terça-feira, 15 de setembro de 2009

Fé Que Transporta Montanhas

Este tema visa esclarecer ao público qual o verdadeiro sentido da fé e o que ela significa para as nossas vidas. Como a Doutrina Espírita compreende este sentimento e de que forma colocá-lo em prática frente às dificuldades da existência.

Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível. (Mateus, XVII: 14-19)

Explique esta passagem, onde Jesus diz que quem tiver fé do tamanho de um grão de mostarda, ou seja, muito pequeno, terá capacidade para remover montanhas. Com isso, o Mestre nos faz refletir sobre quanto somos descrentes nos momentos difíceis. Que temos muita teoria, mas na hora da prova, fraquejamos. E que uma pequena dose de fé já nos faria maravilhas.
É necessário deixar claro que as montanhas que serão transportadas são um simbolismo dos nossos problemas, dificuldades. São também as nossas limitações, os nossos defeitos e imperfeições.
Jesus nos deixa claro o poder deste sentimento tão falado e tão pouco compreendido e praticado, pois ele esclarece que nada nos será impossível se soubermos usar esta poderosa força espiritual.

Fé humana e fé divina
- A fé é humana ou divina, segundo a aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 12)

No Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 19, item 12, Kardec define a fé como sendo uma força de vontade direcionada para um certo objetivo, ou seja, a vontade de querer. E esta força pode ser aplicada em dois campos distintos: o material e o espiritual, conforme o objetivo proposto.
No campo material, Kardec define a fé como humana, quando ela é usada para conseguir objetivos materiais e intelectuais, como por exemplo: a construção de uma empresa, a melhoria profissional buscando novos horizontes de atuação. Todos nós temos que ter esta fé, que é a crença em nossa própria capacidade de realizar uma tarefa material. Mas ela deve ser aliada à humildade e à racionalidade, para não se transformar em orgulho, sentimento este que nos traz ilusões sobre a nossa personalidade.
Cite ao público vários exemplos de homens que realizaram grandes tarefas para o bem da sociedade, acreditando no seu próprio potencial, em vários campos de atuação, como por exemplo: a política, as ciências, os descobrimentos e também o campo empresarial.
No campo espiritual, Kardec define a fé como divina, pois ela orienta o homem na crença em uma força superior a ele e a tudo, que direciona a sua capacidade na busca de algo além do material, na descoberta do seu lado imortal. É a religiosidade, agregando a caridade, a fraternidade e a melhoria interior.
Esta fé, aliada à fé humana, espiritualiza os objetivos desta última e direciona esta força material para a satisfação da coletividade e não mais só da individualidade.

Fé cega e fé racional
- A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 6)

Aqui vamos definir a fé que a nossa Doutrina veio propagar, que é a Fé Racional. Aquela que conforme este trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, veio aliar a este sentimento de crença e vontade de querer, uma qualidade própria do nosso tempo, que é a razão. É ela quem dá uma base sólida a nossa crença, podendo encarar a ciência e o progresso a qualquer tempo. E que também nos ensina que não basta só crer ou ver, é também necessário compreender. Isto se aplica principalmente ao Espiritismo, onde o estudo e a prática da caridade são fundamentais para um bom desenvolvimento do trabalhador espírita. Não basta também sentir, ver, ouvir, incorporar ou falar com os espíritos, é importante compreender sua natureza, o seu ambiente, a sua ação no mundo material e no espiritual. Reafirme o que diz o E.S.E., que é necessários compreender antes de ver.
Deixe claro o perigo da fé cega, aquela que acredita sem compreender, sem questionar, pois ela é a gênese do fanatismo religioso que causou tanto mal para a humanidade, e que deve ser combatida com serenidade e racionalidade

Fé ativa e fé passiva
Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2, 14 e 17)

Encerrando a palestra, saliente que a Fé sem obra não vale nada, mesmo a Fé Racional, pois só o conhecimento não salva ninguém. É vital aplicarmos o que estamos aprendendo e o que já sabemos, mudando o mundo em nossa volta, primeiramente o nosso interior e depois a parte externa.
Não adianta nada lermos toda a Bíblia, todas as obras da codificação, todas as obras complementares, se todo este cabedal de ensinamentos não mudar o nosso espírito para melhor, transformando em obras materiais e espirituais o que aprendermos. É o benefício que podemos fazer ao próximo, e que, com certeza, será também revertido para nós mesmos.

Copyright by Grupo Espírita Apóstolo Paulo

Página principal | Mapa do Site | Pesquisa no Site
Creative Commons License

Perca de Entes Queridos

A dor é pungente, a angústia é asfixiante, o vácuo, o vazio, é profundo...

Tudo isto avassala-nos o ser quando a morte adentra o lar, para ceifar, impiedosamente, um ente querido: a mãe, o pai, um filho, uma filha, um irmão, uma irmã, a avó, o avô, um tio, uma tia... Às vezes, a pessoa nem possui laços consangüíneos, mas é um amigo fiel e dedicado de todas as horas, tudo se passando como se fosse um parente.

O sentimento de “perda” aparece agigantado, não importando a idade do ente querido, se muitos anos ou apenas alguns anos, alguns meses ou horas de vida (caso de crianças que morrem em tenra idade).

É natural que assim seja, pois é o amor puro falando mais alto, só que é ainda um amor possessivo que precisa ser trabalhado, controlado e dominado, pois sabemos que na Terra, nada possuímos, nem mesmo o próprio corpo carnal. Tudo é concedido por Deus ao Espírito, a título de empréstimo, por algum tempo, para instrumento do seu próprio progresso. Existe o sentimento de “perda”, porque achamos que somos “donos” das coisas e também das pessoas. Por isso falamos: minha casa, meu lar, meu carro, meu dinheiro, meu filho, meu pai...

A palavra “perda” é utilizada impropriamente, visto que nada perdemos, quando nada possuímos. O conceito de imortalidade da alma precisa ser mais evidenciado, mais enfatizado. Devemos entender que, em vez de “perda” dos entes queridos, há apenas uma separação temporária, pois, mais cedo ou mais tarde, estaremos todos juntos novamente. É verdade que este reencontro pode demorar muitos anos, 50 anos por exemplo. Mas o que são 50 anos, frente a eternidade, a imensidão do tempo? A contagem do tempo para os Espíritos desencarnados é diferente da nossa aqui na Terra, porque é livre das convenções terrenas, que só são úteis para a matéria densa. O Espírito desencarnado, vivendo noutra dimensão, tem um entendimento mais amplo da vida e do tempo.

A morte física tira do convívio material, aqueles que nos são caros, mas isto não quer dizer que eles estejam excluídos dos nossos pensamentos e sentimentos de afeto, de amor. Não devemos nos entristecer e sofrer pela separação física temporária, mesmo porque a separação espiritual não existe. Sempre que um Espírito pensa num outro Espírito, encarnado ou desencarnado, um fio fluídico se estabelece entre os dois seres, servindo de canal de ligação, de comunicação, entre eles. É um canal de mão dupla, de ida e de volta. Os pensamentos, sentimentos e desejos de um, como se fosse um telefone, podem ser captados e interpretados pelo outro, com maior ou menor intensidade, dependendo do vigor da fonte emissora do pensamento, do sentimento e do desejo. É como, de alguma forma, os dois Espíritos estivessem em contato íntimo, cada qual percebendo a presença do outro, em Espírito.

Por esse motivo é que devemos pensar nos falecidos, nos entes queridos que já empreenderam a viagem de regresso à Pátria Espiritual, com muito amor e carinho e mesmo com alegria, porque eles sentirão exatamente o que estamos sentindo. Da mesma forma, não é necessária nem aconselhada a visita aos cemitérios para as orações e a colocação de flores nas tumbas, visto que lá moram simplesmente os despojos materiais em decomposição, em transformação e às vezes, nem mesmo isto encontraremos mais.

As orações e as flores podem ser oferecidas como presentes de amor e ternura, em qualquer lugar, inclusive dentro do lar, pois os Espíritos se ligam pelos pensamentos e desejos, automaticamente e percebem, instantaneamente, as nossas intenções.

É verdade que alguns Espíritos vivem dentro dos cemitérios, ao lado das suas tumbas, perdendo um tempo precioso apegados ainda aos despojos materiais, geralmente em sofrimento. A maioria, porém, logo percebe que ganhou com a morte, a liberdade em relação à matéria e vai procurar dar continuidade à vida, preocupando-se com alguma atividade no Plano Espiritual. Além disso, nos Cemitérios estão sediados Espíritos das trevas, inferiorizados, que ainda não conseguiram se livrar das necessidades materiais e se comprazem com o mal, aceitando oferendas materiais, em troca de favores comprometedores. Como os médiuns são que nem rádios receptores e emissores, com as antenas ligadas, podem, de repente, entrar em sintonia com tais entidades e receber as suas influências negativas e até mesmo se sentirem mal. Por isso as visitas aos cemitérios devem ficar restritas exclusivamente ao dever social de sepultamento daqueles que nos são caros e nada mais.

Com relação aos entes queridos desencarnados, é preciso, também, não ficarmos com os pensamentos fixos neles, dia e noite, todos os dias, pois tal procedimento pode prejudicá-los e atrapalhar o desenvolvimento da sua vida espiritual, tornando-nos, nós os encarnados, verdadeiros obsessores dos desencarnados.

Perca de Entes Queridos

A dor causada pela perda dos entes amados atinge a todos nós com a mesma intensidade. É a lei da vida a que estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única certeza absoluta no transcorrer da vida será a de que um dia morreremos. Não há como fugir a esta realidade.

A morte não faz parte de nossas preocupações imediatas. Vamos levando a vida sem pensarmos que um dia morreremos, aí, quando menos esperamos, ela nos bate à porta arrebatando-nos um ser amado e então, sentimo-nos impotentes diante dela e o pensamento de que ”nunca mais o verei”, aumenta mais nossa dor.

Algumas pessoas sentem com maior intensidade a perda do ente amado, demorando a se recuperar da dor pela partida daquele ente querido. Principalmente, se a morte ocorreu repentinamente, de uma forma brusca, como acontece em desastres ou através da violência. Existem também pais que perdem seus filhos em tenra idade, quando começavam a sonhar para eles um futuro promissor.

Com a perda vem a tristeza e a revolta: “Por que meu filho morreu tão cedo? Era preferível a morte ter me levado no lugar dele, pois já vivi muito enquanto ele não teve tempo de viver”, e por aí seguem tantas outras exclamações contra a partida daquele ser tão querido. Então, vem a procura, a busca de um consolo que possa realmente acalmar e levar um pouco de tranqüilidade ao espírito, e vem a indagação que tanta angústia traz ao coração: “Onde meu filho estará agora? Só queria saber se ele está bem, como se sente.”. Começa, então, a procura por notícias, o afã de saber o paradeiro daquele que se foi para nunca mais, segundo a visão acanhada que se tem de “vida” e de “morte”.

A possibilidade da comunicação com o ser querido leva muitas pessoas a desejarem, a todo custo, uma mensagem, uma palavra que possa proporcionar-lhes a aceitação do ocorrido ou que lhes minore a enorme saudade que sentem.

É muito gratificante, através do intercâmbio espiritual, sabê-los felizes, certificando-se, através de relatos deles próprios com detalhes de sua nova existência, que eles continuam ligados aos familiares pelos laços indestrutíveis das afeições sinceras.

No entanto, é necessário precaver-se contra a urgência desenfreada de se obter, a qualquer custo, principalmente em pouco tempo de desencarnação dos entes queridos, a comunicação tão desejada com o intuito de acalmar o coração saudoso.

Sabemos que a comunicação em pouco tempo de desencarne não é totalmente impossível, mas não é recomendável, visto o espírito encontrar-se num estado de adaptação a sua nova vida e de sentir-se ainda fortemente ligado às vibrações materiais. A precaução deve ser necessária, pois, no afã de obtê-las a qualquer custo, corre-se o risco de procurar-se meios indevidos para tais comunicações, que, não os colocando em sintonia com os seres amados, mais tempo os afastarão deles.

O cuidado é necessário, pois no desejo de obter-se a comunicação, a pessoa incauta pode ser vítima de mistificações de falsos médiuns, devendo por isso mesmo, certificar-se da idoneidade das pessoas para que tal comunicação se dê a contento.

A mediunidade não deve ser encarada como um dom nosso, e sim, um dom, a nós, dado por Deus, uma ferramenta de trabalho em benefício não só do próximo como do próprio médium, pois se bem utilizada é uma ponte para a evolução de nosso ser.

Mas a paciência para se obter a comunicação deve ser levada em conta, pois existem barreiras dos dois lados que podem adiar por um bom tempo o tão sonhado intercâmbio.

A desencarnação requer um período de adaptação ao mundo espiritual a que o espírito se submete com a ajuda de amigos espirituais abnegados. E se ele estiver ainda no estágio de adaptação, tais comunicações poderão mostrar-se inadequadas para o momento que ele atravessa, portanto, requerendo um período bem maior para que possa realizar-se com mais eficácia.

Em casos extremos, pode acontecer do desencarnado, ao ver o estado de sofrimento dos familiares com a sua partida, pedir aos espíritos responsáveis por sua adaptação ao mundo espiritual para ir acalmar-lhes os corações.

O tempo também é diferente entre as duas dimensões, ou seja, segundo os espíritos eles não sentem o tempo como nós, podendo um período de dois anos tornar-se um tempo longo para os familiares ao desejarem a comunicação, enquanto para os espíritos, levando-se em conta, principalmente, a evolução espiritual dos mesmos, ser um tempo bastante curto.

A comunicação mediúnica para atender irmãos desencarnados, sofredores ou não, requer um preparo todo especial para o seu desempenho, tanto na dimensão material quanto na espiritual. Desde cedo, os irmãos responsáveis para que tais comunicações se processem, já começam o preparo, com antecedência, dos médiuns que irão atender aos espíritos, baseando-se principalmente na sintonia espiritual existente entre encarnados e desencarnados, ligando cada espírito ao médium que melhor possa se adequar à comunicação.

Por isso não é fácil, para quem é médium, dar notícias desse ou daquele desencarnado para as pessoas que os procurem para obter a comunicação.

Muitas vezes, os espíritos dos entes queridos vêm nos visitar e nós não damos por isso, ou mesmo, durante o sono, nosso espírito vai se encontrar com o dele, vai visitá-lo, e não guardamos lembrança de nada, a não ser uma saudade, uma lembrança dele que não sabemos nem porque nos vem tão repentinamente.

O que sabemos através dos ensinamentos espirituais, é que todos nós ao fecharmos nossos olhos para a vida material e nos transferirmos para a vida espiritual, ficaremos num sono, numa espécie de torpor, recebendo todo o amparo e ajuda de equipes espirituais para nos desfazermos das vibrações materiais com maior rapidez.

Então, esse período para o espírito é de fundamental importância, requer daqueles que ficaram, o amparo da prece e de vibrações de amor e de que seus sofrimentos não ultrapassem aquele da saudade, sem extrapolar para a revolta com os desígnios de Deus.

O importante é atentarmos que o desencarnado requer um tempo para se reconhecer. Muitas vezes eles não se sentem mortos, sentem-se como se estivessem num sonho; ficam sem entender o estado em que estão, sentem-se diferentes, não se enxergam sem o corpo físico e ficam desorientados.

Esse estado de perturbação acontece principalmente com quem desencarna de forma abrupta ou violenta, como costuma ser em casos de desastre. Mas, esses irmãos não ficam sozinhos nunca. É preciso que saibamos disso: os espíritos responsáveis por eles estão junto esperando que as vibrações materiais mais grosseiras se desfaçam, cuidando com todo o carinho para que eles possam se adaptar ao novo estado.
Parte 2

Texto revisado por Cris

por Guilhermina Batista Cruz - guilherminabcruz@click21.com.br
Lido 7028 vezes, 218 votos positivos e 0 votos negativos.
Visite o Site do autor.

O Bem- Estar Psicológico

O assunto aqui abordado não oferece nenhuma fórmula mágica ou regra de como obter o bem-estar psicológico. Não apresenta induções nem sugestões, é antes uma reflexão sobre a tomada de consciência do que podemos fazer para alcançar esse bem-estar.

Quando alguém está ciente de que ele é o construtor do seu destino, abandona as projeções de atribuir ao mundo a responsabilidade por seu sucesso e insucesso; larga a posição cômoda de vítima, e assume a autoria de sua existência; deixa de perder energia com queixas tóxicas; desiste de intrometer-se na vida dos outros, enfim, pára de perder tempo e energia vital.

Falar de estados positivos como saúde, bem-estar, alegria, felicidade é tão pouco usual e pouco refletido, que, para defini-los, se utilizam termos negativos, por isso a saúde se define como a ausência de doença e o bem como a ausência do mal.

Somente a reencarnação possibilita compreender a diversidade do comportamento humano. Tentar explicar as diferenças entre as pessoas baseados apenas na hereditariedade, na educação e na cultura, não responde a tantas diferenças. Muitos irmãos gêmeos que receberam a mesma educação podem ter inclinações opostas, ou seja, um poderá gostar de música clássica enquanto o outro tornar-se delinqüente. É comum observar também que pessoas criadas em ambientes perigosos onde predominam drogas, jogos, malandragens, não se envolvem com a pressão ambiental, tornando-se cidadãos honestos.

Essas condutas diferentes do esperado contrariam as estatísticas e deixam os materialistas sem respostas racionais. Porque é fato conhecido que as condições básicas para a formação de um cidadão se verifica por meio da hereditariedade, da educação familiar, da formação escolar, e das influências do meio ambiente. Mas, à revelia dessas forças reprodutoras de estereótipos, muitas pessoas tomam uma direção diferente do esperado. Entendemos que essas influências somente contribuem para o esboço da personalidade e não para a sua formação ou para a determinação de como ele será. Para tentar explicar esse disparate, os cientistas falam de influências inconscientes que os pais passam aos filhos, ou de pessoas importantes em sua vida. É comprovado que, inconscientemente, as pessoas expressam seus desejos e intenções não manifestas; mães que gostariam de ter uma filha, e nasce um menino, acabam por tratando a criança como se fosse uma garota. O pai que vê no filho um rival, discretamente dará mais atenção aos outros filhos, fazendo comparações de desqualificação àquele. A Psicologia está repleta de experiências demonstrando as influências parentais nos filhos, consciente ou inconscientemente. Mas a suscetibilidade a tais influências está subordinada ao psiquismo do indivíduo que trás experiências de existências passadas de forma manifesta ou não.

Reconhecemos a influência da educação e do ambiente como mediadores na formação da personalidade; mas uma pessoa não é uma massa amorfa, como um recipiente onde se jogam coisas passivamente. É o que demonstra a Terapia Regressiva; pessoas submetidas à regressão de memória lembram de quando estavam no útero materno; ouviam os pais conversando, sentiam as emoções da mãe. Ora, se como feto o ser tem lembranças, significa que ele tem memória; se possui memória, quer dizer que tem uma mente registrando os eventos. Segundo a Psicologia, a memória é um fenômeno consciente que envolve associações e aprendizado. Segundo a Biologia, para haver memória é necessário haver matéria organizada. Como é possível um feto registrar eventos ocorridos no útero, se o seu corpo ainda está em formação?

As evidências mostram que as experiências são arquivadas na mente, que é extrafísica, pré-existente, sendo o cérebro o seu instrumento. Ao reencarnar, a pessoa traz, acumulado em sua mente, as experiências passadas, por isso é possível registrar as ocorrências intra-uterinas, pois já existe uma estrutura psíquica.

Uma pessoa, ao nascer, já traz interesses próprios para uma ou outra coisa, crenças em torno da vida, auto-conceito e tendências, que, juntos com a formação da atual existência, vão delinear a nova personalidade; é principalmente na adolescência, que são manifestados os interesses pessoais, do mundo à sua volta, deixando muitos pais frustrados com a mudança de comportamento que se opera. Com esse preâmbulo, pretendemos dar algumas pinceladas no entendimento da personalidade. Somente através da pré-existência da individualidade pode-se compreender sua condição atual. O ser humano quando adquire consciência e responsabilidade, passa a ser o construtor de sua própria evolução. As diferenças entre as pessoas quanto aos valores, os conhecimentos, as crenças, as tendências, a moral, estão relacionadas à sua evolução. Em linhas gerais, a evolução representa as experiências angariadas no mundo e o conseqüente eclodir dos potenciais latentes, expressados na existência. Como no Planeta predominam os interesses materialistas, as pessoas individualmente e nos grupos afins buscam, prioritariamente, os bens materiais e os prazeres sensuais, mesmo que para isso seja preciso passar por cima dos outros gerando atritos, disputas, prejuízos no qual a suposta vítima vai querer ser ressarcida. Daí podem advir o ódio para alguns e a culpa para outros, o casamento perfeito para as perseguições destrutivas. Felizmente, isso está mudando, a conduta moral está melhorando. Há uma preocupação com a saúde coletiva, com a natureza e com o respeito ao próximo. Toda essa variedade de conduta, desde um psicopata inconseqüente até a renúncia do amor fraterno, retratam a moralidade individual e coletiva. Para a pessoa amadurecida, os problemas do mundo são compreendidos como transitórios e instrutivos. Para a pessoa conturbada e doente, no estado de sono como propõe Ouspenski, os conflitos, os problemas econômicos, as enfermidades, as calamidades naturais são tão esperados, que elas passam a acreditar que são inerentes à vida. A convivência prolongada com essas situações são incorporadas nas concepções de vida.

Podemos fazer 3 divisões desses problemas:

a. pessoais: são as doenças e os conflitos psicológicos;
b. interpessoais: quando há divergências de idéias, competição, etc.;
c. sociais: reportam a intolerância ideológica, a hegemonia de um grupo sobre o outro, os problemas ecológicos, etc.

Essas questões são enfrentadas em todo o processo de socialização. Por isso, recebem o cunho de natural, inerente à condição humana. Até os questionamentos sobre essas ocorrências são limitados e tendenciosos. Porque o raciocínio, sobre essa problemática, não vai além dos pressupostos colhidos no próprio meio, que já contêm os questionamentos possíveis e as respostas esperadas.


Gêmeos Siameses e o Espiritismo



Muito se tem falado a respeito de gêmeos siameses no nosso Estado e várias pessoas inclusive colegas médicos sempre me indagam a respeito desse assunto.
Devido a importância dessa patologia e a grande repercussão que ocorre na sociedade em geral, tenho observado que, com uma certa freqüência, políticos influentes no cenário nacional têm utilizado esse termo, alguns citam, por exemplo, amigos e até adversários de partidos como sendo irmãos siameses e que não podem e não devem ser separados nem no Brasil e nem em Goiás, como recentemente esse comentário foi destaque em um jornal local.
Alguns jornalistas também que fazem cobertura na área política fazem as mesmas citações na imprensa .

Não sou espírita e nenhum “expert” nesta área, mas, como ser humano, tento entender o que levaria a união de dois seres vivos que às vezes transcendem o conhecimento médico e científico e passam a ser regidos pelo desígnio de Deus e do Universo.
Qual a razão desta existência, pois alguns estão condenados a permanecerem unidos para sempre, pela vida e pela morte.
Nestes últimos dias, passei a estudar e pesquisar ainda mais nos livros textos religiosos e encontrei uma explicação plausível do ponto de vista espiritual.
Como se explicaria, por exemplo, esses dois irmãos que estão unidos sem a menor chance de separação sem comprometer a vida um do outro e nunca conseguem se olhar de frente?
Reba e Lori são os gêmeos unidos pela cabeça, nasceram em 1961 na Pensilvânia, EUA, dividem o cérebro em 30% e não têm a visão do olho esquerdo.
Reba tem espinha bífida e não apresenta movimentos nas pernas, sendo transportada pelo irmão em um aparelho com rodas.

Sempre olham em direções opostas e não conseguem enxergar a face do outro a não ser com a ajuda de um espelho, o mesmo recurso utilizam para assistir televisão.
Mas o que são gêmeos siameses?
Siameses, na realidade, é um nome genérico que se originou de um país denominado Sião, onde os primeiros gêmeos unidos (Chang e Eng’s) foram relatados e passaram a ser conhecidos mundialmente, isso em 1811; atualmente, este país é a Tailândia. Como não conseguiam trabalho, passaram a ter uma atividade circense, onde se exibiram e se apresentavam como gêmeos do Sião, ou seja, siameses.
Ficaram famosos e ricos, se tornaram fazendeiros, casaram, construíram duas residências e a cada semana dormiam em uma delas com as suas respectivas esposas, tiveram 22 filhos normais (12 de Eng’s e 10 de Chang), vários netos e uma sobrevida alta, considerando os padrões da época, e vieram a falecer em 1874, aos 63 anos de idade. Chang contraiu pneumonia e morreu e logo a seguir, após 3 horas, Eng’s também morreu.

Na realidade, o termo médico correto é denominado gêmeos conjugados e essa anomalia genética se dá por volta do 13º dia da fecundação, onde o óvulo passa a não se dividir e, dependendo da região em que esse processo ocorra, existe a união do organismo; por exemplo, se for na cabeça, passam a ser chamados de craniopagus, se for no tórax, seriam toracópagus; no apêndice xifóide, são os xifópagus, no umbigo, temos os onfalópagus; na bacia, ischiopagus, etc.
As causas ainda não estão definidas, mas as hipóteses principais são os fatores genéticos e teratogênicos (produtos que causam má-formações), ou seja drogas; quem não se lembra da talidomida?
Os fatores ambientais na atualidade são considerados os principais causadores das alterações genéticas, bem como a desnutrição materna.

Em alguns países como a Índia, esses bebês são adorados como deuses, pois os indianos acreditam que sejam reencarnação de uma deusa hindu, recentemente nasceu uma menina com quatro pernas e quatro braços e foi operada com sucesso.
Em Bangladesh na Ásia, uma outra criança nasceu com duas cabeças e causou uma comoção naquele país e por causa disso, juntamente com os seus pais, tiveram que permanecer no hospital sob escolta policial, pois uma multidão de mais de 150 mil pessoas queriam vê-la de perto.
Recentemente, recebi uma mensagem de que havia nascido uma outra criança, também na Índia, com uma má-formação muito complexa .

É um caso de duplicação da cabeça e da face, apresenta quatro olhos, dois narizes, duas bocas e lábios normais com dois rostos um do lado do outro; o bebê nasceu muito saúdavel, com bom peso, respirando normalmente, e consegue se alimentar por qualquer uma das bocas.
Vivendo em um vilarejo, ela se transformou em uma verdadeira celebridade, onde as pessoas fazem reverência, pois acreditam que ela possui poderes especiais e falam em até construir um templo no local.

Pelas minhas pesquisas em termos de religião, apenas o Espiritismo e o Hinduísmo têm explicações sobre essas má-formações.
Os hindus acreditam na reencarnação de um Deus.
Os espíritas explicam que são espíritos que se odeiam ou se amam patologicamente, gerando um fluxo de energia que se funde reciprocamente.
O Livro dos Espíritos diz que os gêmeos siameses são espíritos muito afins ou simpáticos ou contrariamente pode ser uma reaproximação entre espíritos muito antagônicos entre si.
Concluindo naturalmente que são reencarnações expiatórias, de aversões e ódios seculares.
Entende-se se tratar provavelmente de dois espíritos ligados por ódio extremo, talvez de muitas reencarnações, e que renasçam nestas condições não por livre escolha ou punição divina, mas por uma espécie de determinismo originado na própria lei da causa e do efeito.
São impelidos por uma irresistível atração de ódio e desejo de vingança, buscam-se sempre e acabam se reencontrando por vezes em situações dramáticas, que os obrigam a partilhar o próprio sangue, as funções vitais e o próprio ar que respiram.
Essa convivência que poderá ser longa ou curta estabelecerá laços de parceria e apoio, despertando os sentimentos de amizade, de respeito mútuo, e com isso se inicia uma reconciliação pelo perdão.

Algumas outras razões possíveis falam em casos que são espíritos que levaram a simbiose psíquica às últimas conseqüências, reparando agora, na própria carne, a patologia da função egoística.
São aqueles espíritos que não têm senso de limite e que invadem patologicamente os limites e direitos naturais do próximo; como exemplo, são citados os psicopatas insensíveis destituídos de qualquer princípio de valor.
Cada espírito tem o destino de que necessita, pois não é outra a finalidade da reencarnação senão aperfeiçoamento espiritual na sua própria evolução.


Zacharias Calil é médico e cirurgião pediátrico

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Superando Obstáculos

Nilza Teresa Rotter Pelá
de Ribeirão Preto, SP
A própria história de nossa espécie denota que a superação de obstáculos apresenta-se como recurso para a evolução individual e coletiva e se constitui em excelente fonte de aprendizado. Privar alguém de confrontar-se com dificuldades ou furtar-lhe condições de vivenciar a dificuldade pode levar a uma estagnação pessoal com conseqüente prejuízo de seu caminhar na busca da superação de si mesmo.
Já tivemos oportunidade de discutir nesta coluna o comportamento de muitos adultos, notadamente alguns pais, que buscam sempre aplainar os caminhos daqueles que lhe são mais jovens no corpo físico, com a desculpa de poupar-lhes sofrimento, entretanto sofrer não é o objetivo, é mero acidente de trajeto até que a dificuldade seja superada , e como diz o ditado popular a pessoa passa então a "tirar de letra" a dificuldade que transforma-se em ato corriqueiro.
A propósito deste tema corre uma página na Internet, cuja autoria não logramos obter, que muito bem ilustra a questão, denomina-se "A lição da borboleta" que transcrevemos a seguir:
"Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo, um homem sentou e observou a borboleta por várias horas conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. Então pareceu que ela parou de fazer qualquer progresso.
Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguia ir mais longe.
Então o homem decidiu ajudar a borboleta, ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas seu corpo estava murcho e era pequeno e tinha as asas amassadas 0 homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo.
Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. 0 que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário da borboleta para passar através da pequena abertura era o modo com que Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nós nunca poderíamos voar."
É ainda freqüente observarmos a atitude de pseudo ajuda no interior dos lares e escolas, sobretudo quando percebemos que o filho e/ou o aluno apresenta uma dificuldade muito grande para atender a execução de uma determinada tarefa.
Nas nossas lides acadêmicas temos algumas vezes deparado com alunos que vêm dos dois primeiros graus de ensino portando deficiências; quase sempre nesta situação nos perguntamos se não estamos sendo "duros demais" com este grau de exigência.
Dois são os caminhos que se abrem nesta circunstância: abaixamos o nível ou caminhamos junto tendo que repetir a mesma orientação várias vezes a ponto de acharmos algumas vezes que também não daremos conta. A primeira situação sem dúvida é mais cômoda e mais rápida, poupa nossa ansiedade, mas nega à pessoa a possibilidade de crescimento por menor que ele seja (menor para nós, para ele pode ser gigantesco).
Há de se considerar entretanto que ninguém esta fazendo apologia ao fato de que se deve colocar dificuldade na vida das pessoas para "fortalecer-lhe o caráter". Este é outro engano, mas que infelizmente ainda ocorre. Estes implantes artificiais de nada ajudam e podem muitas vezes gerar o desânimo para continuar.
O bom-senso ainda é o grande conselheiro da medida certa, nem tirar a dificuldade quando ela é fonte de crescimento pessoal, nem favorecer a dificuldade quando ela pode atuar como agente impeditivo.
Em tempo, lembremos que bom-senso significa "aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso particular da vida, faculdade para discernir entre o verdadeiro e o falso." (Grande Dicionário Aurélio)

Apelos de Dr. Bezerra de Menezes

Orson Peter Carrara
de Mineiros do Tietê, SP
São veementes e constantes os apelos dos Espíritos em favor da aproximação dos espíritas para maior eficácia nas abençoadas tarefas espíritas. Dentre os inúmeros apelos constantes desde a obra da Codificação, destacam-se no século atual os apelos trazidos pelo Dr. Bezerra de Menezes. Nem é preciso citar um ou outro. São bastante conhecidos e divulgados, sempre citados na imprensa e mesmo em livros, embora encontrem muitas dificuldades de execução dentro do Movimento.
É aquela abordagem, aquele convite, aquele apelo mesmo para que os espíritas unam esforços, esqueçam motivos de desunião e se voltem para o trabalho comum, pois que a obra do Cristo não pode estar sujeita aos nossos caprichos e melindres pessoais.
Na verdade, o tempo de progresso espera pelo nosso trabalho em favor do progresso humano, pelas próprias luzes que a Doutrina traz.
Será que esses permanentes apelos dos Espíritos não desejam realmente dizer que precisamos superar todas essas dificuldades de relacionamento, de interpretação para juntarmos forças em favor do trabalho que se espera de cada um? Ora, pois é isto mesmo! Os Espíritos contam com nosso trabalho no exemplo da compreensão e da tolerância, virtudes basilares de nossa Doutrina. O projeto de Jesus precisa de homens dispostos à boa vontade, através da união, embora com pontos de vista distintos.
Todos tem direito de pensar o que quiserem. Superemos as divergências e unamo-nos nos pontos comuns do trabalho ativo. Ninguém é obrigado a pensar pelas nossas cabeças, afinal somos seres livres, pensantes e dotados de liberdade.
Em favor do Movimento, em atenção aos apelos dos Benfeitores, superemos as dificuldades do presente e voltemo-nos ao principal objetivo do Movimento Espírita: Aproximar os espíritas para divulgar, estudar, viver a Doutrina. Em favor do homem!
(Jornal Verdade e Luz Nº 166 Novembro de 1999)