Antônio Moris Cury
Este é o título do capítulo 20 do excelente livro intitulado "Para uso diário", ditado pelo Espírito Joanes através do médium psicógrafo J. Raul Teixeira e publicado pela Editora Fráter Livros Espíritas, cujo texto pode ser encontrado nas páginas 111 e 112 da 1ª edição, que veio a lume em 1999.
Está dito no primeiro parágrafo que "Cada dia novo que o Senhor lhe oferta é bênção de incalculável valor, na trilha de sua nova reencarnação" (página 111), como de fato é mesmo, bastando que observemos, para se chegar a esta conclusão, que ninguém pode garantir que amanhã, por exemplo, estará vivo, na carne. Que estaremos vivos amanhã, ainda que fora do corpo físico, não resta a menor dúvida, porquanto todos nós, Espíritos, encarnados ou não, uma vez criados por Deus (nosso Pai Celestial, criador de todas as coisas e inteligência suprema do Universo), passamos a ser imortais e, portanto, viveremos por toda a eternidade.
E, por outro lado, a bênção é de incalculável valor, realmente, uma vez que teremos novas 24 horas pela frente, segundo a contagem humana do tempo, que nos permitirão múltiplas oportunidades e atividades, como, apenas para exemplificar, a de ser úteis, cumprindo as nossas obrigações, desempenhando a nossa tarefa com capricho, com esmero, seja ela qual for, contribuindo por esse modo para o equilíbrio das relações humanas, sem falar que, nestas mesmas 24 horas, poderemos corrigir falhas, erros, males e equívocos cometidos, ajustando-nos e reajustando-nos com as leis divinas ou naturais, mesmo que parcialmente.
A seguir, o Espírito Joanes esclarece: "Você está no mundo com o propósito de progredir, conforme acertou com seus Mentores Desencarnados, que o acompanham do Invisível" (página 111).
A frase, enxuta e direta, permite conclusões de grande valia para o nosso dia-a-dia. A propósito, o nome do livro, "Para uso diário", já diz tudo: são lições, advertências e esclarecimentos para nosso uso diário.
Com efeito, estamos no mundo para aprender e progredir. Como se sabe, o pro
gresso pode ser intelectual e moral, sendo que o progresso intelectual engendra o progresso moral. E será ótimo, excelente mesmo, quando ambos caminharem juntos, lado a lado.
Não é de graça, portanto, que se afirma ser a Terra uma escola, na qual todos nós nos encontramos matriculados para aprender, muito aprender, sobre todos os assuntos (ciências, filosofias, religiões, artes, etc.), a começar pelo aprendizado da fraternidade, que, uma vez consolidado, nos conduzirá a que tratemos a todos como nossos irmãos (que verdadeiramente o são do ponto de vista da vida verdadeira e permanente, a vida espiritual, já que somos todos filhos do mesmo Pai Celestial, que é Deus), fazendo aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem, com o que estaremos cumprindo o ensino máximo do Cristo, consubstanciado na célebre sentença: "Amar ao próximo como a si mesmo", sabendo-se que quem assim procede estará, exatamente por este motivo, amando a Deus sobre todas as coisas.
De outra parte, quando na erraticidade, nós concordamos com nossos Mentores Desencarnados, que nos acompanham do Invisível, que reencarnaríamos para progredir, para evoluir, intelectual e moralmente, a cuja Lei do Progresso, aliás, estamos todos subordinados, no mínimo, porque para atingirmos a perfeição relativa é absolutamente necessário que saibamos tudo. Tudo de tudo. E, como sabido, o destino final dos seres humanos é constituído da perfeição relativa e da felicidade suprema.
Também pelo trecho antes transcrito, fica fácil deduzir que toda reencarnação é precedida de planejamento, isto é, a reencarnação se dá com linhas básicas definidas anteriormente, vale dizer, se casaremos ou não; com quem, se for o caso; que profissão teremos; se teremos ou não filhos; em que cidade ou local reencarnaremos; quem serão os nossos familiares; em que contexto social, etc., quase tudo passível de modificação posterior à reencarnação, como decorrência de nosso livre-arbítrio, que permite de maneira ampla que tomemos as decisões que quisermos mas que, em contrapartida, torna-nos por elas responsáveis, e responsáveis pelas suas conseqüências, como é natural e absolutamente lógico.
Ademais disso, os Mentores Desencarnados nos acompanham do Invisível, como verdadeiros anjos da guarda, velando por nós como fazem os pais em relação aos filhos, inspirando-nos boas idéias, boa conduta, sugerindo-nos o melhor para o nosso progresso, para o nosso auto-aperfeiçoamento, vibrando quando tomamos as decisões certas e lastimando quando enveredamos pelos caminhos equivocados, mas que, em verdade, não podem e não devem fazer o que nos compete, com exclusividade. É necessário que façamos a nossa parte, e a façamos bem, do melhor modo possível ao nosso alcance.
Depois de discorrer sobre o tema, de maneira concisa (todo o texto do capítulo 20 da multicitada e importante obra, com efeito, é composto de apenas 42 pequenas linhas), o Espírito Joanes, pela mediunidade de J. Raul Teixeira, aconselha: "Evite a lamentação, uma vez que ela em nada lhe auxiliará. Não diminuirá o peso da sua cruz, nem dispensará as nuvens que estejam toldando, porventura, os seus horizontes" (páginas 111 e 112).
Não obstante muito evidente, a verdade é que nem sempre prestamos atenção em que a lamentação (a lamúria ou a reclamação, se preferirmos estes vocábulos) não resolve nenhum problema, nenhuma dificuldade. Muito ao contrário, pode até gerar agravação.
Com efeito, se a lamentação ou a reclamação resolvesse algum problema ou superasse qualquer dificuldade seria amplamente indicada como a nova e fantástica panacéia dos tempos modernos, como novíssima medicação para todos os males.
Mas, como muito bem nos advertiu o Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no pequeno-grande livro intitulado Agenda Cristã: "As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você" (28ª edição, FEB, 1991, página 120).
E lembrar, depois disto, que nós, de um modo geral, costumamos reclamar de tudo! E lembrar que, se não temos do que reclamar - hipótese raríssima, pouco encontradiça -, reclamamos do clima, seja porque chove muito, seja porque não chove, porque está calor ou porque está frio, porque venta muito ou porque o sol não aparece há vários dias, etc.!
É preciso e conveniente, portanto, que imponhamos silêncio sobre nossas eventuais reclamações (relembremos, com André Luiz, que elas nem mesmo conquistam a simpatia de quem nos está ouvindo), contribuindo, assim, para a harmonia do ambiente em que nos encontrarmos, tornando-nos pessoas mais agradáveis, de mais fácil convivência, palmilhando melhor, e cada vez melhor, enfim, o caminho da fraternidade.
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