quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Como Desenvolver as Atividades de um Centro Espírita

A Doutrina Espírita, ou Espiritismo, tem como lema a liberdade de expressão. Assim, não há um órgão centralizador, como ocorre, por exemplo, na Igreja Católica. Há apenas os princípios básicos que sustentam a Doutrina, ou seja: a existência de Deus, dos Espíritos, a possibilidade da comunicação com eles, a existência do mundo espiritual, da Lei de causa e efeito e a reencarnação.
Diante disso, cada centro espírita tem a possibilidade de praticar as atividades doutrinárias da maneira que achar melhor, sendo essencial o bom senso e a seriedade na execução das mesmas.
Colocaremos abaixo, 11 das principais atividades que podem ser praticadas dentro de um centro espírita.
Há que se levar em consideração o espaço físico e a quantidade de pessoas preparadas em um centro espírita, para que todas as atividades possam ser colocadas em prática. Pois caso o grupo espírita ainda não disponha de trabalhadores suficientes ou preparados para os serviços citados, melhor optar por praticar apenas os que tenham condições. Posteriormente, com uma organização e planejamento, poderá ampliar as atividades para melhor atender ao público freqüentador.
A prática correta ou não destas atividades vai variar de acordo com o conhecimento do grupo que dirigir a casa. E a melhor maneira de sabermos se os trabalhos estão sendo feitos dentro dos preceitos de Allan Kardec é analisarmos os resultados obtidos, tanto na orientação como nos tratamentos dos problemas materiais e espirituais dos que buscam ajuda no centro espírita.

RECEPÇÃO: aquele que chega pela primeira vez no centro espírita geralmente tem uma série de dúvidas a respeito do funcionamento da casa. Muitas vezes nem sabe o que irá encontrar ali, haja visto a grande confusão que há na sociedade sobre o que é e o que não é Espiritismo. Havendo uma recepção, que pode ser uma simples mesa ou uma sala, o indivíduo poderá para lá se dirigir e obter as informações sobre horário de funcionamento da casa, trabalhos desenvolvidos etc.
É necessário que a pessoa responsável pela recepção tenha total conhecimento das atividades da casa e que se mantenha simpática em todos os momentos. Precisamos lembrar que a recepção é o primeiro contato do visitante com o centro espírita. E quase sempre é a primeira impressão que cativará ou afastará o público do grupo.
É necessário que também se evite lidar com dinheiro na recepção. Muitas vezes é na própria recepção que trabalhadores e freqüentadores da casa fazem doações ou pagamentos de alguma promoção beneficente promovida pelo grupo. Para as pessoas que chegam pela primeira vez ao centro espírita, pode causar estranheza e interpretações equivocadas sobre o motivo do dinheiro. Assim, é melhor que qualquer movimentação de dinheiro só seja feita em envelopes ou após o final dos trabalhos abertos ao público.

PALESTRAS: é o principal trabalho de uma casa espírita (veja exemplos de palestras escritas). O ser humano só consegue libertar-se de seus vícios morais ou materiais quando se esclarece dos malefícios que os mesmos trazem para sua existência. É através das palestras que os oradores conseguem levar o conhecimento espiritual existente na Doutrina Espírita.
Porém, por ser uma atividade de maior seriedade, deve ser entregue a pessoas preparadas doutrinariamente e experientes em relação à vida cotidiana. É importante também que o palestrante busque aperfeiçoar-se em técnicas de oratória, o que o ajudará na apresentação das idéias.
O assistente precisa sentir no palestrante o que a Doutrina chama de força moral. Ou seja, que o expositor esteja falando de algo que conhece e pratica.
O tempo destinado à palestra também é importante. Muito curtas, são superficiais; compridas, tornam-se exaustivas. O ideal são palestras que tenham duração de no mínimo 30 minutos e no máximo 40 minutos.
Seu teor deve mesclar os postulados da Doutrina Espírita e o Evangelho de Jesus. Sempre que possível, relacioná-los com o dia-a-dia da sociedade. Assim, o ouvinte poderá fazer ligações do que está ouvindo com seus próprios problemas e dúvidas.
Importante: no momento da palestra, é aconselhável que as demais atividades da casa sejam interrompidas para que todos os trabalhadores e público possam escutá-la. Lembremos que a palestra será o agente modificador do necessitado e incentivador dos que prestam assistência no núcleo.

ATENDIMENTO PARTICULAR: chamado em alguns centros espíritas de consulta ou entrevista, este trabalho visa orientar e ajudar espiritualmente pessoas detentoras de problemas mais graves, e quando necessário, submetê-las a um tratamento espiritual.
Em uma sala reservada, um atendente e um auxiliar (trabalhadores experientes da casa) receberão para uma conversa íntima indivíduos desajustados emocionalmente, desesperados, com dificuldades familiares, amorosas, financeiras, desiludidos da vida.
A recepcionista da casa se encarregará de preencher uma ficha com os dados básicos do atendido (nome, idade, estado civil, endereço), encaminhando-a aos atendentes. Estes, após conversarem com a pessoa, farão os demais apontamentos que julgarem necessários para o acompanhamento do caso, como: estado emocional, religião praticante, se é portador de algum desequilíbrio mental já diagnosticado por médicos, se está sob efeito de remédios, e outras informações que poderão ajudá-los em um possível tratamento espiritual.
Casas que já possuem médiuns devidamente preparados poderão detectar durante a entrevista ou em uma reunião mediúnica se há ou não uma influência espiritual atuando junto ao ser, orientando-o após isso sobre as atitudes a serem tomadas. Caso contrário, o atendente terá seu trabalho limitado, mas poderá orientar o indivíduo dentro de um posicionamento cristão, ajudando-o a corrigir seus defeitos e encontrar a paz procurada.
Importante:
a) Todas as informações prestadas pelo entrevistado ao atendente serão altamente sigilosas. As fichas que contêm anotações sobre a vida particular da pessoa deverão ficar em um fichário sob a responsabilidade daqueles que participaram da entrevista.
b) Caso haja a utilização de um médium verificando a atividade espiritual ao lado do atendido, possíveis manifestações de Espíritos nunca devem ocorrer na presença do necessitado, para evitar possíveis distúrbios psíquicos ou impressões indesejadas.

TRATAMENTO ESPIRITUAL: todo aquele em que foi diagnosticada uma influência espiritual (obsessão) deverá passar por um tratamento espiritual. Ele consiste na aplicação de passes semanais, a ingestão de água fluidificada e o acompanhamento das palestras no centro espírita, buscando a análise constante das imperfeições que possibilitaram à má influência instalar-se ao seu lado, tentando melhorar-se moralmente a cada dia.
Este tratamento será complementado nas reuniões de desobsessão, onde os responsáveis pela ajuda continuarão a evocar a entidade perturbadora no sentido de orientá-la a seguir outro caminho.
Assim, atua-se nos dois campos que geram o problema obsessivo: o obsediado, orientando-o moralmente e auxiliando-o fluidicamente; e o obsessor, alertando-o de seu estado e encaminhando-o para um melhor estágio espiritual.

REUNIÃO MEDIÚNICA E DE DESOBSESSÃO: trata-se de reuniões íntimas onde apenas participam os médiuns (pessoas com maior capacidade de sentir a influência dos Espíritos) da casa e alguns trabalhadores auxiliares, pois ali muitas vezes serão tratados assuntos que dizem respeito à vida particular de pessoas que buscaram auxílio no centro espírita.
A reunião mediúnica serve para que os bons espíritos dêem orientações e para que os sofredores manifestem-se, podendo ser ajudados através de orientações do doutrinador presente. Nela, também é praticada a mediunidade de novatos e médiuns experientes, aperfeiçoando a forma de intercâmbio com o mundo espiritual.
Quanto à reunião de desobsessão, é aconselhável, porém não imprescindível, que seja realizada em dia diferente da reunião mediúnica. Na desobsessão, participariam como médiuns apenas os mais experientes, devido ao nível vibratório das entidades comunicantes, que geralmente é mais baixo. Em centros que utilizam o Atendimento Particular, depois de passarem pela sala de atendimento, e verificadas possíveis influências espirituais (obsessão), os casos serão levados às reuniões de desobsessão. Nestas reuniões, o dirigente da sessão fará o que Allan Kardec denominou de evocação, ou seja: solicitará a Jesus e aos Espíritos superiores que permitam a manifestação da entidade espiritual que está acompanhando determinado ser. Ao se manifestar em um dos médiuns presentes, este Espírito receberá o que o Espiritismo chama de doutrinação, que nada mais é do que uma conversa franca e amigável com o Espírito comunicante. O trabalhador responsável tentará obter do Espírito o que ele deseja ao lado do necessitado e tentará convencê-lo a afastar sua influência, com a ajuda dos Espíritos que dirigem a casa. Também poderão existir manifestações espirituais espontâneas, de acordo com a necessidade prevista pela equipe material e espiritual responsáveis pela reunião.
Importante: para conseguirem-se bons resultados na doutrinação dos Espíritos é necessário que médium e doutrinador tenham uma vida moral sadia. Vícios materiais, como o cigarro, a bebida ou as drogas; e vícios morais, como o adultério, o orgulho, a sensualidade exagerada e a mentira devem ser combatidos rapidamente por aqueles que se dispõem a trabalhar em nome de Jesus em um centro espírita.
Assim como nas palestras, onde o exemplo moral do palestrante é que tocará o indivíduo que o escuta, na mediunidade o Espírito só será convencido de que precisa se modificar se sentir que quem o está orientando ou dando-lhe passagem está esforçando-se também para isso. Caso contrário, a evocação dificilmente trará benefícios ao sofredor.

PASSES: os passes são transmissões de fluidos de um ser para outro. Os fluidos são energias que fazem parte da estrutura material e espiritual dos seres. Nos centros espíritas é aconselhável que os médiuns passistas tenham uma vida regrada, sem os vícios já citados no item “Reuniões mediúnicas”. Afinal, se seus fluidos estiverem contaminados por maus pensamentos ou atitudes indevidas poderão prejudicar ao invés de auxiliar quem os recebe.
O passe é aplicado apenas com a imposição das mãos do passista sobre a fronte do indivíduo. Não é necessário tocá-lo.
No momento do passe, o passista busca sintonia com os Espíritos superiores, geralmente através de uma prece feita de pensamento. Com isso, estes amigos espirituais poderão ajuntar seus fluidos aos fluidos do médium, favorecendo ainda mais quem está recebendo. A pessoa após o passe irá se sentir fortalecida e mais disposta frente aos problemas por quais passa.
IMPORTANTE: o passe é um complemente espiritual, e não a solução. Para que o indivíduo possa melhorar é necessário que busque constantemente a libertação de suas imperfeições. Aqueles que buscam a casa espírita apenas para receber o passe devem ser orientados sobre a necessidade do esclarecimento através das palestras e das boas leituras.

LIVROS DE PRECES: muitas pessoas que vêm ao centro têm parentes e amigos que não podem acompanhá-los por variados motivos: doença, viagem, trabalho ou mesmo ignorância sobre o que é a Doutrina Espírita. Outras há que gostariam que seus entes desencarnados recebessem boas vibrações através de orações feitas no núcleo. O livro de preces serve para isso. As pessoas deixam lá os nomes, idade e endereço dos que elas gostariam que fossem beneficiados pela prece. Um trabalhador da casa pode ficar responsável por anotar os dados, que posteriormente serão levados para a reunião mediúnica. Assim, em determinada parte do trabalho, será feita uma prece a Jesus e aos bons Espíritos, pedindo que possam interceder junto àqueles que ali estão anotados.
É necessária a discrição do responsável pelo Livro, para não constranger ou questionar demais aquele que lá coloca um nome.
Importante: sempre que possível, orientar ao público que embora as preces à distância possam levar ajuda, o ideal é a presença da pessoa na casa espírita, onde o amparo será mais direto e os resultados melhores.

ESTUDO DOUTRINÁRIO: é indispensável ao bom funcionamento do centro espírita o estudo semanal da Obras Básicas da Doutrina Espírita. Para os trabalhadores em geral, é aconselhável a leitura de “O Livro dos Espíritos” e de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Quanto aos que trabalham na mediunidade, a leitura de “O Livro dos Médiuns” torna-se obrigatória para o bom desenvolvimento de suas faculdades.
Se a casa espírita fica sem estudo torna-se presa fácil de Espíritos atrasados que vez por outra tentam atrapalhar o bom andamento dos trabalhos em nome de Jesus. Conhecendo as Obras Básicas da Doutrina, as orientações de Kardec e os conselhos dos Espíritos superiores os trabalhadores do centro estarão mais atentos para saberem se estão ou não fazendo da casa um núcleo espírita sério.
As obras acessórias que existem no movimento espírita, psicografadas (escritas através de médiuns influenciados por Espíritos) por Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e tantos outros médiuns de renome também podem ser estudadas, desde que não sejam o alvo principal dos estudos. O trabalhador precisa estudar e revisar constantemente as obras de Kardec para poder separar o joio do trigo existente nas obras acessórias.
Importante: Para os que estão ingressando ou querendo ingressar nos trabalhos da casa, é importante que o centro tenha um Curso para Iniciantes.
Há vários cursos deste tipo no movimento espírita, que trazem um resumo da Doutrina e de sua história. É aconselhável que diferente dos trabalhadores, que devem estudar sempre, os iniciantes tenham um curso de curta duração (no máximo 4 meses, com aulas semanais). Caso contrário, poderão desanimar antes de conhecerem mais a fundo o Espiritismo.
Se o curso seguir estas dicas, com certeza será um grande auxiliar na captação de novos trabalhadores para o centro.

ASSISTÊNCIA SOCIAL: a caridade material/social deve fazer parte de toda casa espírita. Se ficarmos apenas na teoria, sem colocar “a mão na massa”, o centro corre o risco de tornar-se apenas um núcleo de muita conversa e pouco serviço.
Para que uma atividade possa ser desenvolvida a contento, é necessário que haja pessoas comprometidas com o serviço. Horários e dias para os trabalhos devem ser definidos e não feitos aleatoriamente. As pessoas envolvidas devem ter consciência da responsabilidade que assumiram, pois muitos carentes da ajuda material e espiritual estarão aguardando o amparo anunciado. Por isso, só deve-se abrir frentes que possam ser mantidas, e não apenas iniciadas sem um planejamento prévio.
Recursos financeiros devem ser destinados para a assistência social. O grupo espírita poderá desenvolver promoções beneficentes periódicas visando arrecadar fundos, tanto para a manutenção da casa, como também para a abertura e ampliação dos trabalhos caritativos.
É importante que toda a parte financeira utilizada tenha relatórios e balancetes mensais de prestação de contas aos trabalhadores da casa, como também ao público em geral, caso necessário. Isso evita possíveis dúvidas e aumenta a confiança dos que se dispõem a ajudar financeiramente a casa.
Trabalhos assistenciais a serem desenvolvidos não faltam: visitas a enfermos em hospitais, manicômios, orfanatos, asilos; distribuição de cestas de alimento, de roupas, de comida; desenvolvimento de escolas profissionalizantes, cursos de gestantes, e evangelização infantil em favelas; visitas a casas de pessoas enfermas; campanha de arrecadação de alimentos em bairros e supermercados; e muitas outras formas de auxílio aos carentes do pão material e da orientação espiritual.
Todo trabalhador do centro espírita deve buscar ao menos um tipo de caridade material por semana. Isso desenvolverá dentro dele o sentimento de compaixão ao próximo, que lhe será muito útil em sua vida, dentro e fora da casa espírita.

EVANGELIZAÇÃO E MOCIDADE: o centro espírita não tem como função substituir os pais na educação religiosa de seus filhos. Porém, pode ser um importante auxiliar neste sentido. Tanto a Evangelização infantil como o trabalho das Mocidades visam integrar a criança e o jovem aos princípios da moral cristã e dos conhecimentos da Doutrina Espírita.
A Evangelização deve ser coordenada por pessoas preparadas no contato com crianças e conhecedoras dos princípios da Doutrina Espírita. Geralmente, as idades admitidas neste setor vão de 04 a 13 anos, subdividindo-as em salas de acordo com a idade, como por exemplo: 4 a 6 anos; 7 a 10 e 11 a 13 anos. É evidente que há grupos que não detêm espaço suficiente para tais divisões, e então irão se adaptar às condições físicas da casa.
O importante é que sejam desenvolvidos os aspectos morais cristãos, preconizados pelo Espiritismo, incutindo nas crianças o desejo da ajuda mútua e do amor ao próximo. Isso pode ser estimulado através de histórias e atividades que busquem fazer as crianças perceberem o quanto é importante cooperar, ser útil e agir pensando no próximo.
Geralmente, a Evangelização infantil ocorre no momento das Palestras Públicas, pois enquanto os pais estão absorvendo os ensinos da Doutrina, seus filhos estarão sendo evangelizados dentro dos preceitos de Jesus e do Espiritismo.
Já a Mocidade é direcionada geralmente a jovens com idade entre 14 e 18 anos. A idade pode variar um pouco, para mais ou para menos. O importante é que não haja grandes diferenças, pois diferentemente da Evangelização, na Mocidade há uma propensão para diálogos e fóruns de discussão sobre temas polêmicos, à luz da Doutrina Espírita. Assuntos como drogas, sexo, violência, próprios da vida que o jovem irá enfrentar, devem ser discutidos e analisados, visando mostrar o que Jesus e o Espiritismo podem ajudá-los em suas escolhas.
É necessário que os responsáveis tenham um conhecimento acima da média sobre a Doutrina Espírita, pois o questionamento do jovem sempre busca uma resposta coerente para suas dúvidas. Além disso, é aconselhável que sejam pessoas que não tenham vícios como o cigarro e o álcool, pois servirão de exemplos aos jovens, mostrando que não há a necessidade de fumar ou beber para sentirem-se felizes.
Enfim, a Mocidade serve principalmente para integrar o jovem no trabalho voluntário, desenvolvendo no mesmo a vontade de ser útil. E fazendo com que ele compreenda que a Doutrina Espírita não é uma religião coercitiva, proibindo tal ou qual coisa. Mas sim, que o Espiritismo nos alerta para as conseqüências de nossos atos.

DIVULGAÇÃO DOUTRINÁRIA: a Doutrina Espírita precisa ser bem divulgada para que diminuam as confusões existentes entre ela e cultos espiritualistas ou afro-brasileiros. Ter uma biblioteca na casa é de extrema importância. O centro poderá comprar ou receber em doações uma série de livros doutrinários que possam esclarecer o leitor sobre as bases do Espiritismo e do mundo espiritual. Estas obras devem ser emprestadas ao público que terá cerca de vinte dias para ler e devolvê-la para a casa. Uma pessoa fica responsável pelo empréstimo e anotação do nome, endereço e telefone do locatário. Com isso, se caso houver uma demora na devolução, o bibliotecário poderá contatar o leitor e lembrá-lo de devolver a obra para que outras pessoas possam usufruí-la também.
Outra forma importante de divulgação são os folhetos (veja exemplo) ou jornais doutrinários que podem ser confeccionados pelo grupo. O teor das matérias deve ser o esclarecimento das práticas espíritas, a exposição de temas evangélicos e o comentário de situações e fatos do cotidiano à luz da Doutrina Espírita.
Estes veículos de divulgação podem ser entregues aos freqüentadores da casa, como também distribuídos nas redondezas do centro espírita, de casa em casa, servindo como propaganda para o núcleo espírita.
TV, internet e rádio também são ótimos veículos de divulgação doutrinária. O grupo deve analisar qual dos meios é o mais apropriado, financeiramente e com pessoas preparadas para desenvolvê-los, e então começar o trabalho.
Persistência e boa vontade são essenciais para que o objetivo de divulgação seja alcançado.

CONCLUSÃO:

Allan Kardec, na Revista Espírita do mês de junho do ano de 1865, afirma o seguinte sobre a necessidade de trabalharmos com responsabilidade e seriedade em um centro espírita:
“Notemos igualmente que é nos centros espíritas verdadeiramente sérios que se fazem os mais sinceros adeptos, porque os assistentes são tocados pela boa impressão que recebem. Ao passo que nos centros espíritas levianos e frívolos, só se é atraído pela curiosidade, que nem sempre é satisfeita. Compreender o verdadeiro objetivo da Doutrina Espírita, empregando-a para fazer o bem a desencarnados e encarnados, é pouco recreativo para certas pessoas, temos que convir. Mas é mais meritório para os que a isso se devotam”. Desenvolver as atividades de um centro espírita com bom senso e perseverança fará com que o espiritismo consiga atingir seus ideais, que são principalmente o esclarecimento e consolação dos que o procuram.
Abaixo, reproduziremos comentários de Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, capítulo 29, a respeito da importância de haver organização nas Sociedades Espíritas.
É um texto muito importante para a reflexão dos espíritas sérios, que visam a prática coerente dos ensinos presentes na Codificação.

DAS SOCIEDADES PROPRIAMENTE DITAS:
334. Tudo o que dissemos das reuniões em geral se aplica naturalmente às Sociedades regularmente constituídas, as quais, entretanto, têm que lutar com algumas dificuldades especiais, oriundas dos próprios laços existentes entre os seus membros.
Freqüentes sendo os pedidos, que se nos dirigem, de esclarecimentos sobre a maneira de se formarem as Sociedades, resumi-los-emos aqui nalgumas palavras.
O Espiritismo, que apenas acaba de nascer, ainda é diversamente apreciado e muito pouco compreendido em sua essência, por grande número de adeptos, de modo a oferecer um laço forte que prenda entre si os membros do que se possa chamar uma Associação, ou Sociedade. Impossível é que semelhante laço exista, a não ser entre os que lhe percebem o objetivo moral, o compreendem e o aplicam a si mesmos. Entre os que nele vêem fatos mais ou menos curiosos, nenhum laço sério pode existir.
Colocando os fatos acima dos princípios, uma simples divergência, quanto à maneira de os considerar, basta para dividi-los. O mesmo já não se dá com os primeiros, porquanto, acerca da questão moral, não pode haver duas maneiras de encará-la. Tanto assim que, onde quer que eles se encontrem, confiança mútua os atrai uns para os outros e a recíproca benevolência, que entre todos reina, exclui o constrangimento e o vexame que nascem da suscetibilidade, do orgulho que se irrita à menor contradição, do egoísmo que tudo reclama para a pessoa em quem domina.
Uma Sociedade, onde aqueles sentimentos se achassem partilhados por todos, onde os seus componentes se reunissem com o propósito de se instruírem pelos ensinos dos Espíritos e não na expectativa de presenciarem coisas mais ou menos interessantes, ou para fazer cada um que a sua opinião prevaleça, seria não só viável, mas também indissolúvel. A dificuldade, ainda grande, de reunir crescido número de elementos homogêneos deste ponto de vista, nos leva a dizer que, no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações. Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã.

335. Já vimos de quanta importância é a uniformidade de sentimentos, para a obtenção de bons resultados. Necessariamente, tanto mais difícil é obter-se essa uniformidade, quanto maior for o número. Nos agregados pouco numerosos, todos se conhecem melhor e há mais segurança quanto à eficácia dos elementos que para eles entram. O silêncio e o recolhimento são mais fáceis e tudo se passa como em família. As grandes assembléias excluem a intimidade, pela variedade dos elementos de que se compõem; exigem sedes especiais, recursos pecuniários e um aparelho administrativo desnecessário nos pequenos grupos. A divergência dos caracteres, das idéias, das opiniões, aí se desenha melhor e oferece aos Espíritos perturbadores mais facilidade para semearem a discórdia. Quanto mais numerosa é a reunião, tanto mais difícil é conterem-se todos os presentes. Cada um quererá que os trabalhos sejam dirigidos segundo o seu modo de entender; que sejam tratados preferentemente os assuntos que mais lhe interessam. Alguns julgam que o título de sócio lhes dá o direito de impor suas maneiras de ver. Daí, opugnações, uma causa de mal-estar que acarreta, cedo ou tarde, a desunião e, depois, a dissolução, sorte de todas as Sociedades, quaisquer que sejam seus objetivos. Os grupos pequenos jamais se encontram sujeitos às mesmas flutuações. A queda de uma grande Associação seria um insucesso aparente para a causa do Espiritismo, do qual seus inimigos não deixariam de prevalecer-se. A dissolução de um grupo pequeno passa despercebida e, ao demais, se um se dispersa, vinte outros se formam ao lado. Ora, vinte grupos, de quinze a vinte pessoas, obterão mais e muito mais farão pela propaganda, do que uma assembléia de trezentos ou de quatrocentos indivíduos.
Dir-se-á, provavelmente, que os membros de uma Sociedade, que agissem da maneira que vimos de esboçar, não seriam verdadeiros espíritas, pois que a caridade e a tolerância são o dever primário que a Doutrina impõe a seus adeptos. É perfeitamente exato e, por isso mesmo, os que procedam assim são espíritas mais de nome que de fato. Certo não pertencem à terceira categoria. (Veja-se o n. 28.) Mas, quem diz que eles sequer mereçam o simples qualificativo de espíritas? Uma consideração aqui se apresenta, não destituída de gravidade.

336. Não esqueçamos que o Espiritismo tem inimigos interessados em obstar-lhe à marcha, aos quais seus triunfos causam despeito, não sendo os mais perigosos os que o atacam abertamente, porém os que agem na sombra, os que o acariciam com uma das mãos e o dilaceram com a outra. Esses seres malfazejos se insinuam onde quer que contem poder fazer mal. Como sabem que a união é uma força, tratam de a destruir, agitando brandões de discórdia. Quem, desde então, pode afirmar que os que, nas reuniões, semeiam a perturbação e a cizânia não sejam agentes provocadores, interessados na desordem? Sem dúvida alguma, não são espíritas verdadeiros, nem bons; jamais farão o bem e podem fazer muito mal. Ora, compreende-se que infinitamente mais facilidade encontram eles de se insinuarem nas reuniões numerosas, do que nos núcleos pequenos, onde todos se conhecem. Graças a surdos manejos, que passam despercebidos, espalham a dúvida, a desconfiança e a desafeição; sob a aparência de interesse hipócrita pela causa, tudo criticam, formam conciliábulos e corrilhos que presto rompem a harmonia do conjunto; é o que querem. Em se tratando de gente dessa espécie, apelar para os sentimentos de caridade e fraternidade é falar a surdos voluntários, porquanto o objetivo de tais criaturas é precisamente aniquilar esses sentimentos, que constituem os maiores obstáculos opostos a seus manejos. Semelhante estado de coisas, desagradável em todas as Sociedades, ainda mais o é nas associações espíritas, porque, se não ocasiona um rompimento gera uma preocupação incompatível com o recolhimento e a atenção.

337. Se mau rumo a reunião tomar, dir-se-á, não terão as pessoas sensatas e bem-intencionadas, a ela presentes, o direito de crítica; deverão deixar que o mal passe, sem dizerem palavra, e aprovar tudo pelo silêncio? Sem nenhuma dúvida, esse direito lhes assiste: é mesmo um dever que lhes corre.
Mas, se boa intenção os anima, eles emitirão suas opiniões, guardando todas as conveniências e com cordialidade, francamente e não com subterfúgios. Se ninguém os acompanha, retiram-se, porquanto não se concebe que quem não esteja procedendo com segundas intenções se obstine em permanecer numa sociedade onde se façam coisas que considere inconvenientes.
Pode-se, pois, estatuir como princípio que todo aquele que numa reunião espírita provoca desordem, ou desunião, ostensiva ou sub-repticiamente, por quaisquer meios, é, ou um agente provocador, ou, pelo menos, um mau espírita, do qual cumpre que os outros se livrem o mais depressa possível. Porém, a isso obstam muitas vezes os próprios compromissos que ligam os componentes da reunião, razão por que convém se evitem os compromissos indissolúveis. Os homens de bem sempre se acham suficientemente comprometidos: os mal-intencionados sempre o estão demais.

338. Além dos notoriamente malignos, que se insinuam nas reuniões, há os que, pelo próprio caráter, levam consigo a perturbação a toda parte aonde vão: nunca, portanto, será demasiada toda a circunspeção, na admissão de elementos novos. Os mais prejudiciais, nesse caso, não são os ignorantes da matéria, nem mesmo os que não crêem: a convicção só se adquire pela experiência e pessoas há que desejam esclarecer-se de boa-fé. Aqueles, sobretudo, contra os quais maiores precauções devem ser tomadas, são os de sistemas preconcebidos, os incrédulos obstinados, que duvidam de tudo, até da evidência; os orgulhosos que, pretendendo ter o privilégio da luz infusa, procuram em toda parte impor suas opiniões e olham com desdém para os que não pensam como eles. Não vos deixeis iludir pelo pretenso desejo que manifestam de se instruírem. Mais de um encontrareis, que muito aborrecido ficará se for constrangido a convir em que se enganou. Guardai-vos, principalmente, desses peroradores insípidos, que querem sempre dizer a última palavra, e dos que só se comprazem na contradição. Uns e outros fazem perder tempo, sem nenhum proveito, nem mesmo para si próprios. Os Espíritos não gostam de palavras inúteis.

339. Visto ser necessário evitar toda causa de perturbação e de distração, uma Sociedade espírita deve, ao organizar-se, dar toda a atenção às medidas apropriadas a tirar aos promotores de desordem os meios de se tornarem prejudiciais e a lhes facilitar por todos os modos o afastamento. As pequenas reuniões apenas precisam de um regulamento disciplinar, muito simples, para a boa ordem das sessões. As Sociedades regularmente constituídas exigem organização mais completa. A melhor será a que tenha menos complicada a entrosagem. Umas e outras poderão haurir o que lhes for aplicável, ou o que julgarem útil, no regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que adiante inserimos.

340. Contra um outro escolho têm que lutar as Sociedades, pequenas ou grandes, e todas as reuniões, qualquer que seja a importância de que se revistam. Os ocasionadores de perturbações não se encontram somente no meio delas, mas também no mundo invisível. Assim como há Espíritos protetores das associações, das cidades e dos povos, Espíritos malfeitores se ligam aos grupos, do mesmo modo que aos indivíduos. Ligam-se, primeiramente, aos mais fracos, aos mais acessíveis, procurando fazê-los seus instrumentos e gradativamente vão envolvendo os conjuntos, por isso que tanto mais prazer maligno experimentam, quanto maior é o número dos que lhes caem sob o jugo.
Todas as vezes, pois, que, num grupo, um dos seus componentes cai na armadilha, cumpre se proclame que há no campo um inimigo, um lobo no redil, e que todos se ponham em guarda, visto ser mais que provável a multiplicação de suas tentativas. Se enérgica resistência o não levar ao desânimo, a obsessão se tornará mal contagioso, que se manifestará nos médiuns, pela perturbação da mediunidade, e nos outros pela hostilidade dos sentimentos, pela perversão do senso moral e pela turbação da harmonia.
Como a caridade é o mais forte antídoto desse veneno, o sentimento da caridade é o que eles mais procuram abafar. Não se deve, portanto, esperar que o mal se haja tornado incurável, para remediá-lo; não se deve, sequer, esperar que os primeiros sintomas se manifestem; o de que se deve cuidar, acima de tudo, é de preveni-lo. Para isso, dois meios há eficazes, se forem bem aplicados: a prece feita do coração e o estudo atento dos menores sinais que revelam a presença de Espíritos mistificadores. O primeiro atrai os bons Espíritos, que só assistem zelosamente os que os secundam, mediante a confiança em Deus; o outro prova aos maus que estão lidando com pessoas bastante clarividentes e bastante sensatas, para se não deixarem ludibriar.
Se um dos membros do grupo for presa da obsessão, todos os esforços devem tender, desde os primeiros indícios, a lhe abrir os olhos, a fim de que o mal não se agrave, de modo a lhe levar a convicção de que se enganou e de lhe despertar o desejo de secundar os que procuram libertá-lo…”.

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