A violência é a imagem de marca do nosso século. Espraia-se em todos os níveis da sociedade, manifestando-se em diferentes intensidades. O homem, violento, esqueceu o Norte da divindade e procura na violência uma saída para a procura da sua felicidade. Um paradoxo, que o espiritismo vem ajudar a resolver.
A cena não podia ser mais comovente, com a jovem mãe a falar do seu pequeno filho, projectando junto de uma amiga sua, o futuro do pequerrucho que brincava nos baloiços com outros pequenotes. Dizia ela que gostava muito que o filhote fosse médico pois era uma profissão que lhe garantiria o sustento. Não pudemos deixar de sorrir, pois os pais são assim mesmo, procurando sempre aquilo que eles acham ser o melhor para os seus filhos. Olhei para o lado e lá estava o pequeno João na gritaria com outro pequenote. A páginas tantas, porque o Rui entendesse que não lhe devia dar o baloiço, o pequeno João deu-lhe um forte murro, projectando-o para fora do baloiço, com os inevitáveis choros e consequente companhia dos pais até então com um olhar protector à distância. Pensei que a mãe ralharia com ele pela atitude menos digna, mas não. Com um carinho, uma meiguice e tentando disfarçar uma pequena censura, lá terminou aquela cena típica entre miúdos... e adultos!
Fiquei a pensar como será o pequeno João quando for médico, já que cresceu num ambiente violento, onde pôde dar vazão à sua violência e sem que alguém o educasse convenientemente.
Quem estuda o espiritismo vê-se melhor apetrechado para a vida em sociedade, neste tempos atribulados, encontrando conceitos lógicos e racionais para o entendimento da vida numa visão holística da mesma.
Ligamos a televisão e ela entra-nos pela porta dentro, seja pelos noticiários pelos documentários seja pelos filmes. No quotidiano reagimos violentamente, muitas vezes, perante os reveses da vida ou perante as contrariedades. Condenamos a violência alheia, seja particular, seja entre estados, mas no nosso dia-a-dia, ao invés de agirmos de forma pacífica, civilizada e fraterna, somos como que autómatos, reagindo sempre de acordo com o que motivou a nossa reacção. Somos autómatos sem nos apercebermos.
A violência é uma das maiores chagas sociais, que se vai acumulando dentro de nós na medida em que nos afastamos da divindade. O homem perdeu o Norte de Deus, esqueceu a sua moralização, automatizou-se e hoje vê-se prisioneiro de um conjunto de normas sociais (anti-sociais) que o empurram para atitudes cada vez mais egoístas e violentas.
Desde há dois mil anos que Jesus de Nazaré trouxe à humanidade um código de conduta que traria ao homem a felicidade. Esse código de conduta, esses ensinamentos ético-morais que Jesus deixou na Terra, são a garantia da paz, da felicidade, do bem-estar interior. Mais uma vez o homem perdeu-se no meio das suas lutas, do egoísmo, do orgulho, da violência, ignorou tais códigos e hoje confronta-se consigo próprio numa mistura explosiva de intranquilidade interior. Esse homem velho, que carrega dentro de si ao longo das várias reencarnações, experiências violentas, vê-se hoje a braços com uma dualidade muito grande: os hábitos enraizados no passado, nas vidas anteriores, onde semeou essa violência, colhendo-a hoje na sua vida, já que somos o somatório das nossas vidas anteriores (“A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória”. Jesus de Nazaré), e o desejo actual de ser diferente, de romper com o passado, de sair desse estado de alma atormentador que é a violência interior.
O espiritismo ou doutrina espírita, não sendo mais uma religião nem mais uma seita, apresenta-se como uma ciência filosófica de consequências morais. Mostrando-nos a imortalidade da alma, através dos contactos com a espiritualidade, por intermédio dos médiuns (seres com capacidade de percepcionar o mundo extra-físico), o espiritismo mostra-nos também que existe uma lógica para a vida e que cada um colhe dela aquilo que semeou outrora, dentro da lei de causa e efeito, onde cada atitude nossa, positiva ou negativa, irá repercutir-se obrigatoriamente em nós, trazendo-nos paz ou intranquilidade interior. Nesse interim, quem estuda o espiritismo vê-se melhor apetrechado para a vida em sociedade, nestes tempos atribulados, encontrando conceitos lógicos e racionais para o entendimento da vida numa visão holística da mesma.
O espiritismo é um dos grandes antídotos para a violência... Aquele que conhece o espiritismo sabe que terá de se modificar interiormente, se quiser ser mais feliz.
Assim sendo, o espiritismo é um dos grandes antídotos para a violência, na medida em que quem o conhece jamais se poderá eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o seu futuro será uma decorrência do presente. Aquele que conhece o espiritismo sabe que terá de se modificar interiormente, se quiser ser mais feliz.
O espiritismo, na sua componente ético-moral nada vem acrescentar aos ensinamentos de Jesus mas vem aclarar o raciocínio em volta deles, explicando-os com mais lógica e racionalidade dentro dos horizontes da reencarnação que cada vez mais vai sendo uma realidade nos laboratórios de pesquisas em torno da personalidade humana.
Esperamos que outras crianças tenham mais sorte que o João, que os seus pais os levem às reuniões dos grupos de crianças e grupos de jovens, nas associações espíritas, onde eles possam adquirir uma formação ético-moral sólida que os apetreche melhor a lidarem com a violência social vigente, num processo de responsabilização pessoal e social.
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