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quarta-feira, 24 de março de 2010
O Jovem e seus Problemas
Adésio Alves Machado
Hoje, mais do que ontem, a educação dos nossos jovens vem constituindo-se, indiscutivelmente, num dos mais sérios problemas a serem enfrentados e resolvidos pela nossa sociedade. Através de quem? De pais, primeiramente; em seguida, de professores, sociólogos, antropólogos, psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e psicoterapeutas, sem esquecimento dos religiosos.
A processo educacional, saibamos, torna-se quase inviável quando o educando já adquiriu hábitos. Daí a infância ser o melhor período para educar.
O Espiritismo, logicamente, não ficaria alheio a uma questão humana deste porte, não se mostraria insensível ao constatar a realidade educacional dos jovens, seus conflitos, suas lutas reivindicatórias e o respeito que lhe é devido, pela sociedade, aos seus legítimos direitos.
O jovem, em geral, mostra-se azedo, queixoso, atrevido em muitos momentos, violento e profundamente sexual em outros. Como conseqüência procura apontar, numa tentativa de justificação para o seu estado de desequilíbrio, os erros, falhas das anteriores gerações. Esse comportamento não alivia seus momentos amargos, e, pelo contrário, termina por fazê-lo derrapar pelos despenhadeiros da insensatez, o que o leva a novas decepções e a novos desencantos.
Ele mergulha fundo na chamada “sociedade de consumo”, pleno de prevenções sem justificativas, e o pior é que não apresenta um programa convincente capaz de suplantar os apelos e as insinuações mercadológicos.
Muita incompreensão de pais e filhos, desajustes no relacionamento entre eles, têm o seu ponto causal nas conquistas tecnológicas do momento, nos pais e mães que debandam dos compromissos no lar para as lutas externas, sobrando os filhos para os cuidados dos serviçais, das babás, das creches ou dos parentes mais idosos sem estruturas orgânicas melhores, sem “pique”, como se diz popularmente, para acompanhá-los. Daí resultam desamor e desajustes, alguns irreversíveis.
A vida fica comprometida quando ele quer e luta pela volta às origens primitivistas da organização social, época em que os costumes eram intoxicados pelo hipocrisia, o sexo era tabu e a liberdade era patrimônio exclusivo do homem. Para ele, homem, tudo era válido; para ela, mulher, nada.
Impondo-se reações que os levam ao esquecimento dos patrimônios da inteligência, dão livre curso aos instintos asselvajados que cada vez mais se desgovernam. É uma clara demonstração de desejo de afrontar a vida, sobrepor-se a ela, mostrar-lhe que ele existe e quer seu lugar respeitado.
Termina, no entanto, por enveredar por atitudes que o faz fugir da realidade ao evadir-se nas drogas, nos alucinógenos e no sexo em desalinho, cada vez mais exigindo prazer e novidades. Permite-se, nesses ensejos, o florescer dos sonhos fantásticos que cedo se transformam em doses diárias de perturbações esquizofrênicas nos inextricáveis tecidos sutis do psiquismo.
O jovem, no fundo, sempre lutou por se afirmar, demonstrando anseios, em algumas ocasiões incontidos, pela renovação das estruturas sociais, políticas e econômicas, açulando dentro de si interesses artísticos musicais e culturais, abrindo novos horizontes..
Desrespeitar a ordem se tornou um hábito para ele, sob a alegação de que tudo está errado e de que só ele tem a solução para as questões que afetam a vida do homem. Para tanto, alega a necessidade de maior liberdade de ação, num grau que termina por atingir o excesso que medra em sua mente há muito tempo. Quer, em verdade, pintar o mundo com as tintas que lhe são próprias e, o mais grave, sem condições de medir as conseqüências. É, incontestavelmente, a prova da exteriorização de uma rebeldia nunca imaginada.
É notório que a juventude é um estado mental, não se encontra, assim, na aparelhagem orgânica. Resulta, a mocidade, do otimismo, da alegria, do prazer de viver, do amor à vida e ao semelhante, consequentemente a DEUS.
Os jovens estão envelhecidos pelo fato de carregarem as mentes envenenadas pelos compromissos negativos, sentindo-se impossibilitados de recomeçar uma nova ordem comportamental, amargurados e amargurantes como se encontram.
Enquanto isso acontece com eles, idosos rejuvenescem ao imprimirem aos seus dias o exercício físico, a leitura nobre, a meditação, o trabalho edificante, a participação ativa no bem, a alimentação equilibrada, a higienização mental...
Ser jovem é assumir obrigações com a própria evolução, ainda mais quando nos referimos ao jovem espírita, ele que sabe a destinação de todos os espíritos – a perfeição espiritual, e que ele, despertando para o Espiritismo na idade jovem, é sinal de que tem pela frente compromisso sério, e que, assim sendo, há, de sua parte, a necessidade de trabalhar-se interiormente e ajudar o semelhante, de qualquer idade, a encontrar a reforma íntima.
Joanna de Ângelis nos diz através de seu livro psicografado por Divaldo Pereira Franco, “Florações Evangélicas”, capítulo 45, que não devemos cogitar de valorizar o jovem pelo corpo. Que o importante é se marchar sem remorsos nem constrições, porque isto é o que mantém juventude e propicia a condição de mocidade no indivíduo para que ele sustente a jornada.
Como jovem, deve o espírito reencarnado construir o seu futuro, enquanto se mantém com as forças da carne. Pode melhor, nessa fase, dinamizar as possibilidades, as quais engendram a harmonia que irá propiciar-lhe bênçãos de paz.
Feliz do jovem que a si mesmo impõe limites e os respeita, ao mesmo tempo assumindo responsabilidade pelo que faz. Sem isso, não chegará à maturidade da vida física e espiritual.
Importa, como Joanna de Ângelis anotou, termos JESUS como Modelo e Guia, ELE que aos 12 anos já superava os Doutores da Lei e, ainda muito jovem, renovou moralmente, pelo exemplo, as bases do Novo Mundo.
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