domingo, 4 de abril de 2010

A Visão Espírita da Páscoa


O Espiritismo não celebra a Páscoa, mas respeita as manifestações de
religiosidade das diversas igrejas cristãs, e também não proíbe que seus
adeptos manifestem sua religiosidade.

Páscoa, ou Passagem, simboliza a libertação do povo hebreu da escravidão
sofrida durante séculos no Egito, mas no Cristianismo comemora a
ressurreição do Cristo, que se deu na Páscoa judaica do ano 33 da nossa
era, e celebra a continuidade da vida.

O Espiritismo, embora sendo uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente
alguns dos ensinamentos das Igrejas Cristãs. Na questão da ressurreição,
para nós, espíritas, Jesus apareceu à Maria de Magdala e aos discípulos,
com seu corpo espiritual, que chamamos de perispírito. Entendemos que não
houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou
derrogar as leis naturais do nosso mundo para firmar o seu conceito de
missionário. A sua doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer
milagre, até mesmo a ressurreição.

Isto não invalida a Festa da Páscoa se a encararmos no seu simbolismo. A
Páscoa Judaica pode ser interpretada como a nossa libertação da ignorância,
das mazelas humanas, para o conhecimento, o comportamento ético-moral. A
travessia do Mar Vermelho representa as dificuldades para a transformação.
A Páscoa Cristã, representa a vitória da vida sobre a morte, do sacrifício
pela verdade e pelo amor. Jesus de Nazaré demonstrou que pode-se Executar
homens, mas não se consegue matar as grandes idéias renovadoras, os grandes
exemplos de amor ao próximo e de valorização da vida.

Como a Páscoa Cristã representa a vitória da vida sobre a morte, queremos
deixar firmado o conceito que aprendemos no Espiritismo, que a vida só pode
ser definida pelo amor, e o amor pela vida. Foi por isso que Jesus de
Nazaré afirmou que veio ao mundo para que tivéssemos vida em abundância,
isto é, plena de amor.

Amilcar Del Chiaro Filho
CEAL - Centro Espírita André Luiz
www.ceal.org.br

quarta-feira, 24 de março de 2010

As Provas Científicas


Aécio Pereira Chagas


Certas pessoas, muitas vezes bem-intencionadas, buscam provas científicas referentes à imortalidade do Espírito, à comunicabilidade deste conosco, à reencarnação e sobre outros pontos fundamentais da Doutrina Espírita. Isso é muito salutar, mas o problema é que, entre essas pessoas, algumas passam toda a existência terrena procurando essas provas, ou melhor, atrás "da prova", e nunca a encontram apesar de terem tido contato com inúmeros fatos que a confirmam. Algumas assim agem por um ceticismo crônico, crentes de bem procederem cientificamente, pois acreditam (aqui elas não são céticas) que um "verdadeiro cientista não tem idéias preconcebidas". Acho que essas pessoas que passam o tempo todo atrás das provas e continuam insatisfeitas precisam ser informadas do que vem a ser uma "prova científica". É o que pretendemos mostrar.

Vamos utilizar-nos de um exemplo para ilustrar nossos pontos de vista. E o que escolhemos é a "teoria atômico-molecular", devido à nossa experiência como pesquisador no campo da Química. O que se segue é um diálogo imaginário (ou não tão imaginário assim) que tivemos com uma pessoa a princípio cética.

Inicialmente ela nos perguntou:

– "Você acredita na existência de átomos e moléculas?”

– "Não só acredito, mas sei que eles existem", respondi.

– "Como você pode provar isso?”

– “Não lhe posso oferecer nenhuma prova como aquelas apresentadas nos tribunais; inclusive nunca os vi, toquei ou mesmo os senti de alguma maneira, nas formas que penso que sejam. O que me faz saber que os átomos e as moléculas existem é um conjunto de evidências experimentais, um conjunto de provas. Nenhuma delas por si é suficiente para provar a existência dos átomos ou das moléculas. Vendo a coisa de outra maneira, todo esse conjunto de evidências experimentais ou de experimentos só pode ser explicado, entendido, racionalizado, por meio da admissão da existência dos átomos e moléculas, e essa miríade de experimentos é que constitui "a prova". Cada um dos experimentos, considerados separadamente, pode até ser explicado por outras hipóteses ou teorias, mas até hoje ninguém encontrou nenhuma outra alternativa que desse conta de todo o conjunto de experimentos considerados, a não ser a "teoria atômico-molecular". Um dado experimento pode ser explicado pela hipótese de que a matéria é contínua, alguns outros também, mas há muitos outros que não. Podemos até inventar hipóteses as mais estapafúrdias, mas com lógica e bom senso perceberemos que poderão dar conta apenas de alguns poucos fatos. Não vou citar aqui os experimentos; nas bibliotecas encontramos centenas e centenas de descrições deles.”

– "Ainda mais: como já sei que os átomos e as moléculas existem, como cientista não vou mais procurar provas de sua existência. Vou daí para a frente. Vou realizar experimentos nos quais a priori já considero existentes os átomos e moléculas, e os resultados têm sido até agora coerentes com isso. Assim procedem também os meus colegas cientistas do mundo todo."

Da mesma maneira que se faz a pergunta sobre os átomos e as moléculas, faz-se também com relação à existência dos Espíritos e a outros pontos que mencionamos no início deste artigo. A resposta que daríamos a essa pergunta seria a mesma dada sobre os átomos e as moléculas: – "Não só acredito, mas sei que eles existem." – "Como você pode provar isso?" – "Não posso lhe oferecer nenhuma prova, como aquelas apresentadas num tribunal; inclusive nunca os vi, toquei ou mesmo os senti de alguma maneira, na forma que penso que tenham. O que me faz saber que os Espíritos existem é um conjunto de provas (...)." O leitor poderá continuar o diálogo, é só trocar «átomos e moléculas» por «Espíritos». Alternativa para «Espíritos» (como a hipótese da matéria contínua no lugar dos átomos)? É só procurar uma dessas muitas explicações "parapsicológicas" que há por aí (o inconsciente etc.).

Quanto aos novos experimentos, já há uma diferença: são poucos os que vão à frente, a maioria ainda está querendo "provar" que o Espírito existe.

Se as pessoas que buscam provas sobre esses pontos básicos da Doutrina Espírita, após examinarem todo esse conjunto de evidências que a própria Doutrina oferece, além de outras procedentes de fontes não espíritas, ainda quiserem "a prova", é porque continuam desinformadas sobre a atividade científica (ou não a aceitam) ou realmente não querem aceitar nada. Mas isso não acontece apenas com o Espiritismo. Com átomos e moléculas hoje em dia não se pode ser cético, mas com outras coisas... Há pouco ouvi: "(...) afinal de contas, a teoria da Evolução ainda não está cientificamente provada"...

O Jovem e seus Problemas


Adésio Alves Machado

Hoje, mais do que ontem, a educação dos nossos jovens vem constituindo-se, indiscutivelmente, num dos mais sérios problemas a serem enfrentados e resolvidos pela nossa sociedade. Através de quem? De pais, primeiramente; em seguida, de professores, sociólogos, antropólogos, psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e psicoterapeutas, sem esquecimento dos religiosos.

A processo educacional, saibamos, torna-se quase inviável quando o educando já adquiriu hábitos. Daí a infância ser o melhor período para educar.

O Espiritismo, logicamente, não ficaria alheio a uma questão humana deste porte, não se mostraria insensível ao constatar a realidade educacional dos jovens, seus conflitos, suas lutas reivindicatórias e o respeito que lhe é devido, pela sociedade, aos seus legítimos direitos.

O jovem, em geral, mostra-se azedo, queixoso, atrevido em muitos momentos, violento e profundamente sexual em outros. Como conseqüência procura apontar, numa tentativa de justificação para o seu estado de desequilíbrio, os erros, falhas das anteriores gerações. Esse comportamento não alivia seus momentos amargos, e, pelo contrário, termina por fazê-lo derrapar pelos despenhadeiros da insensatez, o que o leva a novas decepções e a novos desencantos.

Ele mergulha fundo na chamada “sociedade de consumo”, pleno de prevenções sem justificativas, e o pior é que não apresenta um programa convincente capaz de suplantar os apelos e as insinuações mercadológicos.

Muita incompreensão de pais e filhos, desajustes no relacionamento entre eles, têm o seu ponto causal nas conquistas tecnológicas do momento, nos pais e mães que debandam dos compromissos no lar para as lutas externas, sobrando os filhos para os cuidados dos serviçais, das babás, das creches ou dos parentes mais idosos sem estruturas orgânicas melhores, sem “pique”, como se diz popularmente, para acompanhá-los. Daí resultam desamor e desajustes, alguns irreversíveis.

A vida fica comprometida quando ele quer e luta pela volta às origens primitivistas da organização social, época em que os costumes eram intoxicados pelo hipocrisia, o sexo era tabu e a liberdade era patrimônio exclusivo do homem. Para ele, homem, tudo era válido; para ela, mulher, nada.

Impondo-se reações que os levam ao esquecimento dos patrimônios da inteligência, dão livre curso aos instintos asselvajados que cada vez mais se desgovernam. É uma clara demonstração de desejo de afrontar a vida, sobrepor-se a ela, mostrar-lhe que ele existe e quer seu lugar respeitado.

Termina, no entanto, por enveredar por atitudes que o faz fugir da realidade ao evadir-se nas drogas, nos alucinógenos e no sexo em desalinho, cada vez mais exigindo prazer e novidades. Permite-se, nesses ensejos, o florescer dos sonhos fantásticos que cedo se transformam em doses diárias de perturbações esquizofrênicas nos inextricáveis tecidos sutis do psiquismo.

O jovem, no fundo, sempre lutou por se afirmar, demonstrando anseios, em algumas ocasiões incontidos, pela renovação das estruturas sociais, políticas e econômicas, açulando dentro de si interesses artísticos musicais e culturais, abrindo novos horizontes..

Desrespeitar a ordem se tornou um hábito para ele, sob a alegação de que tudo está errado e de que só ele tem a solução para as questões que afetam a vida do homem. Para tanto, alega a necessidade de maior liberdade de ação, num grau que termina por atingir o excesso que medra em sua mente há muito tempo. Quer, em verdade, pintar o mundo com as tintas que lhe são próprias e, o mais grave, sem condições de medir as conseqüências. É, incontestavelmente, a prova da exteriorização de uma rebeldia nunca imaginada.

É notório que a juventude é um estado mental, não se encontra, assim, na aparelhagem orgânica. Resulta, a mocidade, do otimismo, da alegria, do prazer de viver, do amor à vida e ao semelhante, consequentemente a DEUS.

Os jovens estão envelhecidos pelo fato de carregarem as mentes envenenadas pelos compromissos negativos, sentindo-se impossibilitados de recomeçar uma nova ordem comportamental, amargurados e amargurantes como se encontram.

Enquanto isso acontece com eles, idosos rejuvenescem ao imprimirem aos seus dias o exercício físico, a leitura nobre, a meditação, o trabalho edificante, a participação ativa no bem, a alimentação equilibrada, a higienização mental...

Ser jovem é assumir obrigações com a própria evolução, ainda mais quando nos referimos ao jovem espírita, ele que sabe a destinação de todos os espíritos – a perfeição espiritual, e que ele, despertando para o Espiritismo na idade jovem, é sinal de que tem pela frente compromisso sério, e que, assim sendo, há, de sua parte, a necessidade de trabalhar-se interiormente e ajudar o semelhante, de qualquer idade, a encontrar a reforma íntima.

Joanna de Ângelis nos diz através de seu livro psicografado por Divaldo Pereira Franco, “Florações Evangélicas”, capítulo 45, que não devemos cogitar de valorizar o jovem pelo corpo. Que o importante é se marchar sem remorsos nem constrições, porque isto é o que mantém juventude e propicia a condição de mocidade no indivíduo para que ele sustente a jornada.

Como jovem, deve o espírito reencarnado construir o seu futuro, enquanto se mantém com as forças da carne. Pode melhor, nessa fase, dinamizar as possibilidades, as quais engendram a harmonia que irá propiciar-lhe bênçãos de paz.

Feliz do jovem que a si mesmo impõe limites e os respeita, ao mesmo tempo assumindo responsabilidade pelo que faz. Sem isso, não chegará à maturidade da vida física e espiritual.

Importa, como Joanna de Ângelis anotou, termos JESUS como Modelo e Guia, ELE que aos 12 anos já superava os Doutores da Lei e, ainda muito jovem, renovou moralmente, pelo exemplo, as bases do Novo Mundo.

O CIÚME e A INVEJA



Adésio Alves Machado

Estes dois germens morais, atormentadores da criatura, mereceram de Allan Kardec uma indagação, por considerar necessária uma explicação sobre em quem recairia a culpa dos sofrimentos morais do homem. Ele já sabia que os (sofrimentos) materiais se originam no homem.
Através da pergunta 933 de “O Livro dos Espíritos”, ficou sabendo que a inveja e o ciúme são dois vermes roedores, felizes são os que os desconhecem e que quando eles atacam não há calma nem repouso possível para quem os porta. São autênticos fantasmas que não dão tréguas e perseguem o homem até nos sonhos. Levantam o objeto das suas cobiças, do seu ódio, do seu despeito. O invejoso e o ciumento vivem ardendo em febre contínua. Desta forma, o homem passa a criar para si mesmo suplícios voluntários, fazendo com que a Terra seja um verdadeiro inferno.
Abramos um parêntese: recorrendo ao dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, perceberemos que ciúme é também um despeito invejoso; é inveja. E inveja é desgosto, pesar pelo bem ou pela felicidade desfrutada pelo outro. Pode-se sentir o quanto estes dois sentimentos, no fundo, possuem quase idêntica significação. Assim, anotaremos os dois como sinônimos, malgrado sintamos a nuance existente entre eles. Fechemos o parêntese.
Aproveitando a oportunidade, Allan Kardec faz um comentário sobre a resposta dos Espíritos Orientadores, explicitando que a pessoa ciumenta o é, por natureza, de tudo que se eleva, de tudo que possa destacar-se da craveira comum. Mostram-se ciumentas porque não podem conseguir o que o outro logrou. Aditou mais que o homem só é infeliz pela importância que dá às coisas deste mundo. A vaidade, a ambição e a cobiça não atendidas lhe fazem infeliz. Caso ele colocasse seus pensamentos sobre o infinito, que é o seu destino, muito insignificantes e pueris lhe pareceriam as vicissitudes da Humanidade. Quem só vê felicidade na satisfação do orgulho dos apetites grosseiros é infeliz, mais ainda quando não os pode atender. Aquele, no entanto, que nada deseja ou ambiciona de supérfluo pode considerar-se feliz, enquanto o ciumento e o invejoso, na mesma situação, sentem-se vivendo uma calamidade.
O homem civilizado, geralmente, raciocina sobre a sua infelicidade e a analisa. Procura, entrementes, os meios disponíveis para dela sair. Investe neles e encontra a consolação no ensino cristão que lhe fornece a esperança de um futuro melhor, mais ameno. Percebe, claramente, que no Espiritismo encontrará a certeza desse futuro, caso siga seus ensinos.
O ciúme/inveja leva à infelicidade, é inconteste. Necessário se torna, pois, conhecermos como ele se introduz em nosso íntimo. Saberemos entreter contato com ele quando refletirmos sobre a sua origem. Aí teremos a plena consciência da sua existência em nossa vida e nos capacitaremos a lidar com ele. Qual, então, o mecanismo que nos enfraquece o interior, viabilizando que a inveja/ciúme se interiorize em nós?
Tudo se resume numa palavra: comparação. Quando se fala em inveja/ciúme chega-se à comparação. O processo comparativo está no contexto existencial do ser humano na Terra. Ele tem necessidade de alguém que lhe sirva de modelo emulativo. Quando nos comparamos com alguém e nos sentimos inferiores, nasce a inveja/ciúme, sutilmente. Pode afirmar-se que inexiste a inveja/ciúme se antes não tiver havido a comparação.
A inveja/ciúme (lembram eles a estreita relação existente entre o amor e a caridade. Quem é caridoso, ama; quem ama, é caridoso é um sentimento inferior que se instala em nós sob a forma de frustração, de tristeza, de mal estar, de constrangimento por nos vermos miniaturizados, inferiores a alguém. Sentimo-nos menores por não termos o que o outro possui, seja o que for. A criatura entra em desequilíbrio íntimo, oriundo deste sentimento paralisante das verdadeiras forças psíquicas. Não desfrutamos do mesmo padrão de vida, da mesma cultura, do mesmo perfil físico, da mesma situação social e espiritual do semelhante e isto nos incomoda.
A inveja/ciúme não aparece repentinamente, porém, instala-se de forma gradativa, imperceptível. Um dos primeiros sinais da presença dele rondando o nosso campo mental é nos acharmos melhor do que o outro e com isso passarmos, quase sempre, a nos vangloriarmos, enaltecermo-nos procurando, com esta atitude, manter o nosso equilíbrio que se insinua fugir.
Ao criticarmos, diminuirmos, ofendemos alguém, sentimos necessidade de falar mal dele, estamos sentindo inveja/ciúme de sua performance.
O arrogante é a pessoa que, em se comparando com alguém, a este se sente inferior. Já o invejoso/ciumento não tem como ver a luz , a alegria, a simpatia do outro, não encontrando, assim, respostas para a diversidade do mundo e das criaturas. A inveja/ciúme termina por conduzir a pessoa a não se gostar, a uma auto-aversão. A pessoa auto se rejeita por não se ver maior e melhor do que o outro. É uma frustração consigo mesma, é sentir-se triste com o que se é.
Chega-se a dizer que a melhor definição para o homem não é mais a de um animal racional, mas a do homem como um animal que se compara e se imita. Tudo no homem gira em torno do estado comparativo, baseando-se o processo social na comparação. Aprende-se desde cedo a interiorizar esse processo em nosso modo de ser. As pessoas e as coisas são sempre comparadas umas com as outras.
Todo processo comparativo inicia-se na família, que em um ou noutro momento nos foi apresentado alguém ou algum comportamento como modelo. Todos se sentem tão envolvidos pelo processo que nunca se dão conta da sua existência.
Na escola há o mesmo sistema baseado na comparação. Busca-se, pelo estímulo em que todo aluno está imerso, que se tem de alcançar o primeiro lugar, a classe mais adiantada, o melhor conjunto esportivo, o mais eficiente professor se deve ter, a melhor nota...
Assim acontece na sociedade, nos filmes, na propaganda no rádio, na televisão, nos jornais. Propaga-se que se deve olhar alguém com todas as possibilidades de riqueza, poder, prestígio, inteligência, beleza e magnetismo pessoal. Então, a propaganda passa a nos oferecer recursos e meios para chegarmos lá também, através da inoculação em nós do ciúme/inveja daquela posição.
A inveja/ciúme é o sentimento que mais nos oprime, que mais nos enforca. Portanto, invejoso/ciumento é todo aquele que, no lugar de sentir prazer com aquilo que é ou com aquilo que tem, sofre com aquilo que não é e com aquilo que não tem. O gostar-se e o amar-se estão no cerne da questão.
Não temos como hábito fazer a comparação conosco mesmos, o que seria altamente vantajoso. Não fazemos jamais uma análise do índice de crescimento nosso nos últimos tempos. Estamos melhores ou piores em termos sociais, psicológicos, financeiros, espirituais e morais? Na auto-comparação, fortalecemos o nosso ego, o nosso ponto de equilíbrio, e passamos a nos dirigir de dentro de nós mesmos e não do ponto de vista dos outros. Seremos, assim, o ponto referencial, donos de nossa vida e não mais temos os outros como ponto fundamental da nossa ânsia de viver. Este procedimento realiza o encontro de nós conosco mesmos. Somos o nosso apoio, e não buscamos sustento fora, porém, dentro de nós.
Existimos para sermos, não melhores do que os outros, mas para sermos melhores do que nós próprios.
Na essência de todo sentimento de inveja/ciúme existe o sentimento de admiração. No entanto, esta admiração somente surge caso estejamos já em postura de agradecimento pelo que alcançamos em termos de posição social, cultural, intelectual e moral.
O invejoso/ciumento, ao ver alguém a quem deveria admirar, é impulsionado a malhar essa pessoa. Pode-se comparar com a situação dos planetas e das estrelas. Estas têm luz própria, enquanto aqueles dependem delas para refletir a luz que recebem. Por isso é que o amigo é aquele que se sente feliz com a felicidade do amigo, não o invejoso que tenta roubar a alegria do outro. Não se resolve a inveja/ciúme torcendo pela derrota, pela infelicidade do outro. No fundo ele sofre duplamente: pelo que o outro tem e pelo que não lhe é dado possuir.
Sendo padrão de nós mesmos, reencontraremos a alegria de ser o que somos, de ter o que temos, de viver como vivemos. Apenas exercitando a auto-comparação conseguiremos chegar à auto-aceitação, à realização própria do nosso tamanho.
Conta-se que um sábio se achava triste, preocupado antes de morrer. Foi ele indagado pelos alunos sobre a causa daquela situação estranha, tendo em vista que ele havia sido, durante toda a vida, um exemplo de coragem como Salomão e de justiça como Moisés, de humildade como Francisco de Assis. O sábio respondeu: Exatamente. Quando eu me encontrar com DEUS após a minha morte, sei que Ele não vai me perguntar se eu fui Moisés ou Salomão, mas se eu fui eu mesmo.

CAMINHANDO PARA O SUICÍDIO INCONSCIENTE



Adésio Alves Machado

A invigilância moral que nasce e se estrutura na ignorância humana com relação ao conhecimento da vida espiritual tem dizimado milhões de criaturas através dos tempos, e o pior é que continuará sua marcha lúgubre.
O Espiritismo vem tirar da pasmaceira moral os espíritos aqui reencarnados a fim de que melhorem, um pouco que seja, a qualidade de suas vidas, fazendo-os ver e sentir as conseqüências de seus vícios, paixões e desatinos cultivados através do corpo carnal.
Nessas horas de devaneio a criatura se deixa envolver por espíritos de baixo astral, ou de baixo padrão vibratório, quando o ser perde o domínio integral de si mesmo. Criam-se algemas cruéis, difíceis de serem abertas. É a malha do vício que aprisiona, cerceia a liberdade, impõe condições, passa a dominar.
Queremos nos referir ao tabagismo, esquecendo por enquanto os demais, como por exemplo o alcoolismo, o uso de drogas, a maledicência, o hábito de caluniar, a glutonaria, o sexo em desregramento, a violência, etc., etc, tudo isso causando sérios curtos-circuitos no perispírito do viciado, energeticamente desestruturando-o, lamentavelmente, tendo em vista que ele será o molde do novo corpo físico da próxima reencarnação do viciado.
Segundo dados colhidos num trabalho sobre saúde, da jornalista Magaly Sonia Gonzales, publicado na revista “Isto É”, de julho de 2000, “o vício do fumo foi adquirido pelos espanhóis, junto aos índios da América Central, que o encontraram nas adjacências de Tobaco, província de Yucatán. Um dos primeiros a cultivar o tabaco na Europa foi o Monsenhor Nicot, embaixador da França, em Portugal, de onde se derivou o nome nicotina, dado à principal toxina nele contida”.
Através das constatações médicas científicas, verifica-se que o fumo é um veneno para o corpo. Como aliado deste princípio, encontramos os preceitos médicos/morais do Espiritismo, que mostra o fumo como um destruidor da mente, que provoca tonteiras, que enseja vômitos no estômago, dispara perturbações brônquicas nos pulmões e no sangue; é um agente envenenador, com ameaças de leucemia.
O tabagismo se apodera do viciado em processo lento mas contínuo, fazendo-o mais uma “vítima”, inicialmente de si mesmo, depois dele, fumo. Em verdade, o viciado se torna escravo de sua vontade pusilânime. O tabagismo é uma doença que, tratada a tempo, tem cura, requerendo do viciado, no entanto, muita obstinação para dele se desvencilhar, determinação esta que ainda não é apanágio dos espíritos aqui residentes.
Para deixar o cigarro é preciso readquirir o poder da vontade que se estiolou diante da prepotência, do autoritarismo da nicotina e seus sequazes.
O viciado é aquele que perde o comando da mente.
A luta do viciado pela recuperação do controle da vontade torna-se mais acerba pelo fato do vício haver encontrado quem lhe insufla maior potência: os espíritos desencarnados tabagistas. As mentes de além-túmulo não se desvinculam com facilidade, sem mais nem menos, deste foco que alimenta seus desregramentos: o fumante terreno.
Os efeitos do tabagismo são devastadores, a saber: afeta o sistema respiratório, provocando bronquite, enfisema, câncer pulmonar, angina do peito, laringite, tuberculose, tosse e rouquidão; ataca o sistema digestivo, dificultando o apetite e a digestão, além de provocar úlcera gastroduodenal, hepatite; aumenta a concentração do ácido úrico, instalando a chamada gôta; o sistema circulatório sofre com o aparecimento de varizes, flebite, isquemia, úlceras varicosas, palpitação, trombose, aceleração de doenças coronarianas e cardiovasculares; o sistema nervoso, sempre muito sensível, leva à uremia, mal de Parkinson, vertigem, náuseas, dores de cabeça, nervosismo e opressão. A falta do fumo no organismo do viciado gera ansiedade, angústia, desencadeando crises, convulsões e espasmos. Instala-se, como se depreende, toda uma dependência mental, psíquica e física.
Para os indígenas, a fumaça afastava os “maus espíritos”, daí o surgimento dos defumadores. Os pagés jogavam folhas secas no braseiro, ao mesmo tempo em que invocavam os seus deuses. Com o passar do tempo, habituaram-se a fazer um rolo de folhas secas de tabaco, fumegantes, aspirando e tragando a fumaça, o que neles provocava sensações de prazer. Nascia aí, para desgraça de tantas pessoas e o enriquecimento despudorado de muitas outras, o vício de fumar.
Rogamos a Deus que surjam, cada vez mais, medidas restritivas aos fumantes e aos que propagam o cigarro, como também exemplos de abominação ao tabagismo nas famílias, nas escolas e na sociedade em geral. Com tal procedimento se dará uma demonstração de que o tabagismo é um suicídio em processo inconsciente lento, porém pertinaz.
A tendência do tabagismo é desaparecer antes do alcoolismo. Os dois têm seus dias contados na face da Terra.
Os males de um vício altamente destruidor da vida física, como o tabagismo, destroem também a vida espiritual pelo fato de lesar o perispírito. Acompanhando o espírito na erraticidade, não só de imediato aparecem as seqüelas, mas também no seu retorno à vida carnal, num novo corpo altamente comprometido, estruturado que se acha em matriz defeituosa – o perispírito.
Largar o tabagismo, dizem os entendidos, tem de ser feito de uma só vez. Não concordamos tacitamente com isso, tendo em vista que cada criatura tem suas próprias reações orgânicas. O resultado que se obtém em relação a um caso pode ser diverso daquele que se constata em um outro. Deve-se, entendemos, colocar em ação todos os recursos existentes e, estando a pessoa determinada a parar com o uso do cigarro, surgirá o meio mais eficaz, o que seja mais aconselhável para o seu organismo reagir ao assédio do vício. Referimo-nos ao fato de que, na hora em que o viciado se predispõe a deixar o vício, logo a Espiritualidade Superior passa a cuidar do caso, a ele se dedicando com determinação e amor. Os resultados só poderão ser o melhor – libertação do vício.
O Espiritismo analisa o tabagismo como um “inimigo” do ser humano que precisa ser “eliminado”. Sendo um gerador de doenças e de dependências, merece do Espiritismo uma batalha sem trégua. Contudo, ele atuará sem violentação de consciências, somente ajudando, com a sua terapia, a quem quer ser ajudado.
O viciado recebe do Espiritismo, além de informações fornecidas pela medicina tradicional quanto aos males provocados pelo fumo, o alerta contra as obsessões e as desastrosas conseqüências no campo energético do espírito, fator este a exigir atenções especiais e procedimentos profundos na mentalização do fumante.
Mostra a Doutrina Espírita a necessidade não só de se cuidar do corpo, mas, sobretudo, do espírito e de seu campo vibratorial, o perispírito.
A visão reencarnatória é o principal fator que induz reformulação dos valores éticos/morais de quem se aproxima do Espiritismo, pois ela representa, acima de tudo, o uso da lógica e da razão na busca de uma melhor compreensão da vida, abrangendo o aspecto dual da existência: o material e o espiritual.
Compete-nos, portanto, ajudar os nossos irmãos e irmãs que se encontram sob o jugo do vício a fugirem desta forma sub-reptícia de mergulhar num suicídio inconsciente.

A Cura em Nossas Mãos




Adésio Alves Machado

A proliferação das enfermidades de todo tipo é uma das características de mundos em níveis de atraso moral-espiritual, ou seja, de mundos de provas e expiações, como o nosso.
Com o avanço do conhecimento humano nas experiências extrafísicas, a cura vai se tornando algo natural, perfeitamente exeqüível, por se encontrar dentro de nós o mecanismo que, devidamente acionado, proporcionar-nos-á a obtenção da tão ambicionada saúde.
Vemos assim que a cura se dará sempre não do exterior para o interior, mas deste para aquele, ou seja, justamente no sentido inverso do que sempre foi imaginado.
Atentemos para o fato de que, mesmo na área da medicina convencional, a cura, processando-se tanto no físico quanto no âmbito psicológico, o paciente não está indene à recidiva, caso não adote uma nova conduta, novos hábitos, os quais haverão de estar estruturados na vivência evangélica.
As experiências difíceis são uma necessidade evolutiva, precisam ser bem vividas, e em sendo bem dimensionadas e compreendidas, ensejar-nos-ão equilíbrio e bem-estar físico e sobretudo espiritual. Saibamos retirar lições contidas nas amargas experiências. Elas existem nas circunstâncias que as engendraram, cujos principais antagonistas fomos nós mesmos.
Cada criatura carrega a sua própria dor, precisa sofrê-la num processo todo de libertação. Ouçamos Divaldo Pereira Franco: “A dor de qualquer natureza é sempre bênção para quem a sabe usar com sabedoria. Na atual larga experiência que vamos galgando temos vivido dores, e elas vão se constituindo companheiras constantes. Quando não é de uma é de outra natureza. Aprendemos, porém, no silêncio e na oração, a confiar e prosseguir sorrindo, sem deixar-nos abater ou demonstrar ressentimento, apresentar defesa. O melhor é fazermos como JESUS, permanecendo de consciência tranqüila e aproveitar as ocorrências difíceis, e delas extrairmos experiências para o aprimoramento interior. Desta forma, as dores físicas e morais são as irmãs socorristas que nos distendem as mãos, levando-nos adiante”. Tipo de filosofia de vida que se aplica, bem sabemos, a uma minoria capacitada a vivê-la. Entretanto, todos chegaremos lá.
De várias maneiras podemos tornar suportável a nossa dor: rebelando-nos contra ela, torná-la-emos maior; entregando-nos à desesperação, a aflição aumentará; permitindo que o desânimo se apodere de nós, incapacitando-nos de superá-la; deixando-nos dominar pela mágoa, pela reclamação e pelo conceito de “vítima do destino”, mais rude, mais cruel ela se nos apresentará.
Aceitando-a, no entanto, logo a debelaremos pela sua própria condição de naturalidade, e por ela se encontrar nos mecanismos evolucionistas da Lei Maior. É transitória, enfim, sem realidade objetiva. Ela é e será sempre a ausência do bem-estar que existe para ser por nós fruído.
“A psiconeuroimunologia demonstra que cada um é, na área da saúde, aquilo que pensa e quanto se faz de si mesmo”, assevera Joanna de Ângelis. Somos o que pensamos, isto é indiscutível.
Curar-se vai sendo, para nós, pois, a resultante da nossa integração nos profundos mecanismos da vida, onde preponderam as ações do Eterno Bem. A ELE temos de nos agregar em definitivo.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Como Melhorar?


Há um meio prático de se melhorar nesta vida, moralmente falando, resistindo às más tendências e procurando adquirir mais virtudes? Uma recomendação do filósofo Sócrates indica o melhor caminho: Conhece-te a ti mesmo!

Isso significa uma viagem interior de questionamentos, uma entrevista onde somos o entrevistado e o entrevistador. Sim, questionarmos a nós mesmos, avaliando diariamente o próprio comportamento para averiguar se alguém tem algo a reclamar de nós ou se cumprimos com o próprio dever no dia que passou. Esta auto-avaliação pode ser resumida em cinco itens:

a) Interrogarmo-nos sobre o que temos feito;
b) Com que objetivo fizemos ou agimos dessa ou daquela forma;
c) Se fizemos algo que censuraríamos se praticado por outra pessoa;
d) Se algo fizemos que não ousaríamos confessar;
e) Se ocorresse a morte, teríamos temor do olhar de alguém?.

E poderíamos ainda examinar se agimos contra Deus, contra nosso próximo e contra nós mesmos. As respostas obtidas nos darão o descanso para a consciência ou a indicação de um mal que precisa ser curado. Havendo dúvida sobre determinado comportamento, há ainda um passo decisivo: “(...) Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na podereis ter por legítima quando fordes o seu autor (...) “. Esta dica, inclusive é precisa para possíveis questionamentos sobre ilusões do julgar-se a si mesmo, atenuando as faltas ou tornando-as desculpáveis. Se censuramos no comportamento de outra pessoa, é sinal que não aceitamos. E, portanto, trata-se de comportamento que não devemos adotar.

A formulação nítida e precisa de questões dirigidas a nós mesmos sobre o móvel de nossas ações ou o questionamento de nossas motivações é o caminho de nos conhecermos. E, convenhamos, conhecendo a nós mesmos, alcançaremos a reforma moral. Imagine-se agora se cada ser humano travar essa intensa luta consigo mesmo para melhorar-se a si mesmo, teremos um mundo melhor. É o que todos desejamos, não é?

Anotações preciosas essas, de Santo Agostinho, na resposta à questão 919 de O Livro dos Espíritos.


Artigo gentilmente cedido por Orson Peter Carrara
Assessor de Imprensa da Casa Editora O Clarim em Matão SP