quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Processo de Mudança Interior

"Por que permite Deus que os Espíritos nos induzam ao mal?

As Escolas de Aprendizagem do Evangelho no Processo psicoterapêutico. - Os Espíritos imperfeitos são instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito, deves progredir na ciência do infinito, razão porque passas pelas provas do mal, a fim de chegares ao bem. Nossa missão é a de colocar-te no bom caminho e, quando más influências agem sobre ti, é que as atrais, pelo desejo do mal.

Os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, sempre que desejas cometê-lo; e só te podem ajudar no mal quando queres o mal. Então, se te inclinares para o assassínio, terás uma nuvem de Espíritos que te alimentarão esse pendor. Entretanto, terás outros que procurarão influenciar-te para o bem. Assim se restabelece o equilíbrio e ficas senhor de ti mesmo."

"É assim que Deus deixa à nossa consciência a escolha da via que devemos seguir e a liberdade de ceder a esta ou àquela das influências contrárias que nos solicitam." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo IX. Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo. Pergunta 466.)

A modificação da personalidade e do comportamento humano, segundo o psicólogo Cari R. Rogers, segue um processo contínuo de mudança. Ele chama a isso o processo de tornar-se pessoa (Cari R. Rogers. Tornar-se Pessoa. 3a Parte. O Processo de nos Tornarmos Pessoa), e enumera sete fases sucessivas do processo, que vai da fixidez da personalidade para a fluidez, a movimentação interior, em relação a si mesmo.

É realmente preocupante para todos nós conhecer o que pode levar uma criatura a mudar de comportamento, e como isso acontece. De que forma e por quais meios podemos colaborar mais eficazmente para despertar em nós o desejo de melhorar? Quais argumentos convincentes poderiam tocar os nossos interesses, voltando-nos para a realização da reforma íntima?

Os interesses nos aspectos básicos de nossa vida, isto é, na satisfação das necessidades de subsistência, de conforto, segurança, bem-estar, procriação, dificilmente nos motivariam a ser mais dóceis na nossa maneira de ser, ou dividirmos o nosso prato com alguém faminto a nos bater à porta.

Quando já não nos satisfazemos com as coisas básicas e aspiramos a alguns valores espirituais, como cultivar uma arte, ampliar o conhecimento sobre alguma área do saber, ter um bom desempenho profissional, realizar algo proveitoso, dirigimos, ainda assim, o nosso esforço numa atividade que não necessariamente a de sermos melhores interiormente.

No entanto, quando ansiedades e conflitos indecifráveis, no sofrimento ou nos desajustes vividos, nos atormentam de alguma forma, buscamos correndo algo que nos liberte daquele estado, e não raro buscamos os recursos religiosos. Quase sempre achamos que o motivo está fora de nós, numa causa estranha, numa "influência espiritual". O Espiritismo tem contribuído frequentemente para solucionar esses problemas da esfera psicológica do comportamento individual.

Uma entrevista com alguém pronto para ajudar, que ouve-nos pacientemente os problemas, e daí somos encaminhados para um tratamento espiritual, o "passe", como mais comumente acontece. Antecedendo ao "passe", uma explanação evangélica, o ambiente é acolhedor, e dependendo da nossa condição os efeitos obtidos são mais ou menos profundos.

Caso estejamos suficientemente interessados e assim motivados de alguma forma, prosseguimos após a série de passes, quando então alguém nos diz: "O amigo já teve alta, precisa agora fazer a sua parte; não quer começar num Grupo de Estudo, ingressar numa Escola de Aprendizes do Evangelho? Deve cuidar da sua Reforma Intima..." A essa altura pouco percebeu que os seus males são frutos do seu próprio comportamento, dependem de si mesmo e para deles libertar-se precisa mudar interiormente. Os interessados, desse modo, estão também na categoria de "pacientes" e podem ser mesmo muitos dos que recorrem aos consultórios de psicólogos e psicoterapeutas, quando em condições de pagar os tratamentos.

O Dr. Rogers, no entanto, na sua pesquisa, preocupou-se em conhecer os fatores que intervêm na modificação da personalidade e do comportamento. O que existe de comum nessas alterações individuais, e qual o processo em que essas modificações ocorrem. Considera o psicólogo, de início, que, à semelhança do mecanismo de crescimento das plantas, onde as condições extrínsecas de temperatura, de umidade e de iluminação devem ser mantidas, igualmente deve-se estabelecer um conjunto de condições básicas e constantes de modo a facilitar o desabrochar e as metamorfoses que progressivamente se desenvolvem na personalidade dos pacientes.

Sejam quais forem os seus sentimentos: temor, desespero, insegurança, angústia, seja qual for o seu modo de expressão: silêncio, gestos, lágrimas ou palavras, deve o terapeuta manter e transmitir sua compreensão e aceitação do paciente tal como ele é. Acredita o Dr. Rogers que o processo como um contínuo vai de um estado íntimo de rigidez, de bloqueio, para o de mudança, pela conscientização das manifestações interiores, até o estado de aceitação pessoal dos sen­timentos em transformação e chegando finalmente a uma confiança sólida na sua própria evolução.

O objetivo precípuo da Doutrina dos Espíritos é efetivamente a Reforma Intima, a modificação da criatura, do seu comportamento interior e exterior, conduzindo-a progressivamente à vivência dos ensinamentos evangélicos, na sua pureza original à luz da Terceira Revelação. A aceitação das criaturas não é condicionada a raça, cor, filosofia, credo religioso, ou político; são aceitas como elas são; o importante é que se disponham a se modificar nas diretrizes ensinadas e exemplificadas pelo Mestre Jesus.

Pode-se analogamente considerar, no Espiritismo, que os indivíduos passam por um processo de renovação dentro de uma continuidade, onde três fases intermediárias e sucessivas têm lugar: a dor ou inquietação, o esclarecimento consolador e a redenção pelo próprio esforço. No encaminhamento natural das pessoas que buscam o Espiritismo, na sua grande maioria trazida pela dor, os Centros Espíritas se constituem nos consultórios-escolas, que transmitem o tratamento psicoterápico-evangélico, acrescido do componente energético-espiritual, concre­tizado no apoio do Plano Espiritual, que age sobre as potencialidades do espírito e as estruturas sutis do perispírito, auxiliando na renovação integral das criaturas assim dispostas.

As ações combinadas das entidades espirituais e dos recursos dinâ­micos do espírito, despertados nas criaturas, promovem as transformações íntimas dentro desse processo contínuo de conscientização de nós mesmos num sentido evolutivo-cristão. As sete fases do Dr. Cari R. Rogers têm as características abaixo indicadas, que traduzem o estado íntimo dos pacientes com problemas de comportamento, de relacionamento e de conduta. Primeira Fase: O indivíduo apresenta-se totalmente bloqueado intimamente. Recusa a comunicação sobre os assuntos pessoais.

Não tem consciência dos problemas pessoais. Não existe desejo de mudança. Tende a ver-se como não tendo problemas, ou os problemas que reconhece são entendi­dos como inteiramente exteriores a si mesmo. Ele é intimamente fixo, em oposição a qualquer mudança.

Segunda Fase: A comunicação começa a ser mais fluente em relação a assuntos não-pessoais. Os problemas sâo ainda admitidos como exteriores ao próprio indivíduo. Os sentimentos podem ser exteriorizados, mas não são reconhecidos como tais, nem atribuídos ao próprio indivíduo. Não existe o sentimento de responsabilidade em relação aos seus problemas.

Terceira Fase: Há um fluir mais livre da expressão sobre si como um objeto. O paciente exprime e descreve os sentimentos e as opiniões pessoais que não são as atuais, como se as mesmas pertencessem ao seu passado. Há uma aceitação muito reduzida dos sentimentos e a maioria deles é revelada como coisa vergonhosa, má, anormal ou qualquer outra forma de não-aceitação.

Quarta Fase: O paciente descreve sentimentos mais intensos, como se fossem do seu passado. Os sentimentos são descritos como objetos do presente, e muitas vezes surgem como que contra os desejos do paciente. Há pouca abertura na aceitação dos sentimentos, embora já se manifeste alguma. O indivíduo toma consciência da sua responsabilidade perante os problemas pessoais, mas com certa hesitação.

Quinta Fase: Os sentimentos são expressos livremente como se fossem experimentados no presente. O indivíduo aceita cada vez com maior facilidade a sua própria responsabilidade perante os problemas que tem de enfrentar. O diálogo interior torna-se mais livre, melhora a comunicação interna e reduz-se o seu bloqueio.

Sexta Fase: Os sentimentos são experimentados, agora, de um modo imediato, e são aceitos desaparecendo a hesitação ou a negação dos mesmos. A comunicação interior é livre e relativamente pouco bloqueada. Nesta fase já não há "problemas" exteriores ou interiores.
O paciente está a viver subjetivamente uma fase de seus problemas.

Sétima Fase: Há um sentido crescente e continuado de aceitação pessoal dos sentimentos em mudança e uma confiança sólida na sua própria evolução. A comunicação interior é clara. Há a experiência de uma efetiva escolha de novas maneiras de ser. Estas fases apresentam-se bem nítidas nos pacientes que chegam aos consultórios com problemas psicológicos, e são então conduzidos a se libertarem dos mesmos iniciando-se pela aceitação deles e da tolerância para com eles, compreendendo-os como naturais e passíveis de serem modificados.

Este não é igualmente o processo pelo qual despertamos para o sentido maior da nossa existência? O sofrimento e a dor não são os efeitos da não-aceitação das condições em que vivemos? Tudo não se passa realmente no nosso campo psicológico?O conhecimento espírita conduz precisamente os indivíduos a realizarem o trabalho de auto-análise incentivando-os à auto-educação, num processo contínuo de conscientização e reforma, com um significado mais profundo, tendo como meta a vivência evangélica.

Nas Escolas de Aprendizes do Evangelho, citadas no capítulo anterior, ocorre aos seus iniciantes a passagem de uma fase a outra, no transcorrer do seu desenvolvimento, exatamente dentro desse mesmo processo de conhecimento e mudança interior. Seguindo pari passu, temos constatado o crescimento dos integrantes, como segue:

Primeira Etapa: Reflete bem o estado íntimo daqueles que chegam ao Centro Espírita em busca de algo que amenize a sua angústia, a sua dor, a sua inquietação, sem, no entanto, nada quererem fazer em seu próprio benefício. Ao serem encaminhados para ingressar na EAE, estão ainda fechados dentro de si mesmos, rígidos, sem compreenderem o mundo de sentimentos e pensamentos que tumultuam o seu espírito.

Segunda Etapa: Após verificar a abordagem compreensiva dos dirigentes da EAE sobre os problemas comuns a todos, sentem-se mais tranquilos, como que acariciados no seu coração, e vão se descontraindo, se familiarizando, se adaptando ao grupo da turma.

Terceira Etapa: Tornam-se mais desinibidos, mais identificados com os companheiros de turma. Nas oportunidades de apresentação dos temas dados em aula, as dificuldades de desenvolver os assuntos ainda são observadas. Sentem-se bem no ambiente e já se esforçam por assistir às aulas.

Quarta Etapa: Os lampejos de consciência começam a surgir, os momentos de reflexão sobre o próprio comportamento, por vezes, aparecem. Nota-se uma nova disposição, embora não totalmente definida, em transformar-se interiormente. É visível o aumento de interesse na EAE. Algo, no aprendiz, começa a ser identificado no seu mundo interior. As primeiras alegrias, embora recônditas, são vividas.

Quinta Etapa: Desaparecem os receios, amplia-se a confiança em si mesmo, projetam-se os ideais de servir a Jesus, a compreensão e o próprio trabalho de Reforma Intima se acentuam. A caderneta que a EAE adota para registrar as auto-avaliações periódicas é agora utilizada com mais frequência. Tornam-se mais livres e desembaraçados dos sentimentos mesquinhos e indefinidos que antes lhes envolviam. Aceitam comentar e poderão até citar alguns defeitos que já reconhecem neles próprios.

Sexta Etapa: A participação na EAE está definida. O estágio de servidor é alcançado: O combate aos vícios já apresenta conquistas e a vigüância aos defeitos se efetua intimamente. O entendimento deles para com o próximo se apresenta mais tolerante, paciente, o que reflete a disposição íntima para com eles próprios, agora completamente flexíveis e muito mais compreensivos. A vontade de algo realizar e de se dar num serviço ao próximo já foi praticada e os seus benéficos efeitos foram experimentados.

Sétima Etapa: O servidor aproxima-se da passagem para o estágio final de discípulo. Algo de muito sólido realmente já foi alicerçado no seu espírito. O desejo de ser cada dia melhor é mais intenso. O trabalho em modificar-se é feito espontaneamente e o conhecimento deles mesmos chegou a um bom nível. Sentem e testemunham no trabalho doutrinário o seu ideal de servir a Jesus. Momentos de grande elevação espiritual são experimentados. Estão em condições de caminhar resolutamente na senda escolhida.

Esse processo de mudança interior, que pode mais facilmente se realizar num grupo, como foi mencionado, colocando a importante contribuição da EAE, ocorre também, constantemente, de forma isolada, entre os que compreendem as finalidades da Doutrina dos Espíritos e, iniciando-se pela leitura dos livros básicos da Codificação, começam a confrontar-se com os conhecimentos adquiridos.

É também o próprio caminho de auto-conscientização, da nossa natureza íntima, espiritual, e da destinação infinita, eterna, que inexoravelmente avançamos num processo incessante de percepções, de mutações, adequando-nos às leis da evolução que regem o Universo. Diríamos mesmo que a evolução se realiza por todos os meios e assim nos proporciona a Sabedoria da Criação, mas resta-nos conduzir nossos interesses nessa direção, compatibilizando-nos com aquelas leis de evolução, impulsionando-nos deliberadamente à realização das mutações íntimas num sentido cristão, evangélico. Esse é o Processo de Mudança Interior que o Espiritismo nos apresenta.

Ney Prieto Peres

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Diversas Formas de Caridade

Prezados Irmãos!

É com muita preocupação que me dirijo a todos vocês, com o objetivo de incentivar a prática da caridade no nosso planeta.
Muitas pessoas pensam que caridade é dar dinheiro e dizem: como vou dar dinheiro se não tenho nenhum. Irmãos, a caridade consiste em qualquer ato que ajude o próximo, seja no plano material ou espiritual.
Quantas pessoas estão em isolamento psíquico, isto é falam com todos, brincam com todos, mas quando estão sós, dizem: ninguém me entende. Sabe por que? Porque somos egoístas e sempre pensamos nos nossos problemas e esquecemos de olhar para trás e e enxergar aqueles em piores situações do que a nossa. Quantas pessoas gostariam que juntos delas fôssemos amor e confiança para que essas pessoas possam descarregar tudo aquilo que está lhe fazendo mal e recebesse de nós orientações, mostrando que todo ser erra e esse erro, tem que se tornar uma experiência para fazermos o máximo de não repeti-lo.
Amar, incondicionalmente, independente de ter dinheiro, de classe social, amparar aqueles que tem dificuldades em se socializar, dar conforto as famílias em desespero, incentivar nossos irmãos para ações edificantes, divulgar a palavra de Jesus e em fim um manancial de caridade está a nossa porta, como aquele parente problemático, que devemos agradecer a Deus que serve para nosso engrandecimento espiritual. O vizinho que cria problemas educa-o pelo exemplo.
O Evangelho no lar que beneficia todos em casa e as entidades que estão presentes. Sem esquecer a oração pelos mais necessitados,pedido ao Pai as forças necessárias para o engrandecimento espiritual de todos através do perdão que se torna uma forma maravilhosa de caridade.
Amados! buscai e achareis, lembra do Cristo: Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que Eu vos aliviarei.
Ave Cristo!

Antonio carlos Laranjeira Miranda

O Que é Espiritismo?

Autor: J. Herculano Pires

Fala-se muito em Espiritismo, mas quase nada se sabe a seu respeito.

Kardec afirma, na introdução de "O Livro dos Espíritos", que a força do Espiritismo não está nos fenômenos, como geralmente se pensa, mas na sua "filosofia", o que vale dizer na sua mundividência, na sua concepção da realidade. Mas de onde vem essa concepção? Como foi elaborada?

Os adversários do Espiritismo desconhecem tudo a respeito e fazem tremenda confusão. Os próprios Espíritas, por sua vez, na sua esmagadora maioria estão na mesma situação. Por quê? É fácil explicar. Os adversários partem do preconceito e agem por precipitação. Os espíritas, em geral, fazem o mesmo: formulam uma idéia pessoal da Doutrina, um estereótipo mental a que se apegaram. A maioria, dos dois lados, se esquece desta coisa importante: o Espiritismo é uma doutrina que existe nos livros e precisa ser estudada.

Trata-se, pois, não de fazer sessões, provocar fenômenos, procurar médiuns, mas de debruçar o pensamento sobre si mesmo, examinar a concepção espírita do mundo e reajustar a ela a conduta através da moral espírita.

Assim, temos alguns dados: o Espiritismo é uma doutrina sobre o mundo, dá-nos a sua interpretação e nos mostra como nos devemos conduzir nele. Mas como nasceu essa doutrina, em que cabeça apareceu pela primeira vez? Dizem que foi na de Allan Kardec, mas não é verdade. O próprio Kardec nos diz o contrário. Os dados históricos nos revelam o seguinte: o Espiritismo se formou lentamente através da observação e da pesquisa científica dos fenômenos espíritas, hoje, parapsicologicamente, chamados de fenômenos paranormais. Os estudos científicos começaram seis anos antes de Kardec, nos Estados Unidos, com o famoso caso das irmãs Fox em Hydesville. Quando Kardec iniciou as suas pesquisas na França, em 1845, já havia uma grande bibliografia espírita, com a denominação de neo-espiritualista, nos Estados Unidos e na Europa. Mas foi Kardec quem aprofundou e ordenou essas pesquisas, levando-as às necessárias conseqüências filosóficas, morais e religiosas.

"O Livro dos Espíritos" nos oferece a súmula do trabalho gigantesco de Kardec. Mas se quisermos conhecer esse trabalho em profundidade temos de ler toda a bibliografia kardeciana: os cinco volumes da codificação doutrinária, os volumes subsidiários e mais os doze volumes da Revista Espírita, que nos oferecem o registro minucioso das pesquisas realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. E precisamos nus interessar também pelos trabalhos posteriores de Camille Flammarion, de Gabriel Dellane, de Ernesto Bozzano, de Léon Denis (que foi o continuador e o consolidador do trabalho de Kardec).

Veremos, assim, que Kardec partiu da pesquisa científica, originando-se desta a Ciência Espírita; desenvolveu, a seguir, a interpretação dos resultados da pesquisa, que resultou na Filosofia Espírita, tirou, depois, as conclusões morais da concepção filosófica, que levaram naturalmente à Religião Espírita. É por isso que o Espiritismo se apresenta como doutrina de tríplice aspecto. A Ciência Espírita é o fundamento da Doutrina. Sobre ela se ergue a Filosofia Espírita. E desta resulta naturalmente a Religião Espírita. Muitas pessoas se atrapalham com isso e perguntam: "Como uma doutrina pode ser ao mesmo tempo Ciência, Filosofia e Religião?" Mas essa pergunta revela a ignorância do processo gnoseológico. Porque, na verdade, o conhecimento se desenvolve nessa mesma seqüência e em todas as formas atuais de conhecimento repete-se o processo filogenético.

No Espiritismo, porém, esse processo aparece bem preciso, bem marcado por suas fases sucessivas, entrosadas numa seqüência lógica. Podem alguns críticos alegar que Kardec não partiu da pesquisa, mas da crença. Alguns chegam a afirmar que foi assim, que ele já acreditava nas comunicações espíritas antes de iniciar o seu trabalho de investigação. Mas essa afirmação é falsa, a suposição é gratuita. Basta uma consulta às anotações intimas de "Obras Póstumas" e às biografias do mestre para se ver o contrário. Quando lhe falaram pela primeira vez em mesinhas falantes, Kardec respondeu como o fazem os céticos de hoje: "Isso é conversa para fazer dormir em pé". Só deixou essa atitude cética depois de constatar a realidade dos fenômenos. Então pesquisou, aprofundou a questão e levou-a às últimas conseqüências, como era, aliás, de seu habito, do seu feitio de investigador. Charles Richet lhe faz justiça (embora discordando dele) em seu Tratado de Metapsíquica.

Encarando a obra de Kardec pelo seu aspecto científico, sem os preconceitos que têm impedido a sua justa avaliação, ela nos parece inatacável. Alega-se que o seu método de pesquisa não era científico, mas foi ele o primeiro a explicar que não se podiam usar na pesquisa psíquica os métodos das ciências fisicas. O desenvolvimento da Psicologia provaria, mais tarde, que Kardec estava com a Razão. Hoje, as pesquisas parapsicológicas o confirmam. No tocante ao aspecto filosófico, o desenvolvimento atual das investigações mostram a posição acertada do Espiritismo como doutrina assistemática, "livre dos prejuízos de espírito de sistema", como declara "O Livro dos Espíritos", utilizando a conjugação dos métodos indutivo e dedutivo para o esclarecimento da realidade em seu duplo sentido: o objetivo e o subjetivo. A Filosofia Espírita se apresenta como antecipação das conquistas atuais do campo filosófico e abertura de perspectivas para o futuro.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

É Hora de Acordar!

As fortes chuvas que desabam continuamente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ameaçam a segurança dos nossos irmãos.
AL GORE, EX-VICE-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS, em São Paulo, participando de mega-evento da área de informática, declarou que "a situação do clima vai piorar". Ainda atual, "Uma verdade inconveniente", documentário protagnizado pelo militante da ecologia, que recebeu o Prêmio Nobel de Paz, continua mais atual do que nunca. Infelizmente, a maioria das pessoas preferem as novelas, os programas de auditório que exibem ignorância e a miséria espiritual daqueles que os produzem. Mundo de expiação e provas: o bem vacila, o mal ganha terreno.
É preciso conscientizar-mos da importância do ambientalista e do ecologista, pois vivemos momentos decisivos em termos ecológicos e estamos de braços cruzados perante os efeitos da nossa negligência diante deste mundo maravilhoso que o Pai Maior nos concedeu.
Nos preocupamos com a miséria espiritual protagonizada com esses shows
bárbaros de efeito moral absurdo, onde é direcionado para o apelo sexual
e com isso estamos perdendo tempo para evoluimos em busca de um mundo
melhor.
Os Espíritos do Senhor que são as virtudes dos ceus, são um imenso exército ao seu comando, vem abrir os olhos dos cegos espírituais e dizem do fundo do coração: FAZENDO A VONTADE DO PAI QUE ESTÁ NOS CEUS, ESTARAIS COM AS PORTAS ABERTAS CASAS DOS BEM AVENTURADOS
"PARA O MAL VENCER, SÓ É PRECISO QUE OS BONS NÃO FAÇAM NADA"

ANTONIO CARLOS LARANJEIRA MIRANDA

Sentimentos e Doenças

Por sermos espíritos em processo evolutivo, ainda somos portadores de alguns sentimentos, emoções e comportamentos que nos causam vários problemas e afetam a nossa saúde física. Podemos citar como exemplo: egoísmo, orgulho, vaidade, soberba, arrogância, prepotência, medo, cólera, ciúme, mágoa, ressentimento, revide, ódio, inveja, cobiça, culpa, remorso, melindre, ansiedade exagerada, raiva, tristeza, desconfiança, desprezo, queixas, maledicência, angústia, manipulações, mentira, insatisfação, irritabilidade, desânimo, apatia, impaciência, crítica destrutiva, indiferença, agressividade, auto-compaixão, lamentações, amargura, melancolia e calúnias.
A nossa mente comanda todas as funções, todos os órgãos, todos os sistemas, todas as células, todas as reações bioquímicas, estabelecendo o necessário equilíbrio e consequentemente a nossa saúde. Quando os sentimentos e emoções negativas se estabelecem em nossa mente, criamos alterações no comando dos órgãos, na administração dos sistemas, na função das células, no equilíbrio das reações bioquímicas e na harmonia da saúde. O mecanismo é inconsciente, porque nós não desejamos criar doenças. Ninguém deseja sofrer, mas o organismo sujeito às emoções citadas acima se altera e surgem: úlcera, gastrite, colite, enxaqueca, dores musculares, fibromialgia, falta de ar, hipertensão arterial, arritmia cardíaca, angina, infarto, doenças autoimunes, alergia, urticária, eczema, rinite alérgica, bronquite alérgica, psoríase, labirintite, vitiligo, síndrome do cólon irritável, insônia e tantas outras doenças psicossomáticas.
Quando estamos tensos, ansiosos, agitados, estressados, lançamos na circulação grande quantidade de adrenalina, noradrenalina, cortisol, dopamina, acetilcolina que alteram o equilíbrio entre o sistema nervoso autônomo simpático e o parassimpático, que são encarregados de manter os órgãos em perfeita harmonia. Os problemas do dia a dia nos deixam constantemente nestes estados, fazendo com que os mecanismos de autocontrole se percam em suas funções, determinando as alterações e doenças. O cortisol é produzido em grande quantidade pela manhã, para que fiquemos despertos. Se passarmos o dia todo tensos, estressados, produziremos grandes quantidades de cortisol e à noite, ao deitarmos para dormir, teremos insônia, causada pelo acúmulo de cortisol. A adrenalina lançada na circulação produz alterações graves no sistema circulatório, contraindo as artérias de todo o corpo, gerando a hipertensão arterial, a angina e o infarto. Além da contração das artérias, a adrenalina ocasiona taquicardia e arritmia cardíaca. No sistema digestivo, as descargas de adrenalina determinam alterações no processo digestivo, gastrite, úlcera, colite, alterações do ritmo intestinal.
O sistema nervoso autônomo simpático, em geral estimula a função dos órgãos enquanto o parassimpático, em geral retarda a função. Os dois sistemas devem funcionar em harmonia, mas quando nos estressamos ou ficamos alterados e apresentamos sentimentos e emoções negativas, citadas acima, causamos desequilíbrio entre o simpático e o parassimpático, determinando disfunções e doenças.
Por excesso de tensões, ansiedade, problemas e estresse, pode se estabelecer também a anorexia, que é falta total de apetite, que pode levar a desnutrição e desencarne prematuro. Mas o que ocorre com maior frequência é a gula, o exagero na alimentação e apetite voraz, que resulta em obesidade, que consequentemente leva a outras doenças do excesso de peso, como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, diabetes, artrose nas articulações dos tornozelos, joelhos, quadril e coluna lombar.
Para a prevenção das doenças psicossomáticas, podemos encontrar no Evangelho Segundo o Espiritismo, magníficas lições de saúde, porque os ensinamentos do Mestre Jesus exatamente nos levam à reflexão sobre os nossos sentimentos, emoções e comportamentos, convidando ao perdão, à aceitação, à generosidade, à humildade, à caridade, ao altruísmo, à fé, ao respeito e ao amor ao próximo. Vivenciando estas lições e as aplicando na prática diária, estaremos tomando consciência de nós mesmos, facilitando nossa transformação para melhor, possibilitando o alcance da paz, da serenidade e da saúde plena.

Jornal dos Espíritos

domingo, 16 de janeiro de 2011

Olhai Pelos Necessitados

Queridos Irmãos!
Nossos Irmãos que moram nas áreas Ribeirinhas e de desabamentos, estão passando por um resgate doloroso, e nesse momento de dor e aflição, devemos formar uma corrente de amor junto ao Pai celestial para que abrande o sofrimento daqueles que estão passando por todo este momento de dor.
Fora da Caridade não há Salvação, o pensamento de equilíbrio nas nossas orações é uma forma de caridade para com os mais necessitados.
Irmãos, a quem amamos, estamos junto de vós, estas palavras do espírito de verdade vem dizer que ninguém está desamparado, mas é preciso que aqueles que estão em situações melhores, se desdobrem em ajudar, seja na forma material, ou na forma espiritual.
Ficarmos de braços cruzados vendo nossos irmãos passarem por momentos de aflição, isto se chama omissão e entramos em uma lei de causa e efeito, onde quando precisar-mos de apoio, dizemos: ninguém me ouve, Deus não me atende, mas lembre-se: "a cada um desses pequenininhos que ajudares, é a mim que fazem". Portanto se negarmos a Nossos irmãos estamos negando a Deus.
Imaginemos o quanto é doloroso perder um ente querido, mesmo sabendo que esta vida é apenas uma das nossas muitas moradas.Pessoas perderam sua referência,seus lares,familiares,tudo adquirido com o sacrifício de toda uma vida,para ser destruído em fração de segundos,deixando tantas lembranças para trás.E é pensando em todo esse sofrimento que devemos unir nossas forças para por em prática os ensinamentos do nosso Pai de amor.
Lembrem-se que em algum lugar sempre existe alguém que está precisando de você!
Muita paz!!!!!

Antonio Carlos Laranjeira Miranda

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

ESPIRITISMO: ANTÍDOTO PARA A VIOLÊNCIA

A violência é a imagem de marca do nosso século. Espraia-se em todos os níveis da sociedade, manifestando-se em diferentes intensidades. O homem, violento, esqueceu o Norte da divindade e procura na violência uma saída para a procura da sua felicidade. Um paradoxo, que o espiritismo vem ajudar a resolver.

A cena não podia ser mais comovente, com a jovem mãe a falar do seu pequeno filho, projectando junto de uma amiga sua, o futuro do pequerrucho que brincava nos baloiços com outros pequenotes. Dizia ela que gostava muito que o filhote fosse médico pois era uma profissão que lhe garantiria o sustento. Não pudemos deixar de sorrir, pois os pais são assim mesmo, procurando sempre aquilo que eles acham ser o melhor para os seus filhos. Olhei para o lado e lá estava o pequeno João na gritaria com outro pequenote. A páginas tantas, porque o Rui entendesse que não lhe devia dar o baloiço, o pequeno João deu-lhe um forte murro, projectando-o para fora do baloiço, com os inevitáveis choros e consequente companhia dos pais até então com um olhar protector à distância. Pensei que a mãe ralharia com ele pela atitude menos digna, mas não. Com um carinho, uma meiguice e tentando disfarçar uma pequena censura, lá terminou aquela cena típica entre miúdos... e adultos!

Fiquei a pensar como será o pequeno João quando for médico, já que cresceu num ambiente violento, onde pôde dar vazão à sua violência e sem que alguém o educasse convenientemente.

Quem estuda o espiritismo vê-se melhor apetrechado para a vida em sociedade, neste tempos atribulados, encontrando conceitos lógicos e racionais para o entendimento da vida numa visão holística da mesma.

Ligamos a televisão e ela entra-nos pela porta dentro, seja pelos noticiários pelos documentários seja pelos filmes. No quotidiano reagimos violentamente, muitas vezes, perante os reveses da vida ou perante as contrariedades. Condenamos a violência alheia, seja particular, seja entre estados, mas no nosso dia-a-dia, ao invés de agirmos de forma pacífica, civilizada e fraterna, somos como que autómatos, reagindo sempre de acordo com o que motivou a nossa reacção. Somos autómatos sem nos apercebermos.

A violência é uma das maiores chagas sociais, que se vai acumulando dentro de nós na medida em que nos afastamos da divindade. O homem perdeu o Norte de Deus, esqueceu a sua moralização, automatizou-se e hoje vê-se prisioneiro de um conjunto de normas sociais (anti-sociais) que o empurram para atitudes cada vez mais egoístas e violentas.

Desde há dois mil anos que Jesus de Nazaré trouxe à humanidade um código de conduta que traria ao homem a felicidade. Esse código de conduta, esses ensinamentos ético-morais que Jesus deixou na Terra, são a garantia da paz, da felicidade, do bem-estar interior. Mais uma vez o homem perdeu-se no meio das suas lutas, do egoísmo, do orgulho, da violência, ignorou tais códigos e hoje confronta-se consigo próprio numa mistura explosiva de intranquilidade interior. Esse homem velho, que carrega dentro de si ao longo das várias reencarnações, experiências violentas, vê-se hoje a braços com uma dualidade muito grande: os hábitos enraizados no passado, nas vidas anteriores, onde semeou essa violência, colhendo-a hoje na sua vida, já que somos o somatório das nossas vidas anteriores (“A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória”. Jesus de Nazaré), e o desejo actual de ser diferente, de romper com o passado, de sair desse estado de alma atormentador que é a violência interior.

O espiritismo ou doutrina espírita, não sendo mais uma religião nem mais uma seita, apresenta-se como uma ciência filosófica de consequências morais. Mostrando-nos a imortalidade da alma, através dos contactos com a espiritualidade, por intermédio dos médiuns (seres com capacidade de percepcionar o mundo extra-físico), o espiritismo mostra-nos também que existe uma lógica para a vida e que cada um colhe dela aquilo que semeou outrora, dentro da lei de causa e efeito, onde cada atitude nossa, positiva ou negativa, irá repercutir-se obrigatoriamente em nós, trazendo-nos paz ou intranquilidade interior. Nesse interim, quem estuda o espiritismo vê-se melhor apetrechado para a vida em sociedade, nestes tempos atribulados, encontrando conceitos lógicos e racionais para o entendimento da vida numa visão holística da mesma.


O espiritismo é um dos grandes antídotos para a violência... Aquele que conhece o espiritismo sabe que terá de se modificar interiormente, se quiser ser mais feliz.

Assim sendo, o espiritismo é um dos grandes antídotos para a violência, na medida em que quem o conhece jamais se poderá eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o seu futuro será uma decorrência do presente. Aquele que conhece o espiritismo sabe que terá de se modificar interiormente, se quiser ser mais feliz.

O espiritismo, na sua componente ético-moral nada vem acrescentar aos ensinamentos de Jesus mas vem aclarar o raciocínio em volta deles, explicando-os com mais lógica e racionalidade dentro dos horizontes da reencarnação que cada vez mais vai sendo uma realidade nos laboratórios de pesquisas em torno da personalidade humana.

Esperamos que outras crianças tenham mais sorte que o João, que os seus pais os levem às reuniões dos grupos de crianças e grupos de jovens, nas associações espíritas, onde eles possam adquirir uma formação ético-moral sólida que os apetreche melhor a lidarem com a violência social vigente, num processo de responsabilização pessoal e social.