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domingo, 13 de junho de 2010
Injusta Acusação
Receita apresentada contraria crítica
Uma crítica infundada, dirigida a Santo Agostinho, foi publicada em 1o de setembro de 1868, na Bélgica, pela Vedette de Limbourg, jornal de Tongres, e com o título Cretinismo. Allan Kardec publicou trechos parciais em sua Revista Espírita*, edição de dezembro de 1866, que igualmente transcrevemos parcialmente da edição referida. Assim se refere o trecho específico:
“Segundo Santo Agostinho, o mundo visível é governado por criaturas invisíveis, por puros Espíritos, e mesmo há anjos que presidem a cada coisa visível, a todas as espécies de criaturas que estão no mundo, quer sejam animadas, quer inanimadas. (...) Pode julgar-se por esta prova do gênero de leitura que faz a juventude educada nos conventos. É possível conceber – deixem passar a expressão – qualquer coisa de mais profundamente estúpido? (...) Em seu livro, que não convém menos aos eclesiásticos do que aos leigos, o autor desdobra uma força de razão e de estilo que aclara e submete o espírito; de sua pena flui uma unção que penetra e ganha o coração. É a obra de um homem profundamente versado na espiritualidade. Nós dizemos: é a obra de um homem tornado louco pelo ascetismo, muito mais a lamentar que a censurar. (...)”
Após a transcrição do trecho acusador, Kardec acrescenta dois curtos parágrafos, dos quais destacamos: “(...) Agostinho é universalmente considerado como um dos gênios, uma das glórias da humanidade, e eis que com uma penada um escritor obscuro, um desses jovens que se julgam a luz do mundo, atira lama sobre esse renome secular, pronuncia contra, na sua alta razão, a acusação de cretinismo e isto porque ele acreditava em criaturas invisíveis. A conta disto, quantos cretinos não há entre os mais estimados literatos contemporâneos! (...) Eis a escola que aspira a regenerar a sociedade pelo materialismo. Assim pretende ela que a humanidade volte à demência. (...)”
Pois é pensando exatamente na regeneração da humanidade, na melhora moral dos habitantes do planeta que o genial Agostinho, o mesmo acusado de cretinismo, respondendo à indagação de Allan Kardec (na questão 919 de O Livro dos Espíritos**) sobre o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e resistir à atração do mal, definiu: Conhece-te a ti mesmo.
Kardec não se satisfez e voltou à questão, perguntando: Qual o meio de consegui-lo?
E Santo Agostinho, em resposta de duas páginas, dá a receita. Elaborando pequena síntese da longa e bem ponderada resposta, podemos – para efeito didático de estudo – apresentá-la como autêntico roteiro para uso diário. Após sugerir avaliação diária, interrogando a própria consciência – como ele igualmente fazia quando na vida física –, como caminho do autoconhecimento, a resposta pode ser resumida em cinco itens para auto-avaliação, ainda que em outras palavras:
a) Interrogarmo-nos sobre o que temos feito;
b) Com que objetivo fizemos ou agimos dessa ou daquela forma;
c) Se fizemos algo que censuraríamos se praticado por outra pessoa;
d) Se algo fizemos que não ousaríamos confessar;
e) Se ocorresse a desencarnação, teríamos temor do olhar de alguém?
E finalmente, entre outras importantes considerações, recomenda que examinemos se agimos contra Deus, contra nosso próximo e contra nós mesmos. E conclui o raciocínio que as respostas obtidas nos darão o descanso para a consciência ou a indicação de um mal que precisa ser curado.
A resposta de Agostinho é de meridiana beleza e contém um argumento irrecusável para nossas ações cotidianas: “(...) Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na podereis ter por legítima quando fordes o seu autor (...)”
Pois são estas notáveis anotações, dirigidas com o objetivo de nos auxiliar a própria transformação moral, que trará a felicidade e o equilíbrio à humanidade, que estão assinadas por Santo Agostinho, aquele que tão levianamente foi acusado de cretinismo.
O fato, por si só, já nos permite grave reflexão pessoal nos relacionamentos que todos mantemos uns com os outros.
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