Por José Carlos Leal
Vamos começar este artigo contando uma história. Dizem que, no século XIX, no Sul dos Estados Unidos, um professor progressista de biologia ensinou em uma de suas aulas a teoria de Darwin. Os alunos chegaram à casa e contaram a seus pais a aula que tiveram. Os pais, puritanos e fundamentalistas, raciocinaram do seguinte modo: A Bíblia diz que Deus criou o homem sua imagem e semelhança; ora este professor está dizendo que o homem descende do macaco, logo está chamando deus de macaco. Feito este silogismo, os pais foram à escola e exigiram que o professor fosse despedido. O professor não aceitou deixar o colégio e impetrou uma liminar para garantir a sua presença. No julgamento da liminar o juiz interrogou um dos pais e lhe perguntou:- O senhor acredita na Bíblia?- Sim.- Em tudo que ela contém ou só em algumas coisas?- Em tudo.- O senhor acredita que o profeta Jonas foi engolido por um grande peixe de depois cuspido em uma praia são e salvo?- Sim?- Por quê?- Ora, porque está escrito.- Meu amigo, se estivesse escrito que foi Jonas quem engoliu o peixe, o senhor acreditaria?- Se estivesse escrito, eu acreditaria. Penso que, com uma pessoa assim, não há o que conversar ou argumentar, pois se trata de um sistema fechado em que nada contrário a este sistema pode penetrar. Esse tipo de crença que abre mão do óbvio, do fato, da evidência em função de algum tipo de informação proveniente de uma fonte, supostamente, confiável, é relativamente perigosa. No Evangelho de Marcos (XVI: 18) diz-se que um dos sinais do verdadeiro cristão é manipular serpentes venenosas sem nada lhes acontecer. Um pastor americano de nome George Hansley da Carolina do Sul, passou a levar cascavéis para as suas igrejas, fazendo com que os répteis passassem de mão em mão. Tempos depois o próprio pastor foi morto, picado por uma das cobras que ele manipulava. Esta prática, infelizmente, continuou em várias igrejas sulistas, causando outras mortes. Tais pessoas se expõem e morrem por palavras que, por certo, Jesus não disse, mas que estão escritas. O Apóstolo Paulo nos recomenda ler de tudo e recolher o que é bom e a tirar o espírito da letra e estes são excelentes conselhos. Felizmente, o racionalismo da Doutrina Espírita impede em nosso meio situações como estas. O espírita acredita não apenas porque leu ou porque ouviu de uma pessoa que ele considera respeitável, mas porque meditou, refletiu, examinou o conteúdo da mensagem e chegou à conclusão que se trata de algo lógico, sensato, ou mesmo razoável e, principalmente porque está de acordo com o que nos ensinam os Espíritos da Codificação.
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