sábado, 2 de janeiro de 2010

Homenagem a Chico Xavier

Francisco Cândido Xavier, ou Chico Xavier, foi o médium mais conhecido e respeitado, por espíritas e não-espíritas, no Brasil e no exterior, e com maior tempo de atividade mediúnica. Nascido na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, em 02 de Abril de 1910, desencarnou em Uberaba, aos 92 anos, no dia 30 de junho de 2002.
Iniciou-se no Espiritismo ao 17 anos. Auxiliado pelo irmão José Cândido Xavier, fundou o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em maio de 1927. Em 8 de julho do mesmo ano, psicografou pela primeira vez, recebendo uma mensagem de 17 páginas, de um Espírito Amigo, e que versava sobre Deveres Espíritas.
Mas José Xavier adoeceu, vindo a falecer em seguida, e o médium, sempre assediado por multidões súplices e sofredoras e rodeado de amigos e admiradores, chegou a trabalhar sozinho, por muito tempo, entre perseguições e preconceitos, por absoluta falta de companheiros.
No final de 1931, conheceu Emmanuel, seu luminoso guia, e a partir daí iniciou-se o que se pode chamar de "sublime ponte" entre o Céu e a Terra. Sob a sua orientação espiritual, Chico Xavier psicografou milhares de páginas de instrução, educação e consolo, ditadas por inúmeros Espíritos, e compiladas em quatrocentos e doze (412) livros, sendo que o últimos foram "Traços de Chico Xavier", livro de poesias, em 1997, "Caminho Iluminado", do espírito Emmanuel, em 1998 e finalmente o último livro, "Escada de Luz". Muitos destes livros, inclusive em braile, foram traduzidos para línguas quais o inglês, o espanhol e o esperanto.
A renda da venda dos livros, uma admirável fortuna, foi, desde o início, totalmente doada em favor de hospitais, asilos, orfanatos e outras Instituições Beneficentes, vivendo Chico Xavier de seu parco salário de humilde funcionário público.
A máxima de Jesus: "Dai de graça o que de graça recebestes" foi o lema deste formidável trabalhador cristão, no trato com o dinheiro havido de sua mediunidade abençoada.
Mesmo doente e em idade avançada, compareceu, sempre que possível, aos sábados à noite, no Grupo Espírita da Prece, para receber as centenas de pessoas que se comprimiam no local, ansiosas por uma palavra de carinho, que ele tinha sempre para todos, e por seu gesto de amor, uma característica especial: o beijo terno nas mãos que o procuravam. (Lori Marli dos Santos, Biografia exclusiva do Site Espírita André Luiz)

Mais informações sobre Chico Xavier, sua vida, sua mediunidade e livros publicados:

Federação Espírita Brasileira
Site oficial de Chico Xavier

(Ainda em construção mas já disponibilizando um bom acervo de fotos, inclusive as últimas de Chico)





CHICO XAVIER: ÚLTIMO ENCONTRO

É noite de sábado de um novembro quente, ano de 1998. Estamos em Uberaba, uma amiga e eu. Agradavelmente envolvidas pela expectativa de rever o Chico, nos dirigimos até o Grupo Espírita da Prece.
Uma saudade imensa do querido médium levou-nos até ele, mas, lá chegando, penso que o Brasil inteiro sentiu a mesma saudade.
São 18:30 horas quando adentramos o Centro. Portões abertos, vemos que muita gente já se comprime lá dentro. Junto à entrada do salão, cuja porta ainda se encontra fechada, dezenas de pessoas sentadas no chão, em fila, formam uma alegre serpente humana. Outras, menos ansiosas, compram camisetas com estampas do Chico, escolhem livros e comem e bebem na pequena lanchonete, posicionada à direita de quem entra (a coxinha é deliciosamente apimentada!). Ou simplesmente passeiam distraídas pelo pequeno jardim, aguardando o início dos trabalhos e suscitando cômico desespero num jovem trabalhador da Casa, encarregado, obviamente, de tomar conta do gramado.
- Tudo bem com o senhor, seu doutor? - diz ele, sorridente, ao visitante descuidado, sibilando em seguida: - E a grama, aí embaixo, está macia?
- Opa! Desculpe...
E lá vai o jovenzinho em sua faina ingrata de arredar de cima da "sua grama" as centenas de pessoas que se acotovelam, sem conforto algum, por todos os lugares, à espera do Chico.
E afinal, o Chico, vem ou não vem? Será que abraçaremos o querido médium ou, frustradas, retornaremos à Curitiba de mãos abanando?
"Parece que está muito doente, acho que não vem, não."
"Ouvi dizer que ele vem."
"O Chico tem vindo todos os sábados, mas parece que não passou bem a semana..."
Os comentários se sucedem e a expectativa cresce com a freqüência. Ônibus lotados despejam infinidades de rostos junto à entrada e o calor começa a incomodar. Moscas voejam à vontade sobre nossas cabeças, enquanto procuramos não perder nosso lugar na fila.
Por volta das 20 horas, ouvem-se palmas, gritos e uma onda de alegria varre a multidão: o Chico chegou. O velho e alquebrado médium, reunindo forças sabe Deus de onde, comparece da forma como o faz, há setenta anos: sorrindo e acenando para o povo, que lhe vem ao encontro. Criança feliz, parece agradecer ao Senhor a dádiva de estar ali, oportunizando uma nova lição para todos.
E o povo, quase em lágrimas, dando graças e orando, aguarda o instante de entrar e assentar-se.
Há gente demais, todavia. E poucos conseguem ingressar no acanhado salão. Enquanto é efetuada a leitura do Evangelho (A necessidade da Caridade segundo São Paulo, Cap. XV, item 6), para poucos "privilegiados", lá fora, onde também estamos, a revolta começa a tomar corpo entre os excluídos, e a ânsia de entrar descamba para um empurra-empurra perigoso, envolvendo cidadãos aparentemente acima de qualquer deselegância.
A prece e o pranto alegre de há pouco diluem-se rapidamente por entre as brumas amargas da decepção... Como aceitar que estão "do lado de fora"?
Conseqüentemente, quando Chico Xavier começa a psicografar, mais aquele povo, que o aplaudiu pouco antes, se irrita e força passagem. Num minguado pedaço de chão coberto (5 x 8 mts, mais ou menos) cerca de uma centena de pessoas procura desesperadamente passar à frente umas da outras, usando de empurrões e cotoveladas. A histeria cresce, obrigando a Casa a suspender os trabalhos. Ouvem-se gritos e risadas, enquanto o objetivo de muitos é invadir o salão a qualquer preço.*
Pergunto à algumas daquelas pessoas por que estão agindo dessa forma, nos empurrando, passando a força à nossa frente, nos ferindo, inclusive, e todas elas respondem, convictas: "Precisamos ver o Chico!"
Alguns abandonam o lugar, e também nós nos decidimos prudentemente por uma retirada estratégica. Melhor beber um refrigerante e aguardar a oportunidade de abraçar o Chico, começando novamente pelo começo, ou seja: no final da fila.
Mas lá na frente, onde estávamos, a situação fica insustentável. Temendo seu agravamento, um trabalhador da Casa toma do microfone e chama o povo aos brios, recordando-lhes o lugar onde se encontram. Se não ficarem quietos, diz, Chico Xavier irá embora. Chico Xavier irá embora, repete, se continuarem insistindo em entrar a força. Depois do silêncio estabelecido, pergunta sucintamente:
- O que vocês vieram buscar aqui? Hein? O que vocês vieram buscar aqui?
O grupo se recompõe, aparentemente envergonhado, entre pigarros e risadinhas. Aquilo é algo que eu jamais vira e jamais imaginara acontecer. Hoje, tantos anos depois, analisando os fatos, nem me passa pela cabeça culpar aquelas pessoas. Elas apenas queriam o Chico. Mais que ponte, Chico era porta inequívoca à esperança e à felicidade... Pode parecer tolo, mas para aquela gente, Chico era a porta para Deus... Como não desejar tocá-lo, ouvir dele uma palavra confortadora, uma revelação, uma notícia dos amados que partiram, a certeza de que Deus não abandona ninguém?
Mais alguns minutos, e recomeça a psicografia. Finda a tarefa, encerra-se a reunião com uma prece, efetuando-se a seguir a leitura das mensagens grafadas.
Emmanuel comparece através de uma médium da mesa, doando-nos bela mensagem sobre a Caridade.
Seu traço inconfundível, na construção das palavras, surge encantador e objetivo nos conceitos emitidos, mas a expectativa real gira em torno do Chico.
O microfone então é passado para ele e, lá fora, o silêncio é quase palpável. De quem será a mensagem psicografada? Qual o seu conteúdo? Para "quem" é dirigida?
E Chico Xavier começa:
"Evangelização. *
"Quando o Senhor já estava na cruz, entre os dois companheiros, vendo seu amado povo de Israel, com alguns soldados romanos, em perturbação, sem rumo e sem paz, a gritar: "Crucifica!", ei-lo que exclama: "Perdoa-lhes, meu Pai, porque não sabem o que fazem..."
Chico lê com enorme dificuldade, fazendo longas pausas, e quase não conseguimos entendê-lo..
"... no século 20, somos induzidos a pensar em muitos autores da crucificação, que já passaram pela reencarnação 20, 22, às vezes 30 vezes e que continuam, como tantos outros entes humanos da época do sacrifício do Senhor, mostrando para nós que o perdão dos Céus foi concedido sob condições e dividido em estâncias no tempo; obrigando-nos a meditar no aproveitamento dos dias e das horas, compreendendo a necessidade de Evangelização..."
Estranhamente, o tema não prende a atenção do povo por muito tempo. Evangelização? Ora, isso é atividade para os Centros Espíritas, nas manhãs de domingo, coisa para crianças e jovens... Logo, conversas despontam em voz alta, desinteressadas da leitura, e uma sinfonia de tosses impede a compreensão de grande parte da mensagem.
Mas, bravamente, Chico continua:
"... necessidade do estudo do Testamento Antigo e dos Evangelhos, para nosso benefício... Do exame e da tradução das letras sagradas, com as explicações dos Profetas e dos Apóstolos, de modo que nos edifiquemos nas Leis Divinas..."
"... Todas as famílias devem consagrar determinado dia da semana para exercitar e compreender o Evangelho, no proveito integral. É imperioso refletir no perdão do Senhor dentro das possibilidades da existência terrestre..."
"Rogamos à todos desta reunião o serviço da Evangelização, abrangendo não só as crianças e os jovens, mas todos os adultos e inclusive os doentes nos hospitais."
"Somente assim poderemos construir pedaço a pedaço a paz e o amor ao semelhante; a verdade e o bem, o perdão e a luz, para entalharmos em nossas vidas o bendito reino de Jesus. " Assinado: Bezerra de Menezes.


Início da madrugada, pudemos nos aproximar, finalmente, para o encontro esperado. Chegando minha vez, a recepcionista alerta, friamente, que não devo conversar com o Chico: "Apenas cumprimente e saia", diz ela, muito séria.
Um pouco decepcionada, e sem saber o que fazer, seguro em silêncio a mão que ele me estende, sem acreditar no que ouço, então:
- Que bom que você está aqui, minha amiguinha! Sua presença é sempre motivo de muita alegria para nós, seja bem-vinda! A cidade fica em festa, fica florida, quando você está aqui!... - diz Chico num carinhoso fio de voz, desobedecendo por mim as ordens da recepcionista e fazendo rir os demais integrantes da mesa.
O aperto de mão dura mais tempo e em minha felicidade quero dizer tanta coisa mas um nó na garganta não permite. Só consigo balbuciar frases desconexas e dentre elas tenho a certeza de que disse que estava muito feliz em estar ali com ele.
A mão macia aperta a minha mais uma vez, enquanto os seus olhos me fixam atentamente, com doçura. Chico não vê? Pois sim! Ali, naquele momento, frente a frente, Chico me olhou e me viu, os potentes olhos da alma substituindo os frágeis olhos de carne.


"Este é um momento que preservarei para sempre: a mão amiga de Chico segurando a minha, o seu olhar sincero pousado no meu e as palavras carinhosas que proferiu, dando-me boas vindas para me ver sorrir..."Lori

Encorajada, quero perguntar de André Luiz e por que naquela noite apenas Emmanuel e Bezerra de Menezes se apresentaram através das belas mensagens. Onde André Luiz? Onde está? Como está?


Chico parece esperar a pergunta mas não há mais tempo. A fila precisa andar, pessoas atrás de mim empurram-se suave porém firmemente para fora. Preciso sair. Um último olhar, o beijo em minha mão e meu beijo na mãozinha doce e encarquilhada... É o adeus definitivo para esta vida. Saio do salão onde Chico psicografou as mais belas e notáveis páginas de sua lavra, guardando a certeza do "nunca mais", não naquele lugar, daquela forma. E, quanto a André Luiz, de repente vem a misteriosas certeza de que dia desses, sem mais nem menos, terei notícias de seu paradeiro porque o Chico, com certeza, sabe muito bem o que eu quis lhe perguntar e ajudará a responder a minha silenciosa e sufocada pergunta... (© Lori Marli dos Santos 1998 - 2005)*

* No livro "As vidas de Chico Xavier" (editora Planeta, 2004), seu autor, Marcel Souto Maior muitas vezes se refere a ocorrências semelhantes, oriundas de admiradores e necessitados mais exaltados, chegando a classificar o portão da casa onde o médium viveu até o desencarne, de "o portão mais esmurrado do país".

* Transcrevemos aqui o que pudemos captar com nosso pequeno gravador. Alertamos que a mensagem real pode ser mais longa e conter palavras ou mesmo frases que não conseguimos capturar, devido ao barulho ambiente.

* Como prevíramos, a partir do ano 200O André Luiz passou a brindar-nos com algumas mensagens, além de auxiliar-nos a compor a página ORAÇÃO DIÁRIA, página esta que é o nosso coração e a nossa alegria, pelo infinito bem que tem proporcionado a todos os que precisam orar antes de analisar, e pelas dádivas que recolhem, nos perdoando com ternura a imensa limitação mediúnica.
Problemas de saúde interromperam este intercâmbio há três anos. No entanto, refeitos, acreditamos que novas mensagens surgirão dia desses. É o que acreditamos, confiantes. E certamente os amigos desejarão saber: trabalharemos mediunicamente com André Luiz? Para essa pergunta, temos a reposta na ponta da língua: acreditamos que André Luiz forneceu aos encarnados o que tinha e era necessário fornecer, através de Chico Xavier. Se algo mais deverá ser entregue, o será por determinação do Mais Alto e ao médium que melhor se adequar ao trabalho. E, na ordem dos bons médiuns à disposição de André Luiz, nos colocamos, com realismo e humildade, em último lugar.



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