“Naquele 18 de abril de 1857, com o Livro dos Espíritos, raiou a madrugada de uma Era Nova.”Bezerra de Menezes
“Se me amais, guardai os meus mandamentos, e eu rogarei a meu Pai, e Ele vos enviará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e ficará entre vós. Mas o Consolador que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar tudo o que tenho dito.”(João, XIV: 15 a 17: 26)
Após a estada do Cristo entre nós, seguiu o homem a sua jornada de Espírito em evolução, disseminando dentro dos seus próprios critérios e pontos de vista e dentro da sua capacidade de compreensão, as lições deixadas por Jesus, fundando religiões, seitas e igrejas em seu nome. Cada uma a seu modo, justificando a vida e predestinando o homem a um juízo final, o qualificando para a felicidade ou para as penas eternas, em função da aceitação e cumprimento dos seus dogmas e rituais, ou da negação destes.
No séc. XIX, a civilização humana, especialmente na Europa, passa por um período de grande avanço em todos os aspectos – político-econômico, industrial-tecnológico, sócio-cultural e filosófico, e passa o homem deste século a questionar os dogmas religiosos que lhe eram impostos até então. Começa a buscar na ciência e na razão as respostas dos seus questionamentos mais íntimos. Esta fase da humanidade passa para a história como o Século das Luzes, ou ainda o Século da Razão.
É em meio a este contexto histórico que o Consolador prometido por Jesus é apresentado ao homem.
Inaugura-se para o homem a “madrugada da Era Nova” onde recebemos os princípios de uma doutrina que nos fala sobre:• A imortalidade da alma;• A natureza dos Espíritos e suas relações com os homens;• As leis morais;• A vida presente;• A vida futura;• O porvir da humanidade.
Essa doutrina nos chega completa tendo:• Aspecto religioso – nos liga a Deus – Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas, Aquele que mantém a ordem do Universo através de leis que são a representação do Amor Supremo, e não um deus antropomórfico, vingativo ou punitivo;
• Aspecto Científico – pois que foi codificada metodologicamente, através de experiências que foram mostrando que o “sobrenatural é apenas o natural ainda não conhecido, provisoriamente não explicado”;
• Aspecto Filosófico – sem querer criar uma nova escola filosófica (no dizer de Kardec) mas respondendo a questionamentos íntimos do homem no que diz respeito a sua origem, sua natureza e destinação.
Questionado sobre qual dos três aspectos é o maior, Emmanuel responde: “Podemos tomar o espiritismo simbolizado deste modo, como um triangulo de forças espirituais. A ciência e a filosofia vinculam a Terra essa figura simbólica, porém a religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da humanidade. No espaço religioso todavia, repousa sua grandeza Divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação íntima do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.”
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No seu livro Libertação pelo Amor, Joanna de Angelis nos diz textualmente:“A Terra, generosa mãe, experimenta o clímax de sua transição de mundo de expiações e provas para mundo de regeneração.”
E no livro Jesus e Vida a autora espiritual nos afirma:“A melhor maneira de compartilhar conscientemente da grande transição é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto.”
Então vemos que o homem precisa buscar a sua própria transformação, buscando harmonizar-se com a natureza e com o próximo para auxiliar e participar do processo de transição planetário.
Como a Doutrina Espírita pode auxiliar nesse processo?No cap. VI do E.S.E. o Espírito da Verdade nos recomenda: “Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos ensina o objetivo sublime da prova humana.”
Ensina-nos o espiritismo que somos espíritos imortais, jornadeando por diversas encarnações, num processo evolutivo que nos traz da simplicidade e da ignorância e que nos levará a angelitude – condição de espíritos puros. Ensina-nos ainda que esse processo evolutivo é individual, mas que é fruto de nossas ações na nossa vida de relação.
Muitos hão de estranhar que o espiritismo não nos indique regras e diretrizes comportamentais rígidas, no dizer do Apóstolo Paulo:“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.”
A compreensão do que nos convém ou não, faz parte do amadurecimento espiritual do ser, do aprendizado que vamos adquirindo com o resultado das nossas experiências vividas, onde construímos ou reformulamos nossos conceitos éticos que harmonizando-se com as leis divinas nos aproximam de Deus, levando-nos à nossa destinação mais rapidamente e com menos sofrimento ou se não harmonizam-se com as leis divinas, nos levam a experiências com resultados infelizes e dolorosos, soando como um alarme avisando que nos afastamos do caminho do Amor.
Conforme nos coloca Joanna de Angelis, é tempo de buscar a ESPIRITIZAÇÃO.
Espiritizar é buscar a interiorização do conhecimento espírita e a utilização desse conhecimento na nossa vida de relação.
A primeira lição que devemos aprender é que não basta identificarmos nossas imperfeições, mas que precisamos utilizar o conhecimento que adquirimos nos livros e mensagens que lemos, nas palestras e conferências que assistimos, nos estudos que participamos e nas informações que nos são trazidas pelos espíritos, para a nossa transformação moral, nossa reforma íntima. Principalmente que devemos utilizar todo esse conhecimento antes para nós mesmos que para os outros.
Perceber antes que seja tarde, a responsabilidade que já temos por termos a felicidade de conhecer um instrumento tão eficaz, tão esclarecedor e tão rico de informações, que tanto nos favorece.
Hoje em dia, os espíritas formam um grupo social de pressão, o conhecimento proporcionado pela Doutrina dos Espíritos esclarece de tal modo o porquê da vida, formatando um enfoque próprio e definido, que pessoas que professam outras crenças, ao observarem o comportamento de um indivíduo espírita, espera deste indivíduo um comportamento mais humanizado.
E é exatamente para isso que a doutrina espírita veio. Para instrumentalizar o homem para a sua reforma moral e auxiliá-lo nesse momento de transição, fortalecendo a sua identidade espiritual, revivendo os ensinamentos do Cristo, nos lembrando que seu Reino não é deste mundo, que estamos aqui numa curta passagem de tempo diante da eternidade que nos espera para visitarmos ainda outras moradas da casa do Pai.
Segundo Jaci Régis “Se não houver uma identificação capaz de dizer – esse é espírita, esse não é espírita – então o espiritismo não teria trazido contribuição alguma, e se diluiria, como uma seita a mais, uma forma particular de culto a fantasia religiosa.”
Não precisamos temer carregar a bandeira do espiritismo em nossas vidas, nos achando indignos dela, ou que ainda não somos capazes de vivenciar o Cristianismo Redivivo como a doutrina nos convoca a fazer. Lembremos que estamos todos em constante evolução e que a natureza não dá saltos. Temos a tendência de desejar transformações súbitas, nos esquecendo que para que uma semente germine e dê frutos é necessário primeiro limpar e arar o terreno, semear, cuidar da mudinha, cultivá-la para que possamos no tempo devido colher os seus frutos.
As sementes já nos foram ofertadas. As leis morais foram semeadas em nossa consciência desde o nosso princípio como Espíritos. Desde sempre temos a consciência de um ser supremo, criador de todas as coisas que sabemos não ser obra dos homens. Desde sempre também, nos foi plantado na consciência o conhecimento do bem e do mal. Há 2000 anos veio o Mestre Jesus plantar na Terra a árvore do seu Evangelho, e há 151 anos Kardec acolhe o Consolador prometido e planta na Terra a semente do Espiritismo para que nós, hoje, possamos nos beneficiar, alimentando nossos espíritos com um conhecimento tão sublime.
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L. E. 918:Por que sinais se pode reconhecer num homem o progresso real que deve elevar seu espírito na hierarquia espiritual?O Espírito prova sua elevação quando todos os atos da sua vida corporal representam a prática da Lei de Deus e quando compreende antecipadamente a vida espiritual.
Tem o homem na Doutrina dos Espíritos toda instrumentalização tanto para reconhecer, relembrar, e internalizar o conhecimento da Lei de Deus, quanto para compreender antecipadamente a vida espiritual.
A Doutrina Espírita é a doutrina do livre-arbítrio, que conscientiza o homem que ele é o artífice do próprio destino, que não mais é do que o acúmulo de experiências no tempo e no espaço. Cabe ao homem da Terra a decisão de como deseja participar do processo de transição, pois a lei do progresso é inexorável e o progresso se dará “com os homens, sem os homens ou apesar dos homens”.
Abracemos o conhecimento espírita, busquemos através deste conhecimento melhor compreendermos e melhor vivenciarmos o Evangelho de Jesus que é todo Amor, e o Amor dispõe de recursos valiosos para enfrentarmos as situações penosas que agitam a Terra neste momento.
Convido a todos ao estudo da Doutrina Espírita, principalmente ao estudo das Leis Morais, parte terceira do L. E. a fim de que possamos ser agentes de transformação de nós mesmos e assim participarmos de modo consciente da grande transição que já se opera no globo terrestre nos levando a regeneração e construção do Reino do Céu, dentro e fora de nós.
Letícia Helena Silveira - O Mensageiro
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