No Evangelho Segundo Mateus, capítulo 13, versículos 24 a 43, vemos Jesus narrar e interpretar a famosa Parábola do Joio e do Trigo. Demonstra o Mestre que estava para chegar uma época em que teríamos que fazer a separação do joio e do trigo, sendo este último a matéria-prima para a fabricação do pão, elemento fundamental na alimentação da humanidade desde a Antigüidade, sem nos esquecermos de que o próprio Jesus asseverou que “Eu sou o pão da vida” (João 6:35). Desta forma podemos entender que o trigo representa o que temos de bom em nós, as conquistas, as virtudes, enfim, os valores crísticos que já fazem parte de nosso patrimônio espiritual, os quais temos o dever de potencializá-los ainda mais, principalmente expandindo-os no relacionamento com o próximo.
E o joio? Trata-se de uma planta que apresenta grande semelhança com o trigo, pois é também uma graminácea e frutifica em espigas, embora menores e mais magras que as do trigo. É um cereal venenoso, com efeitos de náuseas e embriaguez por causa de um cogumelo microscópico que vive em simbiose com o grão logo que ele se forma. Quando se formam as espigas, torna-se fácil distingui-lo do trigo, mas com ele se confunde durante todo o crescimento. Assim sendo, o joio representa as dificuldades que ainda trazemos em nosso mundo íntimo. São as nossas mazelas e vícios que precisam ser vencidos através da efetivação do bom combate.
As oportunidades para vencermos a nós mesmos, fazendo com que o trigo cresça e o joio diminua, são concedidas por Deus através de nossas sucessivas encarnações, pois como assevera o Espírito Emmanuel: “Cada encarnação é como se fosse um atalho nas estradas da ascensão. Por este motivo o ser humano deve amar a sua existência de lutas e de amarguras temporárias, porquanto ela significa uma bênção divina, quase um perdão de Deus”.
A Doutrina Espírita nos ensina que temos quantas encarnações forem necessárias ao nosso aprendizado. Entretanto, soa no relógio cósmico o momento em que o planeta deve ascender na hierarquia dos mundos. Não é novidade para nenhum de nós que, conforme ensinamentos dos Espíritos Superiores, a nossa abençoada escola chamada Terra está passando por um período de transição. O planeta está saindo de sua situação como mundo de provas e expiações e já está vivenciando o prenúncio de seu novo estado evolutivo: mundo de regeneração. É bom salientarmos que em tais mundos ainda há a presença do mal, mas a diferença, com relação aos mundos de provas e expiações, é que nos mundos regenerados o bem supera o mal, pois a quantidade de Espíritos com maior propensão à prática do amor é muito maior.
Na parábola citada anteriormente, Jesus nos mostra que a separação do joio e do trigo ocorrerá no final do mundo. Precisamos agora ampliar nossa interpretação do ensinamento. Trigo, simbolizando as virtudes já conquistadas pelo Espírito, pode ser entendido aqui como aquelas pessoas que, apesar de suas inúmeras dificuldades, já se encontram no caminho do bem e da luz, demonstrando grande esforço e perseverança. São criaturas que, embora imperfeitas, já têm consciência de que apenas a prática do bem e do amor ao próximo constituem a sua garantia de felicidade espiritual no seio do Criador. Neste sentido, o joio dos vícios que permeiam nossa individualidade espiritual, representa as pessoas que ainda se comprazem com a prática do mal e que se enveredam, conscientemente, por caminhos menos felizes, os quais resultarão em dores físicas ou morais no porvir.
De acordo com o ensinamento evangélico, o Mestre nos ensina que estes tipos de Espíritos serão separados no temível fim do mundo. Cabe ressaltar que no original em grego encontramos a palavra eon, que foi traduzida erroneamente como mundo. Eon significa ciclo ou etapa, e não mundo. Portanto, Jesus nos diz que a separação entre maus e bons, joio e trigo, ocorrerá no final de um ciclo ou, em outras palavras, ao término de uma etapa evolutiva da humanidade. E nós, querido leitor, estamos vivendo este momento ímpar em nossa evolução espiritual. Estamos reencarnados vivenciando a fase de transição de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração. É o momento em que precisamos rever nossa vida e nos definirmos como joio ou como trigo.
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”, ensinou Jesus (Mateus 5:5). Tal afirmativa nos faz lembrar novamente do Espírito Emmanuel, desta vez em seu livro A Caminho da Luz, psicografado pelo saudoso médium Francisco Cândido Xavier. Conta-nos o benfeitor espiritual que há milênios um planeta da estrela Capela, pertencente à constelação do Cocheiro, passava por um momento em seu ciclo evolutivo muito semelhante ao que estamos vivendo na Terra. Tal planeta também estava deixando de ser um mundo de provas e expiações e começava a galgar os degraus da regeneração.
Entretanto, existiam naquele mundo alguns milhões de Espíritos rebeldes que dificultavam a consolidação das conquistas daqueles povos piedosos e cheios de virtude. Em função disso, os diretores espirituais do Cosmo efetuaram um grande trabalho de saneamento geral naquele orbe e decidiram localizar aquelas entidades infelizes aqui na Terra onde, através da dor e dos trabalhos difíceis, ajudariam seus irmãos inferiores e encontrariam o ambiente propício para sedimentarem os valores que lhes permitiriam, um dia, retornar ao seu planeta em Capela. Porém, esta história é muito longa e voltaremos a ela em outro artigo. Nossa intenção agora, leitor amigo, é fazê-lo refletir quanto à importância desta nossa encarnação e, para isso, utilizaremos algumas informações levantadas pelo escritor e orador espírita Alkíndar de Oliveira.
No livro Atitudes de Amor, o Espírito Bezerra de Menezes nos informa que o Espiritismo foi planejado pelos mentores espirituais para ser implantado na Terra em três períodos de setenta anos: o primeiro vai de 1857 a 1927 e define-se como a fase de consolidação da Doutrina Espírita. O segundo estende-se de 1927 a 1997, é a fase de proliferação dos núcleos espíritas e de difusão do conhecimento doutrinário. O último período vai de 1997 a 2067 e é chamado de Período das Atitudes, momento em que devemos fazer com o que o conhecimento adquirido se transforme, efetivamente, em boas obras.
Na questão 798 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec comenta que o Espiritismo demoraria cerca de duas a três gerações para se tornar crença comum (perceba que o Codificador fala em crença e não em religião, o que é bem diferente). Considerando as informações da época, estimamos cada geração em 70 anos. Assim, o período assinalado por Kardec compreende os anos entre 1997 e 2067, tendo em a vista a publicação de O Livro dos Espíritos no ano de 1857. Reparem que é o terceiro período assinalado por Bezerra de Menezes.
No livro Plantão de Respostas II o Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, nos informa que a Terra será um mundo de regeneração por volta do ano 2057, dentro do período previsto por Kardec e Bezerra. Além disso, encontramos informações dos Espíritos Ermance Dufaux e Maria Modesto Cravo, respectivamente nos livros Reforma Íntima Sem Martírio e Momentos de Harmonia, que há alguns anos espíritos mais nobres estão reencarnando em nosso planeta. Não obstante, durante uma palestra em 1999 o querido médium e orador Divaldo Pereira Franco, divulgou a informação de que no ano 2025 cerca de duzentos mil espíritos altamente evoluídos reencarnarão na Terra.
Na revista Reformador edição de janeiro/2005, órgão de divulgação da Federação Espírita Brasileira, nos deparamos com uma mensagem psicofônica do Espírito Bezerra de Menezes, através de Divaldo Pereira Franco, onde ele assim se expressa: “Não podemos negar que este é o grande momento de transição do Mundo de Provas e de Expiações para o Mundo de Regeneração”.
Diante de todas essas informações, façamos um exercício de imaginação: como estará a Terra por volta do ano 2060? Os Espíritos nobres que estão reencarnando há alguns anos estarão com mais de 70 anos de idade. Aqueles altamente evoluídos, mencionados por Divaldo, estarão com 35 anos e os atuais líderes mundiais estarão desencarnados.
E nós, onde estaremos? Ou ainda estaremos aqui na Terra ajudando na construção de um mundo melhor, praticando os ensinamentos espíritas que temos recebido, ou estaremos já no plano espiritual. Se estivermos na outra dimensão da vida, como estaremos? Felizes e contribuindo para a implantação do mundo de regeneração ou estaremos, como os Capelinos, nos preparando para reencarnações educativas e menos fáceis em mundos compatíveis com a nossa evolução espiritual? Estaremos entre os regenerados ou entre os rebeldes aos ditames do Senhor da Vida?
Diante dos fatos e deste momento singular pelo qual passa o nosso planeta, torna-se necessário conscientizarmo-nos de que esta é a nossa mais importante encarnação de todos os tempos, pois estamos tendo a derradeira oportunidade de nos redimirmos e nos transformarmos naqueles bem-aventurados que herdarão a Terra regenerada. Se não aproveitarmos o momento, o Pai nos concederá outras oportunidades misericordiosas de elevação espiritual, porém não mais no nosso mundo, pois não teremos condições morais e vibratórias para habitá-lo.
Precisamos valorizar e agradecer a Deus e aos bons Espíritos que endossaram a nossa encarnação neste momento importantíssimo tanto para nós quanto para nosso abençoado planeta-escola. E não há dúvida de que a melhor forma de fazermos isso é vivenciando tudo aquilo que temos aprendido no Espiritismo, principalmente os ensinamentos daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Valdir Pedrosa
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