domingo, 19 de junho de 2011

Medo

O Homem Integral
Joanna de Ângelis Espírito
Divaldo Pereira Franco Médium

Decorrente dos referidos fatores sociológicos, das pres¬sões psicológicas, dos impositivos econômicos, o medo assalta o homem, empurrando-o para a violência irracional ou amargurando-o em profundos abismos de depressão.
Num contexto social injusto, a insegurança engendra muitos mecanismos de evasão da realidade, que dilaceram o comportamento humano, anulando, por fim, as aspirações de beleza, de idealismo, de afetividade da criatura.
Encarcerando-se, cada vez mais, nos receios justificáveis do relacionamento instável com as demais pessoas, surgem as ilhas individuais e grupais para onde fogem os indivíduos, na expectativa de equilibrarem-se, sobrevivendo ao tumulto e à agressividade, assumindo, sem darem-se conta, um comportamento alienado, que termina por apresentar-se igualmen¬te patológico.
As precauções para resguardar-se, poupar a família aos dissabores dos delinquentes, mantendo os haveres em lugares quase inexpugnáveis, fazem o homem emparedar-se no lar ou aglomerar-se em clubes com pessoal selecionado, perdendo a identidade em relação a si mesmo, ao seu próximo e consumindo-se em conflitos individualistas, a caminho dos desequilíbrios de grave porte.
Os valores da nossa sociedade encontram-se em xeque, porque são transitórios.
Há uma momentânea alteração de conteúdo, com a conseqüente perda de significado.
A nova geração perdeu a confiança nas afirmações do passado e deseja viver novas experiências ao preço da alucinação, como forma escapista de superar as pressões que sofre, impondo diferentes experiências.
No âmago das suas violações e protestos, do vilipêndio aos conceitos anteriores vige o medo que atormenta e sub¬mete às suas sombras espessas.
A quantidade expressiva de atemorizados trabalha a qualidade do receio de cada um, que cresce assustadoramente, comprimindo a personalidade, até que esta se libere em desregramento agressivo, como forma de escapar à constrição.
Quem, porém, não consiga seguir a correnteza da nova ordem, fica afogado no rio volumoso, perde o respeito por si mesmo, aliena-se e sucumbe.
Na luta furiosa, as festas ruidosas, as extravagâncias de conduta, os desperdícios de moedas e o exibicionismo com que algumas pessoas pensam vencer os medos íntimos, apenas se transformam em lâminas baças de vidro pelas quais observam a vida sempre distorcida, face à óptica incorreta que se permitem. São atitudes patológicas decorrentes da fragilidade emocional para enfrentar os desafios externos e internos.
A consumação da sociedade moderna é a história da desídia do homem em si mesmo, enlanguescido pelos excessos ou esfogueado pelos desejos absurdos.
Adaptando-se às sombras dominadoras da insensatez, neglicencia o sentido ético gerador da paz.
A anarquia então impera, numa volúpia destrutiva, tentando apagar as memórias do ontem, enquanto implanta a tirania do desconcerto.
Os seus vultos expressivos são imaturos e alucinados, em cuja rebelião pairam o oportunismo e a avidez.
Procedentes dos guetos morais, querem reverter a ordem que os apavora, revolucionando com atrevimento, face ao insólito, o comportamento vigente.
Os antigos ídolos, que condenaram a década de 20 e 30 como a da “geração perdida”, produziram a atual “era da insegurança”, na qual malograram as profecias exageradamente otimistas dos apaniguados do prazer em exaustão, fabricando os super-homens da mídia que, em análise última, são mais frágeis do que os seus adoradores, pois que não passam de heróis da frustração.
Guindados às posições de liderança, descambaram, esses novos condutores, em lamentáveis desditas, consumidos pelas drogas, vencidos pelas enfermidades ainda não controladas, pelos suicídios discretos ou espetaculares.
A alucinação generalizada certamente aumenta o medo nos temperamentos frágeis, nas constituições emocionais de pouca resistência, de começo, no indivíduo, depois, na sociedade.
Esta é uma sociedade amedrontada.
As gerações anteriores também cultivaram os seus medos de origem atávica e de receios ocasionais.
O excesso de tecnicismo com a correspondente ausência de solidariedade humana produziram a avalanche dos receios.
A superpopulação tomando os espaços e a tecnologia reduzindo as distâncias arrebataram a fictícia segurança indivi¬dual, que os grupos passaram a controlar, e as conseqüências da insânia que cresce são imprevistas.
Urge uma revisão de conceitos, uma mudança de condu¬ta, um reestudo da coragem para a imediata aplicação no organismo social e individual necrosado.
Todavia, é no cerne do ser — o Espírito — que se encontram as causas matrizes desse inimigo rude da vida, que é o medo.
Os fenômenos fóbicos procedem das experiências passadas — reencarnações fracassadas —, nas quais a culpa não foi liberada, face ao crime haver permanecido oculto, ou dissimulado, ou não justiçado, transferindo-se a consciência faltosa para posterior regularização.
Ocorrências de grande impacto negativo, pavores, urdiduras perversas, homicídios programados com requintes de crueldade, traições infames sob disfarces de sorrisos produziram a atual consciência de culpa, de que padecem muitos atemorizados de hoje, no inter-relacionamento pessoal.
Outrossim, catalépticos sepultados vivos, que despertaram na tumba e vieram a falecer depois, por falta de oxigênio, reencarnam-se vitimados pelas profundas claustrofobias, vivendo em precárias condições de sanidade mental.
O medo é fator dissolvente na organização psíquica do homem, predispondo-o, por somatização, a enfermidades diversas que aguardam correta diagnose e específica terapêutica.
À medida que a consciência se expande e o indivíduo se abriga na fé religiosa racional, na certeza da sua imortalida¬de, ele se liberta, se agiganta, recupera a identidade e humaniza-se definitivamente, vencendo o medo e os seus sequa¬zes, sejam de ontem ou de agora.

A Ansiedade

O Homem Integral
Joanna de Ângelis Espírito
Divaldo Pereira Franco Médium

Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos enfermiços que o consomem.
A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta contemporânea.
Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a insegurança no mundo emocional das criaturas.
As constantes alterações da Bolsa de Valores, a compreensão dos gastos, a correria pela aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem remunerados geram, de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro, as ameaças de guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos e chefes de atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços sobre enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos perpetrados contra a ecologia prenunciando tragédias iminentes; a catalogação de crimes e violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo que grassam em todos os meios sociais, como constante ameaça contra o ser e o seu grupo, levando-os a permanente ansiedade que deflui das incertezas da vida.
Passando, de uma aparente segurança, que era concedida pelos padrões individualistas do século 19, no apogeu da industrialização, para o período eletrônico, a robotização ameaça milhões de empregados, que temem a perda de suas atividades remuneradas, ao tempo em que o coletivismo, igualando os homens nas aparências sociais, nos costumes e nos hábitos, alija os estímulos de luta, neles instalando a incerteza, a necessidade de encontrar-se sempre na expectativa de notícias funestas, desagradáveis, perturbadoras.
Esvaziados de idealismo e comprimidos no sistema em que todos fazem a mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de uma para outra pauta de compromisso com ansiedade crescente.
A preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante aos demais, de ser bem recebido e considerado é responsável pela desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no grupamento social, sem identidade, nem individualidade.
Tendo como modelo personalidades extravagantes, que ditam modas e comportamento exóticos, ou liderado por ídolos da violência, como da astúcia dourada, o descobrimento dos limites pessoais gera inquietação e conflitos que mal disfarçam a contínua ansiedade humana.
A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfei¬tamente aceitáveis.
Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma resposta, uma conclusão, é perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada expectativa.
Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o clima de ansiedade torna-se um estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a vida.
O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento.
Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do cotidiano.
Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranqüilidade e a autoconfiança.
Não há, em realidade, segurança enquanto se transita no corpo físico.
A organização mais saudável durante um período, debilita-se em outro, assim como os melhores equipamentos orgânicos e psíquicos sofrem natural desgaste e consumição, dando lugar às enfermidades e à morte, que também é fenômeno da vida.
A ansiedade trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.
A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido ao corpo nem o medo de perdê-lo.
Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física tranqüilizam o homem, fazendo que considere a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.
Apegado aos conflitos da competição humana ou deixan¬do-se vencer pela acomodação, o homem desvia-se da finalidade essencial da existência terrena, que se resume na aplicação do tempo para a aquisição dos recursos eternos, propiciadores da beleza, da paz, da perfeição.
O pandemônio gerado pelo excesso de tecnologia e de conforto material nas chamadas classes superiores, com absoluta indiferença pela humanidade dos guetos e favelas, em promiscuidade assustadora, revela a falência da cultura e da ética estribada no imediatismo materialista com o seu arrogante desprezo pelo espiritualismo.
Certamente, ao fanatismo e proibição espiritualista de caráter medieval, que ocultavam as feridas morais dos homens, sob o disfarce da hipocrisia, o surgimento avassalador da onda de cinismo materialista seria inevitável. No entanto, o abuso da falsa cultura desnaturada, que pretendeu solucionar os problemas humanos de profundidade como reparava os desajustes das engrenagens das máquinas que construiu, resultou na correria alucinada para lugar nenhum e pela conquista de coisas mortas, incapazes de minimizar a saudade, de preencher a solidão, de acalmar a ansiedade, de evitar a dor, a doença e a morte...
Magnatas, embora triunfantes, proíbem que se pronuncie o nome da morte diante deles.
Capitães de monopólios recusam-se a sair à rua, para evitarem contágio de enfermidades, e alguns impõem, para viver, ambientes assepsiados, tentando driblar o processo de degeneração celular.
Ases da beleza cercam-se de jovens, receando a velhice, e utilizam-se de estimulantes para preservarem o corpo, aplicando-se massagens, exercícios, cirurgias plásticas, musculação e, não obstante, acompanham a degeneração física e mental, ansiosos, desventurados.
Propalando-se que as conquistas morais fazem parte das instituições vencidas — matrimônio, família, lar — os apaniguados da loucura crêem que aplicam, na velha doença das proibições passadas, uma terapêutica ideal. E olvidam-se que o exagero de medicamento utilizado em uma doença, gera danos maiores do que aqueles que eram sofridos.
A sociedade atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade antiga do homem, que ora se revela mais debilitado do que antes.
São válidas, para este momento de ansiedade, de insatisfação, de tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao próximo, a solidariedade fraternal, a compaixão, ao lado da oração, geradora de energias otimistas e da fé, propiciadora de equilíbrio e paz, para uma vida realmente feliz, que baste ao homem conforme se apresente, sem as disputas conflitantes do passado, nem a acomodação coletivista do presente.

A Rotina

O Homem Integral
Joanna de Ângelis Espírito
Divaldo Pereira Franco Médium

A natural transformação social, decorrente dos efeitos da ciência aliada à tecnologia a partir do século 19, impôs que o individualismo competitivo pós renascentista cedesse lugar ao coletivismo industrial e comunitário da atualidade.
A cisão decorrente do pensamento cartesiano, na dicotomia do corpo e da alma, ensejou uma radical mudança nos hábitos da sociedade, dando surgimento a uma série de conflitos que irrompem na personalidade humana e conduzem a alienações perturbadoras.
Antes, os tabus e as superstições geravam comportamen¬tos extravagantes, e a falsa moral mascarava os erros que se tornavam fatores de desagregação da personalidade, a serviço da hipocrisia refinada.
A mudança de hábitos, no entanto, se liberou o homem de algumas fobias e mecanismos de evasão perniciosos, impôs outros padrões comportamentais de massificação, nos quais surgem novos ídolos e mitos devoradores, que respondem por equivalentes fenômenos de desequilíbrio.
Houve troca de conduta, mas não de renovação saudável na forma de encarar-se a vida e de vivê-la.
De um lado, a ciência em constante progresso, não se fazendo acompanhar por um correspondente desenvolvimento ético-espiritual, candidata-se a conduzir o homem ao milismo, ao conceito de aniquilamento.
Noutro sentido, o contubérnio subjacente, apresenta um elenco exasperador de áreas conflitantes nas guerras e ameaças de guerras que se sucedem, nas variações da economia, nos volumosos bolsões de miséria de vária ordem, empurrando o homem para a ansiedade, a insegurança, a suspeição contumaz, a violência.
A fim de fugir à luta desigual — o homem contra a máquina — os mecanismos responsáveis pela segurança emocional levam o indivíduo, que não se encoraja ao competitivismo doentio, à acomodação, igualmente enferma, como forma de sobrevivência no báratro em que se encontra, receando ser vencido, esmagado ou consumido pela massa crescente ou pelo desespero avassalador.
Estabelece algumas poucas metas, que conquista com relativa facilidade, passando a uma existência rotineira e neurotizante, que culmina por matar-lhe o entusiasmo de viver, os estímulos para enfrentar desafios novos.
Rotina é como ferrugem na engrenagem de preciosa ma¬quinaria, que a corrói e arrebenta.
Disfarçada como segurança, emperra o carro do progres¬so social e automatiza a mente, que cede o campo do raciocínio ao mesmismo cansador, deprimente.
O homem repete a ação de ontem com igual intensidade hoje; trabalha no mesmo labor e recompõe idênticos passos; mantém as mesmas desinteressantes conversações: retorna ao lar ou busca os repetidos espairecimentos: bar, clube, televisão, jornal, sexo, com frenético receio da solidão, até alcançar a aposentadoria.. - Nesse ínterim, realiza férias programadas, visita lugares que o desagradam, porém reúne-se a outros grupos igualmente tediosos e, quando chega ao denominado período do gozo-repouso, deixa-se arrastar pela inutilidade agradável, vitimado por problemas cardíacos, que resultam das pressões largamente sustentadas ou por neuroses que a monotonia engendra.
O homem é um mamífero biossocial, construído para experiências e iniciativas constantes, renovadoras.
A sua vida é resultado de bilhões de anos de transformações celulares, sob o comando do Espírito, que elaborou equipamentos orgânicos e psíquicos para as respostas evolutivas que a futura perfeição lhe exige.
O trabalho constitui-lhe estímulo aos valores que lhe dormem latentes, aguardando despertamento, ampliação, desdobramento.
Deixando que esse potencial permaneça inativo por indolência ou rotina, a frustração emocional entorpece os sentimentos do ser ou leva-o à violência, ao crime, como processo de libertação da masmorra que ele mesmo construiu, nela encarcerando-se.
Subitamente, qual correnteza contida que arrebenta a barragem, rompe os limites do habitual e dá vazão aos conflitos, aos instintos agressivos, tombando em processos alucinados de desequilíbrios e choque.
Nesse sentido, os suportes morais e espirituais contribu¬em para a mudança da rotina, abrindo espaços mentais e emocionais para o idealismo do amor ao próximo, da solidarieda¬de, dos serviços de enobrecimento humano.
O homem se deve renovar incessantemente, alterando para melhor os hábitos e atividades, motivando-se para o aprimoramento íntimo, com conseqüente movimentação das forças que fomentam o progresso pessoal e comunitário, a benefício da sociedade em geral.
Face a esse esforço e empenho, o homem interior sobrepõe-se ao exterior, social, trabalhado pelos atavismos das repressões e castrações, propondo conceitos mais dignos de convivência humana, em consonância com as ambições espirituais que lhe passam a comandar as disposições íntimas.
O excesso de tecnologia, que aparentemente resolveria os problemas humanos, engendrou novos dramas e conflitos comportamentais, na rotina degradante, que necessitam ser reexaminados para posterior correção.
O individualismo, que deu ênfase ao enganoso conceito do homem de ferro e da mulher boneca, objeto de luxo e de inutilidade, cedeu lugar ao coletivismo consumista, sem identidade, em que os valores obedecem a novos padrões de crítica e de aceitação para os triunfos imediatos sob os altos preços da destruição do indivíduo como pessoa racional e livre.
A liberdade custa um alto preço e deve ser conquistada na grande luta que se trava no cotidiano.
Liberdade de ser e atuar, de ter respeitados os seus valores e opções de discernir e aplicar, considerando, naturalmente, os códigos éticos e sociais, sem a submissão acomodada e indiferente aos padrões de conveniência dos grupos dominantes.
A escala de interesses, apequenando o homem, brinda-o com prêmios que foram estabelecidos pelo sistema desumano, sem participação do indivíduo como célula viva e pensante do conjunto geral.
Como profilaxia e terapêutica eficaz, existem os desafios propostos por Jesus, que são de grande utilidade, induzindo a criatura a dar passos mais largos e audaciosos do que aqueles que levam na direção dos breves objetivos da existência apenas material.
A desenvoltura das propostas evangélicas facilita a ruptura da rotina, dando saudável dinâmica para uma vida integral em favor do homem-espírito eterno e não apenas da máquina humana pensante a caminho do túmulo, da dissolução, do esquecimento.

Fatores de Pertubação

O Homem Integral
Joanna de Ângelis Espírito
Divaldo Pereira Franco Médium

A segunda metade do Século 19 transcorre numa Eurásia sacudida pelas contínuas calamidades guerreiras, que se sucedem, truanescas, dizimando vidas e povos.
As admiráveis conquistas da Ciência que se apóia na Tecnologia, não logram harmonizar o homem belicoso e insatisfeito, que se deixa dominar pela vaga do materialismo-utilitarista, que o transforma num amontoado orgânico que pensa, a caminho de aniquilamento no túmulo.
Possuir, dominar e gozar por um momento, são a meta a que se atira, desarvorado.
Mal se encerra a guerra da Criméia, em 1856, e já se inquietam os exércitos para a hecatombe franco-prussiana, cujos efeitos estouram em 1914, envolvendo o imenso continente na loucura selvagem que ameaça de consumição a tudo e a todos.
O Armistício, assinado em nome da paz, fomentou o explodir da Segunda Guerra Mundial, que sacudiu o Orbe em seus quadrantes.
Somando-se efeitos a novas causas, surge a Guerra Fria, que se expande pelo sudeste asiático em contínuos conflitos lamentáveis, em nome de ideologias alienígenas, disfarçadas de interesses nacionais, nos quais, os armamentos superados são utilizados, abrindo espaços nos depósitos para outros mais sofisticados e destrutivos...
Abrem-se chagas purulentas que aturdem o pensamento, dores inomináveis rasgam os sentimentos asselvajando os indivíduos.
O medo e o cinismo dão-se as mãos em conciliábulo irreconciliável.
A Guerra dos seis dias, entre árabes e judeus, abre sulcos profundos na economia mundial, erguendo o deus petróleo a uma condição jamais esperada.
Os holocaustos sucedem-se.
Os crimes hediondos em nome da liberdade se acumulam e os tribunais de justiça os apóiam.
O homem é reduzido à ínfima condição no “apartheid”, nas lutas de classes, na ingestão e uso de alcoólicos e drogas alucinógenas como abismo de fuga para a loucura e o suici¬dio.
Movimentos filosóficos absurdos arregimentam as mentes jovens e desiludidas em nome do Nadaísmo, do Existencialismo, do Hippieísmo e de comportamentos extravagantes mais recentes, mais agressivos, mais primários, mais violen¬tos.
O homem moderno estertora, enquanto viaja em naves superconfortáveis fora da atmosfera e dentro dela, vencendo as distâncias, interpretando os desafios e enigmas cósmicos.
A sonda investigadora penetra o âmago da vida microscópica e abre todo um universo para informações e esclarecimentos salvadores.
Há esperança para terríveis enfermidades que destruíram gerações, enquanto surgem novas doenças totalmente perturbadoras.
A perplexidade domina as paisagens humanas.
A gritante miséria econômica e o agressivo abandono social fazem das cidades hodiernas o palco para o crime, no qual a criatura vale o que conduz, perdendo os bens materiais e a vida em circunstâncias inimagináveis.
Há uma psicosfera de temor asfixiante enquanto emerge do imo do homem a indiferença pela ordem, pelos valores éticos, pela existência corporal.
Desumaniza-se o indivíduo, entregando-se ao pavor, ou gerando-o, ou indiferente a ele.
Os distúrbios de comportamento aumentam e o despautério desgoverna.
Uma imediata, urgente reação emocional, cultural, religiosa, psicológica, surge, e o homem voltará a identificar-se consigo mesmo.
A sua identidade cósmica é o primeiro passo a dar, abrindo-se ao amor, que gera confiança, que arranca da negação e o irisa de luz, de beleza, de esperança.
A grande noite que constringe é, também, o início da alvorada que surge.
Neste homem atribulado dos nossos dias, a Divindade deposita a confiança em favor de uma renovação para um mundo melhor e uma sociedade mais feliz.
Buscar os valores que lhe dormem soterrados no íntimo é a razão de sua existência corporal, no momento.
Encontrar-se com a vida, enfrentá-la e triunfar, eis o seu fanal.

sábado, 18 de junho de 2011

Espiritismo e Ciência

Gilberto Schoereder

O desenvolvimento científico e tecnológico trouxe uma série de ingredientes importantes para as pesquisas relacionadas ao mundo espiritual. Ainda não se atingiu o ponto ideal nas investigações, mas a aproximação com a ciência tem se mostrado como o caminho mais adequado.

Muitos pesquisadores do espiritismo, espíritas e não-espíritas, entendem que não são realizados experimentos científicos suficientes relativos ao assunto. Na verdade, essa aproximação com a ciência foi um dos preceitos básicos apresentados por Kardec e é uma busca incessante da maior parte dos espíritas.

No entanto, sendo as experiências suficientes ou não, não resta dúvida de que existem muitas pessoas procurando estreitar essa ligação, procurando novos métodos de pesquisa e experimentação científica, assim como de comprovação dos fenômenos ligados ao espiritismo. Exemplos claros dessa busca são os trabalhos do dr. Ian Stevenson, nos EUA, e as pesquisas relacionadas à transcomunicação instrumental que, no Brasil, tem Sonia Rinaldi como destaque.

Desde que os fenômenos começaram a se tornar mais populares, em meados do século XIX, inúmeros cientistas dedicaram seu tempo e esforços para tentar registrar, mensurar e determinar parâmetros cientificamente aceitáveis para eles. A Sociedade Psíquica da Inglaterra foi um dos pontos centrais dessas pesquisas, realizando dezenas, senão centenas de experiências. Desse empreendimento originaram-se tanto as pesquisas parapsicológicas atuais, quanto as que se encontram mais ligadas ao espiritismo propriamente dito.

Mas, hoje, muitos espíritas reclamam que essas mesmas experiências, já com mais de cem anos de vida, continuam sendo apresentadas como referência e comprovação dos fenômenos, o que não é mais aceitável tendo em vista a evolução da ciência e da própria tecnologia que pode ser aplicada nas investigações.

A realização de experimentos com transfotos, transcomunicações, experiências de quase-morte, reencarnação, terapia de vidas passadas e algumas aproximações entre a ciência moderna e as idéias espíritas, mostra que existem, de fato, pessoas e grupos procurando renovar esse aspecto do espiritismo. O problema maior, parece, é a dificuldade em fazer com que esses esforços sejam reconhecidos pela chamada “ciência oficial”.

Em muitos casos, também, as pesquisas são realizadas por grupos autônomos, não reconhecidos pela ciência e, mesmo quando os resultados apresentados são muito interessantes, as pesquisas não são absorvidas pelos grandes centros de pesquisa, como as universidades, não ganhando o “status de credibilidade” e visibilidade necessários no mundo acadêmico.
Reencarnação

Uma pesquisa que chamou a atenção do mundo acadêmico foi a do dr. Ian Stevenson, médico psiquiatra que, por 37 anos pesquisou possíveis casos de reencarnação, viajando o mundo inteiro à procura de relatos e evidências, coletando histórias de crianças que afirmam terem recordações de vidas passadas.

Dr. Stevenson ouvia o que as crianças tinham a dizer, guardava as informações importantes referentes a lugares e pessoas com as quais elas teriam entrado em contato numa vida anterior, e se dirigia a esses locais para nova coleta de dados, que comparava com os anteriores. As crianças não se encontravam sob hipnose – um aspecto que é bastante combatido, por exemplo, quando se fala de regressão a vidas passadas – e as informações podiam, em geral, ser facilmente comprovadas, uma vez que elas não se referiam a épocas muito distantes como o antigo Egito.

Tom Shroder, editor do jornal The Washington Post, escreveu o livro Almas Antigas relatando sua experiência com o dr. Stevenson, a quem acompanhou em suas peregrinações pelo mundo. Segundo ele, uma das coisas que chamaram sua atenção no trabalho do cientista foi a forma minuciosa com que ele checa todas as informações. Além disso, percebeu que cientistas de vários países tinham o dr. Stevenson em alta consideração, ainda que o assunto que ele tratava fosse considerado “difícil”. Claro que não se trata de uma postura que se estende a toda a comunidade científica: alguns colegas o consideraram um precursor, por estar pesquisando a reencarnação sob bases científicas e enfrentando um verdadeiro tabu; outros se colocaram totalmente contrários às pesquisas, e até mesmo à idéia de se pesquisar um assunto como esse.
Dificuldades

Dr. Ian Stevenson também tem uma postura incomum entre os cientistas, criticando a postura da ciência em muitos casos. “Para mim”, ele diz, “tudo em que os cientistas acreditam agora está aberto a mudanças, e eu fico consternado ao perceber que muitos cientistas aceitam o conhecimento atual como algo imutável”. Ele lembra que, no passado, os hereges que negassem a existência das almas eram queimados; hoje, os cientistas “queimam” aqueles que afirmam que as almas existem.

Shroder levanta algumas questões pertinentes no que diz respeito à relação da ciência com temas como a reencarnação. Uma é que esse tipo de pesquisa não permite que se faça uma investigação em laboratório, uma vez que estamos nos referindo a fenômenos ou declarações espontâneas. “Tais casos”, ele explica, “só podem ser investigados como se faria com um crime, ou um processo legal – com entrevistas, cruzando informações de várias testemunhas com evidências documentadas. Embora isso possa ser feito com bastante cuidado, alguém sempre pode descartar o caso como ‘evidência fantasiosa’ e, portanto, não confiável”.

Também faltam evidências sobre quaisquer mecanismos através dos quais a reencarnação de tornaria possível, e o próprio dr. Stevenson não afirma possuí-las ou que possa detectar a alma com instrumentos objetivos. Junta-se a isso o já conhecido conservadorismo da ciência, “uma tendência de não encarar com seriedade qualquer evidência que desafie o atual entendimento de como o mundo funciona”.

As dificuldades são reais, uma vez que, para a ciência, o que conta é a experimentação, a existência de provas conclusivas e a possibilidade de repetir experimentos em ambientes diferentes. O problema surge quando se fala da maioria dos fenômenos paranormais, mas dr. Stevenson – como outros pesquisadores da área, inclusive o brasileiro Hernani Guimarães Andrade – sabe que para tratar desses assuntos é preciso agir e pensar de maneira heterodoxa, caso contrário não se chega a lado algum.
Tecnologia Para o Além

A utilização de novas tecnologias nas investigações do mundo espiritual começou, na verdade, no final do séc. XIX, com ninguém menos do que Thomas Alva Edison (1847-1931). Afirma-se que Edison, que desenvolveu a lâmpada, inventou o fonógrafo, em 1877, movido pelo desejo de gravar a voz de sua falecida mãe, o que não conseguiu principalmente devido à precariedade do aparelho.

Já em 1936, o físico Oliver Lodge (1851-1940), um dos precursores da radiocomunicação, afirmou que os progressos na área da eletrônica tornariam possível desenvolver um aparelho que captasse a voz dos mortos. Essa “previsão” começou a se tornar realidade em 1959, quando o psíquico sueco Friedrich Jurgenson conseguiu gravar em fita o que chamou de “vozes paranormais” ou “psicofania”. Ele chegou a isso por acaso, quando gravava cantos de pássaros num bosque e, ao ouvir a reprodução, percebeu murmúrios semelhantes a vozes humanas. A partir daí, realizou uma série de experiências tentando tornar aquelas vozes mais nítidas, conseguindo identificar mensagens e informações em vários idiomas.

O psicólogo Konstantin Raudive deu seqüência aos experimentos, realizando milhares de gravações de vozes; e outros pesquisadores conseguiram aprimoramentos dos aparelhos, como foi o caso do engenheiro austríaco Franz Seidl, com seu psychofon, e do norte-americano George Meek, com o spirocom.

Entretanto, para a brasileira Sonia Rinaldi, esses aparelhos já estão ultrapassados. Sonia é coordenadora da Associação Nacional dos Transcomunicadores e, provavelmente, a maior autoridade nacional em transcomunicação. Ultimamente, a comunicação com os espíritos tem sido feitas por meio de computadores e aparelhos bem mais sofisticados, que eliminam a possibilidade de interferência externa. As gravações de vozes em computador são realizadas sem microfone, com o registro sendo feito diretamente no hardware. Da mesma forma, no computador também podem surgir imagens. Utiliza-se um tubo de raios catódicos e não uma televisão, que poderia captar imagens emitidas aqui mesmo da Terra. Para obter a credibilidade necessária, Sonia envia os resultados desses contatos realizados através de aparelhos para uma análise rigorosa de especialistas de universidades, e os laudos técnicos são colocados à disposição de quem se interessar.
Busca Incessante

O próprio George Meek já havia sugerido que os sistemas eletromagnéticos não seriam uma ponte confiável com o mundo dos espíritos, que deveria possuir um tipo de energia ainda desconhecido para nós. A parapsicologia segue por um caminho semelhante ao analisar a questão, entendendo que a transcomunicação pode estar sendo feita por meio de um tipo de energia mental, psíquica ou espiritual, que ainda não conseguimos captar, medir e estudar convenientemente, por não possuirmos a aparelhagem necessária.

Muitos dizem, ainda, que o fenômeno diz respeito à própria mente humana, atuando no ambiente que a cerca. Assim, as mensagens poderiam estar vindo dos vivos, e não dos mortos. Seja como for, mesmo no ambiente espírita a transcomunicação não é aceita de forma incontestável, mas é considerada a proposta cientificamente mais bem embasada até agora, e pode ser o caminho para se estabelecer uma relação com o mundo dos espíritos que não dependa da intermediação dos médiuns.

Também foi pensando no estabelecimento dessa ponte entre os dois mundos que Geraldo Medeiros também começou a se dedicar às chamadas transfotos, que ele define como “a capacidade ou a possibilidade que um filme fotográfico tem de se sensibilizar com a exposição, captando uma imagem que não estaria dentro do contexto visual normal daquele cenário”.

O fato é que, muitas vezes, têm-se tirado fotos em que aparecem imagens estranhas, geralmente pontos de luz ou imagens esbranquiçadas, e até mesmo imagens de pessoas já falecidas. O que Medeiros procurou fazer é obter um controle mais rigoroso dessas fotos, justamente porque é comum se dizer que não existe um controle científico adequado. “Operamos dentro de um ambiente totalmente controlado”, ele explica. A máquina fotográfica é colocada dentro de uma sala sem pessoas, isolada eletrônica e termicamente, evitando influências externas. O resultado é a obtenção de imagens que não deveriam estar ali, como se existisse a presença de alguém no local.

Para muitos cientistas, isso pode não parecer suficiente, mas todas essas pesquisas que estão sendo realizadas mostram, no mínimo, que um fenômeno importante está ocorrendo, e que merece mais atenção.

Para a maioria dos investigadores ligados ao espiritismo, os resultados obtidos não só podem como devem ser entendidos como provas da existência de outras dimensões de existência, e as dificuldades no contato com essas dimensões devem ser creditadas à nossa incapacidade em acessá-las.

Seguindo essa linha de raciocínio, portanto, é uma questão de tempo até que se desenvolvam os instrumentos e conhecimentos mais adequados para esse desafio.
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A Aliança da Ciência e a Espiritualidade

A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra a do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se fossem a negação uma da outra, uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade, porquanto Deus não pode pretender a destruição de sua própria obra. A incompatibilidade que se julgou existir entre essas duas ordens de idéias provém apenas de uma observação defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de outro. Daí um conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.

São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm de ser completados; em que o véu intencionalmente lançado sobre algumas partes desse ensino tem de ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos.

A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo. Mas, nisso, como em tudo, há pessoas que ficam atrás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem. E toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezoito séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de prever as conseqüências: acarretará para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei do progresso, que é lei de Deus.

Texto extraído do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Álcool, Tabaco, Cocaína, LSD........ Tudo é Droga

Eu? nunca usei drogas, isso jamais,causa a morte da pessoa e a faz ficar dependente. Alguns dizem isso e Tomam álcool, fumam e vem com a hipocrisia de que nunca usou drogas, sendo um péssimo exemplo para a família e adolescentes em geral, esquecendo que usam drogas lícitas (Não estou aqui para julgar ninguém, essa não é minha pretensão).
Um dos temas mais interessantes da atualidade é, sem sombra de dúvida, aquele que se relaciona com uso de drogas licitas e ilicitas. Estudar e avaliar seus efeitos nas esferas biopsíquica, social e espiritual, constitui-se ação impostergável.
É bastante fazermos uma retrospectiva na história da humanidade, para constatarmos, que o uso de drogas não é um problema de agora. Na bíblia é relatada a história de uma das primeiras vítimas: "E começou Noé a cultivar a terra e plantou uma vinha. Bebeu do vinho e embriagou-se; e achava-se nu dentro da sua tenda" (Gênesis 9, 20-21).
Nas civilizações antigas mascavam-se determinadas folhas, para se obter energia e disposição, a fim de vencer as intempéries e os perigos. Na Índia e no Egito eram conhecidos os efeitos das drogas para provocar a liberação parcial do espírito (desdobramento); através desse fenômeno comunicavam-se com os desencarnados, os quais eram interpretados como deuses. Cristóvão Colombo, quando esteve nas Américas, fez menção a respeito dos índios, habitantes daquelas terras que, através de um canudo de determinada planta, inalavam uma substância, que os tornava excitados.
Portanto, registros sobre o uso e conhecimento dos efeitos das drogas, sempre estiveram presentes na história da humanidade.
Na atualidade, no entanto, os reflexos nocivos do uso abusivo de drogas alcançaram vários setores da sociedade, onerando as finanças públicas, desestruturando famílias, causando sofrimento e morte.
Ante as repetidas notícias, através da mídia, destacando a insensibilidade dos traficantes e o sofrimento dos escravos do vício, os demais cidadãos angustiados questionam: Até quando?...
Todo sofrimento tem um termo, mas somente acontecerá quando forem eliminadas as suas causas. Existem traficantes porque existem pessoas imaturas que, acovardadas ante os desafios da vida ou movidas por curiosidade, iniciam-se no uso de substâncias de efeito tóxico e delas tornam-se escravas. Não acreditam nas possibilidades que lhe são inerentes e que seriam suficientes para torná-las vencedoras.
Quanto à legalidade, existem as drogas lícitas e as ilícitas. Entre as consideradas legais ou licitas, nós poderíamos incluir o cigarro e as bebidas alcoólicas.
O cigarro, que há tempo faz parte do dia-a-dia de uma considerável parcela da população, gera dependência, causando a médio e longo prazo, problemas cardiovasculares e vários tipos de cânceres. Os alcoólicos, que conquistam cada vez mais consumidores jovens, têm sido uma das causa principais da violência urbana e dos acidentes de trânsito. O alcoolismo, hoje considerado um problema de saúde, é responsável por uma grande parcela de ocupação dos leitos hospitalares, faltas no ambiente de trabalho, desestrutura familiar, cirrose hepática, câncer e perda da memória.
Lembramos de um dos melhores professores de matemática que tivemos no curso ginasial (primeiro grau). Destacava-se, na época, pela sua rapidez de raciocínio e competência profissional. Era consumidor de alcoólicos; perdeu o controle e tornou-se alcoólatra. Anos depois o encontramos; ele nos apresentou um problema de matemática de nível ginasial para que resolvêssemos, pois não conseguira resolver. Ao lermos o problema constatamos ser um dos mais elementares. O álcool havia prejudicado sua memória, incapacitando-o para o exercício profissional. Mas não ficou restrito à memória os danos causados pelo álcool; alguns anos depois, com pouco mais de 40 anos, retornava ao plano espiritual, vítima de cirrose hepática.
Após essa exposição superficial, a respeito das drogas lícitas, não podemos deixar passar a oportunidade de tecermos também algumas considerações sobre as drogas alucinógenas ou ilícitas. Estas têm conseqüências mais devastadoras, não apenas pelo seu efeito nocivo na saúde do consumidor, mas também, pela ganância dos traficantes, em luta pelo domínio de áreas de venda.
O mundo tem passado por uma vertiginosa transformação, exigindo de todos, adequações psicológicas e espirituais. Mas é justamente o que não tem acontecido; alguns espíritos imaturos, na sua maioria oriundos de lares desestruturados, sentem-se como peixe fora da água; buscam através das drogas amortecer as angústias que os atormentam. Fogem momentaneamente da realidade, por força do efeito alucinógeno; porém, quando cessa esse efeito, sentem-se mais angustiados, necessitando de repetidas doses que os conduzem inexoravelmente à dependência e à autodestruição; destruição física, destruição moral, destruição de sonhos e da dignidade, porque o usuário torna-se escravo do vício.
Os efeitos das drogas não se restringem apenas ao corpo físico; a sua ação vigorosa, complementada por astúcia de espíritos perversos, desagrega a personalidade, liberando dos arquivos do subconsciente imagens de dramas vividos em encarnações anteriores. Atingido esse estágio, que na maioria das vezes torna-se irreversível, vem, a seguir, a loucura ou a morte.
Ante o exposto, que representa o drama vivido pelo dependente de drogas enquanto encarnado, é oportuno lembrarmos, que ele não termina com a morte. As desarmonias causadas na tessitura perispiritual e a dependência (necessidade da droga) lhe causarão muitos transtornos, até que se reabilite com as leis da vida, o que se dará através de outras oportunidades reencarnatórias.
Portanto não encontramos motivos para interpretar que o uso de drogas proporcione prazer, quando na realidade é fonte de sofrimento e destruição.

Obra consultada: As drogas e suas conseqüências – Editora Espírita Cristã Fonte Viva. Autores: Celso Martins, José Alberto Pastana, Luiz Carlos Formiga, Oswaldo Moraes de Andrade, Roberto Silveira.
Antonio Carlos