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quarta-feira, 16 de junho de 2010
O Amparo Espiritual
O dia amanhecera de sol quente. Lucas revirou na cama, acordando com o chamado de sua mãe:
- Filho querido, acorde! A mamãe e o papai precisam ir trabalhar. Venha tomar logo o seu café da manhã!
Lucas espreguiça que espreguiça, levantou e correu até a cozinha para comer a humilde refeição que a mãe preparara: um pão com manteiga, já um pouco endurecido, e um pequeno copo de café.
Como de costume, seus pais saíram para trabalhar no canavial e ele ficara em casa para cuidar do irmãozinho mais novo, que ainda não sabia andar. Lucas queria muito estudar, mas a escola era longe demais e seus pais não tinham como levá-lo.
Além de tudo, ele precisava cuidar do irmão. Muito esforçado, aprendia a ler com os jornais velhos que o pai trazia para casa, pois sabia o valor do conhecimento.
Depois de alimentar o irmão com mingau de fubá, percebera que o tempo estava se fechando: o céu estava escurecendo e certamente iria cair uma tromba d'água. Lucas teve apenas tempo de fechar as janelas e logo a chuva torrencial começou a cair.
A chuva era intensa, os relâmpagos iluminavam o céu e os trovões assustavam o irmãozinho, que chorava no colo de Lucas, com medo.
Da janela da casa, Lucas via que o riacho que passava em frente à casa estava enchendo rapidamente. As águas do rio já arrastavam troncos de árvores e muito entulho.
- Uma enchente! ..resmungou o garoto, já com algum medo.
Os dois irmãos subiram na pequenina e frágil mesa da cozinha, enquanto a água ia entrando com violência dentro do casebre.
Quanto mais a água subia, mais a mesinha tremia pela correnteza que se formou.
A correnteza ficou cada vez mais forte e Lucas colocou o irmão num cesto e foi a conta para ambos serem arrastados pela correnteza que derrubou o casebre.
E lá se foram os dois, redemoinhando nas ondas fortes.
Lucas, em meio à correnteza, conseguiu agarrar-se com uma mão a um tronco de árvore que havia sido arrancado pela chuva e com a outra segurava o cesto, até que uma forte onda jogou os dois numa pequena ilha de lama, formada no meio da correnteza.
O nenê chorava muito, aterrorizado!
- Fique quieto! - ordenava Lucas.
Lá, os dois irmãos ficaram por muito tempo. Não sabendo, ao certo, como sair daquela ilha, Lucas choramingava sem saber o que fazer.
Em pensamento ele perguntou a sua mãe:
- O que faço, minha mãe?
E a mãe, naquela hora, parecia responder:
- Se você nada puder fazer, peça ajuda a Jesus. Lucas caiu de joelhos na lama e rogou o amparo de Jesus.
Ao abrir os olhos, começou a perceber que um Espírito aproximava-se dele.
- Acalme-se meu filho, não se preocupe, pois seus pais acharão vocês dois, logo que as águas abaixarem...
- Mas quem é a senhora? - perguntou Lucas.
- Sou Anália Franco, e vim em nome de Jesus, que ouviu suas preces e permitiu que eu me aproximasse e chegasse até aqui para acalmá-los. Confie em Jesus e não tenha medo. Seus pais irão chegar aqui para salvar vocês dois!
- Mas como eles saberão que estamos aqui?
- Outros espíritos irão transmitir inspiração a seus pais e eles irão descobrir essa ilha.
- Assim... sim! Estou com sono Dona Anália e muito cansado. Queria estar com minha mãe!
Anália sorriu e abençoou os dois garotos que, agora, dormiam mais tranquilos, sob a sua proteção.
***
No outro dia, o Sol voltara a iluminar. Lucas acordou com os raios de luz a lhe aquecerem a pele, salpicada de lama.
Após olhar o cesto rapidamente, procurou por Anália: - Onde está você, Anália?
De repente, ele ouve um chamado forte:
- Lucas, estamos indo...
Eram seus pais que, dentro de um barquinho, remavam para chegar até a pequena ilha de lama.
- Graças a Deus, vocês estão bem! - dizia a mãe de Lucas.
- E como vocês vieram até aqui? - perguntou o pai.
Lucas explicou que uma onda os jogou naquela ilha e que o espírito de Anália Franco os socorrera. A mãe, a essa altura, esclareceu:
- Anália Franco! Aquela bendita senhora espírita que amparava as crianças! Graças a Deus, os bons Espíritos olham por nós!
Anália Franco, da Espiritualidade, abençoava aquela pobre e sofrida família, envolvendo todos eles em luz.
Juca, de repente, sentiu de novo a mão amiga de Anália a acariciar-lhe os cabelos.
Voltavam todos para reconstruir a casinha arruinada pela enchente.
Iago.
Bibliografia: Adaptação do livro infantil "Amparo Espiritual "-" Roque Jacintho", Editora Luz no Lar, 3ª ed.,1996.
**Fonte:-Texto retirado da "REVISTA SEAREIRO". [OUTUBRO de 2009]
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