segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lição nas Trevas

No vale das trevas, delirava a legião de Espíritos infelizes.

Rixas, obscenidades, doestos, baldões.

Planejavam-se assaltos, maquinavam-se crimes.

O Espírito Benfeitor penetrou a caverna, apaziguando e abençoando ...

Aqui abraçava um desventurado, apartando-o da malta, de modo a entrega-lo, mais tarde, a equipes socorristas; mais adiante, aliviava com suave magnetismo a cabeça atormentada de entidades em desvario...

O serviço assistencial seguia difícil, quando enfurecido mandante da crueldade, ao descobri-lo, se aquietou em súbita acalmia e, impondo respeitosa serenidade à chusma de loucos, declinou-lhe a nobre intenção. Que os companheiros rebelados se acomodassem, deixando livre passagem àquele que reconhecia por missionário do bem.

- Conheces-me? – interrogou o recém-chegado, entre espantado e agradecido.

- Sim – disse o rude empreiteiro da sombra -, eu era um doente na Terra e curaste meu corpo que a moléstia desfigurava. Lembro-me perfeitamente de teu cuidado ao lavar-me as feridas...

Os circunstantes entraram na conversação de improviso e um deles, de dura carranca, apontou o visitador e clamou para o amigo:

- Que mais te fez este homem no mundo para que sejamos forçados à deferência?

- Deu-me teto e agasalho.

Outro inquiriu:

- Que mais?

- Supriu minha casa de pão e roupa, libertando-nos, a mim e a família da nudez e da fome ...

Outro ainda perguntou com ironia:

- Mais nada?

- Muitas vezes, dividia comigo o que trazia na bolsa, entregando-me abençoado dinheiro para que a penúria não me arrasasse ...

Estabelecido o silêncio, o Espírito Benfeitor, encorajado pelo que ouvia, indagou com humildade:

- Meu irmão, nada fiz senão cumprir o dever que a fraternidade me impunha; entretanto, se te mostras tão generoso para comigo, em tuas manifestações de reconhecimento e de amor que reconheço não merecer, porque te entregas, assim, à obsessão e à delinqüência?! ...

O interpelado pareceu sensibilizar-se, meneou tristemente a cabeça e explicou:

- Em verdade, és bom e amparaste a minha vida, mas não me ensinaste a viver!...

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Espíritas, irmãos! Cultivemos a divulgação da Doutrina Renovadora que nos esclarece e reúne! Com o pão do corpo, estendamos a luz da alma que nos habilite a aprender e compreender, raciocinar e servir.

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