sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Cristo e Sua Doutrina

Os princípios essenciais transmitidos por Jesus à Humanidade estão claramente
expostos nos Evangelhos,escritos e reescritos por dois de seus discípulos diretos (Mateus e João) e por outros dois, que colheram o que expuseram dos apóstolos diretos e da Mãe Santíssima (Lucas e Marcos).
Além dessas quatro obras essenciais,aprovadas desde os primeiros séculos do Cristianismo pela Igreja primitiva, vários outros Evangelhos foram escritos por
diversos autores, entretanto, não tiveram a aceitação e a aprovação da generalidade dos cristãos.
Jesus não deixou qualquer escrito sobre os seus ensinos, transmitidos oralmente aos seus discípulos e ao povo em geral.
Mas os Evangelhos enunciam,com toda clareza, os princípios básicos de sua Doutrina, transmitidos aos que procuraram segui-lo, desde os dias de sua presença entre os homens, até a época atual.
Eis o que se entende claramente de suas lições, reafirmadas posteriormente pelo Consolador que Ele pediu ao Pai fosse enviado aos homens, o qual já se acha presente
junto à Humanidade, desde os meados do século XIX:

a) a paternidade universal de Deus, o Criador de tudo o que existe;

b) todas as consequências morais daí resultantes, inclusive a improcedência do politeísmo,até então dominante no mundo ocidental;

c) a eternidade da vida, que permite a cada Espírito a busca da perfeição (“o Reino de Deus”);

d) toda a Religião e toda a Filosofia resumidas numa só palavra:amor.

É do Mestre o ensino profundo,mas de tal simplicidade, que qualquer pessoa o guarda para sempre: “Amar a Deus sobre todas as coisas: e amar o próximo como a si mesmo”. (Mateus, 22:37-39.)
No Evangelho de Mateus (5:44--48),1 encontramos os seguintes ensinamentos do Mestre sobre o amor ao próximo, que se apresenta tão difícil para a imensa maioria dos habitantes deste mundo de expiações e provas:
Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz
erguer-se o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos. Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa deveis ter por isso?
É o exemplo do amor que nos dá o próprio Criador, com sua tolerância e compreensão para com todas as suas criaturas, por mais rebeldes que sejam perante suas leis justas e eternas, que têm, em si, os próprios meios para a correção de todos os erros cometidos contra elas.
Em outro ensino popular a uma multidão de ouvintes, Jesus subiu a um monte ,acompanhado por seus discípulos, e aí proferiu o célebre e incomparável Sermão da
Montanha.
Nele estão expressos, em traços inesquecíveis, os ensinos do Mestre sobre as virtudes humildes,próprias dos Espíritos retos e inclinados ao bem:

-Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque deles é o Reino dos Céus.
– Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
– Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. – Bem-aventurados os que são misericordiosos,porque alcançarão misericórdia. – Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (Mateus,
5:1 a 12, Lucas, 6:20 a 25.)2
Percebe-se claramente, na pregação do Mestre, sua preocupação com a simplicidade e pureza do culto e dos sentimentos dirigidos diretamente a Deus.
Deus é Espírito e em espírito e verdade é que deve ser amado,cultuado e adorado, sem o culto exterior comum a quase todas as religiões.
E no que se refere aos nossos semelhantes, as palavras de Jesus são concisas e precisas: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos”.(Mateus, 22:39.)
O amor é o sentimento que devemos cultivar por todas as criaturas,independentemente de serem elas boas ou más, ricas ou pobres.
A medida para esse amor que devemos estender à generalidade dos nossos semelhantes é
aquele sentimento especial que cultivamos em nós mesmos, uma vez que fomos criados por Deus.
Alguns argumentam que não podem amar a quem não conhecem e a quem jamais conhecerão,
dentre os bilhões de criaturas que vivem neste mundo e nas múltiplas Esferas Espirituais.
Torna-se necessário esclarecer que o amor ao nosso próximo é um princípio brangente, uma lei divina aplicável em qualquer tempo,e assim, mesmo que desconheçamos hoje a imensa maioria de nossos semelhantes, o amanhã nos proporcionará novos relacionamentos e conhecimentos com criaturas das mais diferentes condições.
Como a vida é eterna, o princípio é válido para a atualidade, para o passado e para o futuro, em todas as circunstâncias que ela proporciona a cada individualidade.
A doutrina evangélica, resultante dos ensinos e dos exemplos de Jesus, registrados pelos diversos evangelistas, permaneceu através dos séculos como expressão nconfundível do espiritualismo, tão necessário à sustentação do Bem contra os males do mundo atrasado em que vivemos.
A grandeza do Cristianismo e o seu poder moral resultam diretamente dos Evangelhos, da sua fidelidade aos ensinos de Jesus e dos esclarecimentos posteriores do Consolador,o Espiritismo, prometido e enviado pelo Mestre incomparável.
Essa doutrina, que os Evangelhos registram, contém uma parte secreta que vai mais longe que o assinalado na letra.
As parábolas e as ficções utilizadas por Jesus ocultavam concepções e realidades profundas que Ele preferiu deixar para revelações futuras, tendo em vista a ificuldade de entendimento de seus ouvintes e contemporâneos.
A ligação íntima entre os dois mundos – o dos encarnados e o dos desencarnados –, é uma das realidades, com a solidariedade e a comunicação possível entre os
homens e os Espíritos, que o Mestre deixou para ser discutida em outra época.
A lei da reencarnação, referida em diversas passagens evangélicas e também no Velho Testamento,foi claramente mencionada na conversa com Nicodemos, quando Jesus afirma:
“Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo,não poderá ver o Reino de Deus.
[...]” (João, 3:3-8.)3
Ao que Nicodemos revidou, por não entender a possibilidade de uma nova vida em um novo corpo.
Jesus não entrou em detalhes elucidativos, por compreender a dificuldade de ntendimento do interlocutor.
Aliás, a incompreensão de há dois mil anos continua na atualidade,já que as próprias religiões ditas cristãs, com milhões de adeptos,negam a divina lei das vidas sucessivas, reafirmada pelos Espíritos superiores, à frente o Espírito
de Verdade, trazendo a Terceira Revelação, o Espiritismo, que elucida essa e inúmeras outras questões de caráter religioso e científico,proporcionando à Humanidade uma melhor compreensão da verdade e da vida.
O grande erro das religiões predominantes no mundo resulta de uma falsa nterpretação das leis universais,levando a maioria dos homens à acanhada ideia que fazem da Natureza e das formas da vida.

Léon Dennis - O Reformador

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