domingo, 27 de junho de 2010

Criado Por Deus Para Vencer ! ! !


GOTAS DE PAZ
Sei que Deus não me criou para que me sentisse derrotada
pelos problemas que a vida me apresenta.
Deus não me criou para o desânimo que insistente bate à porta de meu coração,
sempre que alguma coisa não dá certo.
Ele não quer ver esta ruga que aparece em meu rosto,
refletido no espelho, sinal de toda a preocupação que ocupa minha mente.
Ele sabe que se hoje as coisas não me parecem bem,
amanhã, à luz de um novo dia, elas me parecerão menos graves,
do que o impacto que me causaram.
Ele sabe, que não obstante, à pequenez de minha fé,
sinto que posso contar com a Sua proteção.
Sabe que tenho a certeza absoluta de que não colocará em meus ombros
peso maior do que eu possa suportar.
Sabe que entendo que essas experiências desagradáveis
pelas quais passo em minha vida,
servirão apenas para evoluir e fortalecer meu espírito
e enriquecer meus conhecimentos.
E é por tudo isso, que não devo esmorecer,
não devo dar ao meu inimigo, seja ele quem for,
físico, moral ou espiritual, o gosto da vitória sobre mim.
Deus me criou para ser amado, principalmente por mim mesmo!!!
Deus me criou para vencer!!! Sempre!!!

Tu e Tua Casa



Emmanuel

"E eles disseram: Crê no Senhor Jesus-Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa." - (ATOS, 16:31.)

Geralmente, encontramos discípulos novos do Evangelho que se sentem profundamente isolados no centro doméstico, no capítulo da crença religiosa.
Afirmam-se absolutamente sós, sob o ponto de vista da fé. E alguns, despercebidos de exame sério, tocam a salientar o endurecimento ou a indiferença dos corações que os cercam. Esse reporta-se à zombaria de que é vítima, aquele outro acusa familiares ausentes.
Tal incompreensão, todavia, demonstra que os princípios evangélicos lhes enfeitam a zona intelectual, sem lhes penetrarem o âmago do coração.
Por que salientar os defeitos alheios, olvidando, por nossa vez, o bom trabalho de retificação que nos cabe, no plano da bondade oculta?

O conselho apostólico é profundamente expressivo...

No lar onde exista uma só pessoa que creia sinceramente em Jesus e se lhe adapte aos ensinamentos redentores, pavimentando o caminho pelos padrões do Mestre, aí permanecerá a suprema claridade para a elevação.
Não importa que os progenitores sejam descrentes, que os irmãos se demorem endurecidos, nem interessam a ironia, a discussão áspera ou a observação ingrata.
O cristão, onde estiver, encontra-se no domicílio de suas convicções regenerativas, para servir a Jesus, aperfeiçoando iluminando a si mesmo.

Basta uma estaca para sustentar muitos ramos. Uma pedra angular equilibra um edifício inteiro.

Não te esqueças, pois, de que se verdadeiramente aceitas o Cristo e a Ele te afeiçoas, serás conduzido para Deus, tu e tua casa.

(Do livro “Vinha de Luz”, Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Chico Xavier - "Sofrê"


O calendário marcava o mês de março de 1933.

Chico achava-se hospedado na casa do senhor José Álvaro Santos, morador em Lagoa Santa, cidade de Minas Gerais.

O senhor José trouxera Chico consigo, de Pedro Leopoldo, para ajudá-lo a encontrar trabalho em Belo Horizonte, capital mineira.

Mas as dificuldades eram inúmeras. Chico precisava retornar a Pedro Leopoldo e o senhor José, seu amigo e benfeitor, precisava ir ao Rio de Janeiro, cumprir encontro familiar. Chico, muito agradecido ao senhor José, partiu para a cidade de Vespasiano e de lá retornaria a Pedro Leopoldo.

Voltava preocupado porque não conseguira o emprego tão desejado. Enquanto ele aguardava o trem da Central do Brasil, já em Vespasiano, foi procurado por duas pessoas, que já o conheciam.

Um deles, sabedor da vinda de Chico para candidatar-se ao emprego em Belo Horizonte, após cumprimentá-lo alegremente, disse-lhe que o emprego já o esperava na capital mineira. Continuava dizendo que os recursos que Chico teria seriam excelentes e toda sua família seria também beneficiada.

Chico mostrou-se radiante e lembrou-se de quanto seu pai ficaria feliz por ter aumento no orçamento doméstico.

Mas, o portador da boa notícia, ao ver Chico disposto a ir imediatamente para Belo Horizonte e assumir o emprego, comunicou-lhe que havia condições para que a proposta fosse aceita Chico, olhando calmamente para o interlocutor, indagou:

-Qual seria a condição? E a resposta causou grande tristeza para o médium:

-Chico, dizia a pessoa, para você aceitar o emprego, que já é seu, você terá de renunciar ao Espiritismo e dizer a todos que o livro Parnaso de Além-Túmulo, é de sua autoria e não dos Espíritos.

Chico, de imediato, negou-se a essa proposta e explicou como o livro fora escrito pelos Espíritos, tomando suas mãos, da qual ele não participara com nenhum pensamento.

O livro jamais for a escrito por ele e sim pelos poetas que nele deixaram seus pensamentos. Ele, Chico, nunca seria capaz de escrever nem uma simples trova. Diante disso, o amigo lhe perguntou:

-Chico, você conhece um pássaro chamado "sofrê"?

-Não, respondeu-lhe. E, logo em seguida, o outro responde:

-O"sofrê" é um pássaro que imita os outros pássaros. Assim é com você. Sua vocação é como a desse pássaro. Você tenta imitar os poetas. Não acredito em Espíritos, Chico. Isso não existe. Os poemas são seus e não como você julga serem psicografados.

E rindo, como que zombando por ver Chico continuar afirmando que eram dos Espíritos os poemas, os "amigos" se afastaram, dizendo-lhe que, então, voltasse a Pedro Leopoldo.

Chico, muito triste, ouviu Emmanuel dizer-lhe:

- Volte, Chico, para Pedro Leopoldo e continuemos no trabalho do Senhor. Você não é um "sofrê", mas precisa sofrer para aprender.

Érica.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Amparo Espiritual



O dia amanhecera de sol quente. Lucas revirou na cama, acordando com o chamado de sua mãe:

- Filho querido, acorde! A mamãe e o papai precisam ir trabalhar. Venha tomar logo o seu café da manhã!

Lucas espreguiça que espreguiça, levantou e correu até a cozinha para comer a humilde refeição que a mãe preparara: um pão com manteiga, já um pouco endurecido, e um pequeno copo de café.

Como de costume, seus pais saíram para trabalhar no canavial e ele ficara em casa para cuidar do irmãozinho mais novo, que ainda não sabia andar. Lucas queria muito estudar, mas a escola era longe demais e seus pais não tinham como levá-lo.

Além de tudo, ele precisava cuidar do irmão. Muito esforçado, aprendia a ler com os jornais velhos que o pai trazia para casa, pois sabia o valor do conhecimento.

Depois de alimentar o irmão com mingau de fubá, percebera que o tempo estava se fechando: o céu estava escurecendo e certamente iria cair uma tromba d'água. Lucas teve apenas tempo de fechar as janelas e logo a chuva torrencial começou a cair.

A chuva era intensa, os relâmpagos iluminavam o céu e os trovões assustavam o irmãozinho, que chorava no colo de Lucas, com medo.

Da janela da casa, Lucas via que o riacho que passava em frente à casa estava enchendo rapidamente. As águas do rio já arrastavam troncos de árvores e muito entulho.

- Uma enchente! ..resmungou o garoto, já com algum medo.

Os dois irmãos subiram na pequenina e frágil mesa da cozinha, enquanto a água ia entrando com violência dentro do casebre.

Quanto mais a água subia, mais a mesinha tremia pela correnteza que se formou.

A correnteza ficou cada vez mais forte e Lucas colocou o irmão num cesto e foi a conta para ambos serem arrastados pela correnteza que derrubou o casebre.

E lá se foram os dois, redemoinhando nas ondas fortes.

Lucas, em meio à correnteza, conseguiu agarrar-se com uma mão a um tronco de árvore que havia sido arrancado pela chuva e com a outra segurava o cesto, até que uma forte onda jogou os dois numa pequena ilha de lama, formada no meio da correnteza.

O nenê chorava muito, aterrorizado!

- Fique quieto! - ordenava Lucas.

Lá, os dois irmãos ficaram por muito tempo. Não sabendo, ao certo, como sair daquela ilha, Lucas choramingava sem saber o que fazer.

Em pensamento ele perguntou a sua mãe:

- O que faço, minha mãe?

E a mãe, naquela hora, parecia responder:

- Se você nada puder fazer, peça ajuda a Jesus. Lucas caiu de joelhos na lama e rogou o amparo de Jesus.

Ao abrir os olhos, começou a perceber que um Espírito aproximava-se dele.

- Acalme-se meu filho, não se preocupe, pois seus pais acharão vocês dois, logo que as águas abaixarem...

- Mas quem é a senhora? - perguntou Lucas.

- Sou Anália Franco, e vim em nome de Jesus, que ouviu suas preces e permitiu que eu me aproximasse e chegasse até aqui para acalmá-los. Confie em Jesus e não tenha medo. Seus pais irão chegar aqui para salvar vocês dois!

- Mas como eles saberão que estamos aqui?

- Outros espíritos irão transmitir inspiração a seus pais e eles irão descobrir essa ilha.

- Assim... sim! Estou com sono Dona Anália e muito cansado. Queria estar com minha mãe!

Anália sorriu e abençoou os dois garotos que, agora, dormiam mais tranquilos, sob a sua proteção.

***

No outro dia, o Sol voltara a iluminar. Lucas acordou com os raios de luz a lhe aquecerem a pele, salpicada de lama.

Após olhar o cesto rapidamente, procurou por Anália: - Onde está você, Anália?

De repente, ele ouve um chamado forte:

- Lucas, estamos indo...

Eram seus pais que, dentro de um barquinho, remavam para chegar até a pequena ilha de lama.

- Graças a Deus, vocês estão bem! - dizia a mãe de Lucas.

- E como vocês vieram até aqui? - perguntou o pai.

Lucas explicou que uma onda os jogou naquela ilha e que o espírito de Anália Franco os socorrera. A mãe, a essa altura, esclareceu:

- Anália Franco! Aquela bendita senhora espírita que amparava as crianças! Graças a Deus, os bons Espíritos olham por nós!

Anália Franco, da Espiritualidade, abençoava aquela pobre e sofrida família, envolvendo todos eles em luz.

Juca, de repente, sentiu de novo a mão amiga de Anália a acariciar-lhe os cabelos.

Voltavam todos para reconstruir a casinha arruinada pela enchente.

Iago.

Bibliografia: Adaptação do livro infantil "Amparo Espiritual "-" Roque Jacintho", Editora Luz no Lar, 3ª ed.,1996.

**Fonte:-Texto retirado da "REVISTA SEAREIRO". [OUTUBRO de 2009]

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Kardec e o Conselho de Erasto


Quando as informações de um determinado setor de uma empresa chegam às mãos do administrador, imperioso que estejam corretas, claras, objetivas, completas, para que a partir delas o administrador possa traçar diretrizes, estabelecendo um planejamento estratégico. Se as informações contiverem 90% de acertos e somente 10% de erros, estes 10%, embora sejam minoria esmagadora, poderão anular completamente os dados corretos, porque servirão também de parâmetro para a tomada de decisão, e decisões equivocadas fatalmente ocasionam prejuízos e não alcançam objetivos.

Há algumas décadas, em O Livro dos Médiuns, Cap. XX, “Da influência moral do médium”, item 230, o Espírito Erasto aconselhou: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade”.

Erasto tem razão, e seu pensamento, embora muitos não saibam, foi trazido ao cotidiano das empresas. É melhor não ter informações do que tê-las imprecisamente, esses pequenos equívocos podem ocasionar grandes estragos, tanto nas empresas, quanto na vida.

Imaginemos se na codificação da Doutrina Espírita, Kardec tivesse aceitado sem o rigor científico e o bom senso que lhe era característico todas as informações provindas da espiritualidade? Certamente o espiritismo teria se perdido em um oceano de informações distorcidas, gerando dúvidas, desavenças e equívocos de interpretação por parte dos profitentes da doutrina que se iniciava. O alicerce necessitava ser construído sobre base sólida, sedimentada pela verdade, para não ruir diante das dificuldades naturais advindas do estágio evolutivo em que se encontrava a humanidade.

Por isso, trouxemos aqui algumas reflexões que julgamos importantes, para que a comunicação do espírita com o universo fora do centro espírita seja eficaz, ofertando uma informação com qualidade, a fim de que aqueles que não são espíritas possam compreender com exatidão os postulados de renovação interior que propõe a doutrina codificada por Kardec.

Por isso, importante:
Transmitir uma informação espírita com qualidade.
E informação espírita com qualidade tem dois vértices:
1º Solidez de conhecimentos doutrinários.
2º Simplicidade ao transmitir esses conhecimentos.

Abordaremos a seguir o primeiro vértice que é: Solidez de conhecimentos doutrinários.

Em geral, nós brasileiros somos pouco afeitos à leitura, ao estudo, à pesquisa, passamos muito tempo em frente à televisão e distante dos livros, e o espírita não foge à essa regra. (obviamente que há exceções).

Para o conhecimento espírita chegar com qualidade a nosso interlocutor, se faz mister que esteja fincado dentro das obras básicas que compõem a Doutrina Espírita, os cinco livros da codificação Kardequiana mais os volumes da Revista Espírita contém toda a estrutura doutrinária. As obras de André Luiz psicografadas por Chico Xavier também abrem-nos os horizontes em relação à vida espiritual. Existem muitos outros bons livros, todavia, relevante que o espírita se habitue a consultar as obras kardequianas para tirar dúvidas, estudar ou mesmo confirmar informações. Há que se atentar para o sábio conselho do Espírito de Verdade: “Espíritas amai-vos, espíritas instrui-vos”.

Contudo, não basta apenas ler, imperioso ir além, estudar, pesquisar, buscar incessantemente o conhecimento doutrinário através do intercâmbio com o movimento espírita tornarão o espírita apto a passar uma informação com qualidade a quem procura saber mais sobre a doutrina espírita; isso é muito importante para que as pessoas tenham uma idéia real do que é o espiritismo, sem confundir a doutrina codificada por Kardec com outras religiões ou filosofias de vida.

Muitas criaturas têm uma imagem distorcida do que é o espiritismo porque falta a informação espírita transmitida com qualidade. Muitos procuram o Centro Espírita ávidos por milagres, realizações, contato com o além, iludem-se quanto as reais finalidades do espiritismo... Se aquele que recepciona esse recém chegado as fileiras espíritas o fizer de forma distorcida, misturando conceitos, embaralhando teorias e transmitindo a mensagem espírita sem fidelidade, fatalmente a confusão de idéias estará armada, quem recebeu as informações irá assimilá-la de forma equivocada e quem sabe até transmiti-la de maneira errônea. Daí o conselho de Erasto para guardar prudência diante de teorias e supostas revelações.

Importante se conscientizar que:

A Doutrina Espírita oferece muito mais que isso, é ela sagrado roteiro de vida, proporciona consolo aos corações cansados pelos embates existenciais, disponibiliza caminhos para que possamos nos libertar de inúmeras amarras físicas e psíquicas, explica de onde viemos, o que fazemos aqui, para onde vamos. O espírita precisa se preparar, estudar as obras básicas, enfim, se espiritizar, para que transmita informações espíritas com qualidade.

O segundo vértice: Simplicidade ao transmitir esses conhecimentos.

A informação com qualidade pode ser transmitida de forma simples, cristalina, objetiva. De nada adianta utilizar termos técnicos que só espíritas calejados compreenderão para quem está chegando a doutrina neste momento. A abordagem referente a comunicação com o “além”, que motiva muita gente a procurar o espiritismo, deve ser feita com naturalidade e simplicidade, sem sensacionalismos que poderão iludir os recém chegados.

Mostrar que o Espiritismo veio para dialogar com o cotidiano, que suas lições são para aplicação constante deve ser um dos objetivos daqueles (as) que se propõem a divulgá-lo. Daí a necessidade da simplicidade e naturalidade ao se transmitir a mensagem espírita, ela deve ser de fácil compreensão, deve estar aberta tanto à inteligências mais robustas como as mais singelas. Nesse mister destacam-se vários autores da literatura espírita, como o bauruense Richard Simonetti, por exemplo, que traz em suas obras uma linguagem de fácil assimilação, Richard estende o tapete vermelho àqueles (as) que estão chegando ao espiritismo, trocando em miúdos as lições kardequianas e mais importante, atuando com extrema fidelidade doutrinária.

Se nós espíritas estabelecermos como meta transmitir uma informação espírita com qualidade, precavendo-se contra as distorções das idéias kardequianas, estudando, pesquisando, debatendo, certamente estaremos colaborando para que o espiritismo abra a consciência humana quanto aos imperativos da auto educação do homem, que é sem interrogações seu maior objetivo.

Condução dos Nossos Pensamentos


A Mente é um macaco louco pulando de galho em galho". O que equivale dizer que nossos pensamentos estão desordenados, muitas vezes em convulsão, quando conversamos fazemos "colcha de retalhos".

Você concordaria com a afirmação de que normalmente não conseguimos centrar a nossa conversação em um só assunto. Quero dizer interrompemos o nosso raciocínio e enveredamos por outro assunto ou suspendemos a nossa exposição para darmos atenção a algo que está fora do tema presente.

Quanta energia dissipada tentando se atentar para tudo e não atendendo a nada! Isto se deve a forma de conduzir nossos pensamentos. Nós não aprendemos a parar de pensar no sentido meditativo.

A massificação nos bombardeia com idéias e estímulos que dominam as nossas características competitivas e nós não queremos perder, pois que senão seremos ultrapassados e a "vida é curta" "é uma só", sob o ponto de vista materialista ou de algumas ideologias.

Diz-se em auto-reprogramação-humana (ARH), que esta é uma característica do pensamento-horizontal. O Pensamento-Horizontal desvia o nosso foco do que acontece em nós e no meio ambiente que nos rodeia, divide o tempo e também nos divide: ou/ora vivemos no passado; ou/ora no presente; ou/ora no futuro.

Viver no passado "no meu tempo" é uma característica da Mente-velha, retrograda, limitada, sem aspiração, fator de depressão. As pessoas idosas têm fortíssima tendência a viver no passado.

Os que pensam mais na atualidade, em geral os de meia idade e também boa parte dos jovens, impõem-se a impulsividade, pelo querer aproveitar tudo ao máximo da vida, o que os tornam intempestivos ou ansiosos e quando não conseguem caem no oposto, tédio (fossa) e passividade. Acontece um evento musical, um festival de cinema, e querem ver tudo ao mesmo tempo, faltam aulas e serviço ou deixam tudo pela metade e se não conseguem, sentem-se frustrados.

Já os que pensam mais no futuro em geral a juventude, ficam sujeitos a ansiedade e a fantasia. O medo do que vai ainda acontecer pode tornar-se mórbido e causar alienação. A competição pode gerar distúrbios emocionais que afetam sensivelmente a personalidade em formação, criando gerações neuróticas e paranóicas como já é o caso da juventude de alguns paises ditos de primeiro mundo. Hoje a depressão jovem já é fato.

Na linha do Pensamento-Vertical temos a atenção voltada ao máximo para a percepção da realidade interna e externa do que estamos vivenciando no momento. É o que Dr. Nilson Ruiz Sanches chama em seu livro ARH-Auto-Reprogramação Humana, de "presentificação" do pensamento, não quer dizer absolutamente fato momentoso e sim, agora, momento, da meditação. O Pensamento-Vertical, o Momento, o Agora, aciona o Pensamento Racional e o Pensamento Intuitivo e aditaria o Pensamento Inspirado.

O Pensamento-Vertical nos coloca da melhor maneira dentro do contexto. Desenvolve o "músculo da atenção" favorecendo a concentração e a percepção da realidade interna, do momento envolto, da família, do grupo social, do mundo.

Auto analisando-se e 'presentificando-se'; realizando visualizações e abrindo a mente para o mundo espiritual (novos paradigmas para muitos), o ser humano se coloca inteiramente dentro do contexto em nível de Consciência Superior, queremos dizer Racional e Intuitivo Superiores.

Temos uma forma racional de pensar em nível de consciência inferior, o estado de sono e o superior em que o ser, centrado em si, faz o "nível de consciência de si".

Consciência de si é aquele nível no qual o ser humano deixou de ser apenas máquina, pois que conseguiu o "total controle da máquina".

O Estado de Coma



A palavra "coma" advém do termo grego koma, que significa "estado de dormir", mas estar em coma não é o mesmo que estar dormindo. Alguns pacientes em estado comatoso podem sair do problema depois de algum tempo. Porém, há uma grande diferença entre estar em coma e estar em estado vegetativo. Este último é um tipo de coma em que o paciente, quando desperto ou quando dorme, não reage aos estímulos. Há vários conceitos e muitas incertezas sobre esses estados de inconsciência. Sabe-se, porém, que as taxas de sobrevivência ao coma são de, até, 50%, e pouco menos de 10% saem do coma e conseguem uma recuperação completa.

Os pesquisadores acreditam que a consciência depende da constante transmissão de sinais químicos do tronco cerebral e tálamo para o cérebro. Essas áreas estão conectadas por caminhos neurais chamados Substância Reticular Ativada. Qualquer interrupção nessas mensagens pode colocar a pessoa em um estado alterado de consciência.

Em dezembro de 1999, uma enfermeira estava arrumando os lençóis da cama quando a paciente White Bull, repentinamente, sentou-se e exclamou: "Não faça isso!", fato, esse, que foi uma grande surpresa para a família. Bull ficou em coma por 16 anos e os médicos haviam dito aos familiares que ela jamais voltaria ao estado de consciência. Outra ocorrência surpreendente aconteceu, há cinco anos, com o bombeiro Donald Herbert. Ele teve queimaduras graves, em 1995, quando o teto de um prédio em chamas desabou sobre seu corpo. Herbert ficou em coma por 10 anos e, quando os médicos lhe prescreveram drogas, normalmente usadas para tratar mal de Parkinson, depressão e problemas de déficit de atenção, Donald acordou e falou com sua família por 14 horas sem parar.

Em um noticiário recente, temos informação sobre o caso Rom Houben, que foi vítima de um acidente de carro, em 1983, aos 20 anos, e diagnosticado o estado vegetativo do paciente. Um especialista, porém, usando um tomógrafo, que não estava disponível nos anos 80, afirma ter descoberto que Rom sofria de um tipo de enclausuramento psíquico ou "síndrome de prisão", em que a pessoa não consegue falar ou se mover, todavia pode pensar. O médico, então, disponibilizou um equipamento e o paciente começou a se comunicar, ajudado por uma terapeuta. (1) Com o dedo esticado, Rom digita, com surpreendente rapidez, em um computador de tela sensível ao toque, relatando sobre como se sentia "sozinho, solitário e frustrado", nos 23 anos em que ficou preso a um corpo paralisado. Para os descrentes, as respostas de Houben parecem artificiais para alguém com danos tão profundos e que passou décadas sem se comunicar. Porém, a equipe médica, que cuida de Houben, atesta que realizou testes especiais para comprovar que a comunicação do paciente, de fato, está ocorrendo.

O corpo físico de uma pessoa em coma não é capaz de perceber os estímulos internos e externos e de reagir, fisicamente, a esses estímulos apreendidos. Mas, espiritualmente, o indivíduo é capaz de perceber o que acontece em seu redor. Em verdade, quando o corpo entra em um estado neurofisiológico alterado ("estados alterados de consciência"), como o sono físico, o sonambulismo, o êxtase, o coma, etc., o perispírito tem possibilidade de expandir-se, e o Espírito se liberta, parcialmente, do corpo em repouso, embora ainda ligado, a esse, por um "laço" fluídico, sem o qual desencarnaria.

A Doutrina Espírita explica que o homem é constituído de três partes: o corpo físico, que possui automatismos biológicos dirigidos pela mente; o Espírito, centro da inteligência, indestrutível, que sobrevive à morte do corpo, libertando-se e retornando à vida espiritual, para voltar à vida material em uma nova reencarnação; e, finalmente, o perispírito, laço de união entre o Espírito e a matéria, corpo fluídico semi-material (energético) que "reveste" o Espírito e permite a ligação, deste, com o corpo.

Na Codificação, não encontramos farta referência sobre o coma, propriamente dito. Contudo, podemos compreender o que se passa com o Espírito no estado comatoso, refletindo as lições dos Benfeitores Espirituais, consoante explica O Livro dos Espíritos sobre "estado de letargia e morte aparente." (2) Para Kardec, "a letargia e a catalepsia têm o mesmo princípio, que é a perda momentânea da sensibilidade e do movimento (...)". Portanto, se no sono e na letargia a alma não fica presa ao corpo, a fortiori não ficará presa no coma, até porque "(...) o Espírito jamais fica inativo" (3)

No entanto, há pacientes, em estado de coma, que muitas vezes ficam presentes no local onde seus corpos ficam paralisados, presenciando o que ocorre ao seu redor ou em qualquer lugar, à semelhança do que confirma o caso Rom Houben. Se familiares, amigos ou médicos conversarem com o paciente, podem ter a certeza de que ele terá condições de ouvir e ver, sem, contudo, ter a capacidade de dar a resposta "física". Pode, até, surgir, normalmente, em sonhos, pois quem está aprisionado na cama é o corpo e não o Espírito. Portanto, o Espírito não fica preso o tempo todo ao corpo doente, pois, neste, só funciona a vida vegetativa e, nesse estado, o corpo só precisa do Espírito para mantê-lo vivo; o Espírito, somente "preso ao corpo" ficaria inativo, sem condições instrumentais para evoluir. Por isso, sabemos que, no coma, o Espírito poderá estar em outras dimensões, sem estar adstrito ao corpo, em situação semelhante ao de uma pessoa dormindo.

A miopia médica, para as questões espirituais, tem atrasado os avanços necessários para o tratamento integral do ser humano. A causa para alguém passar muito tempo em estado de coma, embora com profunda consciência na intimidade do ser, e compreendendo a Lei Divina como perfeita, é certo que essa experiência deva servir de resgate de débitos morais contraídos em outras vidas, ante a justiça do princípio da reencarnação.

Jorge Hessen

domingo, 13 de junho de 2010

Flores são melhores que Pedras



Após reunião, em respeitável instituição religiosa, alguns colaboradores desfilavam “adjetivos” sobre a pessoa de um dos dirigentes da entidade.
Inflexível – diziam alguns.
Prepotente, mesquinho e maldoso – acrescentavam outros.
No meio daquele arsenal de impropérios, surge uma voz pacificadora para serenar os ânimos exaltados:
- Meus amigos, nosso irmão passa por problemas, dificuldades inúmeras assolam sua alma, melhor que o acusarmos, é elevarmos nosso pensamento em oração e pedirmos por esse amigo.
Despertos pela elucidação do colega, envergonhados pela atitude depreciativa de momentos antes, todos olharam-se e colocaram-se em sentida prece.
Uma palavra prudente e amorosa têm o poder de apaziguar iniciativas destrutivas.
A critica ferina, é antes de mais nada improdutiva, não resolve os problemas, e cria uma atmosfera de antipatia que tende a maximizar animosidades e desentendimentos.
Ao invés de recriminar, apóie.
Ao invés de apedrejar com acusações, que machucam, ofereça a perfumada flor da compreensão.
Quando perceber que for cair na tentação da maledicência, espere mais um pouco e busque apoio em um livro com páginas edificantes.
Quando estiver em grupo e perceber que o rumo da conversa versara sobre a vida alheia, seja antes de mais nada a palavra que refresca, ressalte os pontos positivos daquela pessoa, e coloque um ponto final no assunto.
O mundo precisa de trabalho, amor, fraternidade, cooperação e não de intrigas, inveja, acusações...
Para quê amargar a existência com comentários maldosos sobre a vida alheia?
Para quê utilizar a fofoca para insuflar magoa no coração das pessoas?
No jardim da vida é melhor ofertarmos flores de bondade do que pedras de maldade!

Artigo gentilmente cedido por Wellington Balbo
Baurú - SP

Injusta Acusação



Receita apresentada contraria crítica

Uma crítica infundada, dirigida a Santo Agostinho, foi publicada em 1o de setembro de 1868, na Bélgica, pela Vedette de Limbourg, jornal de Tongres, e com o título Cretinismo. Allan Kardec publicou trechos parciais em sua Revista Espírita*, edição de dezembro de 1866, que igualmente transcrevemos parcialmente da edição referida. Assim se refere o trecho específico:

“Segundo Santo Agostinho, o mundo visível é governado por criaturas invisíveis, por puros Espíritos, e mesmo há anjos que presidem a cada coisa visível, a todas as espécies de criaturas que estão no mundo, quer sejam animadas, quer inanimadas. (...) Pode julgar-se por esta prova do gênero de leitura que faz a juventude educada nos conventos. É possível conceber – deixem passar a expressão – qualquer coisa de mais profundamente estúpido? (...) Em seu livro, que não convém menos aos eclesiásticos do que aos leigos, o autor desdobra uma força de razão e de estilo que aclara e submete o espírito; de sua pena flui uma unção que penetra e ganha o coração. É a obra de um homem profundamente versado na espiritualidade. Nós dizemos: é a obra de um homem tornado louco pelo ascetismo, muito mais a lamentar que a censurar. (...)”

Após a transcrição do trecho acusador, Kardec acrescenta dois curtos parágrafos, dos quais destacamos: “(...) Agostinho é universalmente considerado como um dos gênios, uma das glórias da humanidade, e eis que com uma penada um escritor obscuro, um desses jovens que se julgam a luz do mundo, atira lama sobre esse renome secular, pronuncia contra, na sua alta razão, a acusação de cretinismo e isto porque ele acreditava em criaturas invisíveis. A conta disto, quantos cretinos não há entre os mais estimados literatos contemporâneos! (...) Eis a escola que aspira a regenerar a sociedade pelo materialismo. Assim pretende ela que a humanidade volte à demência. (...)”

Pois é pensando exatamente na regeneração da humanidade, na melhora moral dos habitantes do planeta que o genial Agostinho, o mesmo acusado de cretinismo, respondendo à indagação de Allan Kardec (na questão 919 de O Livro dos Espíritos**) sobre o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e resistir à atração do mal, definiu: Conhece-te a ti mesmo.

Kardec não se satisfez e voltou à questão, perguntando: Qual o meio de consegui-lo?

E Santo Agostinho, em resposta de duas páginas, dá a receita. Elaborando pequena síntese da longa e bem ponderada resposta, podemos – para efeito didático de estudo – apresentá-la como autêntico roteiro para uso diário. Após sugerir avaliação diária, interrogando a própria consciência – como ele igualmente fazia quando na vida física –, como caminho do autoconhecimento, a resposta pode ser resumida em cinco itens para auto-avaliação, ainda que em outras palavras:

a) Interrogarmo-nos sobre o que temos feito;

b) Com que objetivo fizemos ou agimos dessa ou daquela forma;

c) Se fizemos algo que censuraríamos se praticado por outra pessoa;

d) Se algo fizemos que não ousaríamos confessar;

e) Se ocorresse a desencarnação, teríamos temor do olhar de alguém?

E finalmente, entre outras importantes considerações, recomenda que examinemos se agimos contra Deus, contra nosso próximo e contra nós mesmos. E conclui o raciocínio que as respostas obtidas nos darão o descanso para a consciência ou a indicação de um mal que precisa ser curado.

A resposta de Agostinho é de meridiana beleza e contém um argumento irrecusável para nossas ações cotidianas: “(...) Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na podereis ter por legítima quando fordes o seu autor (...)”

Pois são estas notáveis anotações, dirigidas com o objetivo de nos auxiliar a própria transformação moral, que trará a felicidade e o equilíbrio à humanidade, que estão assinadas por Santo Agostinho, aquele que tão levianamente foi acusado de cretinismo.

O fato, por si só, já nos permite grave reflexão pessoal nos relacionamentos que todos mantemos uns com os outros.

sábado, 12 de junho de 2010

A Tarefa De Cada Um


Antonio Leite

Editor GEAE

Há um momento em nossas vidas em que todos nós nos rendemos ao inevitável apelo para o autoconhecimento. Enquanto isto não acontece, passamos pela vida como que anestesiados e insensíveis à realidade de nós mesmos, agindo e reagindo ao sabor dos ditames impostos pela sociedade em que vivemos.

A partir do ponto em que nos rendemos ao clamor íntimo do auto descobrimento, iniciamos uma verdadeira cruzada na tentativa de obter respostas às questões relacionadas com o velho dilema do "Conhece-te a ti mesmo". Começamos então a questionar a nossa própria realidade existencial, a origem da vida, a razão de estarmos aqui nesta existência, o porquê das experiências ou relacionamentos a que somos expostos, e até alvoramo-nos no direito de questionar o acerto da decisão Daquele que nos criou e nos colocou nessas circunstâncias.

No extraordinário livro Memórias do Padre Germano encontramos um ilustrativo exemplo desse dilema que ainda é uma característica da avassaladora maioria dos espíritos encarnados no planeta terra, haja visto o baixo nível evolutivo dos seus habitantes. Através da maravilhosa obra de Amalia Domingo Soler, o padre Germano nos relata o dilema que viveu em uma das suas encarnações aqui em nosso orbe, na qual experimentou, como membro da igreja de Roma, a permanente e asfixiante sensação de viver se sentindo com um peixe fora d’água, especialmente ao desempenhar a espinhosa função eclesiástica de confessor. Em momento de inquietação angustiante, ele assim se manifesta:

"Amado Deus, por que tive eu que nascer nas fileiras desta ordem religiosa?Por que Você me obrigou a ser guia dessas pobres ovelhas, meus paroquianos, se eu não posso tão pouco guiar a mim mesmo? Senhor, deve haver outras moradas no espaço, porque aqui neste planeta uma alma capaz de pensar fica asfixiada ao presenciar tanta miséria e hipocrisia. Eu desejo seguir o caminho certo, mas ao longo da jornada eu vejo tantas armadilhas!"

O exemplo é mesmo bem ilustrativo, mas cabe ressaltar que ao folhearmos as páginas deste excepcional livrinho, temos a convicção de que o padre Germano era um espírito em estágio evolutivo bem acima da maioria de todos nós e que cumpriu a sua missão naquela existência de forma exemplar, podendo mesmo servir de guia e modelo para todos nós que aspiramos passar pelos embates da vida e cumprirmos com a nossas tarefas onde quer que a vida nos coloque.

A Doutrina dos Espíritos veio para nos dar as respostas àquelas questões existencias e acima de tudo para nos mostrar com uma clareza insofismável, as razões e os porquês de estarmos aqui e expostos às experiências e aos relacionamentos que temos vivenciado nesta encarnação. É bem verdade que ela só nos dá as respostas de que necessitamos para cumprirmos com a nossa tarefa de espíritos encarnados e galgar alguns degraus a mais na nossa escala evolutiva rumo a felicidade. Mas o que é mais importante e digno da atenção de todos nós que aspiramos sincera e honestamente por um mundo de Paz e Harmonia, enfim, um mundo regenerado, é que além das respostas que obtemos através da mensagem dos espíritos, existe nesta mesma mensagem um apelo claro ao nosso senso de responsabilidade perante a Lei de Causa e Efeito. A esta sim, teremos que nos curvar, pois somente o respeito e a adesão incondicional às suas diretrizes propiciarão o advento de um mundo de Paz e Harmonia para todos nós.

Assim, que tenhamos ouvidos para ouvir e olhos para enxergar e adotemos em nossas vidas a máxima insculpida na Doutrina dos Espíritos que nos diz: "Fora da caridade não há salvação".

Antes Que Venha O Arrastão


Mateus, 13:47-50

Richard Simonetti


Ao tempo de Jesus era usado no Mar da Galiléia o arrastão, uma forma de pescaria.

Os pescadores preparavam redes quadradas, bem grandes, que permaneciam numa posição vertical dentro d’água, mediante a utilização de pesos e flutuadores. Eram levadas pelos barcos e deixadas em determinada localização. A partir dali eram puxadas para a praia, por cordas, colhendo todos os tipos de peixes, suficientemente grandes para ficarem presos em suas malhas.

Havia proibições de consumo, pela lei judaica, como está na orientação mosaica, em Levítico (11:12):

Tudo o que não tem barbatanas nem escamas, nas águas, será para vós abominável.

Juntamente com os peixes não comestíveis e de mau sabor, eram jogados de volta ao oceano ou iam para o lixo.


***

Jesus usa a imagem do arrastão para transmitir um de seus ensinamentos sobre o Reino dos Céus.

… é semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha toda espécie de peixes.

Quando está cheia, os pescadores a retiram e, sentados na praia, escolhem os bons para os cestos, e o que não presta deitam fora.

Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes.

No aspecto individual o Reino é uma condição íntima. Instala-se num momento de iluminação em que nos integramos plenamente na Vida, cidadãos do Universo.

No aspecto coletivo exprime-se numa sociedade formada por Espíritos iluminados.

Com o crescimento espiritual da Humanidade amplia-se o contingente dos que realizaram o Reino em seus corações.

Hoje, uma minoria.

Amanhã – dentro de decênios, séculos ou milênios, depende de nós –, a maioria.

Acontecerá, então, o arrastão.

Colhidos pelas malhas da Justiça, aqueles que não se enquadrarem na nova ordem serão jogados na fornalha ardente…

Naturalmente, trata-se de um simbolismo, uma imagem forte, que a teologia medieval levou ao pé da letra, concebendo a idéia do inferno de fogo, onde as almas comprometidas queimam sem se consumir, em perenes sofrimentos.

O Espiritismo oferece idéia diferente.

Não estarão irremissivelmente condenados.

Serão simplesmente degredados em planetas inferiores, onde enfrentarão dificuldades e dissabores sob orientação da mestra Dor, lá bem mais severa.

Isso, somado às saudades da Terra e dos afeiçoados que aqui ficarão, quebrará a rebeldia, favorecendo sua renovação.

Redimidos, ainda que isso exija o concurso dos milênios, retornarão ao nosso Mundo, porquanto compõem a grande família humana, sob os cuidados de Jesus.


***

Segundo Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, há dez mil anos havia no sistema de Capela, estrela da constelação de Cocheiro, um planeta habilitado à promoção.

Deixaria de ser um mundo de expiação e provas, como é a Terra, cujos habitantes são orientados pelo egoísmo, e passaria a mundo de regeneração, com uma população disposta a assumir a cidadania do Reino de Deus.

Ocorre que uma parcela da população não estava sintonizada com os novos rumos. Então, houve o arrastão, envolvendo milhões de recalcitrantes. A direção espiritual do planeta os transferiu para um mundo em evolução primária.

Você pode imaginar qual foi, amigo leitor?

Se pensou na Terra, acertou.

Os capelinos encarnaram no seio das raças humanas, promovendo desde logo grandes transformações, já que mentalmente eram muito mais evoluídos, embora moralmente em estágio semelhante aos terrestres.

Os antropólogos espantam-se com a civilização neolítica. Em algumas centenas de anos grandes conquistas foram obtidas – a domesticação dos animais, a descoberta da agricultura, a formação da escrita, a utilização de metais, a vida urbana…

O Homem, que estava praticamente na idade da pedra, repentinamente viu-se em meio a significativas conquistas.

Foram iniciativas dos capelinos, que deram origem às grandes civilizações, como a egípcia, a chinesa, a hindu e a indo-européia.

Detalhe importante. Não estão bem definidos para os antropólogos os fatores que determinaram sua extinção.

À luz do Espiritismo, é simples explicar.

À medida que os degredados, renovados e redimidos, retornaram ao planeta de origem, as civilizações que edificaram entraram em decadência.

Imaginemos uma família rica e abastada, que construa moderno palacete numa favela. Depois de alguns anos o proprietário muda-se e deixa o imóvel para os favelados. Estes, sem condições para cuidar adequadamente dele, deixam que se deteriore, até transformar-se em ruínas.

Foi o que aconteceu com aquelas civilizações.

Morreram porque o homem terrestre não tinha competência para preservá-las.

***

Algo semelhante ocorrerá conosco, no grande arrastão.

Seitas pentecostais o anunciam para breve, ainda neste século.

Proclamam seus arautos:

– Arrependam-se! Está chegando a hora!

O Espiritismo confirma que isso acontecerá, não como uma condenação eterna, mas como um degredo transitório para aqueles que não aderirem, de coração, ao Reino.

Parece-me, amigo leitor, que não acontecerá em tempo breve. Fácil entender a razão.

No Sermão da Montanha Jesus nos dá uma pista de quem ficará, ao proclamar:

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra.

Significa que ficarão aqueles que houverem conquistado a mansuetude. Se acontecesse agora, certamente, nosso planeta seria transformado num deserto, porquanto raras pessoas efetuaram essa conquista.

Estamos tão longe da mansidão, em face do caráter agressivo que caracteriza o homem, orientado pelo egoísmo, que o termo manso guarda uma conotação pejorativa.

Chamar alguém de manso é xingá-lo, equivalente a dizer que corre sangue de barata em suas veias.

No entanto, é apenas alguém que venceu a agressividade; que não reage ao mal com o mal; que guarda as raízes de sua estabilidade no próprio íntimo.

Se bem observarmos, verificaremos que muitos males que conturbam as relações humanas, em todos os níveis, inspiram-se na agressividade, sempre com o propósito de favorecer o interesse pessoal.

***

Podemos fazer um teste ligeiro, a verificar se estamos conquistando a mansidão, habilitando-nos ao Reino, ou se corremos perigo no arrastão.

• Submetidos a uma cirurgia, permanecemos acamados por alguns dias.

a) Cultivamos a oração e a serenidade, procurando não incomodar os familiares, nem aumentar sua preocupação.
b) Perturbamos a todos com gemidos e reclamações, como se estivéssemos em leito de faquir, colchão de pregos pontiagudos.

• Um conhecido passa por nós sem nos cumprimentar.

a) Consideramos que não nos viu ou estava distraído.
b) Ficamos possessos: – Pretensioso! Julga que tem um rei na barriga!

• O cônjuge está quieto, fechado, poucas palavras…

a) Imaginamos que esteja cansado, querendo um pouco de sossego.
b) Estressamos e logo clamamos que intenciona nos levar à loucura com seu mutismo.

• No trânsito, um motorista buzina atrás, assim que abre o sinal.

a) Admitimos que deve estar com pressa. Engatamos a primeira e seguimos em frente.
b) Castigamos o atrevido, demorando para avançar. Se torna a buzinar, fazemos um sinal malcriado, convidando-o a passar por cima.

• Cruzamos rua preferencial, inadvertidamente. Um motorista, cujo carro quase foi atingido, faz gesto pejorativo, sugerindo barbeiragem.

a) Admitimos que precisamos estar mais atentos.
b) Gritamos a plenos pulmões, recomendando-lhe que vá procurar aquela senhora de profissão nada recomendável, que o pôs no Mundo.

• O chefe nos adverte quanto a uma falha.

a) Desculpamo-nos, com a disposição de melhorar nosso desempenho.
b) Mal contemos o desejo de pular em seu pescoço, e, intimamente, formulamos ardentes votos de que ele vá para o diabo que o carregue.

• O subordinado comete uma falha.

a) Tratamos de orientá-lo para uma melhor condução do serviço.
b) Lembramos-lhe de que, se não der um jeito na sua atuação profissional, há dezenas de desempregados que podem ocupar seu lugar, fazendo o dobro do que faz, ganhando metade de seu salário.

• Os vizinhos envolvem-se numa discussão, pondo-se a gritar uns com os outros.

a) Consideramos que estão com algum problema e passamos a orar por eles.
b) Chamamos a polícia para dar um jeito naqueles malucos.

• O filho vai mal na escola.

a) Dispomo-nos a acompanhá-lo nas tarefas, ajudando-o.
b) Damos-lhe uma surra, prometendo fazer pior se voltar a ter notas baixas.

• Num grupo de trabalho, em atividade religiosa, não aceitam nossa sugestão.

a) Ficamos tranqüilos, considerando que muitas cabeças pensam melhor que uma só.
b) Reclamamos que é uma cambada de pretensiosos que não deixa espaço para ninguém, e nos afastamos.

Se nossas respostas envolvem em maioria a opção “a”, podemos ficar tranqüilos. Estamos bem em nosso aprendizado espiritual.

Se as respostas mais freqüentes envolvem a opção “b”, há deficiências comprometedoras.

É preciso cuidado, torcendo para que não venha o arrastão antes de vencermos os arrastamentos da agressividade.

A Diferença entre Crer e Ter Fé


Equipe Consciesp

“Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia.
Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe e, apesar disso, não ter fé"


O notável professor, filósofo e humanista brasileiro, Huberto Rohden, em um de seus oportunos comentários inseridos no livro “A Mensagem Viva do Cristo”, obra que compreende a tradução feita por ele mesmo dos quatro evangelhos, diretamente do grego do primeiro século, convida-nos a refletir sobre a significativa distinção entre crer e ter fé. Para ele, a não compreensão dessa questão tem deturpado a teologia e trazido enorme prejuízo à mensagem do Cristo ao longo desses 2000 anos.

Escreve ele:

“Desde os primeiros séculos do Cristianismo, quando o texto grego do Evangelho foi traduzido para o latim, principiou a funesta identificação de crer com ter fé. A palavra grega para fé é pistis, cujo verbo é pisteuein. Infelizmente, o substantivo latino fides, o correspondente a pistis, não tem verbo e assim, os tradutores latinos se viram obrigados a recorrer a um verbo de outro radical para exprimir o grego pisteuein, ter fé. O verbo latino que substituiu o grego pisteuein é credere, que em português deu crer. Nenhuma das cinco línguas neo latinas — português, espanhol, italiano, francês, rumeno — possui verbo derivado do substantivo fides; fé; todas essas línguas são obrigadas a recorrer a um verbo derivado de credere. Ora, a palavra pistis ou fides significa originariamente harmonia, sintonia, consonância. Ter fé é estabelecer ou ter sintonia, harmonia entre o espírito humano e o espírito divino.”

Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia

Para o ilustre filósofo, aí está um dos maiores problemas que em muito vem prejudicando a teologia e, para explicar a diferença de significado entre uma coisa e outra, estabelece ele o seguinte paralelo ilustrativo: “Um receptor de rádio só recebe a onde eletrônica emitida pela estação emissora, quando o receptor está sintonizado ou afinado perfeitamente com a freqüência da emissora. Se a emissora, por exemplo, emite uma onda de freqüência 100, o meu receptor só reage a essa onda e recebe-a quando está sintonizado com a freqüência 100. Só neste caso, o meu receptor tem fé, fidelidade, harmonia; fideliza com a emissora”.

Dentro desse contexto, “se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia. Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe e, apesar disso, não ter fé. Ter fé é estar em sintonia com Deus, tanto pela consciência como também pela vivência, ao passo que um homem sem sintonia com Deus pela consciência e pela vivência, pela mística e pela ética, pode crer vagamente em Deus. Crer é um ato de boa vontade; ter fé é uma atitude de consciência e de vivência”, argumenta o professor Rohden.

Salvação não é outra coisa senão a harmonia da consciência e da vivência com Deus

Para ele, a conhecida frase “quem crer será salvo, quem não crer será condenado”, é absurda e blasfema no sentido em que ela é geralmente usada pelos teólogos. No entanto, “se lhe dermos o sentido verdadeiro ‘quem tiver fé será salvo’ ela está certa, porque salvação não é outra coisa senão a harmonia da consciência e da vivência com Deus”.

Em sua opinião, de sincero buscador, erudito e filósofo espiritualista “a substituição de ter fé por crer há quase 2000 anos, está desgraçando a teologia, deturpando profundamente a mensagem do Cristo”.

A Casa Do Perdão


Fernando A. Moreira


"...mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai Celestial também não vos perdoará os pecados." (S. Mateus, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)

Inúmeras vezes, Jesus nas suas parábolas fez referência ao perdão, para que ficasse bem nítida a sua importância no nosso relacionamento com o nosso próximo e pudéssemos dimensionar a bondade, a misericórdia e a justiça divina, que irão balizar o caminho de nossa evolução.

"(...) – Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: ‘Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim ? Até sete vezes ?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘Não vos digo que perdoareis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes." (S. Mateus, cap. XVIII, vv. 15, 21, 22.)

Jesus deixa bem claro que não há limite para o perdão, que não pode ser contado, porque sendo ele o esquecimento da ofensa, como é apagado, nada sobra para se contar. Perdoar até setenta vezes sete vezes eqüivale a dizer que temos que perdoar sempre, sendo o perdão, pois, incondicional; é o perdão do coração. Mas, às vezes concedemos somente o perdão dos lábios, o falso perdão:


"Eu o perdôo, mas não esquecerei jamais o que me fez."


Mais além afirmamos: "- Entrego à Deus e à sua justiça", quando na realidade, estamos desejando a sua condenação; não temos nenhuma procuração divina para assim nos referirmos, mesmo porque, desde que Deus nos criou, já a Ele estamos entregues.


Freqüentemente também dizemos ou ouvimos dizer:


"- Se ele vier se desculpar, eu o perdôo."


Esta é uma atitude orgulhosa, estática e condicional, se contrapondo aos ensinamentos de Jesus, que nos mostrou de quem deve ser a iniciativa e em que momento deve-se perdoar nestas três passagens evangélicas:


" Se contra vos pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender tereis ganho o vosso irmão." (Mateus; XVIII, 15)


"Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. – Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não tiveres pago o último ceitil." ( Mateus: V, 25 e 26)


"Se, portanto, quando depor vossa oferenda, vos lembrardes que o vosso irmão tem qualquer coisa contra vos, deixai a vossa dádiva junto do altar e ide, antes, reconciliar-vos com o vosso irmão; depois então voltai a oferecê-la." (Mateus, cap. V, vv. 23, 24)


Fica bastante evidente que a iniciativa da reconciliação deve ser nossa, quer sejamos os ofendidos ou os ofensores, isto é , sempre. Igualmente depreende-se que a atitude é extremamente dinâmica, urgente; temos que ir de encontro ao nosso irmão e isto, não deve ser deixado para amanhã, para a outra reencarnação; é para hoje, enquanto ele está no nosso caminho.


Quando nós não perdoamos, sintonizamos com o adversário. A ele, nos vinculamos agora pelo ressentimento, mágoa, raiva, ódio, despertando o desejo de vingança, para encontra-lo mais além como obsessor, podendo, às vezes, chegar até ao grau de subjugação ou possessão. Nos estabecemos no círculo do endividamento (FIG. 1-A), perante ao inimigo e a nós mesmos e, em última análise, perante à lei divina.


Círculo do Endividamento


No entanto, ao termos misericórdia e agirmos com amor, nós perdoamos e nos libertamos para a nosso progresso espiritual (FIG. 1-B), cumprimos a lei, estamos com ela, porque " (...) quem assim procede, põe de seu lado o bom direito e Deus não consente que, aquele que perdoou, sofra qualquer vingança." (1)

"Perdoar os inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar os amigos é dar uma prova de amizade.; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era.(...)" (1)


Jesus assim se pronunciou a respeito dos nossos desafetos:


"Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos do vosso Pai ". (Mateus, 5: 43-47)


Amar os inimigos é dar a outra face, isto é, ante à face do mal, mostrar a face do bem.


"Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer dizendo: Nada tenho contra o meu próximo." (1). Quem assim procede, pode orar, falar com Deus: "Perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos aos que nos hão ofendido." (Mateus,6:9-13)


Às vezes, o que nos leva a não administrarmos o perdão é o sentimento de que o outro é que está errado, porque os faróis dos outros automóveis sempre nos parecem mais ofuscantes do que os nossos; é o egoísmo e o orgulho que fazem o homem dissimular seus defeitos. Julgamos os outros com a nossa justiça falha e deformada, olvidando os ensinamentos evangélicos.


"Não julgueis para não seres julgados; - porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros." (Mateus, cap. VII, vv. 1,2.)


De igual teor é a "Parábola da mulher adúltera" ( João, cap. VIII, vv. 3 a 11)


"Aquele dentre vos que estiver sem pecado, atire a primeira pedra."


Noutra ocasião, na "Parábola do credor incompassivo", Jesus compara o Reino dos Céus a um rei, que resolveu ajustar contas com um servo que lhe devia dez mil talentos; como este, não lhe pudesse pagar, ordenou que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos e seus bens. Após dramáticos apelos, o rei compadeceu-se dele e perdoou suas dívidas. Ele, porém, ao libertar-se, encontrou-se com um companheiro que lhe devia cem denários, quantia infinitamente inferior. Como também, este não teria como lhe pagar, fez-lhe idênticos e dramáticos apelos mas ele, ao contrário, não o atendeu, deixando-o preso. Ao saber disso, o rei se indignou, entregando seu devedor aos verdugos até que ele lhe pagasse tudo o que devia, indagando: - Tu não devias ter tido compaixão do teu companheiro como eu tive de ti ?


Completa então, Jesus:


"Assim também meu Pai Celestial vos fará, se cada um de vos do íntimo do coração não perdoar a seu irmão." (Mateus, XVIII 21- 35)


Portanto, não perdoar as ofensas é uma das formas de ir contra a lei e assim fazer recair sobre si a justiça divina; é ingressar no terreno da ofensa à lei (FIG. 2) e "daí não sairá enquanto não tiver pago o último ceitil."


Casa do Perdão


Só será possível retirar-se deste terreno, fazendo esse ressarcimento entrando-se na CASA DO PERDÃO, e escolhendo-se entre duas opções; primeira, o caminho do arrependimento, que é o prelúdio, a ante-sala do perdão. É o primeiro passo, mas não o único, porque a "graça", com que acenam outras doutrinas em que basta arrepender-se para daí sair não faz parte da justiça divina que não anistia, mas anula, após a quitação da dívida. Essa anistia, essa "graça", "de graça", seria uma injustiça para o ofensor, uma desgraça, um perdão sem reforma, pois assim lhe roubaria a oportunidade de se educar e evoluir, e para o ofendido, que também não poderia se ressarcir das perdas sofridas. O segundo cômodo desta opção é a reforma íntima. "A persistência do indivíduo no descobrimento dos próprios defeitos ampliará consideravelmente o âmbito de possibilidade de êxito. Somente quem sabe os males que possui, pode cura-los."(2) A reforma íntima "deixa de ser algo constrangedor ou como exigência de conquista do dia para a noite, para ser entendida como algo que conquistaremos gradativamente, através do esforço pessoal que a Doutrina vai aos poucos interiorizando nos corações." (3)


Admitindo sua culpa e arrependendo-se, promovendo-se a conscientização do erro, a avaliação da dívida, impõe-se a passagem ao terceiro cômodo, a reparação, que é um ato de amor, uma doação nesta encarnação ou uma prova noutra existência.


"Quem perdoa ( de coração ), ama, e quem ama, não se endivida, não contrai débitos, prevenindo-se de períodos expiatórios (...). Harmoniza-se com as leis do Criador." (4)


"Quem não repara pelo amor", permanecendo na inércia e no endurecimento, recai na segunda opção da CASA DO PERDÃO (FIG 2,B), "resgata pela dor, e resgates são expiações." (4) Este cômodo é o mais sombrio e dorido da CASA DO PERDÃO, representando o caminho mais difícil para se deixa-la , mas por qualquer das duas opções alcançamos a saída da CASA DO PERDÃO, o perdão divino e a nossa evolução.


A CASA DO PERDÃO é a construção do nosso Pai Eterno, bálsamo da sua justiça e que infinitamente sábio, bom e misericordioso, não iria exigir de nós que perdoássemos sempre, se Ele também assim não procedesse.(5) Portanto, como nos ensina a Doutrina Espírita, calcada no Evangelho de Jesus, nós nunca seremos deserdados, porque o Criador, nosso Pai amoroso, não nos condena à penas eternas, nos perdoando sempre, mas, como bom educador, nos remete a um novo ensino, dando-nos uma nova oportunidade, um novo renascimento na carne, para que alcancemos fatalmente nossa meta, a perfeição.


Isto fica bem evidente na parábola do "Filho pródigo e do irmão egoísta".(6)


Um homem tinha dois filhos e o mais moço requisitou sua herança e atendido, partiu para um país longínquo, onde dissipou toda a fortuna, vivendo dissolutamente. Em conseqüência disso, tornou-se pobre, passando fome e vivendo entre os porcos.

Arrependido, resolve voltar a seu pai e lhe diz: - Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado seu filho.

O pai, no entretanto, teve compaixão dele e correndo o abraçou e o beijou. Mandou que seus servos o vestissem com a melhor roupa, lhe colocassem sandálias nos pés e anel no dedo e matassem um novilho, promovendo uma festa com música e dança.

O filho egoísta indignou-se com o tratamento dado a seu irmão, pela bondade e misericórdia do pai, mas este retrucou: - Filho, tu sempre estais comigo e tudo o que tenho é teu, entretanto cumpre regozijarmo-nos e alegrarmo-nos, porque este teu irmão, era morto e reviveu, estava perdido e se achou. (Lucas 15:11-32)



Vamos, enquanto nos encontramos a caminho, amar ao próximo como a nos mesmos, perdoando nossos inimigos, nos perdoando e promovendo a nossa reforma íntima, único roteiro para conquistarmos, ressarcidos nossos débitos, o perdão divino e alcançarmos a nossa evolução.


Para isso peçamos a inspiração do nosso Mestre amado, que na cruz, na intercorrência de seus algozes, pediu ao Pai:


"- Perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem."

O Que Aconteceu Com O Espírito de Adolf Hitler?


Tem um personagem que me intriga muito pela sua monstruosidade: Adolf Hitler. Gostaria de saber o que aconteceu com ele desde seu desencarne, como ele foi recebido no plano espiritual e como ele se encontra atualmente?

Diante das atrocidades terríveis do holocausto, é natural atribuir a Hitler toda culpa pelos fatos e esperar noticias de sofrimentos atrozes desse Espírito quando ele chegasse ao mundo espiritual. Mas esse pensamento exagerado esta influenciado pelo dogma do inferno e dos pecados. O Espiritismo propõe outro raciocínio.

O sofrimento de Hitler, como de todo espírito mau, está na cobrança de sua consciência e na visão de suas vítimas. Só há uma saída, o arrependimento. Não há sofrimento eterno, ele se mantém até quem o indivíduo se arrependa.

Mas ao invés de pensar o que aconteceu com Hitler depois de seu desencarne, vale a pena olhar sobre o que ele fez antes disso.

Um individuo, por mais perverso e inteligente, não teria poder suficiente para, sozinho, criar as atrocidades da 2a Guerra Mundial. Sua ascensão ao poder foi patrocinada pelo povo alemão, humilhado e com vontade de se vingar do mundo após a derrota na 1a Guerra Mundial. Os outros países europeus viram quando os alemães se armaram e invadiram os vizinhos deles sem protestar.

Do outro lado do Atlântico, os estaudinenses investiam recursos das empresas na pesquisa da eugenia, uma pseudociência que desejava aperfeiçoar a espécie humana, pelo cruzamento dos indivíduos mais aptos e a esterilização dos menos capazes, baseando-se na teoria da evolução das espécies. Magnatas investiam na criação de laboratórios e projetos, inclusive na Alemanha. Hitler apenas aperfeiçoou e levou aos extremos cruéis dessas ideias racistas.

Hitler não fez nada sozinho, a humanidade precisa ouvir sua consciência e rever o egoísmo e orgulho, impregnados nas estruturas sociais, para que nunca mais aconteçam tais sofrimentos. Muita gente divide essa culpa. O Espiritismo dá uma clara explicação para essa questão, conforme o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo:

“Os Espíritos maus pulam em torno da Terra, em virtude da inferioridade moral de seus habitantes”.

É, portanto, a condição evolutiva dos homens que oferecem campo de ação e oportunidades para os esses seres.

Uma vida é apenas um curto capítulo na trajetória do espírito. O tirano alemão não está envolvido com seus projetos de destruição apenas naquela vida. “É certo que Hitler foi médium dedicado e desassombrado de tremendos poderes das trevas. Esses irmãos desarvorados, que demoram por milênios sem conta em caliginosas regiões do mundo espiritual, por certo não desistiram da aspiração de conquistar o mundo e expulsar a luz para sempre, se possível”, escreveu o pesquisador Hermínio Miranda, em As Duas Faces da Vida. O comprometimento de Hitler com esse grupo espiritual se deu antes, durante e depois da vida.

Hitler um dia vai se arrepender do sofrimento que causou. Ninguém está condenado ao mal eterno, isso é impossível. Pelo esforço de seus habitantes, o bem vai predominar na Terra nas próximas gerações. Não haverá mais ambiente para as pretensões dos maus espíritos, e os que persistirem vão para mundos inferiores. A eles, como também a Hitler, devemos dirigir nossas preces dizendo: “Um simples esforço da tua vontade bastará para te tirar da má situação em que te encontras. Apressa-te, pois, visto que cada dia de demora é um dia perdido para a tua felicidade”, conforme aconselham os Espíritos em O Evangelho Segundo o Espiritismo.



Matéria publicada originalmente na revista Universo Espírita, umas das publicações espíritas mais profundas e esclarecedoras já surgidas no mercado editorial. A revista está paralisada momentanemente na busca de recursos para prosseguir na sua trajetória. O portal da Sociedade Espírita Nova Era trará, eventualmente, alguma matéria da publicação procurando manter viva esta iniciativa, tão importante para o espiritismo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

É Possível Evolução Sem Educação?


Carlos Augusto Parchen

Recentemente fizemos uma palestra sobre o tema "Evolução", onde colocavamos uma série de condições e premissas necessárias a evolução.

Em e-mail, um Irmão, a esse respeito, nos perguntou : "é possível evolução sem educação?".

Claro que a pergunta não se refere a educação no sentido de "ensino", de educação escolar, mas sim no sentido de "educação para a vida".

Vamos clarear isso um pouco mais : educar-se pode ser traduzido como aquisição de conhecimentos e sua transformação em habilidade, aptidões e atitudes.

Colocamos "educar-se" e não "educar", pois a educação é fundamentalmente um processo de aprendizagem e não de ensino.

Modernamente, o papel de educador é o de facilitador do processo de aprendizagem, e não mais o do "professor que ensina", mas isso é um outro assunto.

Podemos dividir a educação em dois grandes campos : o de educação formal e o da auto-educação.

Na educação formal, o indivíduo adquire conhecimentos organizados nas diversas áreas do conhecimento humano. Na auto-educação, o indivíduo acha os conhecimentos necessários ao seu convívio com seu semelhante e com a natureza.

Nos dois campos, a educação só ocorre quando "aprendemos" (com dois "es") o conhecimento (intelectualização) e o transformamos em habilidade, aptidões e atitudes, que são obtidas através das vivências e experiências pessoais.

Aliás, mais um parênteses : é necessário que os professores percebam que na escola, assim como na vida, os conhecimentos só são transformados em habilidade e aptidões se "processadas" através de experiências e vivências.

Colocamos isso para destacar alguns aspectos importantes. Primeiro, se o indivíduo não consegue transformar determinado conhecimento, seja de que origem for, em habilidade, aptidões e atitudes para uso em sua vida e/ou em sua profissão, ele não aprendeu e em conseqüência, não "educou-se" naquela área específica. Em segundo, é necessário que o indivíduo realmente "processe" o conhecimento através da vivência e da experiência pessoal, ou seja, que internalize pela relação com a vivência e prática pessoal, pois em caso contrário não conseguirá "aprender" aquele conhecimento.

Relacionemos agora com a "evolução". Evoluir é crescer e mudar para um patamar superior de conhecimento e comportamento e melhorar em relação a um estágio anterior. Energeticamente, evoluir é passar a vibrar em patamar mais elevado e sutil que o anterior.

Quando a pergunta foi feita, evoluir, evidentemente, foi colocado no sentido de evoluir "espiritualmente", ou se quiser "ética e moralmente".

Daí, voltemos a questão : evolução e educação têm relação direta?

Afirmamos que sim, de uma forma clara. Para evoluir, mudar de patamar, elevar-se, o indivíduo necessita trilhar a vida em consonância com a Lei Natural. A Lei Natural é universal e perfeita e permeia todo o universo, regendo todo o seu funcionamento, nos aspectos físicos (matéria e energia) e espirituais (ética e moral). As Leis Morais fazem parte indissolúvel da Lei Natural.

Para evoluir, o indivíduo necessita "respeitar" ou harmonizar-se com a Lei Natural. E isso só é possível se "educar-se" a esse respeito, ou seja, ter habilidade, aptidões, e atitudes que o façam transitar sem confronto com a Lei Natural.

E isso tem que ocorrer no dia-a-dia do indivíduo, em toda a sua relação com o seu semelhante e com a natureza. Mesmo nas menores coisas, pois as Leis Naturais não diferenciam "coisas mais importantes" e "coisas menos importantes". Mal comparado, com quem rouba 1.000 reais ou 100.000 reais, são atingidos igualmente pelo Código Penal.

Por isso, se o indivíduo não educar-se para a vida, com habilidades, aptidões e atitudes correspondentes, não conseguirá evoluir, pois entra em confronto com a Lei Natural.

Tomemos um exemplo bem material e corriqueiro : muitas pessoas levam seu cão para passear (e fazer outras coisas) na areia do mar. Muitas vezes fazem isso na calada da noite. Essas pessoas tem educação? Claro que não, pois as conseqüências disso serão terríveis para outras pessoas, em especial para as crianças (já vimos algumas com mais de 20% da área da pele de seu corpo com o "bicho geográfico").

As pessoas que fazem isso, estão evoluindo? É evidente que não, pois não desenvolveram habilidade, aptidão e atitude coerente com a Lei Natural, ou seja, não souberam vivenciar e experienciar os conhecimentos necessários a se respeitar o semelhante, não educando-se para amar o próximo. Podem até ter grande conhecimento intelectual, mas não estão "educadas".

Objetivamente, para evoluir é necessário ter educação, sem sombra de dúvida. Queríamos dizer mais : é impossível evolução sem educação.

Talvez o grande problema para a humanidade / sociedade seja esse : como educar. Gastou-se muito tempo em tentar "ensinar", mas com isso só se tem conseguido "intelectualização", o que não é sinônimo de educação.

Cada um pode fazer a sua parte, buscando e construindo a auto-educação. Primeiro, buscando o conhecimento; em segundo, aplicando esse conhecimento as vivências e experiências pessoais; em terceiro, transformando isso tudo em habilidade, aptidões e atitudes de relacionamento com os semelhantes e com a natureza.

Assim evoluiremos e pelo exemplo, estaremos motivando outras pessoas a evoluírem.

Pensamentos Positivos


Pensamento Positivo

Carlos Augusto Parchen

Embora a ciência oficial ainda não lhe de o devido crédito, o fator energético é de fundamental importância para a vida de cada um.

Cada ser traz em si um forte componente energético, resultante de interações entre o espírito e o corpo físico, o que é propiciado pelo perispírito ou corpo espiritual, intermediário e catalisador da ligação corpo-espírito.

O componente energético é gerenciado pela mente, que o comanda de duas formas: uma automática ou não consciente, e outra consciente, impulsionada pela vontade. Quanto mais evoluído é o espírito, maior é o comando consciente; quanto menos evoluído, maior é o comando automático. De qualquer maneira, ambos os comandos sempre existem.

O componente energético do ser humano é decorrente do funcionamento conjunto e unitário do corpo e espírito, refletindo o "estado" do complexo humano, ou seja, é decorrente do equilíbrio maior ou menor do corpo e do espírito simultaneamente.

O "estado" de equilíbrio do corpo e do espírito determina a "qualidade" do componente energético. E essa "qualidade" é que condiciona que tipos de energias que o indivíduo afiniza e assimila , pois o componente energético é constantemente renovado pela "metabolização" de energias existentes no ambiente. E as energias que absorvemos são aquelas que afinizamos, ou seja, as que correspondem ao "padrão" do nosso componente energético.

Quanto à parte de nosso corpo físico, para que este segmento contribua com uma energização positiva, é necessário que esteja em equilíbrio, ou seja, com saúde, bem cuidado. É por isso, como exemplo, que o médium passista necessita estar em boa saúde e equilíbrio físico, sem ter vícios, para que seu corpo possa contribuir com boas energias para o passe.

Já o componente espírito, também deve estar em equilíbrio para poder contribuir com a energização positiva do componente energético. Para ter a mente equilibrada, temos que estar transitando em equilíbrio com a Lei Divina ou Natural, ou seja, orientarmos nossa vida de relação com os semelhantes e com a natureza de acordo com a Lei de Amor. Claro que ainda somos imperfeitos e muitas vezes infringimos as leis naturais. Daí a necessidade constante de vigilância, para que erremos menos, e quando errarmos, rapidamente corrigirmos os erros e redirecionarmos a nossa mente e pensamentos para o bem e o amor.

O componente energético tem, portanto, uma grande interação nos dois sentidos (ida e volta) com o corpo físico e com o espírito, um afetando o outro.

Fica fácil entender que para termos saúde física e mental/espiritual, temos que ter energias equilibradas e vice-versa.

Um antigo ditado greco-latino já nos dizia: "mente sã em corpo são". Isso exprime uma verdade, pelas interações já explicitadas. Por isso, devemos nos preocupar sempre com o equilíbrio de todo o ser, mental e fisicamente. Isso também nos alerta para que, quando estamos com problemas físicos, doentes, temos que reforçar o padrão espiritual, ou seja, buscarmos a compensação energética global por uma maior elevação do padrão espiritual, para não "decairmos" energeticamente. Isso auxiliará mesmo a que o corpo tenda a readquirir o equilíbrio, ou seja, se torne saudável.

Quem se "entrega" à doença, ou seja, não a compensa com um maior equilíbrio espiritual, desequilibra-se energeticamente, o que agrava a doença física e desequilibra ainda mais o espírito. Este fato é fácil de constatar-se observando como as pessoas enfrentam as doenças e dores físicas e os resultados da atitude mental e espiritual de cada um.

Dentro do sistema automático de gerenciamento do componente energético do complexo humano, um dos fatores que mais o influencia é o pensamento, a atitude mental.

Para onde vai o pensamento, liga-se nosso componente energético. Se o nosso pensamento está equilibrado, ligamo-nos, absorvemos e metabolizamos boas energias. O contrário também é verdadeiro. Pensamentos em desequilíbrio nos ligam a energias desequilibradas, as quais assimilamos e metabolizamos, incorporando-as ao nosso componente energético, com as conseqüências disso advindas.

Nossos pensamentos refletem nossa atitude mental, nossa verdade interior. Se nossa atitude mental é equilibrada, nossos pensamentos serão equilibrados, sendo o contrário também verdadeiro.

Quem tem atitude mental positiva, tem comportamento positivo nas atitudes da vida, do dia-a-dia.

Para estar sempre em contato com boas energias, necessitamos estar emitindo sempre pensamentos positivos, equilibrados. Portanto, para nossa segurança e equilíbrio físico e espiritual (saúde) temos que estar emitindo pensamentos positivos.

No entanto, para emitir pensamentos positivos, temos que ter atitude mental positiva, e isso não pode prescindir de atitudes práticas (comportamento e relação) positivas (vontade ao bem e ao amor).

Podemos resumir afirmando que só se tem pensamentos positivos quando nossa atitude mental e, portanto, nossa prática (atitude) diária for positiva, ou seja, se traduza efetivamente na prática do bem e do amor.

Percebe-se portanto, que a prática efetiva do bem e do amor não é necessidade "religiosa" ou "esotérica" ou ainda "mística". É uma necessidade prática de segurança e equilíbrio energético, físico e espiritual. Só se tem atitude positiva assim. Só desta maneira teremos pensamentos verdadeiramente positivos. Só tendo pensamentos positivos nos ligamos com energias positivas. Só nos ligando com energias positivas, equilibramos nosso componente energético. E isso é fundamental para a saúde física, mental e espiritual.
Busquemos.

Evolução e Mudanda




Carlos Augusto Parchen


Allan Kardec, o magnífico Educador e Codificador da Doutrina Espírita, sob a égide de elevados amigos espirituais que lhe presidiram os trabalhos, nos alertava para alguns pontos fundamentais no desenvolvimento da Doutrina Espírita:

* a evolução é o único determinismo do Universo, e ela (a evolução) ocorrerá mesmo a nossa revelia, sem que nada possamos fazer. Tudo no Universo está sujeito a evolução, que gera aprendizado, o que por sua vez serve como alicerce para o processo evolutivo;
* as revelações que os espíritos nos trazem, são sempre compatíveis com a época em que ocorrem, pois os Espíritos Elevados respeitam nossas limitações, atuam dentro de nosso nível de conhecimento e consciência e não violam jamais o nosso livre arbítrio, nem nosso livre aprendizado. Seus ensinos são sempre para consolidar um nível de conhecimento que já está permeando a humanidade, porém sem induzir rumos ou "pular etapas" de aprendizado e desenvolvimento;
* as explicações dos espíritos sobre muitos pontos da Doutrina, estão muitas vezes limitadas pela ainda parca evolução intelectual da humanidade, pela pobreza de nosso vocabulário e pela inexistência de referenciais que lhes permitam exemplificar corretamente o ensino;
* assim como a Doutrina Espírita veio a seu tempo lançar luz e clarear muitos pontos obscuros do Evangelho, a evolução do conhecimento humano e das ciências possibilitará que vários pontos do Espiritismo sejam clareados, provados, discutidos e aprofundados;
* a razão, a análise lógica, o raciocínio coerente e a comprovação científica, segundo Kardec, deveriam ser suficientes para que a Doutrina viesse a agregar novos conhecimentos e alterar conceitos errôneos e incompletos de seu conhecimento e de seu ensino, devendo ser imediatamente incorporados a Filosofia, Ciência e Moral Espírita como parte de sua evolução;
* as obras da Codificação Espírita constituem-se no alicerce, na fundação, na base do Espiritismo, base esta sobre a qual se erguerá o Edifício da Doutrina. Esse edifício está sendo construído a partir da evolução do conhecimento e da ciência, junto com os novos ensinos trazidos pelos Espíritos Elevados. A Codificação não é a obra acabada, mas sim seus alicerces.

Trazemos estes pontos à reflexão, pois muitos Espíritas estão se esquecendo dessas colocações, e estão passando a considerar as Obras Básicas da Codificação como verdadeiros "Livros Sagrados", que contém a "verdade" da Doutrina, sendo "intocáveis" e "inquestionáveis" sobre tudo o que se refere ao Espiritismo.

Para essas pessoas, qualquer ponto que não possa ser rigorosamente "achado" nas Obras Básicas, é colocado sob suspeição e até sumariamente rejeitado, independente de toda a lógica, de toda a razão e de toda a comprovação científica que possa trazer embutido, atitude essa que contraria frontalmente o que Kardec colocava como normal e necessário para a própria sobrevivência da Doutrina.

É evidente que a época em que as Obras da Codificação foram escritas, o nível de conhecimento e as limitações da linguagem, impediam o aprofundamento de muitos pontos cruciais da Doutrina, e dificultam sobremaneira o entendimento da "verdade completa" sobre muitos tópicos e itens. Hoje, com novos conhecimentos científicos, culturais e uma linguagem mais avançada e flexível, certas explicações aparecem, lógicas, coerentes e até mesmo provadas, mas que são rejeitadas por "....irem contra Kardec....", por "...contrariarem Kardec....".

Mas o Codificador já previa isso. Não pretendia ele ser o "Dono da Verdade". Nem ele, nem os Espíritos Superiores. Sabiam que a "verdade" é relativa, apenas representa o conhecimento cultural e científico daquele momento específico. Por exemplo, até poucos anos atrás, os estados da matéria eram três (sólido, líquido e gasoso). Quantos de nós sabem quais são os estados da matéria hoje? Já são aceitos pelo menos seis, e alguns estudos começam a provar a existência de outros. Se admite hoje a possibilidade de 14 estados diferentes da matéria. Os cientistas da década passada estavam errados? Não, eles detinham apenas "parte da verdade". E os de hoje apenas detêm uma parte um pouco maior dessa "verdade".

Kardec era infalível? Essa pergunta dói. E como incomoda. Alguns Espíritas simplesmente se recusam a refletir sobre isso. Mas sabemos todos que a resposta é não. Kardec era falível, os médiuns que trabalharam com ele eram falíveis. Além disso, existia um conhecimento científico e cultural limitado na época. Os Espíritos Elevados estavam limitados em sua atuação e em seus ensinos por essa realidade.

As obras básicas são infalíveis? Claro que não, pelo mesmos motivos expostos no parágrafo anterior. Mas os Espíritos Superiores não revisaram todo o trabalho da Codificação? Não corrigiram todos os erros? Não completaram todas as lacunas? E a resposta é novamente não, pelo motivo que o próprio Kardec nos colocava, orientado pelos Espíritos Superiores: "...o livre arbítrio é absolutamente inviolável...".

Não podemos tornar as obras da Codificação, nem mesmo o Livro dos Espíritos, nem o Evangelho Segundo o Espiritismo, nem o Livro dos Médiuns, nenhum deles, na "Bíblia Sagrada" dos Espíritas. Kardec não queria isso e nos alertou sobre isso.

Temos que nos lembrar que muitos dos conceitos mais modernos da Doutrina Espírita, já assimilados e incorporados pela prática espírita, em âmbito até mundial, nos foram trazidos pela mediunidade de Francisco C. Xavier, psicografando André Luiz, cujos ensinos "revolucionaram" a Doutrina Espírita. No que se refere ao perispírito, ao passe, as energias e a muitos outro itens, grande parte do ensino de André Luiz não é encontrado nas Obras Básicas. Mas os conhecimentos e ensinos trazidos estão certos. E são aceitos pela maioria das Casas Espíritas, paradoxalmente, mesmo sem muita análise e reflexão.

Hoje temos novos autores, Pesquisadores de Nível Universitário, Mestres , Doutores e Pós-Doutores, Filósofos, Médicos, Físicos, Cientistas enfim, que vêm trazendo novos e profundos conhecimentos para o Espiritismo. Simplesmente rejeitar esses novos conhecimentos científicos e culturais, sob a alegação de que "...não estão em Kardec...", ou porque "...vai contra o que colocou Kardec..." é no mínimo negar tudo o que disse e pensou o nosso Mestre Lionês.

Temos ainda que nos lembrar que hoje, não existe quem possa fazer o trabalho que Kardec fazia, de compilar, analisar e sistematizar todo o conhecimento espírita do mundo. Não temos e não teremos. As Federações não podem cumprir esse papel, pois não têm caráter normativo (e nem devem ter mesmo), estando sujeitas, como qualquer grupamento humano, a "correntes ideológicas" (inclusive não kardecistas) e as inefáveis paixões humanas, que as inviabilizam para tal papel. Cabe aos Espíritas abrirem mente e coração, inteligência e razão, análise e reflexão para o estudo de cada uma das novas obras, das novas proposições, dos novos paradigmas propostos, passando-as pelo "crivo" a que se referia Allan Kardec, analisando as provas, as evidências, a lógica e a razão e concluindo a respeito.

O que não se pode é simplesmente "negar", por não se achar que não está "de acordo" com as obras básicas. Não se pode tentar defender posições dogmáticas e excludentes, porque "...não está em Kardec...". Fazer isso é tomar a mesma atitude que levou a estagnação e fracasso da Religiões Tradicionais.

Negar a evolução, negar o avanço, negar as mudanças, negar a agregação de novos conhecimentos é, por si só, ir contra o que nos trouxe e deixou Allan Kardec. Essa atitude é a que realmente não encontra amparo nas Obras Básicas.

Para encerrar, fica aqui a recomendação para um estudo detalhado e minucioso da Introdução e dos Prolegômenos do Livro dos Espíritos, que infelizmente muitos "pulam" e se descuidam.

Evolução e Mudança andam juntas. Graças a Deus na própria Doutrina Espírita.

Ninguém Morre Antes da Hora?



Muitas vezes nos referimos a morte de uma pessoa como "tendo chegado a hora", ou ainda "ninguém morre antes da hora".

Daí a pergunta que muitos fazem: temos pré-determinada a hora de nossa morte? Ninguém morre antes da hora determinada?

Dentro da visão espírita, temos que analisar dois aspectos importantes quando do nascimento (reencarnação) de um ser humano.

O primeiro aspecto é o potencial genético do corpo formado, resultante da fusão de óvulo e espermatozóide, que determinam a formação de um corpo com determinados potenciais e determinadas limitações.

O segundo aspecto é o potencial energético do perispírito, pois este último promove a ligação do espírito com o corpo físico, arrastando para esse corpo energias positivas e/ou negativas, de acordo com as suas características evolutivas específicas. Essas energias provocam alterações nos potenciais genéticos e de funcionamento do corpo físico.

Da interação entre esses dois aspectos no complexo humano (corpo+perispírito+espírito), temos, teoricamente, estabelecido um potencial de vitalidade ou de energia vital que, em tese, determina um potencial máximo de vida para aquele organismo, ou se quiser simplificar, um tempo máximo de vida orgânica.

Colocamos e destacamos "em tese", pois o exercício do livre arbítrio leva ao perispírito possibilidades de alterar suas características energéticas, com energias positivas ou negativas, o que, por sua vez, altera o potencial de energia vital do complexo humano. Essa alteração pode melhorar ou piorar o potencial de energias vitais.

Da mesma forma, o nosso livre arbítrio também nos leva a utilizar o nosso patrimônio físico, com maior ou menor cuidado com suas necessidades específicas, o que pode gerar um "gasto correto" (econômico) ou um "gasto excessivo" de nossa vitalidade orgânica ou energia vital.

Para melhor explicar isso, vamos exemplificar com o tabagismo (vício de fumar). Estudos e pesquisas internacionais, já muito conhecidas (e reconhecidas), provaram que o consumo de um único cigarro "custa" ao organismo físico o desgaste orgânico equivalente a cerca de 12 a 14 minutos de vida. Isso significa que cada 5 cigarros fumados eqüivalem a "diminuição" de 1 (uma) hora de vida. O que falar então do uso de drogas (tóxicos) e do alcoolismo? Ou ainda da alimentação inadequada, excessiva? Quanto desgaste isso tudo gera ao potencial orgânico?

Fica fácil de entender que a pessoa pode "danificar" seu corpo físico, encurtando seu tempo de vida orgânica em relação ao seu "potencial de vitalidade". Só isso já poria por terra a teoria de que "ninguém morre antes da hora". Quem não cuidar das suas energias no perispírito ( o que está ligado ao equilíbrio espiritual) e do seu corpo físico, diminui seu tempo de vida orgânica, ou seja, "morre antes da hora". Com isso, adquire débito energético, ou seja, necessidade de "resgate" desse "débito" em outra(s) encanação(ões).

Analisando de um ângulo externo ao próprio complexo humano, temos que nos lembrar que todos estamos numa vida de relação, com outros indivíduos e com a natureza. E sofremos as conseqüências disso.

Vamos exemplificar de forma bem direta: uma determinada pessoa resolve ir a uma festa, ingere muita bebida alcoólica, embriaga-se. De forma imprudente, vai voltar para casa dirigindo seu veículo. Em excesso de velocidade, perde o controle do carro, atingindo um ponto de ônibus, onde atropela e mata 3 pessoas, sendo uma criança, um jovem e um adulto.

Essas três pessoas atropeladas estavam na "sua hora de morrer"? Suas mortes estavam "programadas"? Estava escrito? Estava "previsto" na reencarnação de cada um?

É evidente que não, pois em caso contrário não existiria o livre arbítrio, e tudo no mundo seria determinístico, nos tornando meros "robôs" na passagem terrena.

Aquele motorista embriagado ceifou a vida de pessoas que tinham diferentes potenciais de vida, de alguns anos (o adulto) a várias décadas (criança e jovem), e que ainda poderiam viver muito com seu corpo orgânico. As três pessoas "morreram antes da hora".

Não existe uma "programação de morte". Existe um potencial de vida, que pode mesmo ser "estendido" pelo equilíbrio espiritual e respeito e cuidado com o corpo físico, ou ainda, encurtado pelo próprio indivíduo ou por terceiros, que responderão por isso nesta e em outras vidas.

Se as mortes estivessem programadas, cada movimento em todo o mundo estaria programado. Se uma pessoa morre atropelada numa rua, na hora do "pico" do movimento, em São Paulo, por exemplo, e isso estivesse "programado", o atropelador já nasceria com essa "missão", e para ajustar a sincronia entre atropelador e atropelado, todo o trânsito de São Paulo deveria estar "programado", para que todos os envolvidos se encontrassem naquele exato instante.

Cremos que com esses argumentos, evidencia-se que não existe "hora de morte programada".

O que os espíritas devem cuidar é para não se tornarem crentes do determinismo, acreditando numa "programação absoluta da reencarnação", pois isso fere uma verdade basilar – a do livre arbítrio - , sob a qual reside grande parte da filosofia e doutrina espírita.

É preciso estudar um pouco mais a Lei de Causa e Efeito, relacionando isso com o estudo do registro energético do perispírito, de modo a entendermos o correto mecanismo do "resgate e expiação.