segunda-feira, 14 de junho de 2010

Kardec e o Conselho de Erasto


Quando as informações de um determinado setor de uma empresa chegam às mãos do administrador, imperioso que estejam corretas, claras, objetivas, completas, para que a partir delas o administrador possa traçar diretrizes, estabelecendo um planejamento estratégico. Se as informações contiverem 90% de acertos e somente 10% de erros, estes 10%, embora sejam minoria esmagadora, poderão anular completamente os dados corretos, porque servirão também de parâmetro para a tomada de decisão, e decisões equivocadas fatalmente ocasionam prejuízos e não alcançam objetivos.

Há algumas décadas, em O Livro dos Médiuns, Cap. XX, “Da influência moral do médium”, item 230, o Espírito Erasto aconselhou: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade”.

Erasto tem razão, e seu pensamento, embora muitos não saibam, foi trazido ao cotidiano das empresas. É melhor não ter informações do que tê-las imprecisamente, esses pequenos equívocos podem ocasionar grandes estragos, tanto nas empresas, quanto na vida.

Imaginemos se na codificação da Doutrina Espírita, Kardec tivesse aceitado sem o rigor científico e o bom senso que lhe era característico todas as informações provindas da espiritualidade? Certamente o espiritismo teria se perdido em um oceano de informações distorcidas, gerando dúvidas, desavenças e equívocos de interpretação por parte dos profitentes da doutrina que se iniciava. O alicerce necessitava ser construído sobre base sólida, sedimentada pela verdade, para não ruir diante das dificuldades naturais advindas do estágio evolutivo em que se encontrava a humanidade.

Por isso, trouxemos aqui algumas reflexões que julgamos importantes, para que a comunicação do espírita com o universo fora do centro espírita seja eficaz, ofertando uma informação com qualidade, a fim de que aqueles que não são espíritas possam compreender com exatidão os postulados de renovação interior que propõe a doutrina codificada por Kardec.

Por isso, importante:
Transmitir uma informação espírita com qualidade.
E informação espírita com qualidade tem dois vértices:
1º Solidez de conhecimentos doutrinários.
2º Simplicidade ao transmitir esses conhecimentos.

Abordaremos a seguir o primeiro vértice que é: Solidez de conhecimentos doutrinários.

Em geral, nós brasileiros somos pouco afeitos à leitura, ao estudo, à pesquisa, passamos muito tempo em frente à televisão e distante dos livros, e o espírita não foge à essa regra. (obviamente que há exceções).

Para o conhecimento espírita chegar com qualidade a nosso interlocutor, se faz mister que esteja fincado dentro das obras básicas que compõem a Doutrina Espírita, os cinco livros da codificação Kardequiana mais os volumes da Revista Espírita contém toda a estrutura doutrinária. As obras de André Luiz psicografadas por Chico Xavier também abrem-nos os horizontes em relação à vida espiritual. Existem muitos outros bons livros, todavia, relevante que o espírita se habitue a consultar as obras kardequianas para tirar dúvidas, estudar ou mesmo confirmar informações. Há que se atentar para o sábio conselho do Espírito de Verdade: “Espíritas amai-vos, espíritas instrui-vos”.

Contudo, não basta apenas ler, imperioso ir além, estudar, pesquisar, buscar incessantemente o conhecimento doutrinário através do intercâmbio com o movimento espírita tornarão o espírita apto a passar uma informação com qualidade a quem procura saber mais sobre a doutrina espírita; isso é muito importante para que as pessoas tenham uma idéia real do que é o espiritismo, sem confundir a doutrina codificada por Kardec com outras religiões ou filosofias de vida.

Muitas criaturas têm uma imagem distorcida do que é o espiritismo porque falta a informação espírita transmitida com qualidade. Muitos procuram o Centro Espírita ávidos por milagres, realizações, contato com o além, iludem-se quanto as reais finalidades do espiritismo... Se aquele que recepciona esse recém chegado as fileiras espíritas o fizer de forma distorcida, misturando conceitos, embaralhando teorias e transmitindo a mensagem espírita sem fidelidade, fatalmente a confusão de idéias estará armada, quem recebeu as informações irá assimilá-la de forma equivocada e quem sabe até transmiti-la de maneira errônea. Daí o conselho de Erasto para guardar prudência diante de teorias e supostas revelações.

Importante se conscientizar que:

A Doutrina Espírita oferece muito mais que isso, é ela sagrado roteiro de vida, proporciona consolo aos corações cansados pelos embates existenciais, disponibiliza caminhos para que possamos nos libertar de inúmeras amarras físicas e psíquicas, explica de onde viemos, o que fazemos aqui, para onde vamos. O espírita precisa se preparar, estudar as obras básicas, enfim, se espiritizar, para que transmita informações espíritas com qualidade.

O segundo vértice: Simplicidade ao transmitir esses conhecimentos.

A informação com qualidade pode ser transmitida de forma simples, cristalina, objetiva. De nada adianta utilizar termos técnicos que só espíritas calejados compreenderão para quem está chegando a doutrina neste momento. A abordagem referente a comunicação com o “além”, que motiva muita gente a procurar o espiritismo, deve ser feita com naturalidade e simplicidade, sem sensacionalismos que poderão iludir os recém chegados.

Mostrar que o Espiritismo veio para dialogar com o cotidiano, que suas lições são para aplicação constante deve ser um dos objetivos daqueles (as) que se propõem a divulgá-lo. Daí a necessidade da simplicidade e naturalidade ao se transmitir a mensagem espírita, ela deve ser de fácil compreensão, deve estar aberta tanto à inteligências mais robustas como as mais singelas. Nesse mister destacam-se vários autores da literatura espírita, como o bauruense Richard Simonetti, por exemplo, que traz em suas obras uma linguagem de fácil assimilação, Richard estende o tapete vermelho àqueles (as) que estão chegando ao espiritismo, trocando em miúdos as lições kardequianas e mais importante, atuando com extrema fidelidade doutrinária.

Se nós espíritas estabelecermos como meta transmitir uma informação espírita com qualidade, precavendo-se contra as distorções das idéias kardequianas, estudando, pesquisando, debatendo, certamente estaremos colaborando para que o espiritismo abra a consciência humana quanto aos imperativos da auto educação do homem, que é sem interrogações seu maior objetivo.

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