sistemática, para uma forma‚ raciocinada, na qual os próprios dogmas, e os ritos viriam a ser respeitados como valores históricos e como símbolos que tinham tido a sua função no espaço e no tempo e dos quais os Espíritos seriam emancipando, na medida de sua mesma evolução. Do outro lado, atraídas pêlos fatos, tomando contato com os seus mortos queridos, as massas menos cultas, ou mesmo incultas, foram, pôr um compreensível sincretismo religioso, que a ortodoxia não tolerava, mas que, fina força, aquelas queriam que subsistisse, transformando o Espiritismo numa religião ritualistica.

Se, de um lado, o despreparo geral as empurrava nessa direção, foram desistimuladas pelas excomunhões, pela pressão política exercida pela Igreja contra as massas espíritas e principalmente contra os médiuns. E o Espiritismo, que de início atraíra a atenção das camadas mais cultas, pouco a pouco foi sendo pôr estas abandonado, ou praticado nas ocultas, para que se não comprometessem interesses materiais - sobretudo os políticos - dado o prestígio que a Igreja desfrutava junto ao poder civil, nos países em que havia separação legal entre ela e o Estado.

Então a doutrina caiu nas mãos do povo e a sua prática se alterou. Mas houve uma diferenciação entre neolatinos e anglo-saxãos. Nos países de origem latina, onde predomina a igreja Católica - de todas a mais intolerante - os espíritas foram excluídos de seu seio. E, teimosamente, ela apresentou aquele do qual poderia ter feito o seu melhor aliado como um adversário temível, como uma nova religião, embora lhe faltassem os requisitos essenciais de uma religião, a saber: um conjunto de dogmas, um ritual e uma hierarquia sacerdotal. De maneira que, se luta existe entre ela e o Espiritismo, não foi este quem a provocou.

Mas nos países saxônicos a coisa ‚ diferente, os promitentes da religião estão mais íntima e solidamente ligados na sua igreja: são eles e não os pastores que a administram e desenvolvem as obras assistências; com um ritual mais pobre, enriquecem o Espírito pelo estudo. Assim, o surgimento dos fenômenos espíritas não foi ignorado nem amaldiçoado, mas recebido como uma prova da sobrevivência da alma e uma confirmação dos ensinos bíblicos. Os anglo-saxões, particularmente os ingleses e americanos, aceitaram a revelação espírita com uma restrição, não admitindo o principio reencarnacionista. Pôr muito tempo, esse fato serviu de motivo a ataques e críticas ao Espiritismo, o que não impediu que o movimento seguisse naturalmente o seu curso. A codificação Kardeciana, cujos princípios giram praticamente em torno da lei da reencarnação, foi repelida inicialmente pêlos anti-reencarnacionistas.

No movimento espírita, como em todos os movimentos, as coisas vão se definindo aos poucos, através do tempo, não se mostrando logo com a precessão necessária. Semente agora ‚ que a figura de Kardec, reconhecida há muito, nos países latinos, como codificador do Espiritismo, vai se impondo também nas suas verdadeiras dimensões, ao mundo anglo-saxão.

Todas as descobertas e todos os empreendimentos tem a sua razão de ser e servir ou aparecendo, na proporção que se possam adaptar ao meio. Os choques do passado foram muitos: Galileu, perseguido e martirizado, pôr ter-se lembrado de falar sobre o movimento da Terra, coisa impossível, idéia louca; Genner com a sua vacina contra a varíola, que afirmaram pretender ele inocular a bestialidade no homem; Horário Weiss, descobridor da anestesia, sofreu tantas perseguições que acabou se matando; em 1470 o Parlamento francês confiscou os primeiros livros impressos introduzidos em Paris!. O povo considerava os tipógrafos e os impressores como bruxos, chegando a pedirem, em 1533, a supressão da imprensa; Dominico, foi morto na masmorra pôr ter demonstrado a significação do arco-íris; e vai pôr aí a fora.

Disse Kardec: "A Ciência marchar com os homens, sem os homens e apesar dos homens".

Os espíritos precisavam fazer saber aos encarnados de sua existência, e assim começaram a utilizar os médiuns de efeitos físicos para produzir os mais diversos tipos de fenômenos, tais como: ruídos (conhecidos como "raps"), materializações e desmaterializações, fenômenos de transporte, voz direta, etc.

Os termos Espírita, Espiritualista e Espiritista correm lado a lado até‚ que Allan Kardec definiu como sendo Espiritismo a doutrina dos espíritos codificada pôr ele (reencarnacionista), sendo então Espírita quem ‚ participasse desta doutrina. Os norte-americanos e ingleses (não-reencarnacionistas) usam mais o termo Espiritualista ou Espiritista as vezes Espírita.

Na Europa e na América do Norte, Espiritismo significa principalmente intercâmbio com entidades desencarnadas; os princípios doutrinários não o objeto de interesse. As pessoas estão o primariamente interessadas em obter consolações, alegrias, informações e não em se modificarem.
Cronologia

Sócrates (470 - 399 a.C.), afirmava que os homens que viveram na Terra encontram-se após a morte e se reconhecem. Pôr pensar desta maneira, e difundir estas idéias, foi condenado a pena de beber cicuta (veneno);

Platão (427 - 347 a.C), foi discípulo de Sócrates e sua doutrina exerceu profunda influência em toda a filosofia ocidental. Foi o fundador do espiritualismo;

Pitágoras (570 - 496 a.C.) considerava que "a alma ‚ a verdadeira substância distinta do corpo, ao qual preexiste";

Demécrito (470 - 360? a.C.), um dos precursores da teoria atômica, estabelecia uma analogia entre a matéria e o Espírito. Dizia que "A matéria e o Espírito são formados de átomos, no entanto, os tomos do espírito são mais sutis que os materiais e são chamados tomos de fogo";

Sócrates afirmava que "a alma ‚ a causa da vida do corpo; desde que esse princípio animador o abandone, o corpo perece"; ???? ** Varias passagens bíblicas assinalam fenômenos mediúnicos (ver no final o ítem Aspecto Religioso do Espiritismo).

1520 ** Ruídos estranhos em Oppenheim, Alemanha, na casa de Melancthon.

1650 ** Havia pesquisas com ectoplasma (Vaugham - filósofo) que o denominou de mercúrio, pôr óbvios motivos de censura impostos pela Igreja. Outros nomes para o ectoplasma: plasma, teleplasma e ideoplasma (ver mais a frente o item correspondente a ectoplasma).

1661 ** Ruídos estranhos em Tedworth, Inglaterra, na casa de Mrs. Mompesson.

1716 ** Ruídos estranhos em Epworth Vicarage, e veja mais adiante o caso das irmãs Fox.

Isaac Newton (1642 - 1727) dizia que o Espírito nada mais ‚ do que um corpo de luz não material.

1744 ** EMANUEL SWEDENBORG (Um precursor doutrinário do Espiritismo).

Swedenborg (1688-1772), cientista, engenheiro de minas, autoridade em física e astronomia, zoologista, anatomista, financista, político, estudioso da Bíblia, engenheiro militar e místico sueco foi quem, em 1744 afirmou ter recebido um aviso divino para se tornar "tanto um vidente quanto um anunciador da verdade espiritual e da doutrina que está pôr trás do sentido simbólico e literal das "Sagradas Escrituras". Com a idade de 54 anos era um dos homens mais cultos de sua época, pois o então Presidente da Sociedade Real, sir Hans Sloan, convidou-o para membro honorário daquela sociedade. Em 1749 publicou em Londres sua obra "Arcana Coelistia", em 4 volumes, que expunham sua doutrina, as interpretações espirituais das Escrituras, especialmente do Gênese e do Êxodo. Há muita fantasia em seus escritos (muita gente supunha-o esquizofrênicos , mas seu pensamento ‚ sempre sistemático.

As experiências citadas em seu diário, se ocorressem com um homem comum seriam suficientes para levá-lo ao hospício. Swedenborg conversava, ou pensava conversar com Lutero, Calvino, Santo Agostinho, São Paulo, inclusive afirmando que o próprio Senhor o teria visitado com o intuito de escolhê-lo para explicar a Bíblia ao mundo inteiro.

Swedenborg não suportava a religião materialista. Acreditava que todas as religiões deviam estar relacionadas com a vida e pregar um amor ardente das pessoas. O inferno não era o local onde os pecadores sofreriam penas eternas, mas antes um estado de espírito que o fiel podia adotar livremente. Depois da morte, o indivíduo permanece mais ou menos como era antes: a personalidade não sofre uma mudança radical, e o mundo do além ‚ uma réplica do universo que vivemos. Dizia também que o mundo celeste corresponde em tudo ao humano, e até‚ mesmo o casamento encontra um paralelo no matrimônio celeste das almas irmãs.

Imanuel Kant, filósofo alemão (1724-1804), ocultou sua influência sob a zombaria do opúsculo "Sonhos do Vidente Espiritual". Goethe foi mais sincero em sua gratidão e seu "Fausto" estão repleto de alusões ao universo de Swedenborg, cuja doutrina abrangia três graus essenciais: Fim, Causa e Efeito. Afirmava ainda que a liberdade do homem permite que ele escolha e faça o bem. Ao morrer, o homem penetra no reino dos espíritos, de onde pode subir aos céus, ou descer ao inferno, tornando-se um demônio.

Faleceu de uma síncope em Londres no dia 29 de março de 1772, com 84 anos de idade.

No ano de 1788 foi fundada pêlos seus adeptos, em Londres, a Igreja Nova Jerusalém, que hoje conta com cerca de 100 mil sectários pelo mundo.

1830 ** EDWARD IRVING: os shakers

Pertenceu a uma classe pobre de trabalhadores escoceses, nasceu em Annan, em 1792. Era cura de uma igreja e certos membros de sua congregação tinham sido tomados de maneira estranha em suas próprias residências e discretas manifestações ocorriam na sacristia e outros recintos, sendo o serviço da igreja as vezes interrompido pôr gritos de possessos, muitas vezes considerados com obras do diabo. Os fenômenos físicos começaram a surgir e tinham como finalidade despertar a atenção dos cépticos.

As comunidades dos shakers, nos E.U.A., ligados aos Quakers, começaram a dar vazão nas comunicações, principiados pôr obsessões de vez em quando, de quase toda a comunidade. Vários espíritos de índios se comunicavam.

Os shakers contavam com um homem de notável inteligência, chamado F.W. Evans, que relatou vários fatos ao jornal "New York Daily Graphic" em 1874 e depois da primeira perturbação física e mental, causada pelo aparecimento daqueles espíritos (algumas obsessões), pôs-se a estudar o verdadeiro significado das ocorrências. Chegou a conclusão de que o assunto poderia ser dividida em 3 fases. A 1ª consistia em provar ao observador que a coisa era verdadeira. A 2ª era a fase da instrução, na qual mesmo o mais humilde espírito pode trazer informações de sua própria experiência pós-morte. A 3ª fase, dita missionária, era a sua aplicação prática.

Os shakers chegaram a conclusão de que os índios não tinham vindo ensinar, mas aprender. Assim catequizaram-nos como foi possível, exatamente como o teriam feito em vida (doutrinação). Pôr que espíritos mais elevados não cuidavam desse ensino? A resposta dada a Conan Doyle foi: "Essa gente está muito mais próxima de vocês do que de nós. Vocês podem alcançá-los onde nós não podemos".

1844 ** ANDREW JACKSON DAVIS

Nasceu em 1826, nas margens do rio Hudson, N.Y.. Tinha visões desde pequeno e foi orientado pôr um pensador avançado de nome Livingstone, que passou a usar a clarividência de Davis para o diagnóstico de doenças. Cada órgão do paciente aparecia claramente e com radiação especial e peculiar, que se obscurecia em caso de doença. Al‚m da missão humanitária, em que geralmente se empenhava, as vezes vagava livremente; então descrevia, em magníficas passagens, como via a terra translúcida, abaixo dele, com grandes veios de depósitos minerais, como que brilhando através das massas de metal fundido, cada qual com sua radiação peculiar. Projetava-se facilmente para fora de seu corpo. Acompanhou, em projeção, o desencarne de uma pessoa. Profetizou, antes de 1856, o surgimento do automóvel, da máquina de escrever e do avião. Em 1847 previu a comunicação entre espíritos da Terra com os de Marte, Júpiter e Saturno. Previu, em 1847, o aparecimento do Espiritismo.

Foi testemunha de fenômenos do Poltergeist, produzidos na casa de um amigo, o Dr. Phelps, no início de 1850.

1846 ** IRA ERASTUS DAVENPORT e WILLIAN HENRY DAVENPORT

Nasceram em Búffalo, N.Y., em 1839 e 1841 respectivamente.

Em 1846, 2 anos antes das manifestações nas irmãs Fox, a família era perturbada pôr batidas, socos, altos ruídos e estalos. Eles experimentaram colocar as mãos sobre a mesa e mensagens eram recebidas através de letras.

Ira desenvolveu a escrita automática. Logo surgiu a levitação e o rapaz era suspenso no ar, pôr cima das cabeças dos que se achavam na sala.

Centenas de cidadãos respeitáveis de Búffalo presenciaram os fatos.

Um lpis foi visto escrevendo em plena luz do dia, sem qualquer contato humano. Houve fenômenos de voz direta.

Em 1857, professores da Universidade de Harvard fizeram várias experiências com os rapazes (que tinham 18 e 16 anos). Eles haviam se submetido com êxito a todas as provas que o engenho humano podia inventar e mesmo assim foram denunciados como trapaceiros e mistificadores.

Nas várias experiências, os irmãos eram amarrados juntos, a vista de todos e vários instrumentos musicais a volta deles tocavam percutidos pôr mãos materializadas. Sofreram violências físicas em algumas apresentações públicas na Inglaterra, em 1865. Foram aconselhados pelo sempre presente espírito monitor que as manifestações deviam ser conservadas acima do nível dos divertimentos teatrais. Pôr isso recusaram as elevadas somas que lhes eram oferecidas.

1848 ** O EPISÓDIO DE HYDESVILLE (N.Y.)

Um mascate ‚ assassinado numa casa em Hydesville.

Uma família de fazendeiros de nome Fox, metodistas, mudou-se para a casa, e tinha 2 filhas no tempo em que as manifestações atraíram a atenção geral. Eram Margaret de 14 anos e Kate de 11 anos.

Estamos no ano de 1848 e os ruídos (raps) em sons de arranhões começaram a ser ouvidos, idênticos aos que foram registrados em outros locais do mundo (vide início do texto).

Em março de 1848, os ruídos aumentaram de intensidade. As vezes eram batidas, as vezes arrastar de móveis. As camas tremiam e se moviam.

Em 31/03/1848, Kate Fox desafiou a força invisível a repetir as batidas que ela dava com os dedos, no que estabeleceu-se um diálogo.

Chegaram a conclusão de que aquela força podia ver e ouvir, pois Até dobrava o dedo sem fazer barulho e o arranhão respondia. A mãe fez uma série de perguntas para serem respondidas com números, todas acertadas.

Estabeleceu-se uma reunião com vizinhos que perguntavam muito. Ele (o dono dos ruídos) informou ser um espírito e que tinha sido assassinado naquela casa e disse o nome do antigo inquilino, que o matara, e tinha sido enterrado na adega a 10 pés de profundidade. Seu nome era Charles B. Rosma.

Isaac Post, um quaker de Rochester, coordenou as mensagens sob a forma de alfabeto. Em 02/04/1848 constatou-se que os arranhões se produziam tanto de dia como a noite.

No verão de 1848 escavaram a adega e encontraram restos de ossos humanos. Cinqüenta e seis anos mais tarde, em 1904, um jornal de Boston noticiava que: "o esqueleto do homem que se supõe ter produzido ruídos ouvidos pelas irmãs Fox, em 1848, foi encontrado na casa ocupada pôr elas e sem dúvida comprova a sinceridade na descoberta da comunicação dos espíritos."

Vários outros fenômenos ocorreram na família do diácono Hale, de Greece, cidade vizinha de Rochester e em outras famílias de outras cidades, deixando evidente que não estavam ligados somente nas meninas.

Sucederam-se casos de pessoas que seguiram conselhos de espíritos pouco sérios e se deram mal, colocando em risco suas vidas.

NOTA...: O médium não evangelizado e não educado para servir no Bem ao próximo, sem interesse e com humildade, geralmente se atrapalha em suas próprias inferioridades. Sabemos que os espíritos são como nós: inferiores, superiores, interesseiros, bons, maus, sábios, evoluídos, zombeteiros, enfim de todas as qualidades, de acordo com a evolução moral e/ou intelectual que tenha atingido até‚ então e se ligam a nós pela sintonia mental, ou seja, iguais ou semelhantes se atraem.

Muitas vezes levantou-se a questão: "Qual o objetivo da tão estranho movimento naquela época especial ?"

A resposta a esta pergunta foi feita em duas ocasiões diferentes, em dois anos diversos e através de médiuns diversos. Em ambos os casos a resposta foi idêntica. A 1ª dizia: "O para conduzir a humanidade em harmonia e para convencer os cépticos da imortalidade da alma."; a 2ª dizia: "É para unir a humanidade e convencer as mentes cépticas da imortalidade da alma".

Durante alguns anos as 2 irmãs Fox fizeram sessões em N.Y. e em outros lugares. Horace Greeley, posteriormente candidato á presidência dos E.U.A., achava-se profundamente interessado pôr elas e convencido de sua honestidade.

Ocorre, porém que elas acabaram se envolvendo com vícios (álcool) e em caminhos degenerativos da mente e do caráter, pôr serem inexperientes e não encararem o contato com os espíritos de maneira séria, com objetivos sadios e sem interesse material.

Em dezembro de 1872, Miss Fox casou-se com Mr. H.D. Jencken, um advogado londrino que foi um dos primeiros espíritas da Inglaterra. Durante o almoço de gala do casamento foram ouvidas várias batidas, em várias partes da sala e a mesa sobre a qual se achava o bolo foi repetidamente levantada do solo.

Em algumas sessões na América ocorreram materializações e transporte de objetos de uma sala para outra.

O prof. Willian Crookes (1832-1919 - físico e químico inglês, descobridor do elemento químico Túlio e dos raios catódicos) fez um inquérito sobre os poderes da médium e pode constatar numerosos efeitos físicos.

A Mediunidade de Miss Fox (agora Mrs. Jencken) se mesclava em todos os atos de sua vida diária.

O prof. Butlerof, da Universidade de São Petesburgo, quando fez uma visita matinal ao casal, em companhia de Mr. Aksakof, ouviu batidas no assoalho. Em 04/02/1876 o prof. Butlerof escrevia: "os fenômenos dessa médium são fortemente convincentes e objetivos."

Em 09/05/1882 houve casos de psicografia em que a médium era a Mrs. Jencken, já viúva e com 2 filhos que manifestaram mediunidade na mais tenra idade.

Pôr volta de 1888 estiveram envolvidas com ganhos monetários advindos de apresentações espíritas. Já debilitadas pelo alcoolismo, chegaram a alegar que os fenômenos eram uma farsa e mais tarde arrependeram-se pôr ter caluniado o Espiritismo, readmitindo a veracidade dos efeitos.

As irmãs Fox desencarnaram pôr volta de 1892 e seu fim foi triste e obscuro.

Está claro que um médium que emprega mal os seus dons sofre com a degradação do caráter e torna-se acessível nas influências maléficas.

Dr. Crawford, investigador do fenômenos das batidas, conclui que as mesmas são causadas pela projeção, pelo médium, de um longo fio de uma substância diferente de qualquer matéria até então conhecida. Tal substância foi cuidadosamente examinada em 1903 (ver adiante) pelo eminente fisiologista francês Dr. Charles Richet (1850-1935, Nobel de medicina em 1913), que a chamou de ectoplasma.

Estes fios são invisíveis aos nossos olhos e parcialmente visíveis na placa fotográfica e conduzem energia de tal maneira, que há perigo quando o médium de efeitos físicos não trabalha pela sua moralização, perigos que são: enfraquecimento da vontade, tentativa de recuperar as energias pôr meio do álcool, tentativa de fraudar quando as forças aumentam e influência prejudicial de espíritos zombeteiros que cercam os grupos que se reúnem mais pôr curiosidade do que pôr interesse sério.

Teoria da criptestesia de Charles Richet: "O homem tem um corpo etérico com muitos dons desconhecidos, entre os quais um poder de manifestação exterior em formas curiosas. Há uma etapa preliminar e elementar em todo trabalho psíquico que depende de um poder inato e possivelmente inconsciente do médium."

Logo que o caso das irmãs Fox foi divulgado, inúmeros outros casos começaram a se tornar públicos, pois 10 anos antes havia casos, em vários locais, que não eram divulgados tanto pôr medo do ridículo, quanto pela ignorância do que isso fosse.

Resumo do depoimento do juiz John W. Edmonds, um grande caráter e inteligência brilhante: "Em janeiro de 1851 tive minha atenção chamada para as manifestações espíritas. Dedicava todo o meu tempo a leituras sobre a morte e a sobrevivência do homem. Durante minha vida, a esse respeito, não tive doutrinas senão contraditórias e descrentes, que dificilmente saberia em que acreditar. Fui convidado a assistir as "batidas de Rochester". Resolvi investigar para verificar se não era mistificação durante 4 meses e a prova veio com tal poder que nenhum homem equilibrado lhe poderia negar fé."A experiência mostra que uma aceitação fácil de tais manifestações, é muito rara entre pensadores sérios e que dificilmente se encontra um espírita eminente que não tenha estudado e meditado pôr muitos anos.

O prof. Robert Hare, da Universidade de Pensilvânia, era um grande céptico e para tentar provar que o Espiritismo era uma farsa fez algumas experiências após as quais se tornou um crente decidido. Em 1853 pegou bolas de bilhar colocou-as sobre folhas de zinco e pôs as mãos dos médiuns sobre as bolas. Com grande surpresa sua, as mesas se moveram. A seguir arranjou uma mesa onde a tampa se movia para a frente e para trás; a ele adaptou um dispositivo que girava um disco contendo as letras do alfabeto, ocultas as vistas dos médiuns. As letras eram dispostas de modo variado, embaralhadas e ao espírito era solicitado quão as pusesse em ordem e isso era feito!.

Seguiram-se então frases inteligentes, que os médiuns não podiam ver nem saber o sentido.

1850 ** O ESPIRITISMO FRANCÊS, ALEMÃO E ITALIANO

Na França e nos povos latinos há preferência pelo termo Espiritismo e pôr Allan Kardec, cuja feição predominante é a reencarnação.

Quando as manifestações espíritas chamavam a atenção na Europa, Allan Kardec (Lyon, 1804-1869 - educador, discípulo de Pestalozzi) investigou o assunto através da mediunidade de 2 filhas de um amigo, que tinham menos de 14 anos. Ele controlou a atividade das médiuns com uma longa série de perguntas o que fez com que em 2 anos Kardec mudasse suas antigas convicções.

Quanto ao Espiritismo também há o destaque para Franz Mesmer (médico - 1775/1815 - pai do Hipnotismo) que realizou seu maior trabalho em Viena, no fim do século XVIII; foi ele quem deu o primeiro impulso para a dissociação entre alma e corpo, antes do atual modo de pensar da humanidade.

Na Itália a oposição da Igreja foi mais notável, pois sem muita lógica estigmatizou como diabolismo os casos que não recebessem a marca especial da Santidade. A Itália foi rica em médiuns, mas mais afortunada em homens de ciência que acompanhavam os fatos: Ermacora, Schiaparelli, Lombroso, Ernesto Bozzano, Morselli, Chiaia e médiuns como Eusapia Palladino, Politi, Lucia Sordi, Linda Gazzera, e outros.

1852 ** JONATHAN KOONS - FENÔMENOS DE VOZ DIRETA

Fazendeiro em Ohio, foi o primeiro médium moderno que se tem notícia que teve em sua casa fenômenos de voz direta, em que o espírito denominado John King falava através de uma pequena trombeta. As pequenas palestras deste espírito versavam sobre o benefício que colheríamos, com o tempo, em mantermos diálogos sadios com os espíritos, incentivando a caridade com os que estão no erro e na ignorância e que devemos zelar pela nossa sabedoria.

Este fenômeno (voz direta) iniciou-se em tempos muito antigos (há várias citações na Bíblia) com exemplos históricos: Paulo de Tarso, Sócrates, Joana D'Arc, e outros. A explicação para o fenômeno é que o ectoplasma procedente do médium e também, em menor proporção, dos assistentes, usado pelos espíritos operadores na moldagem de uma espécie de laringe humana utilizada para a produção da voz.

Há casos registrados de padres que mantinham diálogos com espíritos por voz direta.

Mrs. Elizabeth Blake, também de Ohio, foi a maior médium de voz direta de quem se teve notícia. Era pobre, iletrada, vivia numa pequena aldeia de Bradrick, em West Virginia. Era médium desde criança, muito religiosa e pertencia a Igreja Metodista da qual foi expulsa, como outros devido a sua mediunidade.

Os fenômenos de voz direta diferem da mera clarividência e da fala em transe, por isso os sons não parecem sair do médium, mas de fora, as vezes de uma distância de alguns metros e continuar quando a boca do médium está cheia d'água e, outras ocasiões, se fazendo ouvir 2 ou 3 vezes simultâneas. Nestas ocasiões uma trombeta de alumínio é empregada para aumentar a voz, e também, como supõem alguns, para formar uma pequena câmara escura, na qual as cordas vocais então usadas pelo espírito, se podem materializar.

1853 ** Os católicos e os evangélicos fazem grande oposição ao Espiritismo, afirmando ser tudo obra do diabo.

1854 ** A 1ª ORGANIZAÇÃO ESPÍRITA

Neste ano ‚ fundada em N.Y. a 1ª organização espírita regular, denominada Sociedade para a Difusão do Conhecimento Espírita e contava com pessoas como o juiz Edmonds e o governador Tallmadge, de Wisconsin. Entre as atividades havia um jornal "The Christian Spiritualist" e o contrato com Kate Fox para sessões diárias, franqueadas ao público.

1856 ** AS OBRAS DE KARDEC

O Espiritismo, codificado pôr Kardec, possui 3 ramos: filosófico, científico e religioso. As obras que produziu enfocam as 3 áreas de maneira mais objetiva.

Kardec escreveu, baseado nas respostas dadas pelos espíritos os médiuns, que tinham menos de 15 anos, os seguintes livros:

1856 - 1ª edição de "O Livro dos Espíritos"

1857 - 2ª edição de "O Livro dos Espíritos" - de caráter filosófico

1861 - "O Livro dos Médiuns" ...............- de caráter científico

1864 - "O Evangelho Segundo o Espiritismo" .- de caráter religioso

1865 - "O Céu e o Inferno"

1867 - "A Gênese"

A primeira tradução para o português de "O Livro dos Espíritos" foi feita em 1875 pôr Carlos Travassos.

As obras de Kardec são consideradas pela maioria dos espíritas do Continente como a base da filosofia religiosa do futuro, pôr estar em harmonia com o avanço das descobertas científicas nos vários outros ramos do conhecimento humano (Psicologia, Psiquiatria, Parapsicologia, Ufologia, Análise, Biopsíquica, Medicina, Biologia, Física, Química, etc).

O Jornal Nacional (Rede Globo) de 06/01/95 noticiou que cientistas alemães desenvolveram um método pelo qual pessoas totalmente paralisadas possam controlar, por exemplo, uma cadeira de rodas motorizada, através da utilização da força do pensamento. O sistema apresentado ainda ‚ precário, pois utiliza fios ligados ao paciente.

Hoje estamos em face de uma comprovação total da Ciência Espírita, não apenas pela Parapsicologia, mas também pela Física Nuclear, pela Biologia avançada, pela Astronáutica, por todos os segmentos do conhecimento rumo a anti-matéria, ao corpo bioplásmico, as provas da reencarnação, aos fenômenos (investigados e comprovados por Pratt) que provam as várias formas de comunicações mediúnica.

"A mente não é física" afirma J. B. Rhine.

"A mente é uma estrutura psicónica, formada de átomos mentais, e depois da morte do corpo pode comunicar-se com as mentes encarnadas", sustentou Wathely Caringthon.

"A Ciência sem a Religião é aleijada e a Religião sem a Ciência é cega" afirmou Albert Einstein (1879-1955).

Kardec têm hoje o seu panorama de reconhecimento público: a Câmara Municipal de São Paulo - SP instituiu o Dia de Allan Kardec, a ser comemorado anualmente na semana de 18 de abril. O evento passa a constar no Calendário Oficial de Eventos do Município, conforme a lei n.º 270/94.

O livro espírita foi um dos sucessos da 13ª Bienal Internacional do Livro, realizada entre 17 e 28 de agosto de 1994, em São Paulo. Pesquisa da Datafolha mostrou que "O Livro dos Espíritos" de Allan Kardec, constou como a 4ª obra mais lida entre os freqüentadores do evento. Mostrou ainda que a Bienal teve 89% de aprovação do público presente 65% acharam bom e 24% ótimo.

Segundo Armando Antongini Filho, presidente da Câmara Brasileira do Livro, as obras sobre Espiritismo, Espiritualismo e Esoterismo, constituem um segmento que vem crescendo entre 15 e 20% ao ano.

1857 ** DANIEL DUNGLAS HOME

Nasceu em 1833 em Currie, próximo a de Edimburgo. Aos 13 anos já possuía faculdades psíquicas. Seu notável poder curador tinha excitado a admiração e persuadido pelos amigos, começou a estudar medicina. Tinha a saúde muito delicada e sua educação foi interrompida pela doença. Em 1857 o Clube União, de Paris, ofereceu-lhe 2 mil libras por uma única sessão e ele, pobre e inválido, recusou terminantemente. Disse ele: "Fui mandado em missão; essa missão é demonstrar a imortalidade. Nunca recebi dinheiro por isso e jamais o receberei".

Houve casos de levitação, em 1857, com Home e vários outros testemunhados por Sir Willian Crookes.

A caridade era uma das mais belas características de Home e só se tornava pública por acaso e indiretamente.

Home dispensava a obscuridade completa em seus trabalhos de materialização (caso raro). Apesar de inúmeras testemunhas e do grande trabalho executado, a imprensa britânica o taxou de impostor e charlatão.

1861 ** A QUEIMA DE LIVROS DE KARDEC EM BARCELONA

Em 09/10/1861 as 10:30h, por ordem do bispo da cidade, Dom Antônio Pala Y Termens, foram queimados cerca de 300 exemplares entre "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns" e "Revista Espírita" de Kardec.

Os principais jornais de Espanha deram a circunstanciada notícia do acontecimento, que os órgãos da imprensa liberal reprovaram energicamente.

Os jornais da França também citaram o fato e diz um deles que: "Não achava uma palavra para aquele ato de intolerância do clero, digno da Idade Média."

Os livros foram remetidos da França para a Espanha em caixas, entre outras mercadorias.

A grande repercussão que teve este ato concorreu para a propaganda da doutrina e fez progredir o Espiritismo na Espanha e em outros lugares. As obras queimadas foram procuradas com maior avidez.

1861 ** FOTOGRAFIA ESPÍRITA

Iniciou-se em Boston por Willian H. Mumler, que ao tirar uma foto sua, sozinho na sala, após revelar a chapa notou que havia mais alguém na foto. Era sua prima que havia morrido há 12 anos.

Perguntado se as aparições ao lado de pessoas nas fotos se davam mais com pessoas espíritas, respondeu que não; as aparições se manifestavam mais ao lado dos cépticos.

O Rev. Stainton Moses achava que as formas fotografadas eram moldadas em ectoplasma.

Pesquisas mais modernas sustentam que a imagem é precipitada no filme fotográfico ou que uma tela psíquica é aplicada na chapa (filme).

Há uns 50 anos, a existência de um corpo fluídico nos seres vivos recebeu inesperada confirmação da ciência materialista. O técnico em eletricidade Semyon Kirlian, coadjuvado por sua esposa Valentina, na Rússia, construiu uma câmara elétrica de alta freqüência na qual se podem obter fotografias coloridas, de grande beleza, de uma parte imaterial nos animais e plantas.

Mais tarde concluiu-se que fotos de objetos inanimados também emitem um raio luminoso em torno de si. Entre fotos de tecidos vivos e de objetos há uma diferença acentuada, pois nos primeiros, a luz ‚ tremulaste, mais extensa, variável e de cores diversas; nos objetos, ela ‚ estreita, uniforme e imóvel.

Comprovou-se que a luz irradiada de seres vivos varia de acordo com o estado de sanidade dos tecidos e até‚ com o estado emocional das pessoas.

1863 ** WILLIAN DENTON autor de "Segredos da Natureza", livro de psicometria. Foi a primeira pessoa a pesquisar as moldagens feitas com corpos de ectoplasma. Em alguns casos mãos materializadas eram mergulhadas em parafina líquida, que após se solidificarem e com a ausência do ectoplasma formavam moldes perfeitos de mãos humanas.

1869 ** INVESTIGAÇÕES COLETIVAS SOBRE O ESPIRITISMO

Diversas comissões foram formadas para as investigações no Espiritismo, entre elas as principais foram: 1869-70: Sociedade Dialética de Londres; 1884 - Comissão Seybert, e de 1905 a 1907 - Instituto Geral Psicológico da França.

Na comissão da França, foi convidada a médium italiana Eusapia Palladino (ver mais adiante sobre esta notável figura).

As pessoas que compunham estas comissões pouco entendiam da natureza do trabalho que defrontavam e pouco tempo tinham para se dedicar a essas investigações. A incredulidade e a falta de bom senso fizeram com que os relatórios da comissões fossem parciais e injustos.

Os homens da ciência se dividem em 3 classes: 1ª - Os que não conhecem o assunto, mas criticam assim mesmo; 2ª - os que conhecem, mas temem confessá-lo, por isso negam; e 3ª - os que sabem que a verdade e não temem proclamá-lo.

Havia na época um prestidigitador chamado Harry Houdini que cobrava 2 a 3 dólares por pessoa para ouvi-lo em discursos atacar os fenômenos, afirmando ser tudo um embuste, mesmo tendo assistido a eles.

No livro do Dr. Carl Wickland "The Gateway of Understanding - O Pértico do Entendimento" pp. 55 a 60 há uma narração da manifestação do espírito do Sr. Houdini, que se confessou profundamente arrependido pelos atos cometidos.

Ele manifestou-se graças a mediunidade da Sra. Wickland.

1870 ** AS EXPERIÊNCIAS DE SIR WILLIAN CROOKES (de 1870 a 1874)

Willian Crookes (ver mais dados acima) inicia as primeiras pesquisas no espiritismo que foram publicadas na integra em 1874, causando grande tumulto o que ameaçou de expulsão da Sociedade Real o cientista, que passou a ser mais cauteloso em suas opiniões quando exprimidas publicamente.

Realizou experiências com materializações com a médium Miss Florence Cook, de 15 anos.

Em 1874 Crookes tirou 44 fotos de um espírito materializado, que se chamava Katie King. Durante estas experiências, Crookes comprovou que a luz incidente sobre o médium de efeitos físicos, quando em transe, lhe é prejudicial (com raríssimas exceções) e que o médium também sofre severo desgaste de energias.

Foram feitos experimentos com o efeito da luz sobre o ectoplasma e o espírito materializado começou a desfazer-se gradativamente.

Pesquisas no campo da transfiguração demonstraram que o ectoplasma, sendo insuficiente para construir a figura completa, é usado para revestir o médium de modo que este possa formar a fisionomia desejada.

Ficou comprovado também que o peso de objetos pode ser alterado para mais ou para menos conforme a vontade do espírito. Instrumentos musicais foram tocados sem contato das mãos.

Friedrich Zollner, na Alemanha, fez praticamente o mesmo.

Em 1874, Crookes esquivou-se de reeditar as seus artigos sobre o assunto e não quis que circulassem as fotos tiradas de Kate King (hoje em arquivos).

Em 1904 Willian Crookes admitia em entrevistas a jornais de que o Espiritismo havia liquidado o velho materialismo e que tinha crença absoluta de que os nossos entes queridos, ao passarem para o Além, ainda nos observam.

Se alguém nos diz que não é obrigado a dar crédito as crenças, só porque um intelectual crê, deveria pensar que se Einstein acreditou na existência de Deus e isso não significa que todos venham a acreditar em Deus só porque Einstein abraçava esta crença. A crença não existe apenas pela fé. O indivíduo crê no que vê, no que ouve, no que sente, no que observa, no que experimenta. Crer é ter como verdadeiro. E tanto se pode ter como verdadeira a existência de Deus, baseada na fé, como a do fenômeno, baseada no fato.

Tanto se pode crer na existência de Deus, como presumia Einstein, por misticismo, como na existência de seres invisíveis e inteligentes, como assegurava Crookes, por suas experiências. Ora, a crença de Einstein poderia provir da fé, mas a de Crookes proveio da mediunidade.

Havia fatos, provas para a crença de Crookes, enquanto não sabemos a que existia para a crença de Einstein. A autoridade de Crookes não se limitou a Física e a Química. Sempre o consideraram o mais eclético dos sábios ingleses.

Crookes verificou durante 3 anos a existência de Katie King que freqüentemente se materializava ao lado da médium Florence Cook, a vista de testemunhas.

"As campanhas fanáticas e difamatórias contra o Espiritismo afastaram numerosos cientistas da nova Ciência e impediram o desenvolvimento natural da doutrina no mundo. Perseguições religiosas, condenações acadêmicas, escândalos na imprensa, calúnias como as lançadas sobre Crookes e Richet produziram os resultados que as forças obscurantistas objetivaram. O Espiritismo, como a Filosofia Grega no tempo de Diógenes, que se refugiou num tonel, teve que refugiar-se no coração humilde mas sincero do povo, na cripta dos sentimentos religiosos. A Ciência Admirável de Descartes apagou as próprias luzes e enfurnou-se nos tonéis da beatice. Mas o avanço irresistível das Ciências ressuscitou das cinzas essa Fênix de asas consteladas, para que o seu esplendor possa iluminar o futuro do mundo. A consciência dos espíritas, essa Bela Adormecida do bosque do comodismo, ter que despertar ante a fulguração dos novos tempos" - José Herculano Pires em "O Espírito e o Tempo".

1872 ** O REVERENDO WILLIAN STAINTON MOSES

Nasceu em 1839 e foi o escritor que deixou sua marca mais forte sobre o lado religioso do Espiritismo, até então. Praticante da caridade sem interesse, atendia aos pobres e doentes, fazendo curas em sua igreja. Tornou-se espírita em 1872.

Usava o pseudônimo de M. A. Oson para escrever suas obras.

Deixou vrias obras sobre elevados aspectos do Espiritismo e tornou-se redator da revista Light (1881 - mais a frente).

Sua mediunidade abarcou quase todos os fenômenos físicos conhecidos.

Seus livros: "Identidade dos Espíritos (1879)"; "Aspectos mais Elevados do Espiritismo (1880)"; "Psicografia (1882)"; e "Ensinos Espiritistas (1883)".

1872 ** MAIS FOTOS DE ESPÍRITOS

Fotos do espírito de Hudson despertam enorme interesse.

1875 ** ALFRED RUSSEL WALLACE (1823-1913)

Naturalista inglês, participou com o entomólogo Henry Bates de uma expedição na Amazônia, que deu origem a uma importante obra de sua extensa bibliografia: "Viagens pelo Amazonas e rio Negro (1853)". Colaborou com Darwin na elaboração da teoria evolucionista.

Publicou em 1875 "Sobre Milagres e Moderno Espiritismo".

1874 e 1875 ** OS IRMÃOS EDDY (WILLIAN e HORATIO)

Estes foram os anos de grandes atividades psíquicas nos E.U.A..

A ignorância da época era muito grande e como os fenômenos psíquicos acompanhavam até as crianças nas escolas, em casa o jovem Eddy caia em transe e o pai e o vizinho despejavam água fervente sobre ele e punham brasas sobre sua cabeça deixando-o permanentemente marcado.

Depois que cresceram, o infeliz pai tentou fazer dinheiro com os poderes que havia desencorajado e alugava os filhos como médiuns.

Assim foram os primeiros dias dos médiuns eram algemados, torturados, enjaulados.

O coronel Olcott, do jornal Daily Graphic, de N.Y., ficou encarregado de fazer investigações e desmascarar os impostores. E o Cel. Olcott testemunhou todos os tipos de mediunidade nos irmãos Eddy: batidas, movimentos de objetos, pinturas a óleo e aquarela sob influência espiritual, profecias, fala de línguas estranhas (xenoglossia), poder de cura, levitação, psicografia, psicometria, clarividência e materialização.

Olcott a tudo examinava com a presença de peritos.

Chegou-se a conclusão de que a música e o canto tinha íntima ligação com os resultados psíquicos e a luz branca era desaconselhada (usava-se a vermelha) nas materializações e efeitos físicos.

Conclui-se também o porque do uso de cabines em sessões de materializações: os vapores ectoplasmáticos podem se condensar mais facilmente.

Madame Blavatsky, então desconhecida em N.Y., tinha vindo observar os fatos. Naquela época (1874) ela ainda não tinha desenvolvido a linha teosófica e era uma espírita ardorosa.

A amizade dela com o Cel. Olcott produziria no futuro alguns fenômenos interessantes: várias materializações de russos conversavam com ela, naquela língua, mas a principal figura era um índio chamado Santum e uma índia chamada Honto que eram tão perfeitos que muitas vezes a assistência seria desculpada por esquecer que estava tratando com espíritos.

Experiências mostraram que a respiração de espíritos materializados em água de cal produz a reação característica do dióxido de carbono (a água fica turva). Os próprios espíritos diziam que tinham que aprender a arte da materialização, assim como nós aprendemos qualquer outra arte. Muitos médiuns jamais vão além do estágio em que são materializadas somente as mãos, ou parte, dos espíritos.

Willian Eddy era médium mais voltado as materializações e Horatio de características mais diversas.

Numa das materializações, a índia Honto de 1,60m de altura, foi submetida a pesagem numa balança aferida. As 4 pesagens foram feitas numa mesma noite e os resultados foram: 39,9 ; 26,3 ; 26,3 e 29,5 Kg. O médium Eddy pesava 82 Kg.

Ficou demonstrado também que cada um dos assistentes e o médium que doam ectoplasma sofrem uma perda no peso corporal.

Logo depois da chegada de Mme Blavatsky os médiuns e os espíritos se tornaram esquivos com o Cel. Olcott, que mantinha íntima relação com a 1ª Dois anos depois a dama russa, que até então era espírita, iniciava seus ensinos teosóficos denominando tais espíritos de "cascões astrais", afirmando que os mesmos não tinham vida própria.

A médium Mrs. Compton estava fechada em sua cabine com um fio passado pelos furos de suas orelhas e amarrada ao encosto de sua cadeira. Então uma figura branca emergiu de sua cabine. Olcott havia providenciado uma balança na qual o espírito ficou de pé. Foi pesado 2 vezes, registrando 35,7 e 27,3 Kg respectivamente. Então o Cel. Olcott foi a cabine, deixando o espectro do lado de fora. A médium havia desaparecido. A cadeira estava lá, mas nem sinal da senhora. Olcott pesou novamente a aparição que apresentou 23,5 Kg, depois voltou a cabine e encontrou a médium sentada, fios intactos, pálida e fria, olhos revirados, testa úmida sem pulso e sem respiração. Estava em catalepsia e foi levada para um local arejado, fora da câmara. Ficou assim por 18 minutos, voltando a vida gradativamente. Foi pesada, apresentando 55 Kg.

Onze testemunhas presenciaram o fato. O desaparecimento momentâneo da médium pode ser assim teorizado: a figura ectoplasmática pesava cerca de 35 Kg (numa das pesagens) e a médium 55 Kg, tornando-se claro que apenas 20 Kg eram deixados para a médium, quando o espírito estava fora. Só 20 Kg não bastavam para sobreviver e provavelmente os guias espirituais a tenham desmaterializado para preservá-la do perigo até que a volta do espírito materializado lhe permitisse a reabsorção.

1875 ** WILLIAN EGLINTON

Os casos de levitação de objetos se davam em plena luz do dia (caso raro). Visitou vários países: África do Sul, Suécia, Dinamarca e Alemanha. Em 1880 foi na Universidade de Cambridge, onde realizou trabalhos sob a fiscalização da Sociedade de Psicologia. Depois foi na Holanda, E.U.A., Índia, Itália e França. Verificou-se com Eglinton também o fenômeno das lousas (ver adiante).

1875 ** O MÉDIUM DR. MONCK

Fez demonstrações de materializações na Inglaterra. Em 1876 visitou a Irlanda, onde usou seus dons para efetuar curas. Ofereceram um prêmio de 1000 libras a quem imitasse os fenômenos. O grande mágico J. N. Maskelyne tentou, sem sucesso.

1876 ** HENRY SLADE - O célebre médium da escrita nas lousas

Eram escritas mensagens nas faces internas de 2 lousas, por vezes amarradas e seladas juntas, a vista de todos, sem que o médium as tocasse.

Slade provocava a levitação de objetos e materialização de mãos em plena luz do dia. Costumava cobrar 20 shillings para apresentar-se.

Ao final de sua vida, há indícios de que degenerou. Sessões promíscuas, com finalidade comercial, esgotamento físico, estímulo alcoólico, perda de saúde, enfraquecimento do caráter e conseqüente tentação de usar truques. Morreu em 1905, num sanatório em Michigan.

O interessante notar o semelhante fim de todos os médiuns que não seguiram as máximas do Cristo: "Orar e Vigiar" e "Dar de graça o que de graça recebermos".

Com o médium Dr. Monck (visto anteriormente) também ocorria o fenômeno das lousas, que estando amarradas uma a outra, surgiam com frases ditas pelos assistentes.

1880 ** O Rev. Stainton Moses diz em discurso perante a Associação Nacional Britânica dos Espiritistas: "Precisamos muito de disciplina e de educação...", pois muitas fraudes surgiam junto aos charlatões.

Ficou evidente que o Reverendo era um médium consciente de que a disciplina e a reforma íntima para o Bem ‚ imprescindível para todos.

1881 ** O criado Light - um semanário espírita de alta classe, cujo redator ‚ o Rev. Stainton Moses.

1882 ** CRIADA A SOCIEDADE DE PESQUISAS PSÍQUICAS

O primeiro trabalho foi dedicado a uma investigação experimental de transmissão do pensamento. Depois de longas e pacientes pesquisas a telepatia foi considerada um fato inconteste. Várias vezes a Sociedade colocou-se numa posição de considerar fraudulentos os fenômenos espíritas. Alguns de seus elementos eram totalmente cépticos e analisavam os fatos de maneira errônea, ou seja, negando a existência dos fenômenos mesmo quando ocorriam em sua frente, a plena luz do dia.

Amplamente discutidos eram os casos de "correspondências cruzadas" em que mensagens de vários espíritos se complementavam umas nas outras.

1903 ** O ECTOPLASMA

Tal substância foi cuidadosamente examinada em 1903 pelo eminente fisiologista francês Dr. Charles Richet (1850-1935, Nobel de medicina em 1913), que a chamou de ectoplasma. O Dr. Richet tinha as vezes como assistente Gabriel Delanne, editor da "Revista do Espiritismo".

Muitas fotos de materializações foram tiradas. Nas mais diversas experiências com ectoplasma ficou comprovado que: quando tocado, ou iluminado por luz inadequada, ele se recolhe rapidamente, com raríssimas exceções. Se agarrado e apertado, o médium gritará. Com o consentimento do médium foi cortada uma pequena porção. Dissolveu-se na caixa em que foi colocado, como se fosse neve, deixando umidade e algumas células que foram examinadas e classificadas como epiteliais da membrana mucosa.

Em algumas materializações as formas tinham inicialmente duas dimensões. Algumas faces materializadas talvez representem pensamentos do médium. O ectoplasma pode ser branco, preto ou cinza, sendo mais freqüente o primeiro. Tudo indica que o ectoplasma ‚ a parte exteriorizada do próprio médium.

Um trabalho que assume destaque nesta área é o do prof. J. W. Crawford, catedrático de Mecânica Aplicada da Universidade de Belfast (Irlanda). Suas deduções e reflexões estão relatadas na obra "A Realidade dos Fenômenos Psíquicos". Crawford deixou numerosas fotografias e descrições detalhadas da formação do ectoplasma e das atividades do mesmo para produzir levitações, movimentos a distância e golpes (raps).

O Dr. Eugênio Osty declara após sua pesquisa sobre a formação ectoplásmica: "Encontramos um processo que revela com tal nitidez e segurança a existência, os deslocamentos e a direção psíquica dessa substância, que a demonstração de tais fatos é tão probante como a mais pura e a mais simples experiência de Física" - "Les Pouvoirs Inconnus de L'esprit Surla Matiere".

Os fenômenos de transporte têm o nome de Telecinésia, na Parapsicologia.

1907 ** EUSAPIA PALLADINO

Nasceu em Nápoles em 1854 e morreu em 1918.

Esta médium italiana foi a 1ª de efeitos físicos a ser examinada por um grande número de homens da ciência. Principais manifestações: movimento de objetos sem contato, levitações de mesas, levitação do próprio médium, aparecimento de mãos materializadas, de rostos, de luzes, execução de músicas em instrumentos sem contato e aumento de sua própria estatura.

Eusapia disse ficar automaticamente influenciada pelos pensamentos dos assistentes. Na verdade, o aspecto psicológico da mediunidade, pouco conhecido, tem grande influência sobre os fenômenos.

Eusapia era caridosa e se preocupava com as crianças, os doentes e os animais. Distribuía o que ganhava aos pobres.

1914 - O ESPIRITISMO E A GUERRA

As mortes ocorreram em quase todas as famílias despertando um súbito interesse concentrado na vida após a morte. Muitas pessoas procuravam ansiosas saber se era possível a comunicação com os entes queridos que haviam partido.

A imprensa, pressionada pela opinião pública, teve que fazer publicar casos de soldados que se comunicavam após a morte física.

A 1ª guerra foi prevista em várias comunicações de espíritos por toda a Inglaterra. Ficou comprovado também que há longa margem nas previsões que pode ser afetada pela ação e vontade humana.

Um profundo aspecto da guerra mundial está envolvido na consideração de que a guerra na Terra ‚ apenas um aspecto das batalhas invisíveis em planos diferentes onde se chocam os poderes do Bem e do mal.
Aspecto religioso do Espiritismo

O povo hebreu foi o escolhido para a realização sagrada de constituir uma religião francamente monoteísta, mais avançada e verdadeira, que representaria o fulcro luminoso do conhecimento espiritual do futuro, com base na promessa divina feita ao patriarca Abraão, na cidade de Uré, na Mesopotâmia.

Cativo por 400 anos dos egípcios, nas terras de Goshen, em trabalhos forçados, surgiu para esse povo um missionário poderoso e iluminado - Moisés - que dali o libertou, conduzindo-o a uma terra de promissão, as margens do rio Jordão, em Canaã.

Foi-lhe outorgado um código avançado de conduta moral - o Decálogo - e um deus único - Jeová - protetor e defensor, que se manifestava de forma tão evidente e objetiva, em todas as ocasiões graves, que se radicou para sempre no coração desse povo. Suas leis religiosas eram rigorosas, inflexíveis e tão fortes, que puderam mantê-lo unido e fiel através dos tempos e das mais terríveis vicissitudes.

Não eram leis de redenção, mas de aglutinação em torno a uma realidade única, a um poder cósmico soberano e uno, a um código que levasse a realizações redentoras, futuramente.

Essa foi a missão de Moisés, o missionário hebreu: preparar um povo para a primeira religião monoteísta; limpar os caminhos para o advento de um novo enviado divino; arrotear o solo para uma semeadura de maior expressão evolutiva. As comunicações mediúnicas, já naquela época, eram abundantes. Mas tamanhos eram os abusos em evocar indiscriminadamente os espíritos, que Moisés proibiu estas atividades.

Veio então Jesus, mais tarde, na Palestina; o excelso Enviado, que pregou e praticou a redenção pelo amor, a unidade em Deus, como Pai.

O substrato de seu código moral, denominado Evangelho ou Boa Nova, está contido no Sermão do Monte, cujas regras são, ao mesmo tempo, uma libertação pelo conhecimento e uma realização redentora.

O cultuado no mundo por centenas de milhões de adeptos, mas jamais foi cumprido no seu verdadeiro sentido cósmico e, por isso, a humanidade não pôde ser ainda encaminhada a seus superiores destinos espirituais.

O missionário nazareno, uma verdadeira manifestação do Cristo Planetário, foi imolado na cruz pelo povo escolhido, aquele mesmo povo preparado para recebê-lo e amá-lo; e os seus ensinamentos, pouco mais tarde, foram utilizados para dominação religiosa, visando interesses meramente humanos.

Mas encerrou-se o ciclo ? Não. Na sua consciência das coisas futuras, sabendo que seus ensinamentos e seu testemunho de amor, na morte física, não bastariam para esclarecer as consciências, o Cristo prometeu, como pastor e guia da humanidade, não esmorecer nos esforços de redenção, não como naqueles dias, descendo na Terra ele mesmo, mas enviando novos missionários para completar a obra, antes que as sombras do encerramento do ciclo se estendessem sobre o mundo; essa mesma obra que os discípulos e apóstolos, logo após seu regresso aos Planos Espirituais, tentaram realizar na Terra com a difusão do Evangelho, em várias partes do mundo de então, oferecendo-se como testemunhos vivos de sua autenticidade e do seu poder redentor.

O sacrifício desses servidores fiéis não foi inútil porque os ensinamentos se perpetuaram no Tempo, difundiram-se pelo mundo, e serviram de base na criação do Cristianismo Primitivo, que exigia a vivência, segundo a essência do ensinamento.

Conquanto tenha sido substituído mais tarde, como já o dissemos, por organizações religiosas dogmáticas, mais que tudo radicadas a interesses humanos, a doutrina verdadeira não desapareceu - "minhas palavras", disse o Cristo, "não passarão" - porque viriam mais tarde a ser revividas em espírito e verdade - "Deus é espírito e em espírito e verdade deve ser adorado" - por uma religião não de homens, mas de próprios discípulos e mensageiros.

E veio, em nossos dias, como Doutrina dos Espíritos, cuja tarefa é reviver esse cristianismo primitivo. Essa Doutrina hoje se expande irresistivelmente pelo mundo, sem fronteiras e, como antes, nos tempos apostólicos, sua finalidade ‚: 1º - esclarecer as mentes sobre as verdades espirituais; 2º - operar nos homens as transformações morais indispensáveis na sua redenção na sua integração nos mundos espirituais superiores.

Reviver, pois, o cristianismo primitivo, na essência dos seus ensinamentos e nos termos expressos pelo Divino Mestre, es a sua gloriosa tarefa, em pleno curso em nossos dias.

O Espiritismo, portanto, não é simplesmente um conhecimento teórico ou especulativo: é iniciação em verdades maiores e ação plena e efetiva em bem da coletividade; não ‚ somente um esforço intelectual, uma pesquisa de caráter filosófico, ou demonstrações de fenômenos "estranhos", com abrangência, mais ou menos profunda, nas leis naturais; mas devotamento ao próximo, auxílio sem nenhuma discriminação, confraternização, demonstrações legítimas de amor universal, para que assim os homens se redimam do passado culposo e se aproximem de Deus.

A realização espiritual, individual e coletiva, no sentido elevado e verdadeiro; doutrina essencialmente redentora, porque tem a força do convencimento pelos fatos.

Os escritos dos chamados Pais da Igreja estão repletos de ensinos e práticas espíritas. Os primeiros cristãos viviam em íntimo e familiar contato com os invisíveis. Sabiam como fato absoluto que a morte não significa mais que a passagem para uma vida mais ampla.

Hoje, algumas religiões afirmam que somos descendentes de Adão e Eva.

A Antropologia, uma ciência oficial, tem provas concretas de que o homem vem evoluindo através das espécies há milhões de anos.

Estas mesmas religiões negam a existência dos espíritos, e assim como a estêria de Adão e Eva, pouco de substancial oferece aos seus sectários.

Precisamos pisar em "terra firme", ou seja, em idéias e fatos que sejam suscetíveis de comprovações. Mas quantas pessoas acreditam em Adão e Eva? e que espírito ‚ coisa do "demo" ?. São aqueles que crêem sem questionar. Ou a fé cega, que rende a ilusão do crente... e o bolso cheio de dízimos para os seus líderes.

Questionar é preciso. E buscar provas, mais ainda. O mais cômodo ficar repetindo o que os outros disseram, mas isto contrapõe com o uso racional da inteligência. Se alguém discorda de alguma coisa em sua religião, tem o direito e o dever de se manifestar e fazer uso público de seu raciocínio lógico.

A liberdade de pensamento e ação é a tônica que deve orientar a vida do cristão.
Testemunhos

Os testemunhos do século passado não desapareceram com o tempo. Nem os fatos. Nem as experiências.

Os grandes médiuns, como os grandes cientistas, os grandes exemplos, os grandes testemunhos estão iluminando os caminhos que os novatos vão trilhar.

Para a Psicologia, apesar de estar num estágio inicial, veio dar como absolutamente demonstrado aquilo que se tinha como falso.

Quanto a literatura moderna, o que se está vendo é cientistas, psicólogos, filósofos, proclamarem já a independência do espírito, e até a sobrevivência, o que seria formidável escândalo no passado. Veja-se Bergson, Hansdriech, Primot, Frazer, Bertrand de Cressac, Montadon, Nicola Pende, Rhine, e outros. Os que se fiaram deles já não estão na base do testemunho do passado.

No livro "A Alavanca da Mente", Joseph Banks Rhine declara que "as hipóteses relativas ao fenômeno psíquico não são superiores a hipótese espírita", e " é no problema da imortalidade que melhor se tem encontrado a Religião e a Parapsicologia".

Os fatos hoje tidos por grande novidade em Parapsicologia, foram já objeto de estudos e deles se ocuparam os maiores sábios do Velho e do Novo Continente. Richet deu-lhes o nome de Metapsíquica.

Vários padres e religiosos manifestaram-se favoravelmente ao Espiritismo e suas verdades. Eis alguns deles:

- rev. George Vale Owen, recebeu mensagens espíritas que reuniu numa obra em quatro volumes denominada "A Vida Além do Véu";

- rev. W. Stainton Moses psicografou os "Ensinos Espiritistas"; e outras obras.

- rev. G. Maurice Elliot e outros escreveram diversos e apreciados livros espíritas;

- O pastor islandês Haraldur Nielsson, teólogo em Reykjavik escreveu: "Minhas Experiências Espíritas" e "O Espiritismo e a Igreja";

- O Padre Marchal também defendeu o Espiritismo diante de seu colegas.

DIFERENÇA ENTRE ESPIRITISMO E PARAPSICOLOGIA

A principal diferença entre a Parapsicologia e o Espiritismo é que a primeira tem sido até agora especulativa, enquanto que o segundo interpreta o fenômeno, desvendado-lhe a causa. O Espiritismo vai na fonte e a Parapsicologia apanha a corrente no meio do caminho.
O Espiritismo no Brasil

O termo "espírita" ficou definido para os que adotam a doutrina codificada pôr Allan Kardec, pôr ocasião em que suas obras foram escritas, ou seja, a mais de 120 anos.

No Brasil o Espiritismo assume um papel de destaque em nossa sociedade. A organização dos vários centros e associações credenciados fica a cargo de instituições como a Federação Espírita Brasileira - FEB, a Federação Espírita do Estado de São Paulo - FEESP, a U.S.E. e outras.

O Espiritismo é baseado, como dissemos na codificação Kardeciana e tem por base a prática do lema: "Fora da Caridade não há Salvação", por isso vemos na maioria dos centros espíritas credenciados funcionarem as creches, abrigos para a velhice, escolas para alfabetização, campanhas visando a caridade e obras assistências sem cobrança de nenhuma taxa ou remuneração.

Mas não é só isso. O verdadeiro espírita vive sua auto-reforma, a derrotar constantemente o homem velho que existe em seu interior, esforçando-se para vivenciar as lições do Cristo. Ele sabe que é imperfeito, mas permanece na busca contínua e silenciosa da sua harmonia com o Cristo.

Dizer que o Espírita não é cristão, ou que não aceita Jesus em seu coração‚ é no mínimo, ignorar ou desconhecer a Doutrina. O Espírita não só é cristão, como está constantemente se esforçando por praticar as lições deixadas pelo Mestre Nazareno.

Há muitas confusões, feitas intencionalmente ou não, entre o Espiritismo e numerosas formas de sincretismo religioso afro-brasileiro, hoje largamente difundidas.

As vezes, opositores da doutrina espírita costumam fazer intencionalmente essas confusões, com o fim de afastar pessoas do Espiritismo.

Os grupos umbandistas, africanistas e neo-espiritualistas em geral se intitulam de espíritas. Note que não está agora em discussão a boa intenção de inúmeros médiuns dispostos a ajudar seu semelhante, mas a identificação ideológica desses movimentos e do próprio Espiritismo.

Algum tempo atrás, o CONDU - Conselho Nacional Deliberativo Da Umbanda, no Rio de Janeiro lançou uma campanha para que suas tendas assumissem a definição de "umbandistas" no frontispício das sedes. Infelizmente parece que este projeto não logrou resultado.

Seria de interesse geral que os órgãos federativos da Umbanda, Candomblé, Santo Daime, União do Vegetal e demais agremiações neo-espiritualistas e mediunistas, retirassem o título "espírita" de suas fachadas.

A imprensa brasileira é useira e vezeira em utilizar essas palavras em notícias que envolvem praticas mediúnicas e presença de entidades espirituais.

É assim que se tornam "espíritas" os mais chocantes casos de mistificação, fanatismo, magia negra, debilidade mental, sacrifícios de animais e até de seres humanos.

Há também as cartomantes, quiromantes, curadores, jogadores de búzios que se dizem "espíritas".

Nosso país é um imenso cabedal de mediunidade. As pessoas são pré-dispostas na aceitação dos fenômenos mediúnicos e desde pequenas as nossas crianças são levadas aos médiuns para que recebam algum benefício (benzedeiras).

Na Bahia, por exemplo, a Igreja não sobreviveria sem os terreiros de Umbanda e Candomblé. É o imenso sincretismo religioso. Muitos dos que se dizem católicos freqüentam a igreja e visitam regularmente os terreiros das religiões afro-brasileiras.

Não há como negar que a mediunidade faz parte do nosso dia-a-dia.

Temos médiuns espíritas exemplares: Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Zilda Gama, e muitos outros.

Quem não conhece ou ouviu dizer de alguém que foi até Uberaba e recebeu uma linda mensagem de seu ente querido desencarnado, trazendo-lhe palavras de conforto e provando delicadamente sua identidade ?. A própria imprensa tem divulgado vários casos deste naipe, colocando em destaque a fabulosa mediunidade do nosso querido Chico Xavier que, sempre humilde, ficava a agradecer a presença de todos os que iriam procurá-lo.

Chico nunca recebeu um centavo pelo seu trabalho mediúnico. Cumpre religiosamente o "Dar de graça o que de graça recebemos". Colocava em prática os ensinamentos do Cristo e por isso era um médium feliz, como felizes seremos quando deixarmos de lado as teorias e passarmos a praticá-las em favor de nossos semelhantes menos favorecidos.

Chico morava na periferia de Uberaba - MG e viveu de sua aposentadoria no Ministério da Agricultura.
Conclusão

Apesar de todos os obstáculos que o Espiritismo tem encontrado, ou toda a oposição que foi feita na Metapsíquica, ou a deformação que querem impor a Parapsicologia, a Ciência caminhar.
Diremos novamente como Kardec: "A Ciência marchará com os homens, sem os homens e apesar dos homens".

domingo, 28 de novembro de 2010

A Bomba D'água - Autor: Desconhecido

Contam que um certo homem estava perdido no deserto, prestes a morrer
de sede.

Foi quando ele chegou a uma casinha velha, uma cabana desmoronando - sem janelas, sem teto, batida pelo tempo. O homem perambulou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico.

Olhando ao redor, viu uma bomba a alguns metros de distância, bem velha e enferrujada. Ele se arrastou até ali, agarrou a manivela, e começou a bombear sem parar. Nada aconteceu. Desapontado, caiu prostrado para trás e notou que ao lado da bomba havia uma garrafa. Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu o seguinte recado:
"Você precisa primeiro preparar a bomba com toda a água desta garrafa, meu amigo.
PS.: Faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir."

O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu em um dilema:
Se bebesse aquela água poderia sobreviver, mas se despejasse toda a água na velha bomba enferrujada, talvez obtivesse água fresca, bem fria, lá no fundo do poço, toda a água que quisesse e poderia deixar a garrafa cheia pra próxima pessoa... mas talvez isso não desse certo.

Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar a água fresca e fria ou beber a água velha e salvar sua vida? Deveria perder toda a água que tinha na esperança daquelas instruções pouco confiáveis,escritas não se sabia quando?

Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear... e a bomba começou a chiar. E nada aconteceu!

E a bomba foi rangendo e chiando. Então surgiu um fiozinho de água; depois um pequeno fluxo, e finalmente a água jorrou com abundância! A bomba velha e enferrujada fez jorrar muita, mas muita água fresca e cristalina.

Ele encheu a garrafa e bebeu dela até se fartar. Encheu-a outra vez para o próximo que por ali poderia passar, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota ao bilhete preso nela:
"Creia-me, funciona! Você precisa dar toda a água antes de poder obtê-la
de volta!"

Podemos aprender coisas importantes a partir dessa breve história:
1. Nenhum esforço que você faça será válido, se ele for feito da forma errada. Você pode passar sua vida toda tentando bombear algo quando alguém já tem reservado a solução para você. Preste atenção a sua volta! Deus esta sempre pronto a suprir sua necessidade!

2. Ouça atentamente o que Deus tem a te dizer, através de alguém, de um livro, de uma mensagem de rádio ou TV, de um jornal ou revista, através da INTERNET ou de um e-mail, etc. e confie. Como esse homem, nós temos as instruções por escrito à nossa disposição. Basta usar.

3. Saiba olhar adiante e compartilhar! Aquele homem poderia ter se fartado e ter se esquecido de que outras pessoas que precisassem da água pudessem passar por ali. Ele não se esqueceu de encher a garrafa e ainda por cima soube dar uma palavra de incentivo. Se preocupe com quem está próximo de você, lembre-se: você só poderá obter água se a der antes.
Cultive seus relacionamentos, dê o melhor de si!

Obsessão Pacífica - Chico Xavier (médium) Irmão X (Espírito)

Quando reencontrei o meu amigo Custódio Saquarema na Vida Espiritual, depois da efusão afetiva de companheiros separados desde muito, a conversa se dirigiu naturalmente para comentários em torno da nova situação.

Sabia Custódio pertencente a família espírita e, decerto, nessa condição, teria ele retirado o máximo de vantagens da existência que vinha de largar. Pensando nisso, arrisquei uma pergunta, na expectativa de sabê-lo com excelente bagagem para o ingresso em estâncias superiores. Saquarema, contudo, sorriu de modo vago, e informou com a fina autocrítica que eu lhe conhecia no mundo:

- Ora, meu caro, você não avalia o que seja uma obsessão disfarçada, sem qualquer mostra exterior. A Terra me devolveu para cá, na velha base do “ganhou mas não leva”. Ajuntei muita consideração e muito dinheiro; no entanto, retorno muito mais pobre do que quando parti, no rumo da reencarnação...

Percebendo que não me dispunha a interrompê-lo, continuou:

- Você não ignora que nasci num lar espírita, mas, como sucede à maioria dos reencarnados, trazia comigo, jungidos ao meu clima psíquico, alguns sócios de vícios e extravagâncias do passado, que, sem o veículo de carne, se valiam de mim para se vincularem às sensações do plano terrestre, qual se eu fora uma vaca, habilitada a cooperar na alimentação e condução de pequena família... Creia que, de minha parte, havia retornado a charrua física, levando excelente programa de trabalho que, se atendido, me asseguraria precioso avanço para as vanguardas da luz. Entretanto, meus vampirizadores, ardilosos e inteligentes, agiam à socapa, sem que eu, nem de leve, lhes pressentisse a influência... E sabe como?

- ?...

- Através de simples considerações íntimas – prosseguiu Saquarema, desapontado. – Tão logo me vi saído da adolescência, com boa dose de raciocínios lógicos na cabeça, os instrutores amigos me exortaram, por meus pais, a cultivar o reino do espírito, referindo-se a estudo, abnegação, aprimoramento, mas, dentro de mim, as vozes de meus acompanhantes surgiam da mente, como fios d´água fluindo de minadouro, propiciando-me a falsa idéia de que eu falava comigo mesmo: “Coisas da alma, Custódio? Nada disso. A sua hora é de juventude, alegria, sol... Deixe a filosofia para depois...”. Decorrido algum tempo, bacharelei-me. As advertências do lar se fizeram mais altas, conclamando-me ao dever; entretanto, os meus seguidores, até então invisíveis para mim, revidavam também com a zombaria inarticulada: “Agora? Não é ocasião oportuna. De que maneira harmonizar a carreira iniciante com assuntos de religião? Custódio, Custódio!... Observe o critério das maiorias, não se faça de louco!...”. Casei-me e, logo após, os chamados à espiritualização recrudesceram, em torno de mim. Meus solertes exploradores, porém, comentaram, vivazes: “Não ceda, Custódio! E as responsabilidades de família? É preciso trabalhar, ganhar dinheiro, obter posição, zelar por mulher e filhos...”. A morte subtraiu-me os pais e eu, advogado e financista, já na idade madura, ainda ouvia os bons Espíritos, por intermédio de companheiros dedicados, requisitando-me à elevação moral pela execução dos compromissos assumidos; todavia, na casa interna se empoleiravam os argumentos de meus obsessores inflexíveis: “Custódio, você tem mais quefazeres... Como diminuir os negócios? E a vida social? Pense na vida social... Você não está preparado para seara de fé...”. Em seguida, meu amigo, chegaram a velhice e a doença, essas duas enfermeiras da alma, que vivem de mãos dadas na Terra. Passei a sofrer e desencantar-me. Alguns raros visitantes de minha senectude, transmitindo-me os derradeiros convites da Espiritualidade Maior, insistiam comigo, esperando que eu me consagrasse às coisas sagradas da alma; no entanto, dessa vez, os gritos de meus antigos vampirizadores se altearam, mais irônicos, assoprando-me sarcasmo, qual se fora eu mesmo a ridicularizar-me: “Você, velho Custódio?! Que vai fazer você com Espiritismo? É tarde demais... Profissão de fé, mensagens de outro mundo... que se dirá de você, meu velho? Seus melhores amigos falarão em loucura, senilidade... Não tenha dúvida... Seus próprios filhos interditarão você, como sendo um doente mental, inepto à regência de qualquer interesse econômico... Você não está mais no tempo disso...”.

Saquarema endereçou-me significativo olhar e rematou:

- Os meus perseguidores não me seviciaram o corpo, nem me conturbaram a mente. Acalentaram apenas o meu comodismo e, com isso, me impediram qualquer passo renovador. Volto da Terra, meu caro, imitando o lavrador endividado e de mãos vazias que regressa de um campo fértil, onde poderia ter amealhado inimagináveis tesouros... Sei que você ainda escreve para os homens, nossos irmãos. Conte-lhes minha pobre experiência, refira-se, junto deles, à obsessão pacífica, perigosa, mascarada.... Diga-lhes alguma coisa acerca do valor do tempo, da grandeza potencial de qualquer tempo na romagem humana!...

Abracei Saquarema, de esperança voltada para tempos novos, prometendo atender-lhe a solicitação. E aqui lhe transcrevo o ensinamento pessoal, que poderá servir a muita gente, embora guarde a certeza de que, se eu andasse agora reencarnado na Terra e recebesse de alguém semelhante lição, talvez estivesse muito pouco inclinado a aproveitá-la.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Caridade Vem de Dentro - Jorge Gomes - Revista de Espiritismo 34-FEP

Caridade. Para o espiritismo é a virtude máxima. É indiscutível que começa em casa, e, em síntese, é o amor em movimento.

Na óptica espírita, o oposto da caridade é o egoísmo. Ela é generosa, ele é mesquinho.
Não está em causa o manicaísmo resultante das concepções que se recusam a ver o ser humano como alguém submetido ao trabalho da sua própria evolução: todo o bem de um lado, do outro o mal. Herculano Pires já dissertou com mestria sobre a função do egoísmo nos horizontes evolutivos de onde vimos, via reencarnação, na sua obra «Curso Dinâmico de Espiritismo». O egoísmo é uma forma de comportamento que estamos a abandonar e que encontra as suas causas profundas no eterno desejo de estar bem, embora siga, é claro, pelo caminho errado. Ser não é possuir. Estar não é ser.

Não justifiquemos por isso o egoísmo, a que estamos a deixar de tender, quando se percebe que já temos condições de melhorar.

Essa tendência no percurso evolutivo de qualquer pessoa é parecida com a corrente de um curso de água na busca do oceano. Os rios, a partir da nascente, são rápidos, de leito abrupto, mas amansam à medida que atingem o mar e que envelhecem. Na evolução é também assim. E estamos no início, não nos iludamos.

Tão inconsciente é essa tendência de sermos egoístas, como se compreende, que agimos com ele, vindo de nós próprios, nas suas diversas roupagens sociais - a veste familiar, o pano comunitário e a farda nacional.
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Viver por viver não satisfaz. É importante viver bem. Seja neste plano de vida material, seja no Além. O egoísmo resseca, desalenta, infelicita. O amor refaz, desanuvia, alegra, e jamais se desgasta, tanto mais quanto mais depurado é. Isso porque é a meta evolutiva a que tendemos, em estágios mais amadurecidos.

A caridade - nada mais que o amor em movimento - é a grande desconhecida. Passa na história da Humanidade com personagens memoráveis, e assim sonhamos tê-la connosco. O grande problema é o de a conquistar: ela não se compra nem se transfere de uns para outros. Adquire-se, construindo-a no imo. Não é um objeto.

Também não é obra construída de agora para logo ou de hoje para amanhã, como um produto acabado. O psiquismo humano é complexo, como se se compusesse de diversas camadas que se justapõem numa individualidade una e única.

Um mergulho de superfície na caridade não é de desperdiçar. Mas daí a acreditar-se que o problema de a assimilar é imediato e rápido vai um longo caminho que desmente essa ilusão: o da experiência.

É compreensível: evoluir, amadurecer espiritualmente, não é seguir regras de fora para dentro, memorizar, mas sim debater ideias, estudar, aprender, testar, vivenciar para constituir sabedoria. E esta, património irreversível (quando muito apenas ocultado temporariamente via reencarnatória ou outra), segundo as situações concretas, verte atitudes luminosas de dentro para fora, sem esperar ou desejar aplauso, que não seja o da sua consciência feliz.
Ser e parecer

Caridade não é «caridadezinha». Temos uma amiga cuja prática é admirável. Integra uma equipa diretora de uma associação de proteção à infância. Há algum tempo houve um jantar beneficente ilustrado com quem dizem ser o herdeiro da extinta coroa portuguesa. Esgotados os lugares, entre os sócios houve uma senhora que ficou ofendida por não lhe reservarem bilhetes ao ponto de entre impropérios dizer que ia deixar de ser sócia.

É um exemplo clássico. A contribuição dessa senhora revoltada feita até à data não perdeu valor. Ela é que rejeita a alegria de continuar a colaborar na satisfação das necessidades dessas crianças em séria dificuldade. Essa mistura do egoísmo e do orgulho com a caridade não é coisa fácil de erradicar. Porquê?

Porque a evolução para ser real, autêntica, tem de ser amadurecida em todas as camadas do nosso psiquismo, das mais superficiais para as mais profundas, e só quando atinge, se sedimenta nestas é que se torna mais frequente.

Vejamos a definição elevada, sucinta, clara e completa de «O Livro dos Espíritos»:

Allan Kardec: - Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entende Jesus?

Resposta: - Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
Doação imaterial

Caridade é doação afetiva, desinteressada, espontânea. Traz aos destinatários um bem-estar real, não um gozo periférico. O espírito Emmanuel, numa mensagem ensina que ficamos apenas com o que damos.

Caridade é a fraternidade que acompanha o gesto, a atitude interior. Não é o gesto visualizado. Este pode apenas querer parecer, para merecer o aplauso mundano, conforme descreve o Evangelho.

Pensar nos outros, nas suas dificuldades. Ajudar... sem atrapalhar.

Neste cenário, contudo, quando uma mão se estende para auxiliar, torna-se necessário, em geral, que haja uma mão que queira receber. Este é um dos maiores entraves ao processo de aproximação que envolve a caridade. Os espíritos mais sábios sabem «convencer» o necessitado a aceitar a contribuição fraterna, ao cativá-lo, sensibilizando-o.

A caridade vai-se sedimentando no nosso comportamento tanto mais quanto mais o quisermos, sem angústias ou pressas. E começa nas mais pequeninas coisas. Às vezes ajuda reflectir no lado bom das pessoas mais próximas, em casa, no trabalho, na rua, ou das circunstâncias. Pensar na caridade sem ser de cima para baixo, como sendo eu o bom e o outro o desgraçado. Somos seres que caminhamos lado a lado, todos necessitados do amparo recíproco. Temos momentos melhores umas vezes, de outras têm os outros.

O que não resulta, por certo, é fazer cobranças a outrem, porque é melhor convencermo-nos, em benefício próprio, que ninguém - mas mesmo ninguém - tem qualquer obrigação de ser caridoso connosco, mas, de fato, nós próprios temos a maior obrigação de ser caridosos com os demais, entendendo-os, perdoando o que houvesse a perdoar, agradecendo a quota de generosidade com que de uma forma ou de outra nos beneficiam...

E aí, caridade pode ser o silêncio de alguém que nos tolera algum desassossego.

Os amigos

Às vezes, irrefletidamente, acreditamos que os nossos amigos são aqueles que jamais nos apontam os enganos, que nos dizem que somos os maiores do mundo, que nos batem nas costas, mesmo quando estamos quase a caminho de um colapso de consciência.

Caridade não é aplaudir, apoiar a asneira. É manter a fraternidade de, na altura certa, sem violência, dizer o que se pensa, mesmo que não nos seja perguntado diretamente.

Dar mais espaço a alguém em caminhada acelerada para estertorosa queda não é ser seu amigo. Aparecer como se lhe desse apoio, isso não é ajudá-lo.

A caridade não exclui a disciplina nem uma conduta coerente, mas sem agressividade.

Caridade social

A nossa tendência a tomar os conteúdos pela forma conduz a confusões como as de considerar que a prática da caridade para ser autêntica obriga a participar necessariamente - e em casos extremos até a criar - em obras de assistência social como orfanatos, hospitais, lares de idosos. Diz-se que o movimento espírita brasileiro passou a ser respeitado pelas obras dessa índole que foi criando com muito altruísmo. Até pode ser. Mas o fato é que o que dignifica mesmo, e passa uma boa impressão para quem não é espírita, é a conduta da pessoa em causa: o seu equilíbrio, a sua brandura, a sua paz, a sua capacidade de perdoar, numa palavra o seu timbre de caridade.

Esta virtude não nasce de fora para dentro, a partir de regulamentos: é manifestação afetiva de dentro para fora. A base da caridade assenta na sensibilidade, no conhecimento, no discernimento.

Depois, a caridade não tem rótulo. Não existe uma caridade espírita, outra budista, etc.. O amor em movimento - a caridade - é universalista, ajuda sem olhar a quem, levantando o ser para a dignificação de si próprio. É louvável matar a fome e a sede a quem a tem, inquestionavelmente. Mas proporcionar-lhe educação para prover a si próprio é o mais desejável. A maior caridade não será a divulgação do espiritismo?